"Os olhos são a morada da vergonha" - Aristóteles
Me senti humilhado, sentado naquela sala, desse jeito que eu estou. Mal sabia eu que ao sair da cama naquele dia iria mudar meu modo de pensar... Não entenderam? Eu explico. Mas para vocês entenderem melhor o que eu estou dizendo, vamos voltar a cena que me deixou assim:
... Senti algo escorrendo pelas minhas costas e chegar as minhas pernas. Olhei para o chão e vi uma casca de ovo. Quando olhei para cima me arrempendi imensamente, vi quatro garotas: duas com caixas de ovos nas mãos, uma com um celular filmando a cena e a outra, que conheço muito bem, segurando uma sacola nas mãos. Elas estavam encima no murinho que divide a arquibancada do vestiário, que deve ter uns dois metros. Aquele pressentimento ruim que eu estava sentindo se intensificou de uma forma impresionante. Elas sorriram ao perceber que eu olhava para elas. Logo em seguida começou meu tormento, chuva de ovos caíram sobre mim. Eu, burro, ao invés de correr dali, apenas leantei os braços para proteger o rosto. Depois que a chuva terminou, ouvi a voz daquela vaca me chamando:
Gabriele - Ei, Marlon? Como você se sente agora? - eu nada respondi a ela, estava com tanto ódio que eu nem conssegui falar. - Você não disse que é um "divo"? Vamos ver então! - ela abriu a sacola e despejou o que tinha dentro sobre mim. Plumas, das cores mais variadas possíveis, caíram sobre mim. Como eu fiquei todo grudento por conta dos ovos, elas grudaram facilmente em mim. O que eu senti na hora? Puro ódio. Ódio dela e de mim mesmo. Por que ódio de mim mesmo? Por que me deixei enganar novamente. Por que de novo eu chorei na frente dela. Me mostrei fraco. Não podia ter feito isso. Mas eu não chorei de tristeza, mas sim de raiva. Elas riam de mim, riam não gargalhavam. As minhas lágrimas desciam, mas não emiti som algum. Apenas me virei e corri em direção ao banheiro. Por sorte, não vi ninguém no caminho. Ao entrar tranquei a porta e fui em direção ao espelho. Eu não me reconheci. Mas parecia uma galinha num desfile de carnaval. Respirei fundo e tentei pensar em alguma para sair dali sem niguém me ver. Meu celular!! Peguei e disquei o número da Larissa. Chamou bastante, mas niguém atendeu. Droga! Tentei novamente, até que ela atendeu.
Larissa - Alô?
Eu - Lara?
Larissa - Fala, Negão.
Eu - Você pod vir até o banheiro masculino, não estou me sentindo bem. - tentei fingir um mal estar e segurar as lágrimas que teimavam em descer.
Larissa - Já estou indo para aí. - ela desligou.
Enquanto eu esperava ela, fui até a parte reservada para o banho depois da educação física e tirei o máximo que eu consegui das plumas e do ovo. Fiquei encharcado, mas foi necessário. Saí do box, que continha cinco chuveiros, e fechei a porta de vidro que separa o box do resto do banheiro. Logo em seguida ouvi alguém batendo na porta.
Larissa - Negão, sou eu. Abre a porta. - respirei fundo e fiz cara de quem está passando mal. Abri a porta e olhei para ela. - O que aconteceu com você? Está todo molhado!
Eu - Eu não estou me sentindo bem, Lara. Minha pressão caiu.
Larissa - Vem. Vamos até a secretaria pedir para liberarem você.
Fomos até lá e ela falou com o diretor.
Diretor - Bom, nesse caso terei que ligar para sua mãe para ela vir lhe buscar.
Eu - Tudo bem. - ele saiu da sala. A Lara se virou para mim e disse:
Larissa - Negão, vou voltar para sala, tá? Amanhã eu te passo a matéria.
Eu - Pode ir, eu vou ficar bem. - ela se levantou, veio até mim e beijou minha testa.
Larissa - Fica bem. - disse isso e saiu da sala. Agora aqui estou eu. Me sentindo humilhado e derrotado... Não, espera um pouco. Me senti derrotado e humilhado? Nunca! É isso que ela quer que eu sinta, mas ela não vai conseguir. E para mim já chega! Tudo o que ela fez até hoje não pode ficar assim. Já está mais do que na hora de eu tomar uma atitude. Demorou muito tempo, e minha raiva está acumulada. Não posso, ou melhor, estou proibido de deixar isso passar em branco. Minha mãe chegou um tempo depois, toda preocupada comigo.
Sara - Filho, como você está? O que está sentindo? Por que está todo molhado?
Eu - Calma, mãe.
Sara - Calma, nada! O que você está sentindo?
Eu - Eu não estou me sentindo bem. A minha pressão deve ter baixado.
Sara - E por que você está molhado?
Eu - Eu me enfiei debaixo do chuveiro para ver se eu despertava.
Sara - Tudo bem , vou te levar para casa. Diretor, eu me responsabilizo.
Diretor - É só a senhora assinar aqui para ele poder sair.
Minha mãe assinou e nós saímos. Não dissemos nada um para o outro durante o caminho. Ela até que tentou puxar assunto comigo, mas eu só conseguia em como me vingar daquela vagabunda, ordinária, piranha... AI QUE ÓDIO!!!!
Chegamos em casa e eu fui direto para o meu quarto, precisava refletir sobre o que tinha acontecido hoje. Refiz meus passos mentalmente: Primeiro eu arrumei a casa; depois fui para o ponto do ônibus; esperei um ano até ele chegar; falei com o motorista super educado; sentei lá no fundo; encontrei com o gostoso do Guilherme, que me disse que estava sem moto porque ela está na oficina; quando descemos, ele me convidou para ir até a entrada do vestiário e... ah não, de novo! Não acredito que ela fez isso de novo. Isso é golpe baixo. Ela usou o garoto para me seduzir e depois me sacaneou... MAS QUE VACA!!! E EU, TROUXA, CAÍ FEITO UM PATINHO... DE NOVO!! Preciso pensar em alguma coisa, isso não vai ficar assim. Sou retirado dos pensamentos com uma batida na porta.
Sara - Filho?
Eu - Pode entrar, mãe.
Sara - Pensei que estivesse dormindo.
Eu - Ainda não.
Sara - Está se sentindo melhor, meu amor?
Eu - Sim, bem melhor. - agora que eu descobri tudo então...
Sara - Tem alguém lá na sala querendo te ver.
Eu - Quem? Não estou esperando ninguém.
Sara - Vai lá. - levantei e fui até a sala. Quando eu olhei quem era soltei um grito, corri até ele e lhe dei um abraço.
Pedro - Esqueceu de mim, né seu viado?
Eu - Foi mau, Pedrinho. É que eu passei mal...
Pedro - Passou mal?
Eu - É. - disse e pisquei o olho discretamente para ele, que entendeu logo o recado.
Tia Sueli - Você está bem, Marlon?
Eu - Estou melhor, tia. Posso sequestrar o Pedrinho? - ela e minha mãe trocaram um rápido olhar. Depois ela disse:
Tia Sueli - Pode sim.
Puxei o Pedrinho pela camisa até o meu quarto, tranquei a porta, empurrei ele na cama e sentei do lado dele.
Pedro - Quer me contar o que está acontecendo?
Eu - Posso te fazer uma pergunta?
Pedro - Já está fazendo.
Eu - Pedro, eu estou falando sério.
Pedro - Ih, para você me chamar de Pedro é sinal de que a coisa é séria mesmo. Vai, pergunta.
Eu - Você me acha burro?
Pedro - Hein?
Eu - Está com ouvido sujo?
Pedro - Não. É só que eu não entendi o sentido da pergunta. O que aconteceu?
Eu - Responde a minha pergunta.
Pedro - Não, Marlon. Eu não te acho burro. Agora dá para responer a minha pergunta.
Eu - Eu ainda não consigo acreditar que aconteceu de novo, sabe? -eu me levantei da cama e começei a andar de um lado para o outro. - Sabe a vaca da Gabriele?
Pedro - Sei. O que tem ela? Vai me dizer que ela morreu?
Eu - Antes fosse...
Pedro - Nossa, Negão. Eu estava brincando!
Eu - Mas eu não!
Pedro - Eita, o que aconteceu?
Eu - Aquela vaca fez de novo.
Pedro - Fez o quê, menino? Pára de enrolar e conta logo.
Eu - Ela armou para mim. Tudo começou com o idiota do Guilherme.
Pedro - Como assim "idiota"? Você estava gamadinho no cara, agora chama ele de idiota?
Eu - Pedro, presta bastante atenção no que eu vou te contar, pois eu vou precisar da sua ajuda.
Contei tudo para ele e ele prestava atenção a cada detalhe. Nunca fui uma pessoa má ou vingativa, mas , especialmente para essa piranha, eu abro uma exceção.
Eu - Agora me dê a sua opinião.
Pedro - Realmente isso já foi longe demais. O que você tem em mente?
Eu - Eu ainda não tenho nada de concreto, ainda. Por isso vou precisar da sua ajuda.
Pedro - Pode contar comigo, Negão. Agora quem quer vingança sou eu!
E começava ali a minha mudança: de um garoto calmo e sensível, para um garoto vingativo e frio. As circunstâncias me levaram à isso. Ali eu deixei o Marlon fraco de lado, ela vai conheçer um lado meu que eu nem sabia que existia. Ela que se prepare...
Boa noite, meus amores. Agora a coisa esquentou, não foi? E ainda vai esquentar. O Marlon se transformou completamente, e isso pode causar coisas boas e coisas ruins; mas isso vocês verão no decorrer da história. Agora, vamos aos comentários:
oPAKO - Pior é que armaram mesmo. Agora, evocar o exu? kkkkkkkkkkk Arrazou! Mas bem que o Marlon tá querendo mesmo. hehehehe
Mah Valério - Aguenta mais um pouquinho, amore. Minha mão está coçando de tanto que eu estou querendo escrever pra vocês sobre o segredo, mas estou me segurando hehe
LucasS. (Lukinhas) - Mas foi, amore. Pior que foi. Mas tudo que vai, volta... Brigadão pelo elogio ;)
$Léo$;) - Vocês estão afiados, que isso hehehe. Mas tem mais coisa para rolar ainda.
Gabee - Acertou em cheio, amore. Mas aquela vaca vai ter o que ela merece hehehe
Anjo Sedutora - Ô meu Anjo, eu que agradeço por vocês me acompanharem e me proporcionarem comentários maravilhosos. Bjs :)
Ru/Ruanito - E vai ficar mais ainda, hein... Abraços.
Nefhero - Eu sei, esse ficou muito pequeno mesmo. Desculpe, mas esse foi pelo celular. Meu computador ficou maluco e resolveu infartar. Abraços.
vitinho - Acho que nem o Marlon acreditou nessa história, mas veremos que rumo que ela vai tomar. Outro Beijo para vc :)
prireis822 - Acertou! Mas o Marlon não vai deixar isso barato. Bjs.
KayoB - hehehehe Está aqui, amore. Bjs.
Norwegian - Poxa, muito obrigado. Aí está ;)
esperança - Brigadão, amore :)
Biel Evans - Calma Biel! Fica louco não, menino hehehe. Abraços.
Gente, vocês são muito fodas, maravilhosos. Já agradeci e faço questão de agradecer de novo a cada voto, a cada comentário e a cada leitura. MUITO OBRIGADO!!!! Críticas, comentários, palpites e votos serão muito bem vindos. Bom domingo para vocês. E mais uma vez peço desculpas caso encontrem algum erro de português, ainda estou me adaptando a escrever.
Até segunda, amores :)
