Saí de casa sem rumo e meio cego pelas lágrimas. A noite que havia sido até então só alegria junto daqueles que para mim eram mais que amigos, acabou se transformando em pesadelo ao chegar em casa e com certeza antes dela terminar eu jamais voltaria a lembrar dela, como uma noite feliz.
Andei por algumas ruas desertas próximas à minha casa, ou melhor dizendo, a casa do meu pai e quando dei por mim estava novamente em frente a Igreja Matriz da cidade e dois dos meus amigos ainda estavam na lanchonete que pertencia ao pai de um deles. Tentei desviar para não ser visto, só que não deu tempo e meu amigo Alcides assim que me viu, acenou para que eu fosse até lá.
_ Ei Príncipe de Troia, o que você tá... Fazendo por ..Aqui a.. Essa.. Ho... Ele estava com cara de espanto, enquanto me olhava.
_ O que diabos aconteceu com você, Heitor? Perguntou o Tony, cujo nome na verdade é Francisco Antônio, filho dos donos da lanchonete.
Eu pensei que fosse chorar novamente, só que decidi que isso nunca mais iria voltar a acontecer, pelo menos se não tivesse um bom motivo para tal.
_ Cheguei em casa há pouco mais de meia hora e fui mandado embora pelo homem que chamei de pai até o dia de hoje. Claro que antes disso ele me bateu muito e isso me assustou muito, pois não v razão nenhuma para que iss tivesse acontecido.
_ Ninguém faz isso com ninguém sem uma ótima razão, né Príncipe? Voltou a falar Alcides.
_ É verdade. Segundo ele, várias pessoas passaram um curto tempo ligando pro quartel falando o que eu sou e isso deve ter dado algum tipo de curto na cabeça daquele desgraçado e aqui estou eu, sem casa, família, nada...
_ Minha mãe diz que de cabeça quente nada se resolve a contento. Hoje você dorme lá em casa, amanhã a gente dá um jeito. Agora acho melhor a gente ir andando que teremos primeiro que limpar esse sangue todo e como você deve estar com dor, um analgésico não seria nada mal, né?
_ Isso sim me dá vontade de chorar, Tony.
_ Aproveita então e bota pra fora tudo o que você tá sentindo enquanto a gente segue o rumo das ventas, com diria a D. Ivonete, a cachaceira mais esquisita que já andou por estas bandas. Todos nós caímos na gargalhada.
Alcides morava na casa vizinha ao Hospital Municipal e Tony, cinco ruas depois, na parte chique da cidade.
Assim que chegamos em sua casa, sua mãe veio falar com a gente e rapidamente Tony inventou uma história de briga no meio da rua e que eu já havia dito em casa que dormiria lá por conta da comemoração do meu aniversário... Sua mãe pareceu não se incomodar muito com isso, nos desejou boa noite e que não ficássemos até tarde conversando. Assim que ficamos sozinhos:
_ Agora Heitor, você vai já pro banheiro, em seguida vai colocar um calção limpo e se quiser falar algo, estarei aqui, beleza?
_ Tudo bem Tony.
_ Enquanto você toma esse banho, vou pegar a caixa de primeiros socorros, e também vou preparar alguma coisa pra gente comer.
Ele saiu do próprio quarto e eu rapidamente me despi e entrei no banheiro que tinha lá. A mãe de Tony já sabia dele desde o início do ano e não se importou com a sua revelação. O padrasto do Alcides e sua mãe, já sabiam dele desde que o tempo do serviço militar teve que ser feito, e também não se importaram com nada disso, eles inclusive pagaram o curso de cabeleireiro e montaram até salão na parte da frente da casa. Por que só eu que não tive essa sorte? Até hoje não sei responder esse tipo de pergunta.
Tomei meu banho, vesti um calção limpo que tirei da mochila, inclusive o presente que Tony me deu, e esperei por ele. Uns dez minutos depois ele entrou no quarto com uma bandeja cheia de coisa boa pra gente comer e assim que fechei a porta ele me mandou sentar novamente na cama e começou a trabalhar no meu rosto.
_ Poxa, Heitor, teu pai sabe bem onde bater em alguém, viu? Meu amigo, eu só posso lhe dizer que sinto muito o que te aconteceu... E meia hora depois de curativos e conversas, finalmente comemos o que ele havia trazido pro quarto e fomos deitar.
Confesso que tive medo dessa madrugada acabar. Eu não sabia o que faria da vida. Com certeza essa cidade era bem pequena pra nós dois, eu e o desgraçado, e ele com certeza faria de tudo ´pra infernizar minha vida.
O relógio digital em cima da mesinha de cabeceira mudou de 02:30 h pra 3:15 h, depois pra 4:08 h, em seguida 5:27 h... E quando Tony acordasse por volta das 06:30 h pra poder ir pra Faculdade em Fortaleza, já que era aluno do curso de Psicologia, ele encontraria uma simples folha do seu caderno em cima da sua pasta, contendo essas palavras...
" Meu irmão, tomei a liberdade de te chamar assim, porque é isso que você representa pra mim. Desculpa ter saído sem avisar. O mundo agora será a minha casa e nem sei se um dia volto por aqui. Vou sentir saudade de você, do Alcides, do Jorjão e das meninas também, esse verdadeiros amigos. Quando puder, mandarei notícias, não preocupa comigo não, afinal de contas, você terá a sua vida pra cuidar e acho que já é muita coisa, né? Não vou esquecer jamais o que você fez por mim. Se algum dia eu mandar notícias é porque deu tudo certo, se eu não mandar, pelo amor de Deus não pensa coisa ruim não, é que por enquanto eu não tô conseguindo, beleza? Mais uma vez a vontade de chorar, só que vou deixar pra depois, afinal de contas eu espero viver daqui pra frente, uma grande aventura. Torce por mim, porque na sua torcida, eu já estou faz tempo. Valeu irmão... Amo você, cara ".
Na verdade Tony acordou as 07:00 h em ponto, pois haveria apenas aulas depois das nove da manhã. Ele estranhou o amigo não estar dormindo no colchonete ao lado da cama e ao se levantar, foi ao banheiro pra saber se ele estava lá, só vendo a folha do caderno na volta.
_ Não Heitor... Não era pra você ter ido, porra... E suas lágrimas começaram a rolar em seu rosto, lhe dando a certeza de que voltar a ver o amigo seria quase impossível, assim como voltar a ver o seu amor, um sonho distante.
NA ESTRADA...
Assim que peguei o primeiro ônibus na Avenida Central do Município, sentei do lado da janela e fui gravando cada canto daquele paraíso que um dia chamei de minha terra. Cerca de uma hora depois, já estava em Fortaleza e dentro de outro ônibus com destino até a rodoviária João Tomé. Uma vez por lá eu decidiria o que faria, enquanto isso, procurei não pensar em mais nada e me concentrei na paisagem da janela que era bem mais bonita que a anterior, só que parecia não ter vida.
Antes das 10:00 h da manhã, entrei na rodoviária sem nenhuma decisão tomada. Chegar ali, até que tinha sido fácil, agora ir pra onde? Esse era o meu medo, pois não sabia pra onde seguir. Sentei num banco qualquer e decidi que depois do almoço eu já teria algo em mente.
Fortaleza era muito perto da antiga casa, pensei eu, Natal é logo ali na esquina, Recife já esta mais distante... Aí veio a certeza, a primeira parada seria Recife. Na carteira havia pouco mais de R$ 1.700,00 Reais que seriam usados para comprar o tão sonhado computador, só que as coisas haviam saído erradas. Nem pensei duas vezes, comprei a passagem e me dirigi para o portão de embarque. Atravesse a rampa todo feliz, e me sentindo o dono do mundo, como diria meu amigo Alcides, um Príncipe de Troia.
O relógio da Rodoviária marcava pontualmente 15:00 h da tarde quando finalmente a viagem começou. Outra vez a cadeira da janela e agora sim, outras e diferentes paisagens que foram ficando retidas não só em meus olhos, mais em minha mente até hoje. A viagem seria longa, algo em torno de 12 horas. Vi o que pude enquanto tinha sol, e quando a noite cobriu esse lado de cá do mundo, dormi para despertar só às 03:00 h de uma fria madrugada, já na Rodoviária do Recife.
Desci do ônibus ainda sonolento e com fome. Terra estranha, hora ingrata, desejos que não poderiam serem realizados, pelo menos no momento, e uma certeza muito grande... Dessa vez, eu estava por minha conta. Como primeira decisão, esperaria ali mesmo o dia clarear e só depois eu faria algo por mim.
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TAKAHASHI meu querido amigo, vê-lo nessa nova jornada me enche de felicidade. Devo te dizer que o nosso querido HEITOR, mostrará uma força e uma fibra que causarão inveja ao mais otimista dos mortais... Um beijo nesse coração amigo.
DRIKA(DRIKITA) minha querida, contar com vc mais uma vez me coloca um sorriso no rosto. Um grande beijo nessa bochecha que não canso de ver.
KEVINA, Mon cher ami, je ne peux pas rester à l'écart trop longtemps ... La chose la plus intéressante à ce sujet, est de pouvoir compter sur sa force dans un autre jour. Baiser affectueux.
ENAILIL< concordo com a parte do viciante, vocês saõ demais... Querida amiga, a certeza de segui a seu lado, fará toda a diferença, obrigadoooooo.... Beijos.
KADUNASCIMENTO, o senhor não ficará livre de mim tão cedo... Quero saber como foi o ENEM e que chances vc terá de êxito. Que possa mais uma vez entreter vc com meu jogo de palavras... Abraço garoto.
ROSE VITAL, querida MAMA, já emocionando... Linda a sua lembranças sobre as Auxiliadoras que estão por aí neste exato momento, acolhendo e amando tantos e tantas que a vida tentou esquecer... O bom disso tudo é saber que estaremos juntos mais uma vez e vc já sabe, amo vc mulher... beijo nesse coração... Manda um abraço pro maridão, blz?
NEGUINHA_EVANGÉLICA, como assim não entendeu nada, minha pernambucana arretada de linda? Vou tentar esclarecer as coisas, prometo. beijo nesse coração maravilhoso que sei que tens. Só lembrando que o amor aumentou em mil vezes, viu? beijo minha querida amiga.
NINHA M, bom saber disso minha querida. Sua ideia pro próximo conto já esta mais que aprovada. Que seus dias sejam sempre proveitosos e que sigamos mais uma vez juntos... Grande beijo na princesinha Ju e outro bem grande em vc, doce amiga.
PRIREIS822, minha querida, esse início não é nada em comparação com o que ainda virá. Segue junto e por favor me diga sempre a sua opinião. Um grande beijo nesse imenso coração.
SAMUSAM< palavras sábias e de uma força extraordinária. Concordo que nosso material é diferente mesmo, por isso que eles, nos odeiam tanto... Acabo de ver vc, uma verdadeira FORTALEZA de boas energias e bons pensamentos, e o melhor, nada de chorar enquanto se tem a chance de lutar... Um beijo meu querido e obrigado por me fazer lembrar que apesar de tudo ser contra, a gente ainda consegue sorrir.
VITINHO'66, não consigo ficar longe, e olha que a vida tá de cabeça pra baixo... Vc ta colhendo o que soube plantar muito bem... Tenho certeza que serás muito melhor que qualquer um pois suas ideias são formidáveis garoto. Obrigado a vc por segui juntinho desse velho homem de números. Abraço.
ESPERANÇA, concordo com sua palavra... É uma maravilha ver vc na estrada outra vez... Obrigado meu rico Talismã. Beijo minha querida.
DUDDA, essa vai mexer um pouco com todos nós... Espere e verás... Obrigado minha querida por fazer parte... Grande beijo nesse coração tão generoso.
ZÉ CARLOS, meu querido... Assim espero, não pelo sucesso em si, e sim pela discussão que o tema trará... Tô ficando ansioso. Feliz por vê-lo na estrada juntinho a mim... Beijo Grande meu Zé, homem que tem no peito o coração mais agregador que tive notícias. Amo vc, garoto.
GUINHO, meu querido pernambucano... Super feliz em poder contar com vc novamente entre os meus amigos... Vc sabe que faz parte, então não serei repetitivo... Um grande abraço e quando puder, me deixa te ouvir... Obrigado pelo carinho.
AGATHA28, essa será uma trama bem carregada, tanto na emoção, como no drama do protagonista... Vc fala em saudade e eu falo em quase morte por tanta saudade... Tô roxo, roxo, e olha que sou amarelo, né? Um enorme beijo pra vc minha querida. Já sabe que estarei sempre por aqui ou por lá... Manda notícias... beijo grande...
KYRYAQ e CIDA... Continuo com minha fé de que tudo já esta muito melhor do que já foi... O mais carinhoso beijo em vossos corações e que o tempo do riso, já tenha voltado... Beijão... Amo vcs meninas...
Aos demais amigos, o meu abraço mais carinhoso... Nando Mota.