[6 meses atrás]
Estava saindo de uma festa na casa do Léo, um amigo de classe, com a Bia, o Mateus e a Andréa, peguete da semana dele. Todos havíamos bebido bastante durante o evento e quase não conseguíamos andar. Fomos para o ponto de taxi por que naquele horário não passava mais ônibus.
Chamamos um taxista conhecido nosso para nos levar embora, iríamos dormir lá em casa, já que nossos pais não podiam nem sonhar com nosso estado e minha mãe acabou ficando no trabalho dela -ela é empregada doméstica de uma senhora muito rica do centro da cidade, e como moramos a um ano-luz da casa dela, às vezes minha mãe tem que passar a noite por lá.
Quando o seu João, o taxista, chegou eu estava sentando no banco do ponto de ônibus com Bia literalmente apagada, com a cabeça sobre meu peito. Mateus continuava atracado à Andréa que estava quase nua. Chamei o casal pornô, levei cuidadosamente a Bia para o carro e a pus o mais confortável possível para que ela não caísse ou se machucasse e torci para que não ocorresse nenhuma mão boba, já que o casal parecia incontrolável. Fui para a poltrona da frente e seguimos viagem.
Algum tempo depois chegamos à casa da Andréa, que se despediu de todos, mas principal e calorosamente do Mateus, e saiu. Ele não aguentou e disse o que eu já sabia:
-Brother, você não vai ficar chateado não se eu dormir por aqui.
-É sério isso? Vai logo curtir sua noite mano.
-Valeu cara, amanhã a gente se fala -disse ele saindo e agarrando Andréa por trás a fazendo dar um gritinho bem saliente.
-Esses jovens de hoje -disse seu João.
-Desculpa por ele seu João.
-Fica tranquilo filho, vocês não estão fazendo nada do que eu já não tenha feito -disse rindo.
-Que isso hein. Garanhão -falei rindo também-. Acho que vou sentar lá atrás com a Bia.
Sentei junto a minha desmaiada namorada e a coloquei na mesma posição de quando estávamos no ponto, fazendo-a deitar.
Partimos para minha casa em silêncio, era notável que o cansaço dominava o local. Estávamos perto de casa quando seu João parou por que o sinal do semáforo havia fechado. Enquanto isso eu olhava a rua pela janela e o taxista vigiava o sinal permitindo sair um bocejo, fiquei com pena dele nessa hora.
Logo voltei a visualizar a calçada. Nesse momento, vi uma cena que mexeu comigo. Havia dois rapazes se pegando no ponto de ônibus. Um deles estava escorado no poste que sustentava o local e o outro estava de costas pra mim. Aquela cena me chamava cada vez mais atenção. Talvez pelo fato o escorado estar apalpando as nádegas do parceiro de uma forma que me provocava, me fazia querer estar lá. O outro havia colocado suas mãos em volta do pescoço do amante e bagunçava seus cabelos sem sequer sair de seus lábios. Uma nova sensação floresceu dentro de mim e me fazia desejar ser convidado para a cena. No entanto, o arranque do veículo me fez voltar à realidade. O sinal estava aberto.
O taxi dobrou à esquerda e encaminhou-se por três quarteirões até minha casa. Ao chegar, eu desci do carro, paguei e me despedi do seu João, com carinho levei Bia para casa, levei-a para meu quarto e a repousei em minha cama. Porém, algo ainda me incomodava. Eu estava no automático desde a hora que vi aquela cena. Não conseguia mais parar de pensar naquele beijo e em como queria estar lá.
Fui ao banheiro do meu quarto e lavei meu rosto na esperança de esquecer aquela história. Em vão. Determinado decidi tomar um banho. Pensava que a água refrescante aliviaria minha tensão. Não poderia estar mais enganado. O choque do liquido com meu corpo e das minhas mãos que o ensabuavam trouxesseram à tona aquela mistura de sensações que me dominava outrora. Minhas mãos percorriam todo o meu corpo como nunca haviam feito antes, desde meus peitos e abdômen bem definidos braços musculosos, às minhas nádegas avantajadas, ao tempo que meus dentes trituravam meus lábios transformando toda tensão em tesão.
Estava entregue, não conseguia controlar aquela sensação. Meu corpo estava em chamas, meu membro pulsava delirantemente, não havia mais racionalidade em mim. Enfim, me masturbei. Apertei meu mastro de 17 cm de uma maneira diferente, estava apalpando minha bunda também. Queria sentir o que aqueles jovens sentiam naquele beijo e amasso. Quanto mais o movia, mais prazer sentia e mais forte me apertava. Quando dei por mim já havia eaparramado toda aquela luxúria que me perturbava pelo box do banheiro.
Logo após senti nojo, desprezo de mim mesmo. Queria negar o que estava acontecendo comigo. Tentei me fechar para esse novo mundo, contudo, mais tarde me entregaria a ele de corpo e alma[Dias atuais]
Não chorei. Parecia não acreditar no que anunciavam no jornal. Estava transtornado. Acabado. Despedaçado. Arruinado. Estava sem o Thiago.
Não chorei. Parecia que minhas emoções haviam partido com ele. Como seu eu dependesse dele pra sorrir, chorar, viver. Pra minha desgraça fui descobrir isso agora e nunca poderia declarar isso a ele. Eu precisava do Thiago. Eu amava o Thiago.
Não conseguia comer. Mas não era só meu estômago quem não reagia. Meu coração não expressava outra coisa a não ser, vazio. Meus olhos não enchergavam um palmo à frente do nariz, isso por que o relógio marcava meio dia e meia. Minhas pernas não possuíam mais coordenação motora, bambeavam a cada passo. Enfim, desmaiei.
Eu estava sentado no sofá quando recebi a noticia da morte de Thiago. Fiquei parado, imobilizado por alguns minutos até que resolvo tomar água pra ajudar a descer aquelas informações.
Levantei-me e fui em direção à geladeira. Estava na metade do caminho quando senti uma fonteira forte, meus olhos escurecerem, minhas pernas bambearem e , antes que pudesse pedir socorro, desmaiei.
Entre cinco a dez minutos depois acordei, sentei-me no chão e tentei remoer tudo aquilo que estava passando naquele sábado. De repente, um aperto assola meu coração e a única coisa que queria era sair dali. Tudo me lembrava Thiago. Era aterrorizante saber que não o veria mais. Que não havia conseguido salvá-lo daquele horrível fim.
Subi, peguei o que estava na frente, o mais rápido possível e saí da mansão sem nem olhar pra trás. Tomei um ônibus e me sentei na cadeira do corredor que estava sobrando. Havia um homem ao meu lado, mas nem dei bola. Estava pensando em Thiago.
[3 meses e meio atrás]
Eu estava feliz novamente por que eu e Bia éramos amigos novamente. Saímos para tomar um sorvete com o Mateus e depois fomos ao shopping comprar uma roupinha pra ela, que resultou em cinco sacolas de lojas diferentes que eu e o Mateus tivemos que carregar pra donzela.
Ficamos a tarde juntos até que fui pra minha casa. O plano desse final de semana era descansar. Mas, meus colegas me chamaram pra jogar e eu, fominha que sou, fui. Mais ou menos 20:30 estava de volta, mas apenas pra tomar um banho e voltar para rua. Tínhamos marcado de beber um pouco pra aliviar o peso da semana, no meu caso, dos últimos meses.
Por volta das nove estava pronto. Tinha colocado uma calça jeans preta que apertava minhas coxas de jogador de futebol, um tênis da Adidas preto, camisa gola pólo amarela que marcava meu peitoral, cordão simples e um relógio dourado. Em meus cabelos castanhos, que combinavam com meus olhos mel, passei um gel que modelava meu comportado topete. Estava gostosinho, mas não tinha a intenção de pegar ninguém.
Desci as escadas e fui encontar meus amigos. Por incrível que pareça, o caminho era o mesmo que passei de taxi alguns meses atrás. Quando chego perto do ponto de ônibus me deparou com a cena. Os mesmos dois rapazes daquela noite estavam se beijando, só que dessa vez era um beijo de cumprimento, mas nada que tirasse a paixão que os dois exalavam. Como no dia da festa, fiquei vidrado no casal. Aquele desejo incontrolável tomou posse de mim outra vez, e não pude fazer nada que não fosse segui-los. Pouco tempo depois eles entraram num ônibus e eu fui junto.
Dentro do ônibus, eu os observava como um leão a espreita de sua presa. Não me importava pra onde estava indo, contanto que fosse. Percebi uma mensagem dos meus amigos e logo desconversei dizendo que não poderia ir.
Vejo meus alvos se levantando para desembarcarem e copio seus passos. Ao tocar o solo e ver a minha volta percebi onde estava. Era uma boate gay.
Senti curiosidade em entrar, não por interesse afetivo, mas para dançar. Nada melhor que uma boa música para extravasar. Notei que vários olhos me analisavam como se eu fosse carne nova no pesaço. E era. Senti uma vergonha gigantesca, porém, estava desposto a vencê-la. Comprei um ingresso e entrei.
Nunca dancei tanto na minha vida como naquela noite. A dançava deixava minha alma, meu espírito, meu corpo mais leve, literalmente, devido à energia e o líquido gastos na pista. Senti sede e fui ao balcão.
Estava tão concentrado em levantar minha astral que nem percebi um moreno forte, cabelos aparados, quase careca, devia ter uns 28 anos, 1,90 de altura e nem me atrevi a pensar no conteúdo.
Minha água chegou e depois uma dose de vodka e mais e mais uma. Até que ele tomou atitude.
-Oi.
-Oi.
-Primeira vez aqui?
-S... Na.. Sim.
-Por que você tá nervoso? Por acaso é de menor.
-Nã...na..não. Tenho 19 anos.
-Gostando da noite?
-Si...sim.
-Você não sabe responder outra coisa que não seja sim ou não? -disse ele rindovergonha.
Ele esticou a mão sobre o balcão e disse:
-Prazer, meu nome é Thiago.
-Davi. Davi Gomes -disse apertando sua mão, ele riu.
-Não deveria ter feito isso.
-O quê?
- Dito seu nome todo. Isso é pedir pra ser perseguido -riu, eu dei um sorriso.
-Obrigado pela dica.
-Olha só, ouvi sair uma frase de sua boca.
Eu sorri.
-Ela fica linda quando você ri, sabia? -completou.
-...-vergonha level hard.
-Se a cada elogio que eu te fizer, você ficar vermelho, não vou ter o que falar.
-Desculpa -pausa-. Você... Vem sempre aqui?
Thiago foi me fazendo perder a vergonha e conversamos por um bom tempo.
Estava ficando tarde, e como nem minha mãe, nem Mateus sabiam de meu paradeiro decidi ir embora.
-Preciso ir embora. Ninguém sabe que estou aqui.
-Que malandro -rimos-. Te vejo novamente?
-Não sei. Eu nem viria pra cá. Nem sei o que estou fazendo nesse bairro.
-Agora era a hora de você dizer sim ou não. Te vejo novamente?
-Sim.
-Que bom, por que não vejo a hora de beijar essa sua boquinha lindadesmontei de vergonha, abaixei a cabeça na hora.
Thiago se aproximou, ergueu meu cabeça segurando em meu queixo e meu deu um selinho. Queria que ele começasse a movimentar sua boca pra que eu pudesse explorá-la, mas o malandro parou.
-O resto fica pra próxima vez. Amanhã?
-Não sei, é difícil driblar minha mãe.
-Não se esqueça que eu sei seu nome Davi Gomes, e que posso te procurar -disse em tom de brincadeira.
-OK, amanhã eu venho. Pega meu celular.
-Deu mole de novo.
-Não tenho opção, você iria me achar, não é?
-Tem razão.
-Agora tenho que ir.
-Até amanhã.
Quando ia me dirigindo à saída, sinto uma força sobre meu braço esquerdo me impedindo de sair, fazendo meu corpo girar e colar a outro corpo. Era Thiago. Ficamos nos olhando por alguns segundos até não aguentar mais e nos beijarmos. Ele explora minha boca com violência, o que me deixava sem ar e morto de tesão. Suas maos exploravam minhas costas enquanto as minhas estavam presas entre meu corpo e seu peito, decidi manuseá-lo e a cada toque mais calor eu sentia. Ficamos naquele beijo até a última partícula de oxigênio restar em meus pulmões. Paramos aos selinhos e ele disse sorrindo enquanto ainda selava minha boca:
-Desculpa, acho que 24 horas é muito tempo pra eu esperar.
-Confesso que tava louco pra você fazer isso -ri- Mas agora tenho que ir- meio desapontado.
-Te vejo amanhã?
-Pode crer que sim.
[Dias atuais]
Meus pensamentos foram interrompidos pelo senhor que me pediu licença para sair. Levantei-me também por que meu ponto se aproximava.
Eu estava abatido. Meu mundo havia se acabado. Estava sofrendo e não podia falar com ninguém. Tinha todas as razões para chorar. Todavia, não chorei.
Tai Galerinha o segundo. Obrigado a todos pelos comentários e espero que gostem. Música: Summertime Sadness- Lana del ReyOlá, moro no interior do ES, pra ser mais ferrado. Não sou assumido, pra ninguém mesmo. E, acho que notaram, sou muito tímido kkkkk. Espero que curtam e se tiver ruim, por favor, digam.