No dia seguinte nós acordamos cedinho. Ci havia marcado um churrasco e havia chamado a tia - mãe do Felipe -, o esposo, o filho mais velho dela também foi com a namorada, e o resto eram todos de casa. Ainda no início da manhã preparamos as carnes, e ela fez questão que eu voltasse a fazer o Escondidinho de Charque. Lá fui eu! Ci tomou algumas cervejas, fizemos caipirinhas pra quem quis e o dia passou assim, sossegado. No fim da tarde, eles se despediram e ficamos de passar lá antes de viajar. Durante o almoço, a tia comentou conosco que o Maicon, primo da Ci - eu relatei uns contos atrás fazendo comparação dele com a música I will survive - estava passando por uns problemas de identidade sexual. Meu gaydar não falha! Então assim que todos se foram, tomamos banho e fomos em direção à casa dele, e Ci iria aproveitar pra visitar o tio, pai dele. Chegamos lá e o tio estava no banho. A esposa dele ficou conversando conosco e o Maicon nos olhava com os olhinhos brilhando. O tio saiu do banho e ficamos conversando um pouco. Antes de irmos embora, fiz sinal para Ci chamar o Maicon para nos acompanhar de volta. E assim foi. Descemos a rua e eu tive uma ideia de levar ele pra comer uma pizza, assim ele ficaria mais relaxado. No caminho encontramos um o tio avô da Ci e ela acabou falando que estávamos indo a pizzaria, ou seja, ele quis nos acompanhar. Babou a conversa, pensei. Chegamos a pizzaria e Ci perguntou se eu me incomodava de ficar só com o tio pra ver se ela falava com o Maicon. Disse que não, e eles se afastaram um pouco. Ela voltou a mesa depois de uns 5min e disse: Ele quer falar com você. Levantei e fui.
Eu: E ai, cara. O que houve?
Ele: Mah, eu acho que sou gay.
Eu: Rs... acha ou tem certeza?
Ele: Estou confuso.
Eu: É normal. Fica calmo. E seus pais?
Ele: Eu contei. Meu pai quer me matar. Uma noite dessas acordei com ele apertando meu pescoço e dizendo que eu tomasse cuidado enquanto dormia, pois ele poderia me matar a qualquer hora.
Fiquei de boca aberta.
Eu: Olha, é complicado. Deixa eu te dizer uma coisa... termina seus estudos, arruma um emprego e sai de casa. Quando vc pagar suas contas, ninguém vai poder interferir na sua vida. É isso que faço! Quando falei para minha mãe que havia me envolvido com uma mulher - contei pra minha mãe apenas da D... - foi um choque. Do nada vi toda minha liberdade se perder. Mas uma coisa ela disse, e eu nunca esqueci: "Filha, vc nunca vai deixar de ser minha filha, mas vc conhece seu pai. Então estude, arrume um emprego e faça o que bem entender". E é isso que tenho feito. Contar agora sobre Ci seria viver a prisão de novo. Então quero ter os pés no chão quando for pra contar. Aconteça o que acontecer, já não vai mais importar, porque já ditarei as regras da minha vida.
Ele: Vc tem razão. É isso que vou fazer mesmo.
Eu: Agora vem que nossa pizza chegou. Mas antes, me dá um abraço aqui.
Ele me abraçou e eu disse: Conte conosco para o que vc precisar.
Ele sorriu e agradeceu.
A pizza chegou e começamos a comer, até que o pai dele aparece na pizzaria com cara de poucos amigos. Fez um sinal e chamou o moleque fora. Ele levantou assustado e foi. Ci e eu vimos ele colocar a mão no bolso e gelamos.
Eu: Amor, corre lá.
Ela levantou às pressas e foi até eles. Depois os vi sorrirem e relaxei. Voltaram para a mesa.
Eu: O que houve?
Ci: O tio lembrou que o Maicon saiu de casa sem dinheiro, mas eu disse que foi convite nosso.
Comemos entre conversas e brincadeiras. Voltamos por lá e o deixamos em casa. Ele estava visivelmente mais leve. Seguimos nosso percurso e chegamos na casa da minha sogra, finalmente. Tomamos banho e fomos deitar e não demorou muito para adormecermos.
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Bônus
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Nos levantamos e tomamos nossos café da manhã. Tomei um banho demorado e vesti uma bermuda jeans escura, e uma blusinha preta. Ci usava uma blusa listrada azul, azul bebê e azul claro, e uma legging preta. Nos despedimos da minha sogra e seguimos para a parada de ônibus. Entramos no ônibus e em mais ou menos 30min chegamos no Hospital em que o meu cunhado está internado. Chegando lá fomos falar com o médico, mas ele não havia chegado ainda. A enfermeira pediu para esperarmos na recepção e assim foi. Ci deixou comida para o irmão e seguimos pra lá.
Eu: Amor, tô com sede. Desce pra comprar água, por favor? - Estávamos no 1° andar
Ela pegou a carteira e foi. Trouxe empada e suco, além da água.
Eu: Vc não trouxe para o Lucas?
Ela: Putz. Nem lembrei amor. Vou voltar lá.
Ela voltou e trouxe uma coxinha extra. Mas eu não tinha mais fome. Levou para ele e voltamos a esperar o médico. Me bateu um sono master e ficamos ainda até quase 12h e nada do médico.
Ci: Hey, vamos embora? Ele não vem.
Eu: Vamos.
Ela: Liga pra Lucas e avisa.
Eu: Amor, estou ficando sem crédito. Vai lá e diz a ele.
Ela emburrou logo.
Viu passar umas enfermeiras e foi atrás delas, voltando com raiva.
Ela: Vamos.
Eu: Vamos.
Levantei e ela havia deixado a coxinha lá.
Eu: Hey... esqueceu sua coxinha.
Ela: Pega.
Eu: Eu não. Pega aqui.
Ela voltou furiosa, pegoh a coxinha e jogou no lixo. E isso é algo que eu simplesmente abomino, pois tenho consciência do tanto de gente que vive passando fome por aí.
Eu: É isso que vc faz?
Ela: Tô pouco me lixando. Vamos!
Eu sentei emburrada: Pode ir, se quiser.
Ela zangou: Tem certeza?
Eu: Sim, vc sabe que abomino comida jogada fora.
Ela virou as costas, apertou o botão do elevador e desceu.
Fiquei super zangada, mas lembrei que a carteira dela estava na minha bolsa e ela não teria como voltar pra casa. Desci atrás e ela seguiu rápido até a parada do Parque 13 de Maio. Eu fiz o trajeto devagar, como quem num tá nem aí com o tempo. Cheguei no Parque e pensei seriamente em descer para o Centro Histórico, mas tive dó de deixá-la sem a carteira. Então segui em direção a ela, mas para entrar no parque. Passei na frente dela andando rápido, mas foi o tempo suficiente para ela dizer: Me dá minha carteira. Ignorei geral e continuei a andar. Entrei no parque, sentei num banco e ela chegou logo em seguida. Sabia que iria funcionar.
Ela: Vamos embora.
Eu continuei em silêncio.
Ela: Estou falando com vc.
Eu: Pode ir, se quiser.
Ela: Hoje vc fez algo que eu detesto. Me fez depender de vc, prendendo minha carteira.
Eu: Ham? Acha mesmo que tenho interesse na sua carteira? Toma aqui. Agora pode ir embora.
Ela ficou em silêncio.
Ci: Não irei sem você.
Eu: Engraçado, ainda a pouco vc me deixou sozinha naquele hospital. Eu poderia ter ido para outro lugar, sabia? Não que eu fosse me perder, mas pensei em não vir atrás de vc.
Ela: E pra onde vc iria?
Eu: Seria uma questão minha.
Ela: Vc nem sabe andar aqui.
Eu: Engano seu.
Ficamos em silêncio.
Ela: Meu... vc é surreal. Já deve estar pensando em terminar comigo outra vez.
Eu fiquei em silêncio. Na verdade o que queria era dizer pra ela para não brigarmos mais. Mas ele tirava suas próprias conclusões.
Ela: É isso não é? Me olha e diz.
Eu continuei em silêncio, olhando pro nada. Ela ficou furiosa.
Ci: Meu... tô falando contigo. Me olha!
Virei pra ela
Eu: Fale.
Ela: Vc é muito teimosa.
Eu: Sou.
Ela: Putz, custava ligar pra ele?
Eu: Lhe disse que estava ficando sem crédito. Custava me ouvir?
Ela: Desculpas.
Ficamos em silêncio.
Ela: Ontem voltei aqui com a tia e o Felipinho. Ela queria demorar, mas eu insisti em voltar logo, pois detesto ficar longe de vc. Não quero estragar tudo. Me desculpa.
Eu: Tudo bem. Mas não me deixa mais.
Ela: Não deixarei. Agora vem. Quer ir ao Horto? - zoológico.
Eu: Não. Sem clima. Vamos pra casa.
Ela: Tá bom. Vem.
Levantamos e voltamos pra parada.
Eu: Mudei de ideia. Vamos ao Horto?
Ela: Vamos, então. Tô desculpa?
Eu: Mais ou menos. Vou contar tudo pra sua mãe, claro.
Ela: kkkkkkkk ela vai me matar.
Eu: Essa é a intenção, rs... Te amo!
Ela: Tbm te amoooo.
Nos abraçamos e ficamos esperando o ônibus virSizinha: Tem ainda uma outra coisa que acontece conosco, ligado a esse filme. Mais pra frente vc vai saber. Bjooo e obrigada por continuar acompanhando.
- Lois: Feliz por ter ganhando uma leitora nova. Comente mais vezes. Tbm tô lendo a sua história. Beijos
- LiahBook: Bem-vinda tbm, viu? Obrigada e beijos.
- Lola: Obrigada por ler nossa história e se sentir a vontade de contar a sua. Não pare de escrever. Beijos.
- Nanda13: Adoro os parques de Recife. E fico feliz que agora vc lembre de nós ao passar por eles. Beijos.
- Jak7: Obrigada por estar sempre por aqui. Beijos pra ti.
- Anacris2915: Minha leitora fiel, que está sempre comentando. Obrigada, viu? De verdade. E pode deixar que vou criar juízo, rs... Beijos.
- Jaiy, sentindo falta de vc por aqui, comentando e escrevendo seus contos tbm.
- Lara e Júlia: Obrigada por estarem sempre por aqui tbm. Beijos.
- Porra_daniz: Deveria voltar a escrever, viu? Adoro seus textos e lhe conhecendo pessoalmente agora, curto mais ainda. Beijos
- Driinow: Comente mais vezes, viu? Adoro os comentários e a relação que estabemos com as pessoas que lêem. Beijos.
- Blacklotus: Cadê vc, sumida? Beijos
- Laila e Carol: Obrigada pela torcida pelo meu cunhado. Ele tá se recuperando. Beijos
Pra todos: Beijos e queijos ^^