Laranjas

Um conto erótico de Jader Scrind
Categoria: Homossexual
Contém 6044 palavras
Data: 02/11/2014 07:55:54
Assuntos: Gay, Homossexual

OI PESSOAL, VOLTEI PARA DEIXAR POR AQUI MAIS UMA HISTÓRIA PRA VOCES. RECEBI MUITOS COMENTÁRIOS LINDOS EM RELAÇÃO AO CONTO "O LOBO E O LEÃO", O QUE ME DEIXOU TÃO TÃO FELIZ QUE ATIÇOU A CRIATIVIDADE, SABEM? POR ISSO ESTE CONTO NEM DEMOROU MUITO PARA FICAR PRONTO (ALGUNS DIAS SALVO COMO RASCUNHO SEM CORAGEM DE PUBLICAR DE NOVO, MAS TUDO BEM...). POR TER FICADO MUITO LONGO EU DIVIDI EM DUAS PARTES, ESPERO QUE GOSTEM.

AH, EU TINHA UM PROBLEMA NA QUESTÃO DA LINGUA, PORQUE OS PERSONAGENS NÃO SÃO BRASILEIROS, E EU PODERIA POR AS FALAS DELES SEMPRE ESCRITAS NA LINGUA ORIGINAL (O GOOGLE TRADUTOR PODERIA POR, NA VERDADE, NÃO EU) MAS ISSO IA SER MUITO CANSATIVO ATÉ PARA A LEITURA E NÃO ALTERARIA NADA NO CONTEÚDO DO TEXTO, ENTÃO ACHEI MELHOR POR AS FALAS SEMPRE EM PORTUGUES MESMO, JÁ TRADUZIDAS, PARA FACILITAR.

APROVEITO O ESPAÇO PARA AGRADECER A TODOS QUE LERAM E/OU COMENTARAM O CONTO ANTERIOR, MUITO OBRIGADO MESMO GENTE, DE CORAÇÃO.

BOA LEITURA!

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PARTE 1

Era um ano muito difícil para a União Soviética, aquele de 1988, aliás todo aquele fim de década estava sendo bem complicado, tanto que pouco tempo depois a superpotência comunista cairia, mas disso ninguém sabia naquele ano, os otimistas e até os pessimistas estavam certos de que a nação iria reverter o quadro negativo, e era por isso que o assunto "crise" estava oficialmente proibido entre os atletas russos que estavam em meio a competição das Olimpíadas de Seul, que é onde essa história começa.

E também, curiosamente, essa história não começa com um russo, mas sim com um americano, Jason Miller, que ao contrário dos outros atletas, que só teriam a fase final das suas competições dali a dois dias e aproveitavam esse tempo para dormir até mais tarde e depois treinar para as provas muito desgastantes que o atletismo exigia, ele, que estava em primeiro lugar na classificação dos duzentos metros com barreiras, decidiu levantar cedo e sair. Dormia só de cueca e quando saltou para fora dos lençóis percebeu que seu colega de quarto, um rapazinho do Maine que competia no judô, só fingia que estava dormindo mas tinha um dos olhos um pouco aberto espiando o seu corpo. Jason sorriu, ele era muito bom para perceber esse tipo de coisa, e não se incomodava, gostava de mulheres, mas sempre achava bom ser observado. Retirou a cueca a caminho do banheiro e tomou banho com a porta aberta.

Quem olhasse para Jason nunca diria que ele era tão novo, com apenas dezenove anos já tinha a massa muscular de um adulto de vinte e tantos, embora fosse quase toda massa magra, o que facilitava nas provas de velocidade; o treinamento pesado havia começado aos quinze, quando seus pais perceberam a vocação dele para o esporte, principalmente os esportes de força, e ele não reclamava disso, adorava competir, vencer, ser o centro das atenções. E como bônus, ter um corpo musculoso e que atraía olhares por todos os lados. Um metro e oitenta e cinco de altura, já não cresceria mais, segundo o seu treinador; o cabelo castanho ficava sempre penteado para frente, desaguando num pequeno topete, a pele clara deixava visível a cor dos olhos, também castanhos, mais claros que os cabelos, e que lhe davam um ar de bom moço, que ele gostava de desconstruir quando soltava um certo tipo de sorriso. No seu país, estava namorando uma moça de família, mas eles terminaram no momento em que ele estava arrumando as malas para viajar, Jason não quis criar uma grande desculpa, só disse que preferia estar solteiro quando viesse, o que já deixava claro qual era a sua intenção.

Mas como as vezes o ar do mundo é feito de ironia e tudo o que era pra ser já não será, aconteceu que ele viu no calendário dos jogos que havia naquela manhã a competição das finais da ginástica artística masculina, num estádio próximo da cidade olímpica, e foi pra lá que ele seguiu.

Por coincidência, ao chegar, foi reconhecido por um amigo americano que trabalhava na comissão do seu país e permitiu que ele entrasse na área do estádio destinada aos atletas, onde ele foi cumprimentar os ginastas compatriotas. Os Estados Unidos não eram tão bons nesse esporte especifico, às vezes, de tempos em tempos, um atleta americano conseguia medalhas, mas na verdade a ginástica era um dos poucos lugares das Olimpíadas em que os soviéticos eram muito melhores, e venciam quase todas as categorias. Estavam no fim da Guerra Fria e aquela rivalidade entre os dois países já estava entranhada na vida da geração de Jason, os americanos com menos de trinta anos já nasciam odiando os russos, e vice-versa. E foi pensando nisso que ele olhou para a equipe ao lado da sua (estavam organizados em ordem alfabética, URSS e USA) querendo analisar como iam os adversários, e foi quando o viu pela primeira vez, o rapaz ruivo, sentado esperando a hora em que começariam as competições do individual geral, chupando uma laranja madura, sem perceber o quanto seus lábios úmidos com o sulco da fruta pareciam brilhar como se fossem também frutas apetitosas.

E naquele momento, nos vales e planícies de dentro da sua mente um terremoto abalou as estruturas, ruindo com todas as coisas que ele supunha saber, abrindo gigantescas frestas em absolutamente tudo que ele acreditava, devastando suas verdades mais intimas. Um homem não podia ser tão... tão aquilo que ele precisava... sem saber que precisava... Um homem não podia agradar tanto os seus olhos como aquele ali agradava... Não, um homem não podia significar mais do que qualquer mulher jamais significou...

Ou...?

Nunca antes em toda sua vida, Jason sentiu vontade de continuar olhando para outro homem como foi daquela vez, mesmo que não quisesse, tudo era uma desculpa para ele voltar os olhos naquela direção, sempre que um americano ia se levantar para competir, ele aproveitava e cumprimentava-o porque assim podia olhar na direção da equipe rival, e chegou uma hora em que, claro, o rapaz desconhecido percebeu que aquele americano o estava observando, e começou a olhar na sua direção também.

Um dos americanos seguiu para o equipamento do solo e Jason sentou-se no seu lugar, aproveitando para perguntar no ouvido de um amigo seu que estava ao seu lado quem era aquele russo ali, o ruivo, o de roupa mais justa, o de olhos mais claros, o de corpo mais bonito (pensou em dizer, mas não foi preciso, porque assim que perguntou "quem era aquele russo" o seu amigo já sabia de quem ele estava falando, o ruivo parecia resplandecer em meio aos demais, destacando-se como uma tocha vermelha e incendiária), e o seu amigo respondeu que aquele era Victor Putin, o principal trunfo da equipe russa, tem só dezoito anos e já é o número um do mundo no equipamento do cavalo, número dois no solo e sempre com ótimas pontuações no individual geral. E depois de dizer isso, o amigo de Jason, sussurrando, complementou: e parece que ele está olhando para você...

E como Jason poderia reagir a isso? Entendia muito bem o que o seu amigo realmente queria dizer com aquela pequena frase, havia uma malicia maldosa impregnada na sua voz, todo americano conhecia a velha piada sobre os russos serem todos bichinhas enrustidas e por isso serem tão rígidos quanto a falta de liberdade sexual no seu país, então agora que já conversou com seu amigo ele não poderia olhar na direção de Victor para ver se era verdade, se ele estava mesmo olhando, o que seria muito bom, e que era o que ele secretamente estava desejando, mas se fizesse isso seria ele também chamado de bichinha, mesmo que soubesse que era possível que o russo só estivesse olhando para ele agora porque ele estava olhando antes... Sem perceber, já tinha suor brotando da testa.

Agora o seu amigo agia como um intermediário entre Jason e o russo que já não parava mais de olhar naquela direção, e foi o amigo mesmo quem, sem saber, alimentou as esperanças de Jason dizendo que, sério mesmo, com certeza aquele russo é gay, ele tenta esconder com aquele jeito de machão, mas está na cara, olha só a bunda dele se não parece grande demais para um homem? Não, não olha, se não ele vai perceber, mas ele está olhando ainda Jason, não para de olhar para cá, olhar para você com certeza, o russo viado deve tá louco pra te dar aquela bunda...

Jason precisava disfarçar o pau que dava sinais por dentro da calça fina que ele vestia, não podia ser descoberto, não podia revelar que ele também, justo ele, o machão, o pegador, estava adorando saber que aquele ruivo estava interessado, e que já havia meio caminho andado, só faltava ter coragem para fazer a sua parte, se quisesse provar o rapaz que chamou tanto sua atenção, quer dizer, ele fez bem mais que chamar sua atenção, ele abriu sua mente para uma outra possibilidade, que Jason já havia cogitado, mas nunca sentiu vontade de praticar, comer um daqueles rapazes que as vezes se ofereciam para ele, tanto lá na academia da sua cidade onde se exercitava, quanto na rua, nas festas, nas competições, em todo lugar. De todos esses montes de rapazes, aquele ruivo chupando uma laranja era o único que fizera seu pau endurecer, e só com um olhar...

O colega americano que estava executando sua apresentação no solo caiu feio na última acrobacia, fora da linha que delimita o aparelho, e aquele erro causaria um desconto muito grande para a equipe, por isso os americanos todos (menos Jason, que nem entendia do esporte) soltaram exclamações de pena e raiva para o erro, enquanto que os russos (menos Victor, que nem prestava atenção na apresentação) comemoraram o erro para provocar seus arquiinimigos. Com isso, a medalha já era certa. E o amigo de Jason ficou tão enfurecido com isso, que pensou logo numa maneira de se vingar não do seu colega que errou, mas dos russos, qualquer um deles estava bom, eram todos, sem exceção, vilões da história, mereciam o nocaute de Rocky o lutador, mereciam ser mortos por James Bond filme após filme... e o primeiro russo que veio a sua mente, para o qual poderia armar alguma coisa, era aquele ali, o ruivinho encarando sem parar o seu amigo, sem medo do perigo, o viado. E foi então que ele aproximou-se mais de Jason para plantar no seu ouvido com um sorriso cruel o que ele vinha bolando...

E se por um instante, enquanto ouvia a idéia maquiavélica do seu amigo, Jason pensou em não fazer nada daquilo, sair daquele estádio e voltar para o seu dormitório e se deitar, se por um instante também pensou em se afastar da comissão do seu país e ficar esperando do lado de fora, próximo do ônibus da equipe soviética, onde tentaria se aproximar do russo do seu jeito mesmo assim que a competição acabasse, talvez só para serem amigos, afinal não é para isso que a Olimpíada serve? Depois desse instante na sua cabeça voltou toda aquela história que ele ouvia desde muito cedo sobre como os soviéticos, e principalmente os russos, eram um povo detestável, arrogantes como aquele escritor que rejeitou o Nobel, chatos como os jovens que nunca viram um hambúrguer do Mc Donald's, com seus discursos sobre como enriquecer a custa dos outros é errado sendo que se eles pudessem, se o pais deles permitisse, seriam mais capitalistas que qualquer outro, igual à China. E na fúria, pensou que não queria um amigo russo, um amigo dessa raça, muito menos o que já estava pensando sobre Victor ser mais que um amigo... Melhor seria fazer o que o seu amigo estava sussurrando, acabar logo com isso, e quando seus lábios se entreabriram para deixar escapar a frase "eu topo, vou fazer isso sim" Jason olhou mais uma vez para Victor, que ainda estava voltado na sua direção, com a laranja quase no bagaço, e olhando assim para aqueles grandes olhos ele não parecia um rapaz ruim, mas Jason não voltaria atrás.

E o amigo chamou um dos rapazes da comissão americana, aquele que reconhecera Jason, e contou a ele o que estavam planejando pedindo então sua ajuda, e o rapaz se afastou sorrindo e foi falar com alguns contatos, enquanto Jason se levantava seguindo o plano e foi se espreitando até o vestiário russo que naquele momento estava vazio, e percebeu lá de dentro que o comissário conseguiu fazer a sua parte porque o auto-falante do estádio pedia para que Victor Putin seguisse até o vestiário do seu país, o que as vezes acontecia para exame anti-doping ou coisas assim, e Jason tremeu de nervosismo, estava chegando a hora, seguindo ou não o plano, estava chegando a hora que ele faria o que mais estava querendo, por isso seu pau ainda não conseguia se aquietar, tanto que agora já babava esperando.

E quando Victor entrou e a primeira vista não encontrou ninguém e foi caminhando mais para dentro chamando por qualquer um e Jason abriu a porta da cabine em que estava escondido e foi até a porta do vestiário e a trancou e Victor olhou para trás vendo-o, o rapaz mais lindo que ele já vira na vida também, e Jason seguiu com a chave na mão na direção dele ouvindo Victor resmungar algumas coisas no seu idioma que Jason não entendia mas imaginava que fosse algo como "o que você está fazendo?", "por que trancou a porta?", "eu preciso sair, a minha vez de competir está chegando" ou qualquer pieguice dessas, ele só se aproximava mais sem fazer questão de esconder o volume pontiagudo na sua calça, como se fosse uma prova de que aquilo não era só parte do plano, era o que ele também queria, ansiava e agarrou o outro com força lançando-o contra a parede e Victor tentou reagir mas Jason segurou seus braços e soltou um cala a boca em inglês que Victor também não entendia, muitos russos abdicavam de aprender inglês por orgulho, como fruto dessa guerra idiota que fingia ser a guerra do futuro, sem batalhas nem sangue derramado, mas só serviu para envenenar milhões de pessoas, e agora nenhum dos dois conseguia se comunicar, eram línguas que não tinham simplesmente nada em comum, nenhuma palavra, e talvez seja por isso mesmo que quando Jason jogou sua cabeça para frente e roubou um imenso beijo daquele ruivo que parecia mais baixo quando estava assim, grudado nele, corpo a corpo, Victor agradeceu porque com a boca ocupada não precisavam falar, por conseqüência, não precisavam pensar, e só retribuiu ao beijo e com suas mãos que estavam sendo seguradas fez questão de abraçar o corpo do americano, enlaça-lo nos seus braços até que Jason entendesse que ele não iria fugir, estava gostando, estava querendo, aquela roupa toda justa não deixava duvidas do seu corpo reagindo ao dele, e Jason o soltou para que o beijo continuasse com mais liberdade, e enterrou sua mão naquele cabelo vermelho, irradiando, querendo senti-lo enquanto beijava a boca que ainda tinha o gosto fresco da laranja, e quase faltava o ar porque seu coração disparava demais perto dele, e o agarrava com mais voracidade tendo de levantá-lo no ar como fazia no lançamento de martelo, enquanto Victor soltou da sua boca para beijar a bochecha a nuca, pescoço, pensando como uma criança boba "então esse é o gosto da América? Bom, bom, muito gostoso" e tirou a camisa de Jason de um só salto e viu o sorriso no rosto do americano ao ver sua gana de vê-lo logo sem roupa, e aquele sorriso de Jason, aquele sorriso safado que ele fazia para desconstruir sua imagem de bom moço que o cabelinho penteado dava a entender, aquilo só deixou Victor com mais tesão e o fez outra vez beijar a boca do outro, beijar aquele sorriso, ter aquele sorriso para si, enquanto suas mãos caminhavam pelas costas magras e musculosas de Jason, esguio como um galã de animê, e seguisse para frente tocando com a ponta dos dedos seu peitoral de mamilos meio marrom claros meio róseos fazendo Jason arfar dentro da sua boca, e Victor gostou daquela sensação do americano arfando, sofrendo de prazer, e desceu a boca pelo centro do seu pescoço, beijando o pomo-de-adão, o seu tórax, chegando ao peitoral, tocando com a parte quente dos lábios no mamilo esquerdo, sobre o coração, enquanto sua mão acariciava o pau de Jason, duro, duro, duro, e passou a língua no mamilo, depois no outro, fazendo Jason erguer para o alto, e aproveitando-se daquele momento de fragilidade, Victor girou o seu corpo invertendo a situação, colocando Jason contra a parede, e puxou sua calça para baixo, expondo as coxas grossas e quase sem pelo, o saco e o pau do americano, lindo, reto, na medida certa, sem ser grande demais nem pequeno, não era nada pequeno, e Victor foi descendo a boca pela barriga reta e forte do seu adversário, olhando para os seus olhos enquanto descia, descia, até chegar nos pelos pubianos, e sentiu a mão de Jason segura-lo pelos cabelos, e puxa-lo para perto do pau, que Victor foi saboreando aos poucos, primeiro a cabeça, com aquela sua fragrância concentrada, já percebendo que isso estava deixando o americano cada vez com mais urgência de senti-lo logo todo dentro da boca do russo, mas mesmo assim foi resistindo, engolindo as poucos, lentamente enquanto apertava com as duas mãos as coxas do atleta, até que encaixou tudo dentro, até a garganta, e chupou, sugou, roubando um "ahhhhh" de Jason que curvou o corpo para trás, delirando, foi só então que Victor começou o vai-e-vem, experimentando aquele pau com sua boca de laranja, passando a língua por toda a extensão, afastando-se um pouco em direção ao saco, depois voltando, na hora exata em que Jason queria que ele fizesse, e não entendia como o russo poderia saber dessas coisas se não se falavam, se não sabiam se comunicar cada um com seu idioma, mas ele fazia tudo do jeito certo, do jeito que Jason imaginava que devia ser feito...

E como não ia agüentar muito tempo daquele jeito sem gozar, Jason o ergueu pelos ombros trazendo Victor de frente para o seu corpo outra vez e beijando-o tentava tirar aquela roupa que ele ainda vestia, mas era difícil, não tinha zíper, o que o deixava nervoso e Victor sorriu para ele e tirou ele próprio a própria roupa, não vestia nada por baixo, estava nu, deixando visível algumas sardas sobre os ombros e peito, que ficavam charmosas no seu corpo, combinando com aqueles olhos verdes e cabelos vermelhos, por ser menor ele tinha músculos mais volumosos que os de Jason, e foi justamente nesses músculos do peito que o americano acertou um soco, não para machucar, mas forte o bastante para deixar a pele vermelha, e Victor retribuiu, socando-lhe e depois beijando sua boca outra vez. Jason o agarrou, agora nus, pele e pele, trocando cheiros, e o girou novamente, deixando-o prensado contra a parede como se vivessem numa eterna briga pelo controle daquela foda, dois homens, dois atletas, dois atenienses nus lutando pela atenção dos deuses do Olimpo, e Jason pôs a camisinha que estava no bolso da calça naquele momento amarrotada no chão, e pegou Victor pelas pernas, tirando o corpo dele do chão, e o ruivo tratou de enlaçar as pernas ao redor do outro, deixando assim sua bunda mais aberta, o cuzinho a mostra para quem olhasse de baixo, enquanto suas costas doíam por causa de um armário de ferro que estava ali, mas ele nem ligava, olhava nos olhos do americano, esperando que ele fizesse o que estavam os dois querendo, pegasse o próprio pau e o encaixasse com cuidado no reguinho, como ele fez, e depois os corpos sozinhos agiam e faziam o pau procurar seu caminho, a entrada para... quando entrou os pensamentos foram guilhotinados, Victor gemeu, a gravidade puxou seu corpo para baixo e a cabeça invadiu rapidamente seu corpo, rasgando, e a extensão do pau foi invadindo seu corpo, e ele viu as veias dos braços de Jason saltarem, seu peito enrijecer, o corpo todo super irrigado e sentiu o pau crescendo dentro dele, e a dor valia, aquele americano valia, seu corpo pedia mais, queria causar mais prazer naquele outro e ele começou, com muito esforço a quicar naquele pau, e Jason percebeu o que Victor estava tentando fazer e gostou de ver o quanto ele também estava faminto e começou a ajuda-lo puxando o seu corpo no ritmo para que as quicadas fossem mais profundas, enquanto eles se encaravam de bocas entreabertas, sentindo o suor um do outro, a intimidade do corpo um do outro, e tinham vontade de por mais raiva naquelas estocadas, sentir mais do que se pode sentir, como se pudessem abrir os próprios corpos, tirar lá de dentro aquela coisa brilhante e oferecer ao outro, toma, é seu, meu tesouro é seu, guarde-o bem, por favor, guarde-me bem, dentro de você...

Jason com cuidado deitou Victor com as costas no chão, ajeitou as pernas dele para que ficassem nos seus ombros e deixassem sua bunda bem exposta, com alguns pelinhos vermelho-cobre que ele achou lindos, mais lindos do que se tivesse depilado, e ficou em cima dele, ereto, com o pau pronto para entrar outra vez. Assim, em baixo do seu corpo, Victor parecia tão seu quanto uma parte do seu próprio corpo, quando ele olhava com aqueles grandes olhos verdes era mais do que prazer que ele transmitia, era uma coisa pura, como se dissesse numa língua universal não me decepcione, não vá embora, eu quero continuar aqui, assim, embaixo de você, ser seu... e o pau foi entrando ainda com alguma dificuldade e os dois se queimavam um no outro, de olhos abertos cheios de uma energia elétrica em curtos-circuitos no ar, capaz de as lâmpadas do vestiário queimarem se eles continuassem assim, e Jason ia e voltava de corpo inteiro, puxando e empurrando seu pau, beijando as panturrilhas de Victor enquanto eles se olhavam, olhavam, olhavam... e chegou uma hora em que o olhar já não permitia mais que ficassem segurando e Victor sentiu que estava prestes a gozar e segurou o seu próprio saco e apertou, apertou as bolas e sentiu o gozo vindo e gozou, sem tocar no pau, e vendo aquilo, a forma com que seus olhos brilhavam no orgasmo e seu cabelo parecia um mar de magma graças ao suor, Jason também não agüentou e tirou seu pau, gozando fora, enchendo a camisinha, e continuou olhando assim para o russo, e eles sorriam um para o outro, sem dizer nada, até que Victor subitamente pareceu assustado e tratou de correr para uma das duchas e se lavou rápido enquanto dizia alguma coisa em russo, como se Jason pudesse entender, mas não podia, para tentar sem sucesso explicar que ele precisava voltar para a sua comissão, que estava quase na sua hora de competir, e se vestiu e saiu sem entender que Jason, em inglês, estava dizendo "fica, fica aqui comigo, eu quero de novo, eu quero mais, não me deixa assim agora", mas Victor saiu, para que não demorando nem um minuto entrassem aqueles dois amigos de Jason, que o viram assim, nu, deitado no chão, descansando e começaram a rir de Victor porque eles estavam certos, ele era uma bichinha e havia se entregado ao pegador americano, e bateram no ombro de Jason querendo saber detalhes que ele não estava interessado em contar e eles falaram que estavam de saída, que deixariam ele sozinho ali para tomar um banho e depois voltar lá para fora...

Mas continuou imóvel por mais algum tempo, seu corpo musculoso deitado no chão, arfando, parecia o de um animal em regozijo, ele nunca se sentiu tão satisfeito antes, tinha de vontade de fechar os olhos agora mesmo e ficar relembrando passo a passo tudo o que eles fizeram, seus lábios latejavam um pouquinho para lembrar que poucos segundos atrás havia outra boca ali, o corpo todo secava o seu suor misturado ao suor de Victor, como se fosse um só, e demorou muito tempo para que algum pensamento que não envolvesse aquela transa conseguisse entrar na sua cabeça, mas voltou a realidade, lembrando do plano e aquela merda toda, e foi então correndo para a ducha, se lavou o mais rápido possível, se vestiu sem se preocupar em desamassar as roupas e saiu dali, atravessou correndo os corredores até chegar no centro do estádio, mas já era tarde, a comissão americana estava gargalhando apontando os dedos para a comissão ao lado, enquanto que os próprios russos mal acreditavam na história que estava se espalhando por aí, através dos torcedores e dos atletas dos demais países, e quando um outro rapaz da União Soviética apontou o dedo para ele e questionou se aquela porra toda que estavam dizendo era verdade e Victor se encolheu em vez de responder, achando que alguém tinha visto tudo, ou até mesmo que Jason teria espalhado a história (os soviéticos também ouviam histórias horríveis de como os americanos eram egoístas e ignoravam mendigos que se arrastavam na rua, viviam se metendo em conflitos alheios, inventando guerras, se empanturrando de comida e, como pessoas, tinham um caráter muito duvidoso) e até ficado com ele naquele vestiário somente para isso, para depois faze-lo passar por essa humilhação, e que se fosse assim não adiantaria nada tentar negar, e ele nem teria coragem, aquilo tinha sido bom demais para agora dizer que não aconteceu, simplesmente não saía nada da sua boca e eles entenderam assim que só podia ser verdade e cuspiram nele – seus próprios companheiros – sem acreditar que ele fora capaz de uma coisa dessas, fazer a União, a Rússia passar uma vergonha desse tamanho ao vivo para o mundo todo, e alguns partiram para a agressão, o que naquele momento fez com que Jason tentasse correr até lá para evitar que o pior acontecesse, mas os seguranças já invadiam a área destinada aos atletas e um deles o segurou pensando que ele, por ser americano, só estava querendo ir lá para aumentar a briga, e então ele, preso, só conseguia gritar para que parassem enquanto mais seguranças separavam os russos de Victor enquanto o narrador do estádio dizia que aquela briga era uma vergonha para os jogos olímpicos mesmo sem saber os motivos da confusão, e alguns seguranças precisaram levar Victor para fora dali antes que ele fosse espancado, e ele não olhou para trás nenhuma vez, seguiu andando de cabeça erguida, segurando a todo custo as lágrimas para que não caíssem, e não caíram, enquanto ouvia os seus próprios companheiros dizendo que ele que nem pensasse em voltar para a Rússia depois disso, que arranjasse um outro lugar para viver, aquele viado. Não olhou para trás e não viu que Jason estava tentando ajuda-lo.

Com a saída dele a competição tentou voltar a normalidade, e o atleta reserva não foi nem perto da pontuação que Victor costumava alcançar, tirando a Rússia da disputa pela medalha também, enquanto aquele segurança puxou Jason para uma outra parte do estádio porque teriam uma conversa muito séria. E enquanto passavam pra ele aquele sermão de sempre, Jason mal prestava atenção, só queria sair logo dali, tentar encontrar Victor, tentar explicar para ele toda a verdade, que no começo ele estava sim compactuando com aquele plano, mas não quando se beijaram, ali não tinha nenhuma dissimulação, e bem naquele momento ele se arrependeu do que tinha planejado, quando as bocas se encontraram e Victor retribuiu, mas quando os organizadores o liberaram dizendo com certa relutância que não queriam que aquela história se tornasse oficial e por isso não iriam puni-lo retirando-o das finais do atletismo, mas somente para não precisar explicar para ninguém porque fizeram isso, e que ele fizesse a sua parte e parasse de vez com aquela confusão toda. E quando Jason saiu daquele estádio já não sabia para onde devia ir para encontrar Victor, com certeza ele não iria no ônibus da sua confederação nem para o seu bloco de alojamentos da cidade olímpica e isso foi dando um desespero no coração de Jason porque não havia o que fazer mesmo precisando fazer alguma coisa e ele só correu na direção que achou que teria mais chance de encontrar Victor, correu sem parar, com os punhos fechados, repetindo mentalmente que precisava encontra-lo, precisava encontra-lo logo, por horas continuou correndo sem encontrar nem vestígio dele, até que seu treinador passou de carro ao lado de onde ele corria e disse pra ele entrar logo que já estava na hora da sua competição começar. Estava enfurecido querendo saber onde foi que ele estava se escondendo esse tempo todo, por que estava correndo tanto em vez de se poupar, olha aí, todo suado. E Jason olhava pela janela procurando por Victor, já não estava nem um pouco preocupado com a sua competição, com a sua medalha, dane-se tudo isso, só queria encontrá-lo.

E como era de se esperar, ninguém acreditou no que viu, o rapaz que era o favorito para os duzentos metros com barreiras, tropeçou logo na primeira e caiu, ficando para trás dos demais, numa hora tão crucial que ele não conseguiu se recuperar, não estava dando o máximo de si e ali também os Estados Unidos não receberam medalha alguma. Saiu da arena sem falar com ninguém, foi para o seu quarto, precisava pensar, chegando lá deitou-se na sua cama e ficou olhando para o teto, curiosamente muito parecido com o teto vestiário que ele olhou enquanto Victor o chupava... não conseguia parar de pensar nele... e o pior era que ouvira o som de um avião partindo dali, por causa das olimpíadas os vôos no aeroporto próximo estavam muito mais freqüentes e era possível que Victor estivesse naquele vôo, já muito longe a uma hora dessas, inalcançável, e ele tinha que confrontar a possibilidade de que simplesmente poderia nunca mais vê-lo outra vez. Naquela época não havia um jeito de encontrar pessoas somente pelo nome e saber onde elas vivem agora, como estão, se ainda pensam em você. Foi para o banheiro tomar mais um banho, dessa vez bem mais demorado.

E mesmo assim, continuou pensando enquanto a água fria caía sobre seu corpo, e se o encontrasse, o que faria? Teria coragem de enfrentar um relacionamento do jeito que vinha pensando desde que tinham acabado de transar? Eram tempos difíceis para um casal de homens, aquele final da década de 80, ainda mais para um homem hétero assumir que agora gosta de homens e que iria viver com um. Provavelmente não teria peito para isso, pouca gente tem aos dezenove anos. E também provavelmente Victor não o aceitaria, havia um nó gigante, um mal-entendido gigante. Mesmo que dissesse que gostava dele, que o amava, não podia negar que fazia parte daquele plano, pelo menos no começo. E talvez houvesse também um mal-entendido dentro dele próprio, aquele era o primeiro homem com que ele já havia ficado, e se não fosse amor aquilo que sentia? e se sempre fosse assim ficar com um homem, qualquer homem, e ele não sabia, porque Victor era o seu primeiro? Quer dizer, como saber se é amor se não tiver nada para comparar. Parecia ridículo, ele mesmo admitia, mas preferia o ridículo à verdade. Porque se ficasse pensando que Victor era a pessoa que ele mais amava e que provavelmente nunca mais amará alguém da mesma forma, também teria que aceitar que deixou seu amor partir, que era culpa sua, poderia tê-lo segurado em vez de somente ter dito palavras inúteis, poderia segura-lo e não deixar que ele saísse daquele vestiário, poderia puxa-lo pelo braço para outro lugar, onde não zombariam dele, e os dois ficariam a sós e fariam tudo outra vez, agora com mais calma e ele beijaria todo o corpo de Victor, coisa que não conseguira fazer, e sentiria cada gostinho dele, e cheiraria seu cabelo vermelho, e lamberia sua bunda, seu rego, seu cuzinho, e depois subiria até sua nuca e não pararia de dar beijos ali, na raiz dos cabelos, até que todos os pelos estivessem arrepiados enquanto seu pau lá embaixo roçava no corpo lindo lindo lindo do seu ruivo...

E teve sua fantasia interrompida quando o rapaz que dividia o dormitório com ele chegou e o viu ali no banheiro com a porta aberta e de pau duro e levou um susto num primeiro momento mas não parou de olhar, principalmente para o pau, e Jason também não quis pensar muito, decidiu acabar de vez com aquela duvida e saiu molhado de debaixo do chuveiro pegou o rapaz pelo braço e o puxou para dentro, voltou para a água e empurrou o rapaz (nem lembrava o nome do judoca) para baixo, para que chupasse o seu pau, e ele chupou, mas não era a mesma coisa, enquanto estava sendo chupado ele só conseguia pensar que não era a mesma coisa, e o único jeito de continuar excitado era deixar que a água caísse sobre seus olhos e deixasse sua vista turva, aí podia imaginar que era Victor que estava ali, chupando-o, mesmo sabendo que Victor não o chuparia daquele jeito, com tanta pressa, com tanta velocidade, sem sugar, sem saborear, mas precisava fingir porque queria acreditar que Victor não era importante. E por isso levantou o rapazinho e o levou para a cama e tirou suas roupas e o jogou sobre o colchão, de bunda para cima e foi o rapaz mesmo quem tirou do criado mudo uma camisinha e entregou a ele, e Jason deitou-se então sobre ele, ainda totalmente molhado, encharcando o colchão, e começou a meter, no seco, mas o rapazinho não reclamava, estava querendo aquilo desde que viu seu colega de quarto pela primeira vez, e só gemia com as estocadas, mas também não do jeito que Victor gemeria, Victor não seria tão passivo, iria tentar reagir, subir em Jason e quicar no seu pau, e Jason precisou fechar os olhos, apertar as pálpebras para imaginar, imaginar, e com a força que apertou as pálpebras uma lágrima escapou, ou poderia ser uma gota de água que escorreu do seu cabelo, que foi o que o rapaz pensou quando viu aquela gota cristalina deslizando, e sentiu que ele estava indo mais rápido, metendo mais forte, querendo chegar logo ao orgasmo, e tratou de massagear o próprio pau para chegar ao ápice também, e sentiu o momento em que Jason gozou lá dentro, a camisinha inflou e ele continuou com o pau enfiado, enquanto o rapaz se masturbava até que chegou no gozo completo, e virou a cabeça para o lado para ver o rosto de Jason, e viu que ele ainda estava de olhos fechados, com uma feição que não denotava prazer nem satisfação, mas um outro sentimento, mais triste, e percebeu que aquela transa havia sido só isso, uma transa, Jason não conseguira cultivar nenhum sentimento por ele, e quando ele abriu os olhos, bem naquele momento, viu da janela outro avião partindo, e se levantou, seguiu até o banheiro, e, para não demonstrar para o colega de quarto que aquela transa só sepultou um pouco mais das suas esperanças, tinha sido uma pá de cal, que não tinha mais jeito, que por mais que viesse tentar encontrar a mesma satisfação em outras pessoas, mulheres ou homens, não adiantaria, ninguém lhe daria a mesma alegria, o mesmo prazer, o mesmo sabor que aquele soviético lhe dera, e de raiva da sua estupidez socou e socou os ladrilhos da parede até que as forças se esvaíssem por completo e sentisse que não havia mais nada a ser feito e se sentou no chão, encolhido feito um menino que perdeu algo que até então não sabia que era tão importante – para não demonstrar toda essa fragilidade foi que, pela primeira vez, Jason fechou a portaASSIM QUE EU TERMINAR DE REVISAR A PARTE FINAL ELA FICARÁ DISPONIVEL NO MEU PERFIL, PESSOAL, PROVAVELMENTE VAI SER NO FIM DE SEMANA QUE VEM PORQUE É SÓ NOS SABADOS QUE EU TENHO TEMPO LIVRE PARA ESCREVER... ATÉ LÁ!

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Comentários

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Você nos emociona tanto e enriquece esse site. Eu precisava comentar novamente

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Acredito que a na língua original estaria dando uma peneirada nos leitores, nem todos iriam entender e teriam que jogar no google, acabaria sendo um trabalho a mais para os leitores que poucos fariam, no meu ponto de vista.

Mas em si os seus contos são perfeitos, continue postando e indo ler a segunda parte. Parabéns.

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Seria ótimo ter lido as falas na língua original. Isso ressaltaria ainda mais a criatividade! Da próxima, faça do jeito que pensou inicialmente... será uma ótima escolha. Mas o conto é surpreendente. Parabéns!

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Muito bom, e muito triste. Parabéns e espero logo pela segunda parte.

Abraços

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