O susto foi tremendo, meu coraçao quase parou. Afastei o Gui rudemente de cima de mim, vendo que no mesmo instante a porta era fechada sem ruido.
- O que foi, seu grosso? - disse Guilherme exasperado, saindo da cama.
- Nada - retomei o folego, sem deixar de olhar para a porta fechada - Pensei ter ouvido os passos do Jonas no corredor.
- Ah, esse sujeitinho sera um problema, Edu! - ele parecia indignado - Nao sei como aceitou isso... Acabou a nossa paz com esse fantasma na sua casa.
Arranjou os cabelos com as pontas dos dedos, em frente ao espelho. Quando fazia aquilo era porque estava para ir embora, e ainda nem tinhamos feito nada. Minha excitaçao, que tinha abaixado com o susto, tornou a subir quando abracei o garoto por tras sussurrando no ouvido dele que nao fosse, que ainda nao era a hora.
- Com esse cara aqui, nao tem muito jeito - dizia ele todo derretido em meus braços, como que embriagado.
- Eu tranco a porta e ele nao tem que se meter, esta aqui de favor... - apertei-o mais forte e ele jà esfregava as nàdegas no meu pau que pulsava - Fica, por favor. Estou louco, desvairado de desejo hoje...
Sexo era um ponto em que ele nunca teimava, deixava-se ir para a cama docilmente, como uma criança com sono, tirando agora apenas os sapatos, a calça e a cueca. Precisavamos ser rapidos, e abaixei tambem minha calça e a roupa de baixo, pondo o membro e os testiculos para fora, e entrando no Gui de frente, vendo-o fechar os olhos e morder os labios com força, prendendo a respiraçao feito fosse atravessado por uma lança de fogo. Arqueou o corpo, reclamou um pouco que tinha doido, mas depois sussurrou por mais, emitindo pequenos gritos de agonia, ganidos de um pre -orgasmo, depois contendo tudo, se virando e querendo ficar por cima, ter o controle, me dominar. Um puto completo, que eu amava. Galopando freneticamente, segurando em meus ombros e me olhando com aquele ar de maldade sensual, pingando seu suor sem cheiro sobre mim. Num relance olhei para a porta, que no final das contas eu esqueci de trancar, e outra vez Jonas lá estava nos observando por uma fresta um pouco maior. Era impressao minha ou à sombra da porta quase fechada ele remexia violentamente dentro da sua calça? Dava para ouvir um gemido abafado dele... Ou seria o meu? Que ele olhasse, se quisesse. Punheteiro de merda.
- Soca, Edu... Vai... - pedia o Guilherme olhando para cima como se orasse, lavado em suor.
E eu obedecia, agarrando a cintura dele e o levantando e abaixando como um brinquedo de encaixe perfeito. Olhei a porta. Jonas parecia suado, sua testa brilhava, os labios apertados nos dentes muito brancos. Mais embaixo o pau dele era um vulto rosado que ia e vinha na sua mao àgil como uma maquina. Senti um orgulho repentino e inusitado por ser objeto de um prazer solitario, visual. Quando o Gui ejaculou aquelas gotas dele, gemendo dum jeito lento como se sofresse, sem força alguma, tirei-o de mim quase que imerso numa sonolencia pos climax, e bem de frente ao rosto dele me masturbei, sujando toda sua face e a camiseta empapada de suor. Ele fechou os olhos, passou os dedos sobre o esporro na cara e os lambeu, preguiçoso, quase adormecido. De esguelha olhei para a porta: fechada.
Descansando ao lado de meu garoto ainda todo molinho do orgasmo, eu ia aos poucos recobrando o juízo. Que bizarrice! Me exibir para Jonas ver, saber sobre mim e o Gui. Pelo visto ele era tão bisbilhoteiro quanto o irmão, que naquela vez no pensionato farejou meu caso com o Leandro, como um cachorro, e não sossegou até ter certeza e nos flagrar aos beijos no quarto. Era aquilo. Dois abelhudos. Fuçadores da vida alheia, curiosos ao extremo. Sorte minha se Jonas tambem fosse discreto quanto o irmão. De todo jeito, o errado foi ele em espiar, vir se meter num assunto privado. E porque se masturbou nos olhando? Tambem gostava da arte?
Eu devia ter ficado louco ao permitir isso. Onde foi parar meu bom senso? Gui tinha tragado tudo, decerto. Aquele moleque esmagava minha personalidade como quem pisoteia uma barata no banheiro. Não, era surreal. No outro dia eu acordaria daquele longo sonho ao lado de Leandro na nossa cama, tudo tão certinho como sempre foi, sem socialismo, militares, Guilherme, o Jonas voyeur e veado, decerto, sem loucura nenhuma. Amanhã, sim.
Gui tomou um banho ligeiro e foi embora com a camiseta suja de suor e esperma, nao teve outro jeito. Que desculpa ele iria dar caso o vissem assim, nao sei. Porem na sala, nao encontramos o Jonas e o menino pode ir embora sossegado, me beijando rapida e arrebatadamente antes de sair. Nao falou quando voltaria e se voltaria.
Minutos depois, Jonas veio me avisar que o jantar estava na mesa. Foi estranho que ele evitasse me olhar diretamente no rosto e estivesse mais silencioso do que o habitual, como que muito envergonhado. Por minha vez, eu nada disse, preferi fingir que nao o tinha visto nos espionando, embora cada um soubesse que o outro sabia. O acordo foi mudo, constrangido e necessario.
No final aquilo de certo modo se tornou frequente, porque a cama era de frente para a porta e Guilherme transava de costas para ela, ou eu fazia-o proceder assim para Jonas ver. Minha excitaçao atingia as raias do insuportável quando eu divisava aquele rosto à porta, nos espiando como um ladrão, seu braço se movendo freneticamente, hipnotizado por nossos movimentos ali na cama. Será que o Gui percebia? Porque se mostrava ainda mais solto, sensual e libidinoso do que antes? Porque quase gritava sem receio de que ouvissem? Falava palavrão, elogiava meu pau e meu desempenho usando termos chulos, bebia todo o esperma com uma sede de cachorrinho recem-nascido, se esparramando todo dengoso na cama, sorrindo, me mandando possui-lo de novo, naqueles modos de prostituto novo. Nunca fiz tanto sexo na minha vida, e acho que Jonas nunca se masturbou tanto. Eram evidentes no chão em frente à porta as manchas brancas e pingadas, como se alguem tivesse deixado cair por ali restos de um mingau bem mole. Será que o Gui fingia nao ver aquilo?
Mas o garoto vinha em casa quando queria. As vezes faltava por vàrios dias, e fora as aulas que agora eram somente aos sábados porque seu progresso nas liçoes avançava atropeladamente, eu ficava muito tempo sem vê-lo e isso me enervava. Cobrava-o quando vinha dar as aulas e ele nada respondia, ria e me irritava com seu deboche juvenil, aumentando o volume do tocador de discos, no som de uma banda insuportável chamada The Kinks.
- Sei que voce sai com outros homens _ eu dizia, doido de ciume.
- Jura, Sherlock? _ ele dava risada_ E então? O que fará com essa "informação" tão verdadeira?
Que vontade de esganà-lo, matar aquele desgraçado para te-lo apenas para mim, devorá-lo para que ele nunca mais pensasse em estar com outro. Porem, ao inves disso eu investia contra ele para beijà-lo num desejo desesperado, numa dor em pensar naquela evidente distancia entre nos, que ele tinha imposto. E ele recebia meus beijos com vontade, mas as vezes com tedio e aborrecimento. Nao, ele nao era meu. Talvez nunca fosse.
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Valeu! Um beijao em todos! :)
Respondo às duvidas e observaçoes nos coments, ok?
Ate!!!
