Uma imensa carranca se formou no rosto do adolescente assim que seus pais em tom de alegria o anunciaram “Crianças se virem, nós iremos ao Circles”. Já a expressão do mais velho era o oposto da frustração do garoto de longos cabelos castanho-claros e olhos acinzentados. “Um mês de férias de vocês” acrescentou a Sra. Greene de bom humor. “Julian cuide de seu irmão” advertiu receosamente o Sr. Greene.
No quarto do casal as malas já estavam sendo religiosamente feitas, da sala Evan ainda se mantinha rígido no sofá com uma expressão indecifrável em face. Julian encarava-o com um largo sorriso de deboche. “Eles não podem ir” pensou o mais novo levantando-se bruscamente e seguindo a largos passos até se perder de vista pelos corredores da casa. Julian ocupou o lugar em que seu irmão mais novo estava até poucos segundos, em seus olhos negros como um abismo parecia conter labaredas de fogo, uma risada abafada saiu entrecortada de seus lábios semiabertos.
– Me levem com vocês. – suplicou o garoto entrando no quarto de seus pais com um tom de desespero em sua voz – Por favor, não me deixem aqui sozinho com ele.
– Evan querido, seu pai e eu precisamos passar algum tempo sozinhos!
– Não seu preocupe campeão, seu irmão não vai mais mentir que há um bicho papão debaixo de sua cama. – ironizou o Sr. Greene enquanto brigava para fechar a mala congestionada de sua esposa.
– Ah querido não faça essa cara, é só por um mês. – anunciou a mãe em um tom amável.
– Mãe... Pai... Por favor!
– Evan sem choro, você já tem 16 anos, porte-se feito um homem, garoto. – rosnou o pai não acreditando na cena infantil que o adolescente criara – Seu irmão já tem 21, ele sabe se comportar e é responsável.
– Eu odeio o Julian. – gritou Evan logo antes de sentir o peso da bofetada que sua mãe lhe dera na face.
– Basta, isso eu não admito. – berrou Sra. Greene agarrando aos ombros do garoto com força – Ele é seu irmão, não pode dizer que odeia o sangue do seu sangue.
Com um olhar rígido o Sr. Greene apoiara a indignação da esposa em razão do que o filho mais novo havia dito. Evan permaneceria em casa e essa era a palavra final de ambos. Por um breve momento o garoto quase se atreveu a expor sua razão de preferir manter distancia de Julian. “Quer falar, pode ir, eles vão saber que você é o culpado” sussurrou a voz do mais velho em sua mente, o medo lhe trancou a garganta e Evan deixou ao quarto de seus pais se sentindo ainda mais ferido e covarde.
– Então seu idiota, conseguiu convence-los bancando o bebê chorão da casa? – zombou uma voz inconvenientemente conhecida ao lado da cama onde Evan havia se deitado de lado para a parede. Não o surpreendeu ver o sorriso maldoso na face de Julian ao virar-se – Ouviu o papai? Vou cuidar de você!
– Sai do meu quarto.
– Nossa! – Julian levantou as palmas das mãos para o alto – Que medo, vai me bater? Poxa, esqueci que é um frangote.
– Julian para de me atormentar, por deus. – pediu o mais novo com sua voz tremula.
– Não... Maninho, sem drama!
– Eu te odeio Julian, o que você me fez... Isso não tem perdão.
Com a calma de um experiente caçador frente a uma presa fácil, Julian sentou-se ao lado de Evan que o fitava apavorado. Quando a mão do mais velho repousou sobre o rosto pálido do mais novo, uma lagrima ameaçou transbordar, não somente por medo ou vergonha de si mesmo, mas por um ódio que jamais imaginaria poder sentir até então.
– Evan eu sei que você gosta! – seus dedos mansos acariciavam suavemente a face do mais novo sem conseguir se manifestar contra – Não diga que não curtiu as vezes em que fizemos amor!
– Você é um louco, você me forçou.
– Será que não percebeu ainda? Você é meu, só meu! – sussurrou no ouvido de Evan que fez cara de enjoado e o empurrou para trás – Não adianta resistir.
– Chega, vou dar um basta nisso agora mesmo. – gritou Evan, mas Julian riu debochado como sempre, como um insano.
– Se você contar eu os mato na sua frente! – anunciou o mais velho com frieza erguendo a camisa preta que vestira, exibindo uma arma em sua cintura – Herdo a herança, fico com você e todos vão pensar que sofremos um assalto, trágico. O que prefere?
Os cinzentos orbes do mais novo contemplavam com horror o revolver na cintura do irmão que mantinha seu sorriso afiado. Aterrorizado com a falta de escrúpulos de Julian, Evan engoliu em seco e não pode mais conter suas lágrimas. O mais velho abaixou a camisa escondendo sua arma novamente e disparou em direção a ele, abraçou-o como se quisesse reconforta-lo, como se não fosse o motivo de sua dor.
– Calma... Evan não chore, se você não abrir a boca eles vão viajar em paz! – sussurrou ele no ouvido do mais novo que derramara suas lagrimas no ombro do irmão – Só depende de você, mas não chore mais.
– Por que você faz isso comigo? – Evan aguardou pela resposta, mas Julian se manteve em silencio – Por quê?
Minutos mais tarde todos os Greene haviam se reunido novamente na sala-de-estar, as malas estavam prontas em um canto próximo a porta. Evan em silencio abraçou seus pais com força, tanto que a Sra. Greene até esboçou um largo sorriso pelo caçula não guardar magoas pela bofetada que levara. Depois Julian fez o mesmo, mas de um modo mais frio. Evan o observava com ressentimento, desprezo e nojo.
– Não façam nenhuma festa enquanto estivermos fora! – brincou o Sr. Greene enquanto pegava as malas do chão.
– Vou sentir falta de vocês, amo muito vocês! – Sra. Greene fechou a porta após a passagem desajeitada do marido que sofria com o peso das malas.
Da imensa janela de correr da sala, Evan observou com tristeza desde seu pai colocando as malas no porta-malas do Fiat prata-metálico que os levaria até o aeroporto, até o último instante em que o carro se perdeu de vista por completo cidade a fora.
– Agora serei um bom irmão mais velho e cuidarei de você direitinho! – afirmou Julian agarrando-o por trás – Quando você parar de ser contra, vai querer o tempo todo!
– Você acha mesmo que sou doente como você? – Evan se virou para encara-lo de frente e com toda velocidade enfiou sua mão por debaixo da camisa do outro e puxou a arma nervosamente – Você é um monstro Julian.
– Quem está com a arma? – provocou o mais velho ainda sorrindo como um louco enquanto recuava lentamente para trás – Você não tem capacidade alguma para puxar esse gatilho, olhe só, com o poder em mãos e tremendo, que patético!
– Não tenho mais nada a perder, você já me destruiu. – suas mãos tremiam com o revolver apontado em direção ao peito do irmão.
– Você não vai puxar esse gatilho porque você me quer tanto quanto eu te quero!
– Eu te odeio! – vociferou o mais novo com o dedo deslizando sobre o gatilho, desmanchando por fim o sorriso demente de Julian com seu ar sem duvidas – Vá para o inferno!
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CONTINUA*-----*-----*-----*-----*-----*-----*-----*-----
Olá, este foi o primeiro capítulo de "Bad Romance", bom, estou tentando sair um pouco do comum, quero desenvolver essa trama em torno do incesto com um ar não muito romântico, afinal Evan sofre nas mãos de seu malvado irmão Julian, ou sofria dependendo de como as coisas vão suceder no segundo capítulo. Espero que tenha gostado - Deixe seu comentário e me diga se Evan deve ou não apertar o gatilho? Há muitas coisas em jogo - vote, é importe. Muito obrigado por me prestigiar com seu acesso e me faria feliz se acompanhasse essa nova série aqui - Um beijo e dois queijos procê - te espero no segundo capítulo!