Eu estava completamente atordoado, voltei à mim e comecei a me vestir enquanto Arthur tentava dizer algumas palavras das quais eu não prestava a mínima atenção. O que eu tinha feito? Meu Deus o que eu havia me tornado?
Quem entrou no quarto não era a Dra Filipa, e sim outro médico chamado Dr Rudolph: - Arthur , o que é isso? Estas perdendo o juízo? Como você pode se deixar levar por um louco?- ele dizia com as mãos trêmulas e me olhava com o olhar reprovador.
Arthur estava completamente estático e ainda nu: - Desculpa, eu não sei o que deu em mim, eu não tinha porquê ter trazido esse paciente pra cá, por mais que ele esteja sobre minha responsabilidade, desculpa não sei o que dizer. -Tudo bem, vou fingir que não vi isso pela nossa amizade de anos e também porque seu pai foi um pai pra mim- dizia o Dr Rudolph com os olhos tentando se desviar de Arthur que tentava se vestir, quando ele virou-se para mim e disse: - E quanto a você judeuzinho, venha comigo, aqui não é lugar para pacientes, ainda mais para maníacos sexuais- forçava ele em uma voz desprezível- Eu tentei argumentar mas era algo sem volta, Arthur virou o rosto e eu não tinha mais nada o que fazer a não ser voltar para a ala B, onde eu estava ameaçado de morte e agora desprezado pelo meu medico.
À noite era terrível e eu estava não mais com medo da morte ou dos outros pacientes, mas eu estava com medo de ter magoado Arthur, era uma sensação fria, dolorosa e eu não podia continuar daquele jeito, tinha que fazer algo para chamar a atenção dele, só não sabia o que ainda então resolvi dormir.
Ao acordar a sirene tocou e eu despertei como um foguete prestes para voar, meus companheiros de quarto não estavam mais em suas camas e eu estava sozinho, resolvi bolar meu plano para chamar atenção de Arthur , baguncei meus cabelos loiros meio em que em uma tentativa de despertar as ideias, mas quando eu estava para pensar em alguma coisa uma médica e uma enfermeira entram no quarto: -Você é Benjamin Rotschild ?- dizia ela de uma forma nada simpática; e eu que já imaginava quem ela era respondi um tanto quanto irônico: -Eu mesmo doutora, porque a pergunta, já estou conhecido entre os médicos?- falei com um deboche evidente enquanto ela sinalizava a enfermeira para que me segurasse.
Senti a mulher alta e negra vir em minha direção e pensei que se reagisse estaria me atestando com louco, então falei: -Calma, podemos conversar- enquanto senti a enfermeira segurar meus braços por trás e me imobilizar, tentei gritar mas já era um pouco tarde demais.
A doutora então começou a falar: - Temos alguns casos de pacientes ninfomaníacos aqui, mas vindo assim de alguém como você é a primeira vez- dizia ela em uma voz extremamente debochada: -As pessoas como você ficam em alas separadas ou até na solitária pra não atacarem os outros por aí, mas no seu caso a pedido muito encarecido do seu pai , te mandaremos para a ala feminina onde você vai ter o prazer de ser meu paciente. Aliás acho que não me apresentei- disse ela estendendo as mãos e balançando os cabelos marrons: - Dra Filipa Albuquerque, médica psiquiatra especialista em transtornos sexuais.-
Eu estava meio que em choque. Então aquela era a noiva do meu Arthur e provavelmente ela já sabia do ocorrido da noite passada
: -Traga ele- disse Dra Filipa para a enfermeira que foi me empurrando em uma força descomunal enquanto os corredores ficavam cada vez mais escuros, de repente escuto um grito: -Ben, espera.-
CONTINUA
