Ministrando as aulas ao Guilherme na mansao da familia dele eu tinha, felizmente, a razao necessaria para resistir às suas muitas investidas sexuais. Tambem forçava-o a levar as liçoes à serio, o que ele conseguia fazer contrariado, varias vezes altamente irritado, porem os resultados ainda que poucos jà apareciam e ele deixava de ser tao mau assim nas materias onde andava enroscando.
Meu bom senso que antes dessa loucura toda era um refugio de tranquilidade invejavel e que me orgulhava, andava agora se transformando em farrapos cada vez mais rotos. Um sentimento estranho de que eu vivia fora da realidade, de que quase nao controlava meus impulsos, meus pensamentos obsessivos, um tipo de entorpecimento como que de inicio de embriaguez o tempo todo...
- Voce anda no mundo da lua, Edu - comentava o Guto.
- Impressao sua.
- Nao acho. Voce nao esta nada bem desde que o Leandro foi embora - ele me olhava atentamente - Aquilo tirou todo o seu equilibrio de repente.
"Antes fosse apenas isso! ", eu pensava, sem querer prolongar o assunto. Vez ou outra eu lembrava de Leandro, sem raiva, nem pena, apenas com certa tristeza por ele ter acabado com toda a nossa historia sem nem pensar muito. Contudo eu ia devagar me esquecendo dele, ate porque Guilherme dominava meus pensamentos, comandava meus instintos, sugava minha alma inteira sem piedade nenhuma.
Ele nao vinha todas as noites dormir comigo. Nao marcava dia, chegava quando bem entendesse, e nos dias em que nao vinha eu ficava numa ansiedade dolorosa, mesclada com a raiva e a agonia ao imagina-lo nos braços de algum adolescente espinhento qualquer, ou mesmo com outro homem adulto, seduzindo-o como a mim, com a sua estrategia de aracnideo que envolve a presa silenciosamente e depois dà o bote.
No final do daquele mes Guto veio me pedir um favor que nao tive como negar. O irmao caçula dele estava vindo do Paranà para S. Paulo atras de um trabalho melhor, e Guto perguntava se nao seria muito incomodo abrigar o rapaz na minha casa ate que ele se arranjasse por ali. Pensao era coisa cara, e o moço vinha sem muito dinheiro, tentando a vida do zero.
Como eu iria recusar se foi o proprio Guto quem me arrumou aquela casa? Sem a ajuda dele talvez Leandro e eu passassemos por maus pedaços ate encontrar local para nos estabelecermos. Mesmo incomodado com aquilo, por causa das visitas do Gui que eu francamente nao sabia como poderiam acontecer dali pra frente, aceitei fazer aquele favor e mandei que o cara viesse.
Chegou num meio de manha de sabado, aguentando aquela ventania vigorosa que desde a madrugada soprava, prometendo outra carga de chuva prolongada. Recebi-o com hospitalidade e o instalei no quarto que sobrava e onde eu guardava mais pilhas de cadernos, revistas e papeis inuteis.
Ele chamava-se Jonas, tinha vinte e cinco anos e alguma experiencia como mecanico de automoveis e motos. Na capital ele tinha esperança de ser melhor remunerado por esse trabalho e de quebra aprender mais do oficio. Nao tinha muito estudo, ao contrario de Guto que "ensaiava" alguns artigos em jornais de bairro, trabalhando, inclusive em um periodico de variedades. Mais tarde vim a saber, durante uma visita de Guto a ele, que o moço nao gostava mesmo de ler, algo que sempre me chocava quando eu me deparava com aquele defeito nos outros.
Como o irmão, Jonas tinha um bom porte de homem alto, corpo em ordem, cabelos cheios, meio encrespados e castanho-claro, umas costeletas marcadas, porem bem aparadas, que muito me desagradavam pois davam uma impressao de coceira no rosto. Olhos verde-amarelados, vivos e interessantes, além de um sorriso amplo e simplesmente maravilhoso. Um belo rapaz, sem dúvida, e em outras circunstancias eu teria ficado interessado, caso minha mente não tivesse sido abduzida pelo Guilherme.
Dois dias depois da chegada de Jonas, o Gui apareceu lá em casa, efusivo, me abraçando como um tamanduá assim que abri a porta. Avistou então o Jonas vindo da cozinha onde arrumava o jantar (cozinhava bem, melhor do que eu), afastou-se de mim meio constrangido e olhou o rapaz sem entender nada.
Apresentei-os rapidamente, envergonhado, notando que Jonas nos observava com um olhar intrigado, sem, contudo, nada dizer. Voltou para a cozinha e entrei no quarto com o Gui.
- Terá que moderar seus impulsos de agora em diante _ adverti-o _ Viu que ele ficou desconfiado?
- Porque colocou esse jeca para morar aqui? _ replicou ele, irritado _ Vai nos atrapalhar! E eu não tenho paciência para isso, Edu!
- O que eu poderia fazer? Foi um favor que me pediram e não pude negar...
- Molenga _ resmungou o garoto, com desprezo.
- Veja como fala! _ exclamei.
Ele deu de ombros, impertinente, contrariado. Num arroubo de saudade, de gula dele inteiro, eu o prendi nos braços e o afoguei de beijos agressivos, furiosos, e ele que resistiu no começo ficou logo todo dengoso daquele jeito que eu gostava, apertando meu volume por cima da calça e me puxando para a cama. Quanto tempo teríamos? Agora aquilo seria contado ali na casa...
Caiu sobre mim na cama que rangeu e, como um pequeno prostituto, um discipulo de Baco, ficou fazendo movimentos rapidos e lascivos de vai e vem sobre minha virilha que latejava de desespero. Ele sorria maldoso, mordendo e lambendo os labios, enquanto eu gemia baixo de olhos quase fechados, ofegante. Num golpe de braços que dei nele, trazendo-o para junto de mim num beijo esfomeado, vi a porta do quarto entreaberta e Jonas nos espiando pela fresta.
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Abraçao em todos!
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