(...) Fiquei três dias internados. Bruna, Enrico e Cláudio foram me visitar sempre. Teco ficava a noite inteira ali comigo. Cuidava de mim com amor, afinco e ternura. Mamãe também passou boa parte do tempo ali... Eu tive sonhos confusos durante todo esse período. Sonhos horríveis, sonhos bons... sonhos com o Luís e com o TecoDesci do táxi com o Teco me ajudando e amparando. Eu estava com uma cara horrível. Meu nariz estava torto, certamente precisaria de uma intervenção plástica depois. Meu rosto tinha vários hematomas e havia vários outros pelo meu corpo. Eu, ainda, senti um pouco de dor e desconforto. Mas, o que mais me atrapalhava era ter ficado três dias inteiros preso numa cama sem ter dado nem uma rapidinha. Estava numa seca brava!
Teco me ajudou a subir as escadas e me deitou na cama. Minha mãe estava numa reunião e me confiou aos cuidados dele.
- Cara, tem certeza que tu vai ficar bem sozinho, leke? Posso enforcar o trampo se for preciso...
- Ah, amor – falei bem meloso – se você pudesse ficar ia ser tão bom... eu tô tão carente... – dei uma patolada em sua pica.
- Que isso leke?! Tá todo machucado e ainda fica querendo tirar uma foda... Tá doidão, maluco?
- Ah, Teco, deixa disso cara... já tô bom. Fica aqui vai, vem... deita aqui comigo... vem...
- Tô vendo que tu tá bem mesmo. Oh, vô pro meu trampo. De noite eu volto e... – ele fez uma cara estranha – mas, tipo, a gente só transa de novo quando você tiver cem por cento, ok? E nem adianta fazer essa cara de chorão – ele sorriu e afagou minha cabeça.
- Chato. Cê é muito chato. Não vai me dá nem um beijo pelo menos? – Teco se inclinou e me deu um selinho.
- Vô deixar um sanduíche pronto pra você na geladeira, daí se tiver fome e só ir lá e pegar.
- Eu tô com fome é de pica! – gritei exaltado e senti dor em meu maxilar.
Teco me olhou assustado e eu diria até que perplexo.
- Que isso moleque! ? Sossega o fogo! Você tem que fazer repouso.
- Ah, puta que pariu véi... eu tô... poxa... eu tô com vontade – Teco me beijou na testa, fechou as cortinas e saiu do meu quarto.
Eu acabei dormindo e acordando entediado. Levantei-me e comecei a olhar para a rua.
- Você sumiu, lindinho! Vim aqui outros dias e encontrei a casa vazia... – Meu Deus, era o F. Como eu iria encará-lo agora? Como olharia para ele com o rosto todo deformado e o corpo cheio de marcar da surra que levei do Luís? Ai... e agora?!
Abri as cortinas e virei-me lentamente, tentei ficar contra a luz para que F. não conseguisse ver o monstro que eu me tornei. Não adiantou. Quando ele me viu sua reação foi terrível. Abriu e fechou a boca. Deu alguns passos para trás e, por fim, assustado questionou:
- O que houve com você? O que fizeram com você? Você esta horrível! PareceNão precisa me dizer com que pareço! Sei que estou com uma aparência deplorável...
- Eu nunca te vi assim... você está realmente horroroso! Como isso foi acontecer?
- Eu fui agredido! Por acaso acha que eu gosto de estar com essa aparência repulsiva! Eu não gosto! Eu odeio estar assim! Eu não tive culpa do que aconteceu! – gritei.
- Jamais, ouça bem, jamais – ele falava lenta, educa e friamente – grite comigo de novo. Você virou um monstro. Que reação espera que eu tenha?
- Para ser sincero – falei mais contido, demonstrando arrependimento – eu esperava um pouco de compaixão... pelo menos isso.
- Não sou o tipo de homem que se compadece dos outros! Não espere isso de mim! Você já está bem grande, aliás grande demais – ele me olhava de cima a baixo com um olhar de desprezo – para esperar que todos lhe tratem com doçura.
- Você sempre me tratou com doçura... – falei manhoso – sempre me deu carinho, me chamava de “lindinho”... por que hoje ficou tão duro?
- Bom, certamente, não poderia chamá-lo de “lindinho” hoje, não com essa aparência tenebrosa!
- Você está sendo cruel comigo!
- Eu não me importo com isso. É a verdade. Vá, para a cama, vire-se para a parede. Talvez sem ver seu rosto eu consiga ter uma ereção e compensar minha vinda até aqui.
Obedeci e fiquei de quatro na borda da cama. Ele levantou minha blusa e desceu minhas calças.
- Que horror! Essas manchas estão por todo o seu corpo!
- Infelizmente sim...
- E o que eu vou fazer agora? Eu vim até aqui e vou voltar sem ter gozado?
- Posso chupá-lo se você quiser...
- Não conseguiria ficar ereto olhando para sua fisionomia. Tente ficar calado que eu vou ver se consigo te penetrar assim mesmo. – ele abriu a calça, me segurou pelos quadris e preparou para se encaixar. Eu estava com muita vontade de transar, mas quando ele me segurou sentiu um dor forte. Gritei. – Fique quieto, assim não será possível.
Mordi os lábios e tentei aguentar. Ele se encaixou e aumentou a pressão no meu quadril e apoiou seu corpo em cima do meu. Meu corpo ardia de dor. Ele me envolveu num abraço apertado enquanto me comia. Sua metida estava muito dolorosa e intensa. Eram movimentos impetuosos que me feriam. Ele grasnava e urgia feito um animal. Eu não o reconhecia. Ele gozou e saiu de dentro do meu cu.
- Saiba que não gostei nem um pouco do seu desempenho hoje. Não gostei mesmo.
- Eu também não senti nenhum prazer... eu...
- Você está muito insubordinado hoje, nunca lhe vi assim... O seu prazer não me preocupa, interessa-me a minha satisfação. Olhe para você, eu não sei se vou conseguir olhar para você de novo...
- Não seja tão rude comigo... por favor... eu não mereço.
- Diga-me foi algum dos seus machos que fez isso contigo?
- Como?
- Não se faça de sonso! Eu nunca esperei recato ou disciplina de você. Sempre soube pela largura do seu orifício anal que você se refastelava com outros homens – eu abri e fechei a boca sem conseguir falar nada -, mas, enquanto você tinha um bom desempenho isso não me importava.
- Você não pode falar isso de mim! Não é verdade!
- Não seja fingido! Meu sobrinho mora aqui ao lado, ele próprio já se vangloriou diversas vezes de ter currado o “viadinho safado que mora na casa ao lado” um que “tem o cú melhor do que buceta”. Você é um puto! Sempre soube! – Eu fiquei envaidecido por saber que o Roberto dizia isso a meu respeito, mas isso era mentira. Eu e ele nunca transamos. Nunca. Eu tinha vontade, mas nunca aconteceu. Homem é tudo igual mesmo! Não basta difamar as mulheres que os rejeitam, agora difamam os gays também...
- Você era tão doce comigo, sempre me falou coisas bonitas...
- Olhe para mim! Eu sou um homem vivido, experiente, mas tenho minhas fantasias! Quem não deseja um lolito, alguém jovem e ingênuo que possa ser objeto de sua lascívia! Eu tenho essa fantasia! Eu gosto de meninos que se encaixem nesse molde! O que não significa que eu tenha sido sincero em tudo que eu disse.
- Por favor, vá embora. Eu não quero ouvir mais nada – eu disse em tom de súplica e sua mão estalou em meu rosto, fazendo minha face arder.
- Já havia lhe dito para não falar comigo com essa ousadia – eu comecei a chorar – Aja feito homem! Ao menos dessa vez seja homem! – ele me sacudia agora pelos ombros – Não se faça de vítima! Você nunca foi santo! Você tirou tanto proveito de mim, quanto eu de você. Foi uma boa troca! – ele me empurrou para a cama.
- Eu nunca tirei vantagem de você. Nunca. Eu sempre fiz tudo que você pediu. Sempre estive disposto. Te pedi um único favor esse tempo todo! Um só! Tudo que lhe pedi foi para se livrar daquele homem miserável – me referia à demissão do pai do Luís.
- E o emprego de sua mamãezinha? – sua pergunta me deixou em choque. E eu comecei a viajar em minhas lembranças...
Tinha cerca de um ano que meu pai morreu. Minha mãe, embora fosse inteligente e formada, não trabalhava, mas precisou ir à luta para sustentar a si própria e eu. Há dois meses ele trabalhava num emprego subalterno, como secretária numa grande multinacional. Um dia fui até lá de tarde, após o colégio, pegar dinheiro para comprar material para fazer um trabalho da escola. Eu estava sentado na recepção esperando minha mãe voltar do almoxarifado, quando ele passou.
Ele andava com firmeza, tinha passos firmes, aparência atlética, embora já fosse um homem mais maduro. Era um homem bonito. Exalava poder. Tinha o cheiro que os homens ricos têm. Talvez o cheiro que meu pai teria se tivesse vivido mais e não tivesse partido dessa vida tão cedo.
Seu olhar foi firme em minha direção. Eu era um menino franzino, delicado e deprimido. Inocente eu não era. Tio Jorjão já fazia festa na minha bunda e me usava como se eu fosse uma menina.
- Boa tarde, rapazinho! O que faz aqui?
- Boa tarde, Sr. Estou esperando minha mamãe.
- Quem é sua mãe?
- A secretária que ficava nessa mesa – respondi apontando
- Ora, você é filho de uma das minhas secretárias – ele tinha três -, prazer em conhecê-lo. Onde está sua mãe agora?
- Aquela outra moça – apontei para outra secretária – disse que ela foi ao almoxarifado.
- Espere por ela na minha sala. Tome um suco. Paulina – ele olhou para outra secretária – quando a mãe desse rapaz voltar diga-lhe que ele está na minha sala.
Acompanhei-o para dentro do seu escritório. Lá dentro ele foi direto:
- Você é um rapaz muito lindinho. Seus pais devem se orgulhar de você.
Meus olhos lacrimejaram quando eu disse:
- Não tenho pai, Sr. Tudo que tenho nesse mundo é minha mamãe.
- Oh, que triste, meu jovem. Não fique assim. Agora você tem um amigo – ele me abraçou. Eu o abracei. Eu chorei. Ele apertou minha bunda. Eu sorri. Ele abriu a braguilha. Eu continuei sorrindo. Ele colocou o pau para fora. Eu chupei. Ele gostou tanto que gozou.
- Esse é o nosso segredinho, lindinho. Sempre que vier visitar sua mamãe venha me ver também.
- Combinado! – falei feliz.
De repente me dei conta que nem sabia o seu nome e ao perguntar-lhe qual era, após ele ter respondido, advertiu-me:
- Você jamais deverá dizer meu nome para ninguém. Nem para você mesmo. Nem quando estivermos sozinhos. Já fui alvo de gravações e envolvidos em acusações injustas. Nunca fale meu nome em voz alta.
E a partir daquele dia comecei a ir lá com certa regularidade. E depois não foi mais preciso, ele próprio, tendo adquirido confiança em mim, me procurava. Eu nunca pedi nada para ele. Mas admito que depois que iniciamos nossa relação minha mãe teve uma ascensão profissional enorme. Até ela ficou surpresa! Mas, mamãe era competente e inteligente! Merecia ter um cargo a sua altura. E eu merecia ter uma vida boa. Não era justo minha família passar privação para sempre. Mas, eu nunca pedi nada. Nunca pedi. Posso ter insinuado... mas, não foi um pedido. Ele promoveu minha mãe porque quis. Claro que eu me mostrei agradecido, disponível e sempre insaciável a partir de então. Morria de medo de desagradá-lo e ele despedir minha mãe, mas eu nunca falei nada expressamente. Achei muito deselegante ele tocar nesse ponto agora... Interrompi minhas lembranças quando vi que ele voltou a falar:
- Mas, tudo bem, o emprego de sua mãe eu manterei. Até que ela tem se saído bem no fim das contas. Ela sim tem valor. Diferente de você, um puto miserável.
- Até pouco tempo dizia que queria ficar comigo para sempre, era seu lindinho, o menino que te levava a loucura – falei chorando – agora sou um puto ordinário!
- Já falei isso para tantos meninos, não se sinta especial por ter sido apenas um. E você é sim, um puto. Quer ver – ele pegou o celular e me mostrou várias fotos. Fotos minhas com sacolas de compras, chupando homens no campinho, sendo enrabado no meio do mato, tinha uma em que eu chupava o porteiro do colégio, varias, entrando na casa do Luís, até mesmo as fotos do dia que fui estuprado.
- Então era você?! – meu sangue ferveu. Meu olhar se cobriu de ódio – Você que me enviava essas fotos, me atormentava e tentava me matar!
- Alguns seguranças meus estavam no seu encalço. Eu achava seu cu um pouco largo às vezes, mas isso não me importava. Mas, um homem tão importante como eu – realmente ele é muito importante mesmo. Eu nem ouso dizer o nome dele em voz alta com medo de sofrer represálias – precisava saber com quem seus brinquedos andam – Brinquedo! Eu agora era um brinquedo! – Eu não me importava de você ser uma rameira vulgar, desde que você não se relacionasse com possíveis concorrentes meus. No mundo dos negócios tenho muitos inimigos. Não permitiria que eles te usassem como uma arma contra mim. Eu me divertia com você. Apesar de saber que você era uma puta! E nem foi preciso ouvir meu sobrinho se gabando do quão gostoso era seu cu. Eu sabia que você não prestava. Sempre soube.
- Mas, por que você deixou aquele gato morto na minha porta? Por que tentou me matar atropelado? Tudo isso por quê?
Ele lançou-me um olhar confuso.
- Não sei a quais acontecimentos você se refere... Você está se drogando? – ele olhou-me com admiração – Isso eu não sabia! Eu apenas te enviei essas fotos para você saber que alguém sabia cada passo seu. Se você fosse inteligente seria, no mínimo, mais discreto. Mas, ao contrário, até de surubas você tem participado! Logo com aquele boiolinha afeminado do filho do Roberto! Meu Deus! – ele bufou com menosprezo.
Eu fiquei com raiva e, subitamente, tive vergonha de mim mesmo. Vergonha e frustração. Vergonha, frustração e muito rancor. Fui usado. Logo eu! Eu que me orgulhava intimamente de ser o objeto de desejo de um homem tão rico e importante... eu era só uma bunda e um boca nas quais ele despejava seu sêmen. Eu fui, como ele disse, um brinquedo. Ele criou uma fantasia erótica comigo e eu acreditei nela piamente. Eu fui um trouxa. Minha cabeça doía e meu coração batia acelerado. Tomei consciência da minha nudez -estava com a bunda de fora ainda - e me cobri. Ele percebeu meu gesto e riu com sarcasmo:
- Não precisa ter recato agora. Agora é tarde. Desejo-lhe que um dia você volte a ter uma aparência, senão apresentável, ao menos humana. Você está tenebroso! – ele virou-se e saiu.
Corri atrás dele e gritei do patamar da escada:
- Responda-me, só isso, por que tentou me matar? Por quê? – eu puxava os próprios cabelos em desespero. Ele parou, me olhou e falou:
- Se eu quisesse te matar você já estaria morto. Não seria uma tentativa. O que eu quero, eu consigo. – ele costumava usar essa frase com frequência – Finja que não me conheça se voltamos a nos ver. Será melhor para você!
Ele saiu e bateu a porta. Eu voltei para o meu quarto e me olhei no espelho. Realmente minha aparência estava muito deformada, nem parecia um ser humano. Luís havia feito um bom estrago. E eu merecia. Eu era o culpado de tudo. Eu provoquei o Luís, eu o seduzi e conquistei dando-lhe dinheiro, eu estimulei sua ganância, a culpa era minha. Eu fiz seu pai perder o emprego. Era por minha causa que sua família estava enfrentando dificuldades. Eu era o responsável por ele ter tido que se humilhar e chupar a pica daquele careca tatuado. A culpa era minha, só minha. Eu mereci aquela surra. Mas, eu não suportava ver minha imagem no espelho. Era doloroso. Era sádico. Era horrendo. Atirei um vidro de perfume sobre o espelho e cai na cama chorando. E quando Teco foi na minha casa de noite eu fingi que dormia. E quando minha mãe apareceu eu continuei fingindo que dormia. E quando estive sozinho eu continuei chorandoPassei dois dias na cama chorando, sentindo dor e com dificuldade para tomar banho. Meu nariz estava torto e doloroso. Meus hematomas só adquiriram uma coloração pior. Meus amigos me ligaram e eu não atendi e nem retornei. Toda a minha beleza tinha se esvaído. Eu não era nada, nem ninguém. Mas, tinha algo que eu precisava fazer.
F. tinha me dito que foi ele quem mandou aquelas fotos, mas tinha negado a autoria dos outros fatos. Não acreditei, porém. Na minha cabeça ele era o responsável por tudo. Risquei essa preocupação da minha mente. Então eu decidi usar o dinheiro que roubei do empório, com o qual pretendia contratar um detetive para descobrir quem fazia aquelas coisas comigo, para consertar parte dos meus erros.
Vesti uma blusa com capuz para cobrir meu rosto e cabeça, coloquei meus óculos de sol fashion e fui fazer o que tinha em mente.
Quando ele abriu a porta e me viu, eu pude ver o susto em seus olhos. Vi um pouco de medo também. Ele quis bater a porta, mas eu coloquei o pé na frente, impedindo-o.
- Por favor – supliquei – me deixa entrar. Por favor...
- É muita cara de pau sua vir aqui na minha casa depois de tudo que você fez comigo – Luís falou bravo. Ele tinha consciência que eu era o culpado por tudo que tinha acontecido e eu, finalmente, havia chegado nessa conclusão também.
- Eu vim te pedir desculpas, cara! De coração... eu fiz tudo errado... eu errei muito.... eu sou o culpado de tudo isso mesmo... eu destruí sua vida – eu chorava e soluçava sem controle. Luís me olhava com atenção, até mesmo com certa satisfação. Ele estava com a barba mais crescida, um pouco mais magro, mas sempre lindo, forte, cheiroso e atraente.
- Ao menos você reconhece as merdas que fez! Agora vaza daqui – ele tentou fechar a porta de novo.
- Cara, por favor, eu preciso me desculpar direito. Toma. – eu lhe entreguei um gordo envelope – Tem cerca de 15 mil aí. Não resolve todos os meus erros... mas, cara, poxa, é tudo que eu tenho... eu só tenho isso cara pra te pedir desculpas – eu me ajoelhei. Ele me olhava fascinado. Pegou o envelope e começou a ver as cédulas. Até as cheirou – Eu te imploro seu perdão. Por favor.... me perdoa cara... me perdoa.... eu preciso de você cara... eu não sei viver sem você... me ajuda... fica comigo.... me dá outra chance...
-Entra. Não quero que ninguém veja um viado dando show na minha porta. – Limpei parte das lágrimas e entrei. A casa estava mais vazia. Havia menos espelhos e quadros. Alguns móveis também tinham sumido. Ele se sentou no sofá e ficou contando o dinheiro. Fui sentar-me ao seu lado.
- Não te mandei sentar. Levanta.
Instantes depois quando ele terminou de contar o dinheiro, visivelmente eufórico, olhou-me com um sorriso malvado e disse:
- Até que é uma grana razoável véi... mas, tipo... pra eu te perdoar... pow... não dá... tu vacilou demais cara... tu me fez fazer coisas terríveis...
- Luís eu não me importo de você ter feito isso comigo – eu disse apontando para meus ferimentos – eu te perdoo.
- Não estou me referindo a isso. Eu não me arrependo disso. – então me lembrei dele chupando a pica daquele careca cheio de tatuagens e perdi a voz. – Eu posso até tentar te perdoar cara... eu disse tentar... eu tinha que ter certeza que você não vai vacilar mais daqui pra frente saca... que você agora vai me obedecer e fazer as coisas como tem que ser...
- Eu faço qualquer coisa.... qualquer coisa cara... me pede qualquer coisa.
Subimos juntos para seu quarto. Ele estava desarrumado. A faxineira devia ter sido dispensada. Ele com um gesto de cabeça me indicou sua cama. Fiquei feliz. Apesar da minha aparência horrível, Luís não deixou de me desejar. Ele me queria. Eu estava feliz... muito feliz.
- Eu vou fazer com você o que você merece. Eu vou te castigar do jeito que você gosta. Eu sei que você gosta – ele riu e eu também. Ele abaixou minha calça, minha cueca e mirou minha bunda. Esperei ansioso pela sua metida. Eu olhava para a parede com grande ansiedade. Eu não vi seus movimentos. Só senti... Senti um pedaço de couro me cortar com força as nádegas. Logo veio outra cintada. E mais outra. Luís estava me batendo com o cinto.
- É assim mano que a gente doma um viado desobediente. Toda vez que tu sair da linha mano tu vai levar uma surra de cinta – eu chorava baixinho, sem ter condições de reagir. Um golpe atingiu minha costela fraturada e eu tive uma dor visceral. – Mas, cara, na boa, no teu lugar – ele dizia respirando pesado – eu não acho que você deva vacilar de novo... porque na próxima vez – ele dava as cintadas sem parar – EU TE MATO! – e as cintadas continuaram.
Cerca de dez minutos depois, após quase 40 golpes de cinto, com a pele da bunda ferida, em carne viva para ser mais exato, eu me levantei, o olhei e disse:
- Obrigado, obrigado mesmo... eu mereci tudo isso. Tô perdoado agora?
Luís não respondeu. Ele me beijou. E seu beijo me trouxe a vida novamente. Eu me senti vivo. Eu me senti feliz.
- Acho que, agora, cara você aprendeu! – e mesmo com a bunda esfolada e com o corpo moído eu me abri para aquela pica maravilhosa que tão bem me fazia, que animava e coloria meus dias, que me impulsionava a continuar vivo... eu me entreguei ao sexo e ao amor. Eu renasci. Eu voltei a ser quem eu era. Eu voltei a ser um homem feliz... apaixonado e correspondido.
- Agora vaza daqui. Quando conseguir mais alguma grana pode voltar, ok? Não me venham com aqueles trocados vagabundos que você costumava trazerQuando cheguei em casa, pulando e sorrindo de felicidade, surpreendi-me ao ver minha mãe e Teco sentados no sofá da sala conversando.
- Meu filho, que bom que você se sente melhor! Foi até dar um passeio...
Teco não disse nada, me abraçou, beijou-me na testa, na bochecha e, olhando para minha mãe, como quem pede permissão, por fim, beijou-me na boca. O beijo era bom e eu correspondi.
- Ah, Teco! Eu te amo tanto – falei apertando-o com força, enquanto mamãe nos olhava e sorria.
- Seu namorado fez questão dele mesmo preparar esse bolo para nós. Venha, experimente um pedaço.
Ah, eu sou um homem feliz! Posso estar feio e destruído, mas tenho dois homens aos meus pés: Luís, o mais lindo, gostoso e bonito homem do mundo; e Teco, o mais gentil, carinhoso, dedicado e bonitinho também... Será que vou conseguir manter os dois para sempre?