Galera, desculpa demorar a postar, mas como eu disse, estou muito ocupado por esses dias.
Desculpa não responder os comentários de um a um, mas saibam que eu li a todos e adorei =) vocês são os melhores!
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NARRADO POR LUCÃO
“Merda! Eu tinha prometido dizer que eu amava ele, não que eu era gay! Por que eu não consegui?” Fiquei pensando depois da minha conversa com Victor. Ele reagiu melhor que eu esperava, me deu até um abraço.
No outro dia acordamos cedo para ir para a aula. De manhã teve uma cerimonia de parabéns na escola, em que todos os alunos se reuniram no auditório para nos dar os parabéns.
A diretora, o treinador e o aluno presidente do grêmio estudantil nos deram os parabéns em nome da escola, do time e dos alunos. Todos os alunos estavam animados e felizes pela nossa conquista.
Depois da aula eu fui para minha casa. Contei tudo o que tinha ocorrido para minha mãe. Ela ficou muito contente com a reação de Victor e tals. Pelo visto ela sabia muito bem o bem que Victor me fazia.
Bom, a semana que passou foi um pouco torturante. Eu achei que não fosse mudar nada, mas pelo visto me abrir com Victor mudou muita coisa.
Pra começar, agora quando eu estava com ele, eu não tinha mais medo de olhar outros garotos na rua. Percebi que ele me olhava meio torto sempre que eu via um cara gostoso sem camisa correndo ou um cara sarado na academia.
Outra coisa é que agora eu dava algumas dicas para ele sobre a roupa dele, sobre academia e tudo mais. No começo ele até achou bom, mas depois percebi que ele ficava meio irritado quando eu dava essas dicas.
Mas o fator que mais estragou comigo foi o simples fato de Victor saber que eu era gay. De certa forma eu não precisava me esconder mais e ele se mostrou um amigo bem melhor do que eu achei que ele fosse.
Ele conversa comigo sobre eu ser gay numa boa. A gente conversou muito sobre isso nessa última semana. Foi bom, mas, por outro ponto, essa aproximação toda aumentou todo o amor e paixão que eu sentia por Victor de maneira exponencial, de forma a se tornar insuportável, culminando na maior merda que eu fiz na minha vida.
NARRADO POR VICTOR V.
Ter um melhor amigo gay não mudara em nada na minha vida. Tá bom, eu admito que era meio estranho eu e Lucão andando na rua e quando passava um cara bonito ele olhava, ou na academia ele fica olhando os homens sarados malhando.
Eu me sentia um pouco desconfortável com essa situação.
Também era meio estranho, mas ainda sim útil as dicas que ele me dava que antes, talvez, ficava constrangido em falar.
- Seu cabelo fica muito mais bonito quando você arrepia ele dessa maneira – disse ele mexendo no meu cabelo antes de entrarmos para na escola um dia qualquer. Era verdade. Bruninha disse que eu estava um gato com o “cabelo novo”.
Ele me dava dicas de roupas que ficavam boas em mim. No princípio foi até bom, mas mais para o final da semana, seus elogios começaram a ficar mais “pessoais”, o que me deixava constrangido.
Em compensação, eu comecei a reparar mais em Lucão, a maneira que ele agia, o jeito com que se portava em diversas situações. Na escola ele era muito concentrado em tudo o que acontecia.
Eu nunca tinha reparado, mas enquanto ele conversava comigo, ele copiava a matéria, mexia no celular, sempre concentrado em tudo. Ele me dava atenção sempre que eu chamava, me explicava tudo com muita calma, muito melhor que o professor.
No treino de handebol ele fazia de tudo para me dar as melhores chances de gol. Se ele fosse fominha, ele seria o cara que mais faria gol do time, mas ele sempre que me via livre, me passava a bola para eu finalizar. Percebi que sem ele, não seria metade do jogador que eu era.
Esses fatores e outro me fizeram reparar até no estilo dele. Ele, apesar de parecer comum, tinha um estilo bem próprio. Sempre muito organizado com tudo, sua postura sempre ereta. A armação fina do seus óculos, sua caligrafia fina e bela...
Durante uma aula, fiquei reparando até no sorriso durante a sua conversa com seu professor favorito. Era um sorriso simples, mas... sincero...
“Para com isso, Victor! Você não é gay para ficar reparando no sorriso de homem...”
A semana foi passando até que na sexta feira, uma menina da nossa sala chama a todos para um churrasco no sábado a noite. Fiquei animado, pois Bruninha ia no churrasco e tals...
- E ai, Lucão! Bora no churrasco da Carmem? A Bruninha e a Luana vão... – Ele levantou uma sobrancelha pra mim e ficou em silencio. Fiquei sem entender até que lembrei. Ele é gay. A Luana não é um atrativo para ele.
- Desculpa mano, eu esqueço as vezes que... – Ele deu uma risadinha e me disse:
- Deboa bro. Mas talvez eu vá, não sei. Não sei se quero sair esse final de semana – Ele respondeu desanimado.
- Que isso! Vamo fazer o seguinte: vai pra lá amanhã depois do almoço. A gente curte uma piscina, joga um PS3, depois a gente apronta e vai. Vai ser bom cara! –Ele fechou a cara, deu um longo suspiro e me respondeu:
- Ta bom. Amanhã eu vou para lá.
NARRADO POR LUCÃO
Cheguei na casa do Lucão sábado logo após o almoço. Era torturante para mim ir lá, mas eu gostava de sentir essa dor perto de Victor.
Ficamos na piscina a tarde inteira. Eu não conseguia desviar os olhos um segundo dele. Aquele corpo perfeito, só de sungão. Coxas maravilhosas, poucos pelos. Eu babava. Ficar olhando para a sua sunga, imaginando ele nu... só comigo...
Mas o pior de tudo era seu cheiro. Sempre que ele passava perto de mim eu me segurava para não pular no cangote dele e ficar ali, cheirando e beijando ele. Que perfume perfeito. Mesmo depois de um dia na piscina, nadando, suado, continuava sendo perfeito.
Subimos para seu quarto. Pedi para ele tocar uma musica e ele tocou novamente Nocturno, Chopin, para mim.
Enquanto ele tocava tive que conter um choro de tristeza. Fui forte e segurei. Depois que ele acabou de tocar, ele foi tomar banho e eu fiquei deitado na sua cama. Só sentindo o cheiro do seu travesseiro.
Sentei na cama pensando em ir embora dali. A dor que eu sentia era muito maior do que eu conseguiria suportar. Enquanto eu pensava isso, Victor entrou só de cueca no quarto. Ele passou por mim e seu cheiro de banho recém tomado tomou conta de mim.
Não consegui me conter de lágrimas. Sem dizer nada, levantei e saí do quarto. Eu só queria sair dali. Queria esquecer de tudo. Queria apenas sumir.
Na hora que eu estava na porta, Victor percebeu que eu estava indo embora, ele perguntou com a voz preocupada, vindo atrás de mim:
- Espera Lucas, eu fiz alguma coisa? – Nessa hora ele me puxou.
Do mesmo jeito que ele me puxou, eu rodei ele e coloquei ele na parede, forçando meu corpo conta o dele, seminu. Encostei minha testa na dele. Ele ficou sem reação. Eu, segurando o choro, perguntei:
- Se eu te beijar agora, o que você faria ? – Ele ficou me encarando. Nossas respirações estavam próximas. Ele tentou fazer força para sair, mas eu não deixei. Ele não respondeu.
- Em? O que você faria? Me fala, porra! – Apertei mais ele contra a parede.
- Eu... eu... te daria um murro na cara. Me solta, Lucas! – Apenas pensei e falei baixinho:
- Vale a pena – e beijei ele. Durante alguns instantes meu mundo acabou. Não via nada, não ouvia nada, apenas sentia. No principio tive a sensação de que Victor iria se entregar no beijo. Mas não, depois de um curto momento ele me empurrou e eu me soltei dele.
Ele me olhou nos olhos. Uma lágrima escorreu dos meus olhos e então, ele me deu o murro prometido.
Saí chorando da casa dele. Não pela dor do murro, mas pelo arrependimento. Naquela hora eu sabia que tinha perdido de vez o meu melhor amigo. Sabia que naquele momento, Victor nunca mais falaria comigo.
Fui correndo para casa. Nunca soube se Victor veio atrás de mim ou não, pois eu não olhei para trás. Só entrei no primeiro taxi que vi e fui para minha casa.
Cheguei chorando e fui direto para o meu quarto. Minha mãe veio atrás de mim. Contei para ela tudo o que eu fiz. Ela me abraçou. Eu levantei e falei para ela:
- Mãe, avisa a Tia Martha eu vou morar com ela. Eu não posso, não quero e não consigo mais viver na mesma cidade que ele. Ela sempre disse que eu poderia morar com ela! Por favor, mãe! – Minha mãe tentou argumentar, mas não conseguiu.
Ela saiu do quarto e arrumei todas as minhas coisas. Guardei tudo o que era importante, entre elas uma foto que ficava na minha escrivaninha. Era uma foto minha e do Victor, num carnaval qualquer.
Depois de alguns minutos, minha mãe entrou no quarto:
- Você tem certeza, filho? É isso que você quer? – Ela me perguntou com uma lágrima no olho. Só concordei com a cabeça e ela respondeu:
- Então vamos hoje mesmo. Sua tia está nos esperando lá.
Coloquei minha mala no carro. Minha mãe passou na padaria da esquina, comprou um lanche para a viagem e saímos. Olhei para a placa “Volte sempre à Poços de Caldas” e pensei no Victor.
Eu saí dali, e não pretendia voltar tão cedo para lá.