"Na hora do desespero e do sufoco lembre-se de uma coisa: Muito mais sofreu a mãe do porco espinho!" - Sherlock Holmes
Parecia que eu estava vendo tudo em câmera lenta: o garoto fechando os punhos e dando uma direita no nariz do Pedro, o mesmo caindo no chão e batendo a cabeça no paralelepípedo da calçada e ficando desacordado. Cinco segundos de silêncio, e outros dez minutos de total desespero. Eu fiquei sem saber o que fazer. Olhei para o garoto e o vi com as mãos na cabeça e balbuciando palavras que não consegui entender. Me agachei e comecei a chamá-lo.
Eu - Pedrinho? Pedrinho? - comecei baixinho e fui aumentando a voz, até não conseguir mais me segurar e começar a gritar - PEDRO? PEDRO, PARA DE BRINCADEIRA E LEVANTA JÁ DAÍ!
Ok, sei que um pedido idiota. Quem é que iria brincar com um assunto desses? Não toquei um dedo sequer nele porque uma vez eu li que não pode mexer na pessoa quando ela bate com a cabeça. Olhei para trás novamente e vi aquele asno parado olhando para mim com cara de cachorro assustado. E aquilo me deixou puto da vida.
Eu - Porra criatura, vai ficar parado aí? Vai chamar alguém para ajudar, anda logo!! - Ele parecendo que tinha despertado de um transe saiu correndo feito um louco, tropeçou no cadarço e caiu. Comecei a rir de nervoso. Ele levantou e correu em direção a escola. Eu fiquei num misto de aflição, raiva, tristeza e, por mais estranho que possa parecer, me peguei gargalhando da situação. Pois é, quando fico nervoso rio de tudo; até mesmo se um pingo d' água cai no chão. Entre risos e lágrimas fiquei dizendo ao Pedrinho: "Calma Pedro, a ajuda já está vindo". Mas com certeza quem estava precisando de calma era eu! Minutos intermináveis depois aquela anta chega com ajuda. O diretor da escola chega e pergunta o que tinha acontecido, eu expliquei o mais rápido que pude e ele sai com o celular pendurado na orelha.
Eu - Está vendo o que você fez? Se acontecer alguma coisa com ele eu juro que te quebro no meio!
Garoto - Eu não queria que isso tivesse acontecido. E a culpa disso tudo é sua! Se você não tivesse entrado na frente da moto nada disso teria acontecido!
Eu - O QUE??? VOCÊ SO PODE ESTAR BRINCANDO, NÉ? EU QUE ENTREI NA FRENTE DA MOTO??
Garoto - É obvio que sim... - Ele começou a dizer mas não consegui escutá-lo, uma voz chegou aos meus ouvidos primeiro.
Pessoa - GUILHERME!!!!!
Essa voz... eu conheço essa voz... e conheço mais ainda a dona dela... Gabriele...
************************************************************* Flash Back ********************************************************************
Gabriele - Se toca garoto, você foi só um passatempo.
Eu - O que ela está dizendo, Alexandre?
Alexandre - É isso mesmo que você ouviu, Boneca. Eu te usei para conseguir o que eu queria. Agora você não serve mais.
Eu - Como você pôde? Depois de tudo que passamos juntos?
Alexandre - Boneca...
Eu - NÃO ME CHAMA MAIS ASSIM!!
Gabriele - Ai chega de chilique, Marlon. Está mais que na hora de você se mandar.
********************************************************* Fim do Flash Back*********************************************************
Virei lentamente na direção daquela voz enquanto as memórias afloravam na minha cabeça. Era como se uma cicatriz estivesse se abrindo. Nos encaramos por um tempo até que ouço o som da ambulância e volto do passado. Ela chega perto do garoto e diz algo no ouvido dele, os dois saem sem dizer nada e sem olhar para trás. Os enfermeiros colocaram ele na maca e levaram até a ambulância.
Eu - Com licença, diretor. Eu posso ir com o senhor até o hospital? - Como eu disse antes, eu sou um gentleman quando eu quero rsrsrsrs
Diretor - Claro, vamos.
Chegando lá, encontrei a mãe do Pedro, Sueli. O diretor tinha ligado para ela no caminho.
Sueli - Marlon! O que aconteceu com meu menino?
Eu - Ai tia, não sei nem por onde começar. Foi tudo muito rápido. Começou quando eu quase fui atropelado por uma moto... - comecei a contar a história. O diretor chegou mais perto e começou a ouvir a história também. É claro que eu não contei a parte da Gabriele, já tinha problemas demais. Quando eu terminei ela me perguntou:
Sueli - Mas você sabe quem é esse garoto?
Eu - Não, tia. Mas eu vou acabar esbarrando com ele na escola. Ai ele vai se ver comigo...
Um médico se aproximou, olhou para nós e em seguida para uma ficha que estava na mão dele. Que mania que os médicos tem de fazer suspense. Um ano depois ele perguntou:
Médico - Vocês são parentes do paciente... - ele olhou ficha - Pedro Soares?
Sueli - Sim, sou a mãe dele. Como está meu filho?
Médico - Bom, ele bateu com a cabeça, mas nada grave. Ele vai ficar no hospital de observação uns dois dias, somente para garantir.
Sueli - Ah, graças a Deus está tudo bem com meu filho. Eu já posso vê-lo?
Médico - Sim mas tem que ser uma visita rápida, ele precisa descansar.
Eles seguiram por um corredor e sumiram da minha vista. Ficamos só o diretor e eu. Ele me pediu para contar (DE NOVO) a história e eu (COM A MAIOR PACIÊNCIA DO MUNDO) repeti. Dez minutos depois, ela volta com uma expressão de alívio.
Eu - E então tia, como ele está?
Sueli - Ele está bem. Sabe o que ele me disse antes de dormir?
Eu - O que?
Sueli - Pediu para ir no shopping com você depois de sair daqui.
Eu - Então ele está bem melhor - Nós dois rimos
Oi gente? Quero agradecer a todos que me incentivaram à continuar o conto, não tenho palavras para dizer o quanto é bom ganhar novos amigos. Não imaginava tantos comentários. Criticas, sugestões, elogios, comentários e votos são muitíssimo bem vindo.
Até a próxima :D