“Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.”
Aquele beijo fez meu mundo se reerguer e eu esqueci de todos os problemas, o único problema agora era que aquele beijo estava ficando quente. Eu sentia sua excitação e claro, eu também estava muito excitado. Não parávamos de nos deixar e eu estava ficando sem fôlego, respirando com um ar que eu nem tinha. Ele me colocou sobre seu colo e me abraçou, sem desgrudar nossos lábios. Nossos olhos fechados, o corpo suando e ambos se sufocando nesse beijo. Por mim eu ficaria ali sempre, mas eu precisava respirar. Mordi seus lábios levemente o os puxei, abri meus olhos e encontrei com os de William, e em seguida dei uma respiração profunda e o puxei para mim, beijando-o novamente por um bom tempo. Passava minhas mãos por todo o seu corpo, queria-o para mim, se possível agora. Nosso beijo foi terminando em vários selinhos. Olhei para os lados e procurei se tinha alguém e para a nossa alegria não tinha.
Agradecido por ninguém da minha turma ter vindo atrás de mim. Eu estava em seu colo, olhando olho no olho, e acariciando seu rosto. Ele fechara os olhos e alisava seu rosto em minha mão. Em seguida colocara ela sobre seu peito, pude sentir seu coração pulsando aceleradamente, como se fosse saltar para fora. O meu fazia o mesmo, aquele coração agora era meu, assim como todo ele.
- Eu te amo. – quebrei o silêncio, ele me olhou sério por alguns segundos, e logo começou a abrir um sorriso em sua boca.
- Eu também te amo, Thomaz, eu te amo muito. – nos beijamos novamente.
William percorreu meu corpo todo com suas mãos, apertando em algumas áreas, e eu suspirava. Beijei seu pescoço, mordi levemente seu queixo, seu rosto, sua testa e em seguida sua boca. Eu agora o tinha, e não queria perde-lo. Queria comigo sempre que possível. Faltava pouco tempo para o sinal tocar, mas eu não queria sair de seu colo, não queria perder agora o que eu acabara de conseguir.
- Quer ir comigo... lá pra casa depois da aula? – ele perguntou, eu estava muito confuso.
- Eu não sei, cara isso é um sonho pra mim. – eu não conseguia tirar os olhos dele – Eu nunca tinha ficado com nenhum guri antes a não ser você.
- Eu também não, você conseguiu um lado meu que eu conhecia. Você me ajudou a descobrir quem eu sou. Eu só tenho a te agradecer por isso. – ele me abraça, e beija meu pescoço. Eu piro, e ele solta um sorriso malicioso.
- Eu quero que tudo dê certo pra gente, quero ficar contigo por muito, muito tempo meu amor! – eu o beijei, e havia o chamado de “meu amor”, há quanto tempo eu não falava isso pra alguém...
- Já deu tudo certo, amor. – ele acaricia meus cabelos e me enche de selinhos.
- Vai bater o sinal. – eu olho no relógio e vejo que já era 16h58min.
- Vai lá em casa? – ele pergunta, com uma cara de pidão.
- E essa cara aí? Nem implora. – eu o beijo – Vou sim.
O sinal tocou, todos saem da sala e nos encaram, procurei por Juliane, mas ela já havia ido. Vi que Letícia, Lívia e Emily ainda estavam na sala e quando entramos, Emily veio abraçar William e eles se beijaram. Na hora me deu uma raiva, revirei os olhos e cerrei os punhos. Como assim? E o que a gente acabou de fazer?
- Me larga cara. – William empurra Emily para longe de si.
- Mas... – ela fica sem entender e sai, junto com as outras.
- Vocês estavam namorando? – pergunto, com a raiva e o ciúmes estampados no rosto.
- Não, ela só fica dando em cima de mim, você viu né?
- Vi.
- Ela é meio que louca por mim.
- Sim.
- Vai ficar assim até quando?
- Até quando aquela vadia sumir daqui.
- Ei, vem cá. – ele me segurou e me abraçou por trás, beijando meu pescoço.
Aquilo me fez suspirar fundo e fechar os olhos, seu corpo estava colado no meu e sentia que ele estava excitado, mas não podia acontecer nada ali. A nossa turma sempre sai uns dois minutos mais cedo que as outras, e a 3003 não havia saído ainda. William avisou que iria ficar esperando o ônibus ali fora, e perguntou se eu queria ir junto mas falei que ia esperar a Jéssica e ele aceitou. Fiquei sentado no lado da porta da 3003 até que ela se abre e todos saem como se fossem sei lá o quê. Jade e Jéssica saíram por último, ambas com um sorriso no rosto, assim como eu.
- Oi. – Jade me abraça apertado, tão que sinto um osso meu estralar.
- Oi, ai. – Jade percebe que me apertou demais e me solta, e começa a rir. Jéssica nos olhava, e olhava para os cantos também.
- Conversou com ele? – Jade me pergunta. Jéssica me encara, sorridente.
- Sim, a gente... – fiz uma pausa e abri um enorme sorriso – se beijou.
- O quê? – Jéssica coloca uma das mãos na boca, e faz cara de surpresa. Jade me abraça novamente.
- Que bom que deu certo, Thom. Fiquem juntos. – rimos juntos, mas eu ainda estranhava a atitude de Jéssica.
- O que foi Jéssica? - fiquei sério, e ela retirou a mão da boca.
- O William, ele... ah meu Deus! – eu não sabia o que era, e ela não conseguia falar. Me aproximei dela.
- Ei, se tem alguma coisa pra me contar sobre isso, me diz agora. – fiquei esperando uma resposta, e então ela olhara
nos meus olhos.
- Ele namora uma guria, uma tal de Sophia. – ela disse aquilo com calma.
E eu passei um tempo olhando nos olhos dela, até que me toquei do que eu tinha ouvido, mas não queria acreditar. Me declarei pra quem eu amava, chorei por esse menino, consegui dele o que eu precisava, ou melhor, achava que tinha conseguido, e agora descubro que ele já namorava? Era demais pra mim. Talvez eu estivesse fazendo o mesmo em relação a Jade, porque nosso relacionamento era forte, mas ela sabia dos meus sentimentos pelo William, mas e ele? Eu não ia conseguir aceitar isso, eu precisava falar com ele se possível hoje, mas o ônibus já havia chegado e o levado. Segurei minhas lágrimas para não chorar ali mesmo, e pedi que fossemos embora. No caminho para casa, nós três nos mantivemos calados o tempo todo. Percebia os olhares de Jade para mim, e os de Jéssica para ela. Elas sussurravam algo que eu não conseguia escutar, e nem queria. Eu estava deprimido e deprimente, poderia passar minha tristeza para qualquer um só com olhar. Lá estávamos nós três em frente a minha casa. Olhei para as duas que me olhavam com pena, não gosto que sintam pena de mim. Eu apenas tentei abrir um sorriso, que pelo meu estado deve ter sido assustador. Elas me abraçaram e nos despedimos. Virei-me para entrar, e passei pela minha mãe e pelo Heitor sem nem cumprimentar, subi as escadas correndo e ao pisar no chão do meu quarto, despenquei em lágrimas. Afundei minha cara no meu travesseiro e chorei até dormir, por tudo o que havia acontecido hoje.
Eu tinha realizado algo que eu estava pedindo há algum tempo, ter algum vínculo sentimental com o William, e eu havia conseguido. A Letícia, por ter contado a ele, ajudou um pouco nisso. Mas mesmo assim eu estava magoado com ela, ela me prejudicou e se prejudicou também. O sentimento que eu tinha por ele crescia a cada momento, mas o que eu tinha pela Jade continuava intacto. Eu gostava dela, mas amava ele. Não queria perder os dois, mas eu precisava escolher um por quem eu pudesse amar infinitamente e confiar. Quem eu pudesse proteger e dar carinho, quem pudesse ser meu, ou minha.
Acordei mais cedo que o normal, hoje estava de folga no serviço. Mas por incrível que pareça, já de manhã, Dona Beatriz e Heitor já discutiam. Não desci as escadas porque sabia que acabariam me colocando no meio da briga. Fiquei parado ao lado da escada, sem que pudessem me ver, e fiquei ouvindo. Falavam sobre algo de separação, e tudo que ele falava, ela rebatia. Eu havia me distanciado da minha mãe por conta do meu padrasto, aquilo me deixava com mais raiva dele. Eu já nem falava mais com o Heitor, apenas obedecia as ordens porque senão era outra briga. Eles estavam enraivecidos, e aquela discussão parecia interminável, eu queria mesmo ir lá embaixo e me meter no meio, mas isso acabaria prolongando a discussão, até porque eu não conseguiria separar uma briga dessas, muito menos deles. Ouvi minha mãe acusa-lo de tê-lo ouvido falar no telefone, sobre uma casa que havia alugado. Será mesmo que ele iria deixa-la? Por minha culpa, ou por culpa dele mesmo? Porque ele mesmo causava os problemas, e jogava a culpa pra cima da gente, isso acontecia nesses anos todos que convivemos com ele. A discussão foi encerrada no momento em que ele saiu pela porta, dizendo que ia dar uma volta pra esfriar na cabeça. Como se desse, a cabeça dele era como um vulcão ativo. Minha mãe não chorou, apenas sentou-se na mesa e mandou eu descer as escadas, é, ela havia me visto.
- Oi mãe, e aí, o que aconteceu? – pergunto, antes de me sentar ao lado dela.
- Você viu o que aconteceu.
- Sim, mas por quê? – eu realmente não entendia o motivo exato da discussão de hoje.
- Eu ouvi ele falar no telefone com alguém, com o irmão dele, que havia alugado uma casa para ele morar. Eu não
havia entendido se era pra ele ou pro irmão dele.
- E o que você fez?
- Liguei pro irmão dele e perguntei, e ele disse que a casa era pro Heitor.
- Eu imaginava. – respondi rapidamente, estava ficando com muita raiva.
Uma hora ou outra o Heitor iria nos deixar e eu já imaginava isso. Há muito tempo, é claro, que eu queria que ele sumisse, mas eu pensava na minha mãe. Mesmo com todas as discussões, ela era feliz com ele, não queria vê-la sofrer. Eles já haviam se separado uma vez, e ela chorou muito, culpou a si mesma por isso. Não foi uma separação em que eles decidem se separar, ele arrumou as coisas dele no período de serviço da minha mãe e disse pra mim que iria embora. Eu não mostrei reação porque já esperava isso dele, mas quando minha mãe chegou eu medi esforços pra contar pra ela sem que ela se machucasse, sem sucesso. Não durou muito e eles estavam juntos de novo, pra minha revolta e da minha irmã. Ele voltou pior. E se agora fosse embora de novo, não faria diferença pra mim, era um problema a menos. Para a minha mãe eu não sei, talvez ela estivesse preparada, ou não. Conversei mais um pouco com ela e então ela foi para o seu serviço. Minha mãe trabalhava em uma cerâmica. Ela tinha completado 25 anos de serviço aos 46 de idade, e deu entrada no aposento que só foi aprovado no fim do ano passado, mas mesmo assim ela continuou a trabalhar.
Fiquei resolvendo as tarefas da escola, e estudando para algumas provas. Lembrei-me do William, do nosso beijo, do seu sorriso e das suas palavras. Mesmo com isso eu não sabia exatamente se ele sentia por mim o mesmo que eu sentia por ele, mas eu queria isso. Eu não aceitaria continuar com ele, se ele estivesse mesmo com a Sophia. Se eu fosse falar com ele sobre isso, era provável que colocasse a Jade no meio, mas ele sabe que o que eu sinto por ele não é o mesmo que eu sinto por ela, é maior. Depois de terminados meus exercícios, recebi um sms do Robert pedindo para que eu passasse as respostas para ele. Por um momento pensei em dizer que não tinha feito, mas fui solidário em mandar todas as respostas, mesmo sendo grandes.
Robert era um amigo do William, e tinha virado meu amigo também de uns tempos pra cá. Não conversamos muito, mas ele é legal, e tem bom papo. É irônico, às vezes até de mais.
Era quase onze horas da manhã, Heitor ainda não havia voltado, para a minha alegria. Fiz meu almoço, macarrão com carne moída, é o melhor que eu sei fazer, risos. Tomei um banho demorado, e banho sendo banho, me fez pensar novamente em tudo que havia acontecido nesses últimos dias, talvez esse o motivo de eu ter demorado no banho e algo a mais. Almocei, e fiquei assistindo TV na sala até dar a hora de ir pra aula, há muito tempo não fazia isso.
Hoje tive a certeza de que saí mais cedo, pois ao olhar o relógio vi que não era nem meio-dia, e a aula começa às 1h. Fui caminhando, pois o ônibus só passaria aqui mais tarde. Cheguei à escola por volta de 12h15min, e fiquei sentado na escada que leva ao corredor principal. Vejo Samuel entrar pelo portão. Ele se aproxima e ao me ver, abre um sorriso envergonhado e caminha até aqui, e senta ao meu lado. Ele estende a mão e eu a aperto.
- E aí, Thom. Suave? – pergunta, como o mesmo sorriso com que me viu. Eu olho para ele e o encaro por alguns segundos.
- Oi, to tranquilo e tu? – respondo olhando nos seus olhos.
- Se tu tá bem eu tô bem. – seu sorriso se alargou e eu corei na hora, desviei o olhar para o portão, esperando alguém aparecer e tirar ele de perto de mim, eu ia morrer.
Samuel é um menino do 2° ano, obviamente um ano mais novo que eu. Confesso que ele é bonito, lindo na verdade. Confesso também que eu comecei a me sentir atraído por ele, mas não me apaixonei nem nada. Ele era da minha altura, e era mais encorpado que eu, ele malhava. Eu o olhei de cima a baixo, e parei um pouco abaixo da sua barriga, e vi um volume, mas não falei nada. Ele percebeu, mas também não abriu a boca. Olhei nos seus olhos, ia falar alguma coisa, mas ouço meu nome.
- William. – falei baixinho, com a cara séria, olhando nos seus olhos. Ele tinha entrado na escola e estava vindo em minha direção. Samuel também ficou olhando para ele. Fiz sinal com a mão para que fossemos para outro lugar e ele concordou de longe com a cabeça. – Samuel, eu já venho aí.
- Tá, sem problemas. – ele aperta minha mão, e em seguida olha novamente para William com uma cara estranha, o encarando.
William passa por mim e entra na porta, chegando ao corredor. Eu o sigo.
- Thomaz. – ele diz, olhando nos meus olhos com um sorriso de canto. Eu estava sério, e desvio o olhar para frente - Por que não foi lá em casa? - olho para ele novamente, mas não falo nada.
Procuro um lugar afastado para conversarmos e o levo ao jardim da escola, eu ainda não havia dito nada. Não havia ninguém lá. Sentei em um banco e coloquei minha mochila sobre uma mesa de pedra. Ele sentou-se do meu lado e virou meu rosto para me beijar, mesmo eu querendo, virei meu rosto de volta e ele beijou minha orelha. Ele ficou sério.
- Sophia. – soltei rispidamente.
- Sophia? – ele fez de começo uma cara de espanto, e depois tentou disfarçar.
- A sua namorada, Will – fiz uma pausa – você não ia me contar?
- Quem te falou isso? – ele pergunta, agora olhando para baixo.
- Não importa quem me contou, cara. Você não ia me contar?
- Eu ia, mas eu não sabia como.
- ERA SÓ VOCÊ ME DIZER, PORRA! – eu havia me irritado. Estava vermelho de raiva.
- Me desculpa.
- Foda-se as suas desculpas, não sabe como eu to magoado. Eu achei que eu podia ficar contigo, só nós dois!
- Mas você tem a Jade! – ele estava se irritando também. Eu imaginava que ele iria falar aquilo.
- Ah, a Jade. A JADE É MINHA AMIGA! – falei um pouco alto.
- Amiga? E essa intimidade toda que vocês têm, de beijo e tudo?! – eu havia me levantado e ele também.
- Eu não sei por que a beijei ontem! O que eu sei é que eu não consigo ter nada com ela PORQUE EU TE AMO DROGA! – falei aquilo olhando nos olhos dele. Realmente não sabia por que tinha beijado a Jade, mas eu não sentia amor o suficiente por ela. – Ela não é minha namorada!
Ele se calou, eu olhei pro nada, depois para o céu, as nuvens cobrindo o sol, que mesmo assim batia os raios sobre nós. Vi a boca do William se abrir várias vezes, mas ele não dizia nada, eu apenas revirava os olhos. Recolhi minha mochila e a coloquei de volta nas costas. Olhei para ele e ele estava sério, parecia não saber o que falar. Me aproximei dele com a cabeça baixa, e parei na sua frente. Olhei para o lado e depois para ele, seus olhos estavam brilhando e a testa franzindo. A boca carnuda, ah, eu me segurei pra não beija-lo. Ele se aproximou mais um pouco de mim, ficando quase colado. Tentei me afastar, mas ele me segurou, peguei sua mão e olhei no fundo dos seus olhos.
- Eu acho que foi um erro ficar com você, não quero estragar seu namoro. - falei com a voz rouca.
- Você não... – eu o interrompi.
- Eu nada. Só quero te ver feliz, seja com quem for. – menti, queria vê-lo feliz comigo.
- Mas...
- William, me deixa viver minha vida. Faz a Sophia feliz, eu vou tentar ser feliz também. – eu soltei sua mão, mas ele segurou a minha. Ficou olhando para ela e acariciando-a por alguns segundos e voltou seus olhos a mim.
Vi uma lágrima escorrer. Aquilo destruiu meu coração por dentro, e tentei segurar as minhas que uma hora iriam derramar.
- Não faz isso comigo. – pediu. Agora suas lágrimas escorriam quase que sem parar.
- Não faz você. Não é certo ficar comigo e ao mesmo tempo namorar outra pessoa. Eu, eu não consigo fazer isso, e não consigo ver outra pessoa fazer isso também, muito menos comigo. – ele fechou os olhos e mais lágrimas escorreram, acabei chorando também.
- Me desculpa, eu vou dar um jeito nisso tudo... – ele tentou achar uma solução.
- Não, William, não. Fica com ela, e não vem atrás de mim.
Resolvi que teria de me afastar mesmo que isso me machucasse por dentro, o que já estava acontecendo. Soltei minha mão da sua novamente, e fui caminhando para trás, olhando nos seus olhos, ele continuava parado e chorando. Virei-me e fui para o pátio. Lá encontrei Karen e Sarah.
- Oi, como vão vocês? – perguntei, beijando o rosto das duas.
- Oi Thomaz. – elas responderam juntas, isso era estranho. Conversamos um pouco ali mesmo, minhas lágrimas haviam secado, mas meus olhos estavam um pouco vermelhos e inchados.
- O que houve com seus olhos? – perguntou Karen, pronto e agora?
- Am, meus olhos? – fingi de desentendido, como sou burro. Usei isso para pensar em uma resposta.
- É, eles estão vermelhos, você estava chorando? – indagou Sarah. Eu fiz que não com a cabeça.
- Eu, eu tenho alergia a produtos de limpeza e as tias estavam limpando o banheiro, me deu uma crise lá e enfim. – que solução i-d-i-o-t-a. Mas acho que enrolei elas.
- Nossa, coitado. Devem ser chatas essas crises. – Sarah faz cara de preocupada, assim como Karen.
- É, é horrível.
- Que pena. – diz Karen. Olhei ao meu redor e não vi William.
- Ah, eu tenho que ir, vou ver se a Jade já veio. – acenei para elas e me despedi, indo para a saída.
Jade e Jéssica estavam entrando pelo portão. Fui até elas, tudo o que havia acontecido tinha voltado, assim como a dor e as lágrimas.
- Ei, Thomaz, o que houve? – Jade enxugava minhas lágrimas e Jéssica tinha colocado a mão no meu ombro. Pedi que fossemos para um canto e então expliquei tudo a elas.
- É sério? Não consigo acreditar. – diz Jade, olhando para baixo.
- Durou pouco hein. – Jéssica solta um sorrisinho e eu a encaro, logo ele se fecha – Desculpa.
- Foi horrível, eu não podia aguentar isso. – disse olhando pro nada.
- E agora? O que vai fazer? – Jade me olhava sério. Eu queria poder tentar alguma coisa com ela, mas não conseguia ser com ela mais do que um amigo.
- Eu não sei. – nesse momento, o deus grego Samuel aparece e para na minha frente. Eu levo um susto.
- E aí, onde cê tava? – sempre com um sorriso no rosto, jovem feliz.
Jade e Jéssica se entreolham e sorriem uma para outra, detestei isso. Imaginei o que elas estavam pensando e revirei os olhos.
- Desculpa aí Samuel, vamos ter que roubar o Thom de você um pouquinho. – diz Jade. Samuel concorda com a cabeça. Ela e Jéssica me puxam para um canto.
- Essa é a sua chance de ser feliz. – diz Jéssica, novamente eu reviro os olhos. Jade faz um sinal de “sim” com a cabeça e um mega sorriso no rosto.
- Não, não acredito que vocês estão dizendo isso! – fiz uma cara de sério, mas a ideia era boa.
- Vai, ele gosta. – Jéssica ergue a sobrancelha e sorri sem mostrar os dentes.
- Não, é sério mesmo. – falo em tom baixo, e sincero. Elas fazem uma cara de decepção.
Converso um pouco com o Samuel, e depois ele entra. Fico sentado com as duas na escada, e logo Juliane chega. Ela vem correndo me abraçar, e conta umas coisas engraçadas que aconteceram ontem. Todos rimos. Ela me perguntou sobre o William, e novamente me deu vontade de chorar, mas eu segurei as lágrimas e pela cara que eu fiz ela deve ter entendido. Me abraçou e me deu uns conselhos que acho que levarei para a vida toda. O sinal havia tocado, e dirigimo-nos as nossas salas. Fui um dos últimos a entrar na sala, esperei para ver se William aparecia, mas não o vi ali fora então pensei que ele já tivesse entrado, mas ele também não estava na sala. Caminhei junto com Juliane até a sua fila, sentaria na sua frente de novo, acho que ficaria ali por um bom tempo. O professor explicava a matéria, todos dormiam inclusive a Juliane, e eu não parava de olhar para a porta. Após alguns minutos de aula alguém bate na porta, era William. Tem a entrada liberada, e ele vai para o seu lugar. Estava com os olhos vermelhos assim como os meus, ele olha pra mim e então abaixa a cabeça, assim como os outros que já estavam. Acabo pegando no sono também por conta da aula tediosa, era o professor dando aula para um bando de mortos.
=
Oi pessoal, tô chocado. Todos já passaram por momentos que sei lá, perguntamos onde erramos ou perguntamos o que fizemos para merecer aquilo. Eu sempre passo por esses momentos. Esse capítulo foi triste pra mim, tô pensando em quais momentos relatar no próximo, que sejam coisas boas. Contar isso aqui está me servindo como um conto de uma relação que passou por várias coisas, mas também como uma forma de desabafar, principalmente sobre os meus problemas com o meu padrasto. Obrigado pela colaboração de vocês, e espero que estejam gostando da história, acho que sempre falo isso, risos. Até o próximo, beijo!
*Kayob, *geomateus: Obrigado ;)
*thigor_ps: Obrigado cara, que bom que gostou ;D Sim, essa história é real, e é realmente confusa. Muitas garotas, né? Pois é, vamos ver no que vai dar. Em relação ao Thomaz, ele está tentando se situar e definir o que ele sente e por quem. A Jade é adorável, e o que ela quer é ver o Thomaz feliz, seja com ela ou com quem for, por mais que pra ela seja difícil essa aceitação, porque ela gosta dele. Entende? Confundi mais, mas ok kkkk. Enfim, obrigado de novo, por ler e por comentar, até segunda! Bjos ;D
*prireis822: Obrigado, que bom que gostou ;D
*André Cardoso _stm_: Obrigado ;D