A CARTA (7) – Um herói
“O verdadeiro herói é aquele que faz o que pode.” (Romain Rolland)
- Sr. Jonas Eduardo? – perguntou um médico que acabara de chegar
- Sou eu – falou Jonas se levantando – como está minha mãe?
- Ela está em um estado grave, tivemos que induzi ela a um coma
- Eu quero ver ela, onde ela está – falou já deixando algumas lagrimas cai
- Você tem que se preocupar com você também
- comigo mas porque? – falou Jonas
- Essa doença pode ser hereditária
- Mas se vocês não sabem quase nada dessa doença, como pode afirmar com tanta certeza – falei me intrometendo
- Eu não estou afirmando eu só estou dizendo que ele deveria fazer alguns exames, se cuidar melhor –falou o médico
- Eu quero ver minha mãe – falou o Jonas
- pegue um crachá na recepção mas só pode um de cada vez, com licença – falou o médico se afastando
Jonas não falou nada apenas foi na recepção e pegou o crachá como o médico havia falado
- Você vai me esperar? – falou ele chegando perto de mim
- sim, vou – falei e o abracei pegando o de surpresa – não se preocupa, vai dar tudo certo
- vlw, te amo demais – falou saindo do abraço
Fiquei o olhando até sumir no corredor, ali sentado fiquei pensando como minha vida tinha mudado tanto esses últimos meses e pensar que tudo começou por causa de uma carta.
- Filipe? – falou alguém pegando no meu ombro
- Eu – falei me virando para ver quem era
- Eu sou o padrasto do Jonas, ele pediu para você entrar, toma isso aqui – falou me dando o seu crachá
- ah, Obrigado, onde é?
Ele me falou onde era e o número do quarto então seguir as instruções. Depois de me perder em alguns corredores (rsrs) coisa que já previa pois sou muito atrapalhado (rs) mas enfim cheguei no 364, peguei na maçaneta mas estava com medo de abrir, um medo bobo, mas enfim abri, vi uma mulher pálida, muita pálida talvez pelo estado que ela estava, na casa dos 50 anos, estava ligada a maquinas de respirar, não sei o nome mas na hora senti um medo tão grande de um dia ver o Jonas ali, naquele estado, por falar nele, ele estava do lado segurando a mão dela de olhos fechado balbuciando algo, talvez rezando, nada melhor naquela hora.
- Jonas? – falei me aproximando
- Oi – falou abrindo os olhos e me olhando
Aquilo estava cortando o meu coração, ele estava péssimo, dava para ver pelo rosto dele, queria fazer algo por ele mas eu não sabia o que.
- Seu padrasto disse que você havia me chamado – falei
- Queria que você conhecesse minha mãe, não sei quanto tempo ela vai conseguir se manter viva – falou deixando as lagrimas cair
- Ei – falei ficando de joelhos perto dele – vai dar tudo certo, não perca a fé jamais, a esperança é ultima que morre
- Me abraça? – falou se levantando
Apenas me levantei e o abracei forte, ele chorou muito no meu ombro e isso era bom, chorar alivia a alma, eu sabia a dor que ele estava sentindo, perdi a minha mãe a um ano atrás em um acidente de carro, os peritos disseram que ela estava embriagada mas ela não gostava de beber e esse laudo final eu nunca vou aceitar, mas isso não vem ao caso agora.
- Ela é a única família viva que eu tenho, não posso perde-la – falou se desfazendo do abraço
- mas você não tem nem um tio, tia, irmão...
- não, nada que eu saiba né, minha mãe foi adotada, meu avôs adotivos morreram muito cedo e assim como minha mãe, eles eram “solitários” – falou hora olhando para mim, hora olhando para a mãe
- E o seu pai? – perguntei
- Nunca soube dele, minha mãe diz que ele fugiu com... outra
Tanto eu como ele não falamos mais nada apenas ficamos olhando para ela deitada, pude notar a quem o Jonas tinha puxado pelo menos na fisionomia, ela era branquinha, cabelos pretos bem longos e mesmo pálida dava para se ver que era uma senhora muito bonita.
- Desculpa mais já acabou o horário de visita, só poderá ficar aqui o acompanhante, ordens do médico – falou a enfermeira adentrando na sala e injetando algum liquido nela e logo em seguida saiu
- Eu vou ficar aqui com ela hoje – falou ainda com o olhar fixo na mãe
- Tá, você quer que eu fale algo ao seu padrasto?
- sim, diz a ele que pode ir embora – falou
- Então tá, qualquer coisa me liga, pega meu numero ai
(Ele pegou o celular e anotou e eu o dele)
- Tchau – falei saindo
Ele não falou nada, nem um abraço ou um beijo, não havia ficado chateado, ele não estava com cabeça. Cheguei na recepção e disse ao padrasto dele o que ele havia dito e fomos conversando até a saída, ele era um cara legal não se encaixava no exterior tipo que a sociedade emprega a um padrasto. Pela nossa pequena conversa percebi que ele verdadeiramente ama a mãe do Jonas e me disse também que considera o mesmo como um filho e isso me deixou feliz, ele não iria ficar sozinho se o pior acontecesse, ah e se chamava Paulo, aparentava ter uns 40 anos, alguns cabelos grisalhos, uma barriga de shop e com cavanhaque e pele clara. Peguei um taxi pois o motorista não havia me esperado, e o Paulo pegou outro, segui para casa, já tinha perdido a aula mesmo.
Era unas 8hs da manhã quando cheguei em casa e novamente me encontrava sozinho, me fazendo companhia apenas os empregados, entrei no meu quarto e tomei um bom banho para ver se me aliviava, passei o dia hora na piscina, hora no vídeo game, hora estudando para as provas e claro com o celular sempre perto de mim, estava preocupado e com vontade de ligar para ele pra ver se estava tudo bem mas se ele não havia ligado era porque estava, a noite no estante chegou e estava seco para falar tudo o que me aconteceu ao meu irmão, vi na hora que ele passava no corredor, não pensei duas vezes e puxei ele para o meu quarto.
- O que foi maluquinho – falou ele sem entender nada
- Tenho uma novidade pra te falar
- pela cara parece ser boa – falou ele rindo
- Em parte sim
Falei tudo que havia acontecido entre eu e o Jonas inclusive a parte da mãe dele, ele ficou calado enquanto eu falava tudo
- Quero que você traga ele aqui o mais rápido possível em mocinho – falou
- Calma senhor, agente nem está namorando ainda, pelo menos não me pediu ainda - falei
- Espero que você consiga ser feliz mano, e ai dele se fizer algo que te magoe – falou
Ficamos conversando por alguns minutos até que ele seguiu para o seu quarto para se trocar, desci para o jantar, depois subi para o meu quarto, estava esperando uma ligação dele mas não aconteceu, por varias vezes peguei o celular pra ligar mas não conseguia ir até o fim, talvez por receio de parecer muito intrometido mas quando já estava pegando no sono meu celular toca, mas não era ele, era um numero desconhecido.
- Alô
(silencio)
- ALÔ – já estava estressado
(silencio)
- Então vai pra p... – nem terminei a frase e já fui desligando
Odeio trote e ainda mais quando não falam nada, minutos depois finalmente consegui dormir.
...
Já eram 5h30 e eu estava com uma preguiça daquelas mas eu tinha que ir, me levantei fiz minha higiene matinal, meia hora foi só para o meu cabelo (rs) de manhã ele fica super assanhado mas enfim desci as escadas, tomei café com meu irmão e fui direto para escola, cheguei lá em cima da hora como sempre, queria que o Jonas tivesse lá mas provavelmente ele não estaria :( confirmei quando cheguei na sala e não o vi junto dos seus “amigos”, as duas primeiras aulas se passaram normalmente até que chegou a hora do intervalo, fui na cantina e comprei meu lanche mas quando estava me virando para voltar tive a infelicidade de derramar o suco na blusa do Douglas.
- OLHA O QUE VOCÊ FEZ SEU VIADO – Gritou fazendo todo mundo nos olhar
- EU NÃO VI SEU IDIOTA – Gritei também
(Eu juro como ia pedir desculpas aquele brutamontes mas quando ele gritou comigo meu sangue ferveu e não me segurei, naquela altura do campeonato pouco me importava se apanhasse)
- REPETE A ULTIMA PALAVRA SE VOCÊ TEM CORAGEM – gritou bem junto a mim
(Pensei em não fala mais nada, já estava ficando com medo mas se eu deixasse me intimidar seria mais humilhação para mim, todos na escola estavam focado na gente)
- I-DI-O-TA – falei já esperando o pior
Só vi na hora que ele me empurrou com força me fazendo cair no chão e aqueles monte de babaca ao redor gritando: “BRIGA, BRIGA, BRIGA”, e as tias da cantina só mandando ele parar mas nada de chamar a diretora talvez por medo já que ele era filho do dono, ele veio pra cima de mim e me levantou e me acertou com um murro na cara, fiquei tonto pacas, se eu não tivesse me segurado no pilar eu teria caído, ele veio de novo pra cima só que dessa vez tentei atingir um murro na barriga dele, até consegui mas parece que não surtiu efeito, só serviu pra deixar ele com mais raiva, ele pegou no meu braço e torceu para traz mas nem deu muito tempo de doer, só vi na hora que jogaram ele com tudo na parede ao meu lado e eu cai no chão com minha boca pingando sangue.
- DEIXA DE SER CORVADE DOUGLAS – essa voz eu conheço
- QUAL É JONAS? TÁ FICANDO MALUCO? QUER APANHAR TAMBÉM SEU ÓTARIO
Ele já ia pra cima do Jonas mas os amigos deles seguraram os dois, que legal né, quando é eles dois os amigos separam.
- Vem, eu te ajudo – falou uma menina loira me ajudando a levantar
- Pode deixar Larissa, eu ajudo ele a partir de agora
(Quando olhei para o lado era ele)
- Tá – falou a menina
- Obrigado Larissa – falei
- De nada – falou e se foi
O Douglas ainda ficou gritando algumas coisas lá só que não entendi, nem estava prestando atenção mais. Eu e o Jonas fomos para o banheiro tanto eu em silencio como ele
- O que aconteceu em
- Aquele esquentado só porque esbarrei nele e acabei derramando o suco nele sem querer – falei jogando a água da boca
- Você ta bem? – falou se aproximando
- Só o maxilar está doendo um pouco - falei
- MERDA – falou batendo com força na pia – eu deveria ter pegado ele quando tive chance
- Deixa pra lá – falei segurando o rosto dele – Obrigado meu herói, não sei o que seria de mim se você não tivesse aparecido
- Ainda bem mesmo, porque se fosse depender desses funcionários dessa escola, um monte de babão do Douglas – era nítido a raiva que ele sentia em cada palavra que deferia
Naquela hora que o vi tão brabinho que não resisti e o beijei de surpresa mas minha boca estava doendo então não demorou muito e ainda bem que não tinha ninguém no banheiro.
- Que beijo gostoso rsrs – falou ele sorrindo
- rsrs Como tá sua mãe?
- Na mesma, pedi meu padrasto pra ficar com ela, estava morrendo de saudades de uma pessoa ai – falou sorrindo pra mim
- huuum, quem é essa pessoa? - falei cruzando os braços
- Advinha? – falou me abraçando
- Huum não sei, me fala
- Essa pessoa é muito especial pra mim, faz meu coração bater forte sempre que me aproximo dala, ah e inclusive estou olhando para ela agora – falou me dando selinho no canto da boca
- rs atá – era nítido a felicidade no me rosto
- Vamos embora daqui, não quero voltar pra sala, se eu ver aquele babaca na minha frente eu não sei o que eu sou capaz de fazer com ele
- Mas como agente vai sair a essa hora?
- Simples, pela cozinha, a essa hora – falou olhando no relógio - as tias devem está arrumando as mesas no lado de fora e só devemos nos preocupar com a tia que lava os pratos mas essa eu distraiu ai você passa com cuidado e em seguida eu vou
Confesso que nunca havia feito nada parecido e estava com medo disso dar errado mas minha vontade de permanecer na escola depois daquilo era nula então segui o roteiro que ele falou mas antes mandei uma menina pegar minha mochila na sala, o Jonas já estava com a dele, enfim, ele distraiu a tia e eu passei de fininho por trás e cheguei no lado de fora.
- Puts, ainda tem o muro – falei comigo olhando altura do muro
- Radical né – falou o Jonas chegando perto de mim e jogando a mochila do outro lado
- Esse muro é alto Jonas, eu não vou conseguir pular
- Você me ajuda a subi e quando eu tiver lá em cima eu te puxo
Fiz o que ele mandou morrendo de medo mas Graças a Deus conseguimos, pegamos um taxi e seguimos para um lugar que ele falou para o motorista, nem sabia que lugar era esse, apenas confiei nele, quando chegamos lá ele não me quis nem ao menos rachar, pagou tudo no taxi, e tinha sido caro pois tínhamos andado muito. Era uma zona rural onde ele tinha me levado entramos numa trilha e só paramos quando chegamos em uma lagoa, eu fiquei besta com tamanha beleza daquele lugar, era todo arrodeado de um verde intenso.
- Gostou né – falou me abraçando por trás
- é muito lindo – falei
- Quando eu era mais novo minha mãe me trazia aqui e ficávamos durante todo o dia aqui, trazíamos uma cesta de comida e nos sentávamos exatamente ali – falou apontando o local – e fazíamos o nosso piquenique. é muito especial esse lugar pra mim, apesar de toda essa beleza, parece que quase ninguém vem por aqui e tipo eu minha mãe tínhamos esse lugar como nosso, era um segredo nosso rs
Ele falava tudo aquilo com um brilho intenso no olhar, e eu só ouvia cada letra do que ele falava
- Ela me disse para trazer aqui apenas mas uma pessoa, e essa pessoa deveria ser a pessoa que eu encolhi para passar o resto da minha vida
Naquela hora minha boca fez um perfeito O, não esperava isso, “a pessoa com quem eu quero passar o resto da minha vida”, essa frase ficou martelando na minha cabeça por um bom tempo até eu ter coragem de me virar pra ele, ele estava com um sorriso lindo e eu com cara de quem ainda estava tentando assimilar o que ele disse, e o que ele fez em seguida me deixou bastante emocionado, ele se ajoelhou e pegou na minha mão.
- Por muito tempo guardei todo esse sentimento escondido no meu peito, quis fugir de mim e quis fugir dessa situação, tive medo do que os outros iriam pensar – falou deixando as lagrimas cair – mas hoje não quero mais esconder esse sentimento, pouco me importa o que os outros vão pensar, embarca nessa loucura comigo, deixa eu te fazer a pessoa mais feliz desse universo? Deixa eu tentar te fazer sentir o mesmo que eu? Quer namorar comigo?
CONTINUA...
Faaaaala galerinha, que saudades, e ae o que será que o filipe deve fazer, aceitar ou não esse namoro? mesmo sem o retorno do Alex sinto que ele está bastante dividido em. Próximo capítulo só na terça dia 30 a noite, tá ficando difícil de postar esse finalzinho de ano e no começo acho que vai ser a mesma coisa mas vai se normalizar depois. Como sempre digam o que estão achando, o que não estão entendendo, enfim tudo tudo. bjss e até a proxima.