Olá galera, muito obrigado por acompanharem a série, eu sei que tá um bocado triste, mas em breve melhorará.
O Léo é o amigo que jogava futebol com Davi, não sei se lembram disso.
Ah, desculpa não dizer quem eram os narradores na última parte, deu bugg kkkkk. Vamos pra mais uma?
###############[Léo]
Estava uma correria lá em casa. Meus pais saíram, mas autorizaram a festa, depois de uma série de ponderações. Minha casa havia sido invadida por umas dez pessoas que estavam me ajudando a organizar a festa. Eram litros e litros de bebida, da mais fraca à mais forte. Carne, pessoal preparava tropeiro enfim, parecia uma zona, minha casa.
A festa começaria às nove. Meu relógio marcava sete e meia e quase nada estava no lugar. A galera agilizou e conseguimos finalizar umas oito e meia. Foram todos embora e eu fui tomar banho. Antes, tranquei a porta do quarto dos meua pais para evitar estragos.
Tomei meu banho pensando no que diria pra Davi. Será que conseguiria dizer alguma coisa? Tipo, "oi Davi, sou eu, o Léo, seu colega de sala, com quem você joga futebol todo final de semana. Cabelo preto, olhos castanhos claro, corpo bombado, medindo 1,78, lembrou? Eu sou gay. Você é? Namora comigo?". Balancei a cabeça e esfreguei os olhos pra esquecer aquele pensamento ridículo que eu tive.
Terminado o banho, desci, dando um retoque nas coisas e fui esperar o pessoal. Minha casa era aparentemente grande. Dois andares, vários quartos -tava com medo de como eles seriam usados hoje- e nos fundos tinha um espaço gramado do tamanho de um campo de society, com uma piscina no centro. Dava pra divertir a galera ali. No final dos fundos havia um muro, onde tinha um telão pra não arranharem ele e também onde rodavam clipes do pessoal. Havia um espaço entre o telão e o muro, estrategicamente feito por mim, pra ter privacidade quando fosse falar com Davi.
As pessoas chegaram a partir das nove e quinze e eu cumprimentei uma a uma. Estava doido pra beber algo, mas tinha que ser um bom anfitrião e também queria ver Davi chegar.
Dez horas, eu bebia uma caipirinha -busquei rapidinho- e eu o vi chegar. Mas, ele estava acompanhado. Bia. Eles deviam ter voltado.
-Oi Davi -todo alegre-. Oi Bia -todo forçado.
-Oi Léo, e aí? Tudo bem brother?
Estiquei a mão e ele também, quando se tocaram a maciez da mão dele me deixou todo arrepiado. Que pele gostosa.
-Ei Léo.
-Tudo sim.
-O casalzinho mais querido da sala voltou? -forçando empolgação.
-Não, não, amizade apenas -disse Bia, disfarçando a tristeza.
-Ou seja, ela tá soltinha na pista - Davi brincou.
-E você também né - falei rindo, esbanjando alegria, me recompus.
-Pois é -ele respondeu meio triste, não entendi.
-Curtam a festa.
Eles entraram e eu continuei cumprimentando os convidados, dessa vez com um enorme sorriso no rosto.
Depois de un tempo, fui pra dentro. Bebi um pouco, conversei com meus colegas, fugi da menina que queria ficar comigo e fui andar um pouco pelo jardim que tinha do outro lado de minha casa. Sentei-me no banco e fiquei pensando se era certo fazer isso. Até André chegar.
-Desculpa, não somos amigos aqui, vou saindo -disse ele.
-Pode ficar Dé, não tenho medo de descobrirem nossa amizade.
-Caramba, que desânimo nessas palavras -veio e se sentou do meu lado- tem certeza que foi você quem preparou essa festa de arromba, que tá cheia de gatos - sussurou a última parte.
-Foi sim.
-O que foi Léo? Ele não veio?
-Veio sim.
-Então o que foi? Você já falou com ele? Ele te deu um fora?
-Não, não.
-É o que afinal?
-Você sabe, eu não posso ficar com ele.
-Por que não?
-Você sabe, aquilo...
-Ahh tá. Leonardo, nós já falamos sobre isso. A culpa não foi sua.
-É, mas e se eu fizer isso com ele, mesmo que seja sem querer, eu nunca me perdoaria.
-Léo, isso não tem nada a ver. Fica tranquilo.
-Não dá, eu não posso.
-E vai viver vegetando? Sofrendo por esse amor que pode estar a um passo de você? Você está doente, não morto.
-Shiiii. Alguém pode ouvir.
-Desculpa. Mas não aguento ver gente burra.
-Obrigado. Mas não posso falar pra ele. Só você sabe disso.
-Tem certeza?
-O quw você quer que eu faça? -sussurando alterado- Você quer que eu chegue e fale:oi Davi, eu sou gay, eu te amo, e sou HIV positivo, quer namorar comigo, mesmo sabendo que quando eu for transar com você posso te passar essa praga maldita?
-Você está sendo injusto consigo mesmo. Mas eu não posso fazer nada -ele se levantou- . Vou estar dançando e pegando alguns gatinhos na festa, aliás, aprovada -passou a mão no meu ombro-. Se precisar de alguma coisa me chama.
-Valeu André -pondo minha mão na dele.
-Tamo junto brow -fazendo o sinal e saindo, depois de me ver rir.
André é um cara especial. Nos conhecemos quando ele tentou me pegar e acabou caindo e quebrando um copo que feriu seu rosto. Todo ensanguentado e no chão ele me disse, "não era pra ser, kkkkk, amigos?". E foi assim que entrei pro seu grupo.
Ele sabe tudo sobre mim, da minha familia e da minha sexualidade. Ele me salvou quando eu descobri meu resultado de HIV. André, simplesmente, falsificou um RG e pega todos os medicamentos, pra que eu não me exponha. Quer prova de amizade maior? Lá vai, ele pagou boa parte dos remédios que não são se graça. Tem como não amar essa passiva irritante?
Depois de pensar e beber minha vodka inteira, voltei pra pegar mais um copo. Depois de recarregar, voltei pro meu cantinho calmo. Havia um casal se pegando ao longe, mas não atrapalhariam minha solidão. Cheguei de cabeça baixa no meu lugar e só agora percebi que tinha alguém sentado ali, era Davi[Bia]
Eu ainda amava Davi. Fiz de tudo pra esquecê-lo, mas meu coração falava mais alto. Mas antes dw tê-lo, queria vê-lo feliz, e me acabava quando pensava no que ele estava passando.
Não estava muito a fim de ir àquela festa, mas ela seria uma ótima oportunidade para Davi extravasar e eu também. Cada vez mais perdia esperança em reatar com ele, mas cada vez o amava mais. Com esse ideal, eu me joguei nas bebidas e realmente enchi a cara.
Estava bem solta quando vi o Mateus dançando. Ele estava com uma garota e quando me viu a dispensou e veio falar comigo.
-Que gata.
-Por que você dispensou aquela menina? Ela é ajeitadinha.
-Não tava a fim dela não.
-Tá escolhendo hoje? Você não é disso.
-Antes que você comece, vamos dançar.
Fui levada ao tumulto e dancei com o Mat. Ele não parava de me olhar diferente. O Mateus estava de calça social, blusa listrada horizontalmente de azul e branco, que deixava visível seus músculos. Ele era alto, 1,81, cabelo curtinho e castanho claro, olhos verdes. Um encanto de um galinha. Tida semana tinha uma. Quero dizer, duas.
Dançamos até que chegou numa música mais picante e ele se achegou mais perto de mim, e dançamos bem calorosamente. Eu virei meu copo de uma vez, o que me deixou meio zonza e continuei a dança. De repente, o Mateus me rouba um beijo de tirar o fôlego. Ainda meio zonza, eu disse:
-Que foi isso Dav..Matt.
Ele ficou sério e saiu sem me dizer nada. Pronto, minha noite estava acabada. Desenganada com meu amor, beijada pelo amigo, confusa nos nomes. Só me restava beber[Mateus]
Eu não pegava ninguém fazia uma semana, e não eracpor falta de chance, eu queria outra pessoa, queria a Bia.
Eu sentia algo diferente por ela, e desde que ela terminou com o Davi eu não parava de olhar pra ela. Passei várias tardes em sua casa a consolando, sem pedir nada em troca, apenas um sorriso. E aquela fagulha foi crescendo.
Tentava me distanciar dela sentimentalmente, mas era impossível. Fiquei com centenas de garotas pra esquecê-la. Em vão. Minha chance era essa, a festa do Léo.
Vi que ela havia chegado com o Davi, mas logo depois eles se separaram e ficaram muito tempo distantes. Esperei ela parar de dançar para poder falar com ela.
Agora eu estava ali, de frente pra um espelho, no banheiro do Léo, tentando eafriar a cabeça com água, contudo, era impossível. Aquele nome dito rasgou meu coração. Ela ainda amava ele, e eu tinha ódio de Davi por isso. Por ele estar fazendo-a sofrer. Como ele podia?
Saí do banheiro mais esquentado do que quando entrei. Aquela água parecia lava, parecia haver atiçado o vulcão que havia dentro de mim[Léo]
-Davi? Tá tudo bem com você?
-Tá -enxugando as lágrimas.
-Você tá chorando?
-Não.
-Aconteceu alguma coisa?
-Não precisa esquentar, vou ficar bem.
-Quer falar alguma coisa? -colocando a mão em seu ombro. Ele se virou para mim.
-Pode ficar tranquilo, vai curtir tua festa. Tá muito maneira - forçando um sorriso.
-Não tá parecendo. Quer que eu te leve pra um lugar mais calmo? -peguei as chaves dos meus pais- Toma, vai lá no quarto dos meus pais e fica lá até melhorar. Ninguém cai te incomodar nele.
-Obrigado, mas eu acho que vou embora.
-Poxa, nem ficou nada aqui.
-Minha velha tá sozinha em casa.
Ele se levantou pra sair e eu peguei em seu braço.
-Fica, por favor.
Ele se virou pra mim.
-Não dá, eu não sou uma boa companhia hoje.
-É sim.
Estava me aproximando dele, enxugando suas lágrimas e alisando seus lindo lábios, quando a desgraça da menina que estava me perseguindo apareceu.
-Te achei. UFA, você sumiu.
Larguei ele por instinto, que saiu de fininho enquanto eu despachava aquela chata. Havia falhado outra vez[Davi]
Aquela festa estava muito boa, mas eu não tinha ânimo pra ela. Depois de ter aquela conversa estranha com Léo eu saí da festa. Queria minha casa, minha cama.
Quando cruzei o salão para chegar à saída da casa de Léo, percebi que alguém me seguia. Mas não liguei pra isso por que já tinha bebido bastante e tinha muita gente no rock. Ia passando pelo portão quando uma mão me segura com força. Olhei para trás e me surpreendi con quem me segurava.
-Mateus? Me solta. Eu vou embora.
-Babaca. Otário. Moleque.
-O que você está falando?
-Não tá entendendo? Desgraçado.
-Mateus me solta cara.
-Como você consegue fazer ela sofrer?
-O que?
-A Bia seu burro. Por que você fez isso com ela?
-Do que você tá falando?
-Ela ainda te ama seu viado escroto.
-O que?
-Ela não merece sofrer por tua causa seu viadinho.
-Cala boca.
-A bichinha tem voz -a sorte é que não tinha ninguém por ali, estava no ápice do rock- tem medo que descubram que tu dá o rabo?
-Cala a boca seu... -fui pra cima dele e quando ia dar um soco parei. Ele nem pensou duas vezes e me acertou em cheio no nariz e depois na barriga, me fazendo cair no chão.
-Fica aí, seu lixo. Aí é o seu lugar.
Mateus me deu outro chute e depois saiu sem nenhum remorço. Eu me contorci todo, e saí cambaleando pelas ruas sem saber pra onde ia. Tinha no bolso uma carteira com cinquenta reais, e só.
Depois de uma longa caminhada eu estava num lugar pouco iluminado. Estava chorando por causa da minha vida. Sem Thiago, fazendo Bia sofrer e apanhando física e sentimentalmente do que se dizia meu melhor amigo. Como ele sabia?
Em algum instante eu ouvi vozes vindo de uma ruela e a segui. Vi que um cara estava fumando, mas não era cigarro. Um outro saiu de trás de umas madeiras, e outras vozes vinham de lá. Estava tendo outra festa naquela ruazinha. Uma festa que eu participei, mas depois não consegui mais sair[Leandro]
Rolei de um lado a outro na cama atrapalhando minha mulher a dormir. Eu sonhava com aquela cena medonha de semana passada e com a voz de Thiago me perturbando: proteja-o, proteja-o...
Acordei, fui ao banheiro e depois pra sala. Liguei a TV e tentei esquecer. Parecia que o efeito era inverso. A voz aumentava. "Proteja-o". Parecia que esse Davi precisava de mim. Voltei a ligar meu computador e a vasculhar a vida de Thiago, alguma coisa sobre esse nome ele deveria ter deixado. Nada. Nada. Nada.
Dormi em cima da mesinha do pc e a voz voltou:
-" Ele precisa de você" "Você me deve essa" "Proteja-o" "Davi Gomes".
Acordei assustado de novo. Estava agonizado com aquilo.
-Quem é esse Davi? Me ajuda Thiago. Eu quero protegê-lo, mas assim não consigo.
Infelizmente, Thiago não estava com vontade de me ajudar. Eu teria que encontrá-lo sozinho, ou ficaria louco con aquela voz.
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Galera um ótimo 2015 pra todos vcs. Beijos.