Quando virei o rosto e vi Alberto um calafrio percorreu meu corpo por completo, ele estava com a calça azul de paciente e uma camiseta branca que deixava bem a mostra sua tatuagem: -Eu queria me desculpar pelo o que te acusei, foi um erro e todo mundo, médicos e pacientes sabem que você é inocente, me perdoa?- dizia ele em uma voz terna e doce que me hipnotizava, porém a enfermeira não sequer deixou eu responder e continuou me arrastando num gesto bruto enquanto Alberto ficava parada pensando no que dizer: -espera, Filipa, porque você ta transferindo o Benjamin pra outra ala?- falava ele em uma voz tensa.
: -Isso não é assunto que eu vá tratar com paciente, Alberto não se esqueça que você é um paciente como qualquer outro aqui- bradava Filipa asperamente com os olhos virados para parede, -eu vou perguntar pro Arthur porque disso, não vejo prognóstico nocivo nesse paciente , não se esqueça que eu também sou médico- refutou Alberto em uma voz grave e talvez tensa. -Bem, você muito bem sabe que o consultório do seu irmão fica do outro lado do prédio então você está na direção contrária, até mais cunhadinho, eu tenho que ir trabalhar- falava ela enquanto acenava para enfermeira para que não parasse de me empurrar.
Ele ficou lá parado me olhando enquanto eu ia sendo empurrado pra ala feminina onde estaria 24 horas sobre vigilância da nada simpática e agora minha rival Dra Filipa.
Ao chegar na ala feminina eu senti uma sensação estranha, os quartos eram grandes e as camas pareciam bem arrumadas, a parede era de um tom pastel que me fazia me sentir tonto, e haviam pequenos vasos de plástico com flores naturais, até que ela apontou a minha cama: -Por enquanto, você vai ficar aqui até que a junta médica decida o que fazer, e você também está proibido de ir para a ala masculina devido à ameaça que você está sofrendo, olha como eu sou bondosa, salvei sua vida- dizia ela com um sorriso debochado no rosto enquanto ia se movendo pro final do corredor.
Então finalmente eu estava sozinho e minha cabeça começou a lembrar do dia intenso que havia sido ontem, não podia deixar de me esquecer de Arthur, o rosto dele vinha como em flashes o tempo todo é uma sensação de estar perdendo ele foi tomando conta de mim e eu definitivamente não queria pagar pra ver, então resolvi me levantar e tentar encontrar um jeito de achar ele.
Fui andando pelo corredor sem ver ninguém até chegar em um refeitório enorme e cheio de mulheres que vagavam entre si, todas ficavam me olhando como se eu fosse um monstro ou um anormal, tentei atravessar o refeitório mais aquilo era uma tarefa impossível, senti a mão gelada de uma garota segurando em minhas costas e falando: -Não vá por ai ele vai te achar Benny- senti um arrepio percorrer meu corpo inteiro e me virei para olhar quem era aquela mulher que sabia meu nome?
Virei de costas e ia perguntar quem era ela, mas quando vi seu rosto um misto de medo me invadiu, ela era branca, não era alta mas também não era baixa e tinha os cabelos negros e compridos como uma india, porém seus olhos eram cinzas, me parecia que ele era cega, então eu perguntei: -Desculpa, quem é você e como sabe meu nome?- ela com um sorriso começou a cantar uma canção de ninar: "brilha minha estrela, brilha meu amor, papai e mamãe já voltam, você não está sozinho , nunca estará com você e seus irmãos eu vou estar."- aquela canção me causou uma tontura eu não sabia de onde mais eu já conhecia aquela música, alguma coisa dentro de mim me dizia isso só não sabia o que.
: - Sissi, deixe ele em paz- gritou uma enfermeira com voz brava enquanto a mulher dos cabelos de Índia fazia com o dedo um sinal para que eu ficasse calado e foi se afastando lentamente enquanto eu virava e continuava andando em direção ao jardim.
A voz daquela mulher tinha me causado arrepios e minha cabeça estava girando, comecei a entrar no jardim que mais parecia um bosque e naquela momento não estava lotado, ao fundo o hospital parecia enorme e o muro seguia até onde meus olhos conseguiam ver, eu não sabia o que estava fazendo ali, e nem porque algo dentro de mim dizia que se eu seguisse iria estar em perigo, foi o que eu fiz; eu fui.
Depois de uns 15 minutos andando cheguei até um outro prédio de tijolos vermelhos escrito Ala C, haviam alguns guardas que me olharam impressionado e vieram em minha direção dizendo: -Nicolas o que você está fazendo do lado de fora, não sabe que o sol pode te prejudicar?- eu meio sem entender disse: -Desculpa vocês devem estar se confundindo, meu nome é Benjamin e não Nicolas e eu vim andando da ala feminina até aqui- os guardas se olharam e disseram algo que não pude ouvir pelo rádio, quando de repente escuto um grito no meio do bosque: -ELE ESTÁ VIVO, CORRE!!!- os guardas correram enquanto eu tentei acompanhá-los ao chegar levei mais que um choque um corpo que eu muito bem conhecia estava jogado no chão, e pelo que parece estava morto.
CONTINUA