- O que é isso aqui? Disse Leon. Abri os olhos imediatamente e soltei Patrick, estava morto de vergonha, sem saber o que fazer, Patrick tinha um rosto de culpado e eu de envergonhado e Leon nos olhava incrédulo. O que fazer agora? O que dizer? Será que devo sair? Será que devo dizer algo? O QUE EU FAÇO? Minha mente estava uma loucura só. Estávamos os três parados estáticos sem saber o que fazer, eu olhava para Leon e seu olhar era de espanto e Patrick estava com as mão na cabeça.
- Alguém pode me explicar o que é isso aqui? O que foi essa cena que eu acabei de ver?
- Sr. Leon não é nada disso que você está pensando... Eu não sabia o que falar, disse a primeira coisa que veio em minha mente.
- Luan, com todo respeito fique quieto, só vai piorar. Leon me olhava de cima a baixo e ainda não acreditava. - E você Patrick me diga algo, quero saber de você irmão o que está havendo? Não atrevi a falar mais nada, queria ver o que Patrick diria.
- Não pense besteira Leon... Luan simplesmente me beijou de surpresa, eu não esperava isso. Olhei pra ele na hora e fiquei com o semblante puto. - Ele me pegou de surpresa quando estava chegando.
- Como é que é Patrick? disse nervoso, tinha um sentimento de pura raiva em meu corpo naquele momento, comecei a tremer de ódio, queria pegar a cara dele e arrastar no asfalto. - Como você tem coragem de dizer isso? Você está louco? Você me beijou! É ISSO MESMO LEON PATRICK ME BEIJOU, dizia com raiva, meus olhos marejaram não estava conseguindo assimilar as coisas Patrick tinha sido muito baixo, se mostrou um verdadeiro moleque, sentia nojo dele naquela hora.
- Eu ainda não estou entendendo, disse Leon. - Olha não sou nada contra se você Luan for gay, mas cara Patrick é seu chefe, é casado, tem filhos, tem uma reputação, ele é um Poppe!
- Leon acredite em mim. Me virei para Patrick - Vai diga a ele a verdade Patrick, seja homem!
- Eu já disse a verdade, você se apaixonou pelo chefe, uma coisa clichê e aproveitou uma oportunidade de fraqueza. Ele olhou para Leon e continuou, - Irmão não é de hoje que Luan vem se insinuando para mim, ele insistiu tanto que acabou conseguindo o que queria. Pronto, ali foi a gota d'água, não resisti e comecei a chorar e entre os soluços baixinhos dizia - Mentira, meu Deus como você pode ser tão sínico, tão mentiroso Patrick, meu Deus você não é digno de ser chamado de homem, você é um moleque, apontava pra ele, tinha fúria em meus olhos, Patrick tinha um rosto de idiota Leon nos olhava com cara feia, parecíamos crianças. - Abaixe seu tom comigo dizia Patrick, - Não vou abaixar nada, sera que você não vê que está me desmoralizando frente ao seu irmão? Sera que não vê o quanto está sendo idiota? Sera que não vê o quanto eu estou te odiando nesse momento?
- Eu realmente não sei o que falar, estou surpreso, não sei o que fazer agora... Luan ele é seu chefe... Digo, como você pode fazer isso, ele é casado e ainda é hétero pelo o que eu sei.
- Leon acredite em mim, seu irmão é um canalha, ele deu em cima de mim, ele me beijou, sim eu correspondi mas eu nunca iniciei isso, eu sabia que Patrick tinha compromissos com a família e a empresa mas tenha certeza de que eu não comecei isso. Eu dizia as palavras rápidas me justificando, nunca me senti tão humilhado assim, era horrível estar naquela situação. Patrick estava parado e tudo que eu havia começado a sentir por ele estava se desmoronando.
- Precisamos tomar uma atitude, isso não vai se repetir ok? Eu não contarei nada. Patrick suspirou aliviado com as ultimas palavras do irmão. - Não quero mais ouvir explicação nenhuma, apagarei da minha mente isso, e você Luan acho melhor mudar de cargo e ficar distante desse escritório.
- Eu não acredito nisso, dizia com extrema raiva.
- Não tem outra solução...
- Tem sim! Eu disse com firmeza
- Qual? perguntou Leon.
- Eu quero me demitir agora! Patrick olhou rápido para mim. - Se demitir? disse Patrick perturbado. - Sim, o mais rápido possível, não consigo ter que respirar o mesmo ar que você está inalando Patrick.
- Isso não é necessário dizia Leon...
- É necessário sim. Eu não vou aguentar ficar aqui, já ouvi demais me humilharia muito ficar trabalhando para a Poppe e relembrando dessa cena de hoje. Eu tentava parecer com o controle mais estava explodindo, meu coração estava apertado fazia o máximo para não chorar.
- Luan não precisa disso, resolvemos essa situação internamente, vai ficar tudo numa boa, e eu sei que você precisa de emprego e aqui te pagamos bem, dizia Patrick com cara de espanto.
- Patrick não ouse falar comigo, não ouse dizer que sabe do que eu preciso ou não preciso, e fique sabendo que a Poppe não é o único lugar onde existe vagas de emprego. Me virei para Leon e continuei - Vamos Leon quero resolver isso logo?
- Bom se você quer assim não posso impedir, já vou pedir para um contador resolver sua situação, Patrick não está em condições de resolver isso.
- Eu só quero sair logo daqui. Fui em direção a minha mesa e peguei minhas coisas, tirei o me pertencia pus numa caixa enquanto Leon estava ao telefone, provavelmente com o contador da empresa, Patrick estava sentado na mesa de Edu olhando para mim, não atrevia olhar para ele, algumas lagrimas iam caindo, me sentia tão idiota. Af como isso foi acontecer logo comigo? Relembrava a cena de Patrick jogando a culpa em mim e inevitavelmente meus olhos se enchiam mais de lágrimas, estava com raiva de ficar chorando não sei porque diabos fui me envolver com esse cara, todos meus instintos apitavam para que eu não me envolvesse mais o que posso fazer se ele sabia como ninguém me dominar! Terminei de arrumar minhas coisas e Leon desligou o telefone dizendo: - Amanhã venha aqui Luan, vamos resolver todo esse processo e dar baixa em sua carteira. - Ok, respondi ríspido. Chamei o elevador e Patrick veio ao meu encontro me tocou as costa e eu quase soquei a cara dele. - Não toque em mim, por favor. Dizia com raiva. - Não precisa ser assim Luan, por favor vamos mediar a situação! Ele falava como se fosse fácil assim.
- Olha Patrick todos podem acreditar em você, eu sou só mais um empregado, mas eu e você sabemos o que realmente aconteceu e meu querido eu tenho orgulho próprio, nunca, jamais ficaria em lugar depois da humilhação que eu passei. da próxima vez seja mais homem Patrick. Você é desapontante. O elevador abriu e eu entrei as pressas. Antes do elevador fechar vi Leon com uma cara indiferente e Patrick com uma cara triste e acanhado.
- Patrick, Patrick... Você não tem jeito heim! Tomara que ele sofra sozinho e que isso não venha a tona, a nossa família não iria aceitar mais essa bomba. Temos um sobrenome influente nesse país, não nos envergonhe Patrick! Você não é GAY! Leon advertia seu irmão com olhar furioso.
- Desculpa irmão eu sei disso, mas é muito difícil para mim, Patrick dizia chorando.
- Não, não é difícil! Você é hétero, tem uma esposa linda e filhos ótimos, você é um Poppe, papai trabalhou muito para estarmos aqui hoje. Dê valor a isso.
- Mas eu dou valor irmão...
- Então seja esperto, se você gosta de foder um cuzinho porque não come o da sua mulher então porra?
- Não é assim Leon, Patrick alterou a voz, -Não é tão simples como você imagina cara. Af porque tenho que ser o que as pessoas esperam que eu seja? Eu quero ser eu mesmo! Não aguento essa vida irmão. Eu sou gay! Vrááaaa. Esse foi o som da tapa que Patrick recebeu de seu irmão. Leon apontava para seu irmão e disse: - Nunca mais repita isso. Você sabe que se você se assumir ninguém vai te aceitar, estou fazendo isso para o seu próprio bem. Patrick chorava como criança e relembrava do momento em que tinha seu irmão como herói e teve coragem de lhe contar sobre sua orientação sexual e como hoje em dia seu irmão havia mudado com ele, Leon era o único que sabia e foi o único responsável por tornar mais difícil a vida de Patrick. Patrick vivia com medo, vivia sendo julgado, vivia se sentindo presso, queria voltar no tempo na época de 18 anos e viver feliz e em paz com seus irmãos, com sua mãe e seu falecido pai, viver sorrindo e descobrindo os prazeres de sua sexualidade, mas tudo acabou e ficou negro quando ele esperando uma reação positiva de seu irmão que mais amava e o que recebeu foi um discurso inteiro de ódio e represália. Patrick estava sentado em sua cadeira, triste, envergonhado e sem saber o que fazer.
Eu, Luan, me sentia um lixo a cada andar descido queria sair dali logo, o cheiro daquele lugar me fazia mal. A porta se abriu e Edu estava parado na frente. Ele me olhou espantado pois estava chorando e com uma cara horrível. - Luan? O que aconteceu?
- Muita coisa Edu, mas agora preciso ir.
- Calma ai, para onde você vai? Eu seguia andando e virei para trás e respondi: - Não sei! Só quero ficar em paz comigo mesmo. Ele veio ao meu encontro e me deu abraço fraternal me soltou e disse: - Olha não sei o que aconteceu, mas conta comigo ok? - Ok, obrigado respondi dando um sorrisinho fraco no fim. Sai dali as pressas e não sabia para onde ir, não queria ir para casa, eu queria um lugar onde sentisse paz, onde pudesse me livrar desse peso enorme, pode até parecer drama mais para mim foi algo pesado nunca me imaginei nessa situação. Estava caminhando pela orla ela estava vazia ainda era cedo o sol estava gostoso de manhã então decidi descer, tirei meus sapatos e meias senti a arei em meu pé, a briza leve da praia e me sentei na areia, fiquei observando poucas pessoas fazendo sua caminhada matinal e em como elas pareciam bem, queria estar assim naquele momento, coloquei meus fones e obviamente coloquei musicas dramáticas para ouvir, queria chorar de uma vez por todas todo o choro guardado em mim, queria me livrar da vergonha e da humilhação, queria me livrar desse sentimento que estava por Patrick, queria me sentir limpo de novo. Lembro que ouvia Chico Buarque - Atrás da porta. Aquele musica mexia muito comigo, mexia com a situação que estava passando me desprendi da vergonha e chorei me livrando de tudo; depois de uns minutos tomo um susto enorme, alguém me toca e eu pensei ser um assalto ou algo do tipo, mas era Rafa: Luan? O que aconteceu? O que está fazendo aqui? Ele se sentou ao meu lado eu olhei para ele e não dizia nada ele tinha uma feição de preocupado e me puxou para mais perto dele passou seus braços em volta de mim e me abraçou, pus minha cabeça baixa em seu peito e só continuei a chorar, ele começou a afagar meus cabelos e dizia para eu chorar o quanto quisesse e que ele estaria ali do meu lado. Naquele momento era do que precisava, um abraço e poder chorar sem critérios.
Continua... :D