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O FRUTO Cap. 28
Eu olhei a pequena criaturinha e foi impossível não rir. A pequena criança não passava de uma bolota de carne vermelha rósea. Seus pequenos pés eram tão macios e sua pele tão lisa e macia. Eu ainda não acreditava que ela já havia nascido há uma semana. E há três dias eu tinha feito a minha escolha. E ainda me perguntava se tinha escolhido o certo.
- Pegue. – Minha tia pediu.
- Não mesmo. – Falei rápido. – Eu não quero machuca-la.
- Pegue logo!- Falou deitando ela sobre meu colo.
- Estava pensando em colocar o nome dela de Mariana. – Minha tia falou e aguardou minha resposta.
- Oh tia, tem certeza? – Perguntei.
- Claro! Sua mãe foi uma mulher incrível e uma irmã mais velha perfeita. E fazendo isso eu me sinto mais próxima dela. – Falou com a voz já embargada.
- Minha mãe ficaria feliz. – Falei com um sorriso mais bobo ainda em meu rosto.
Minha prima teria o mesmo nome de minha mãe. Foi impossível não pensar que em alguns dias eu estaria com ela...
Passamos a tarde conversando e minha tia aproveitou para me constranger um pouco. “Coisa de mãe, sabe?”
- E esses seus primos hein?- Nem tentou desfaçar a curiosidade.
- Oque tem eles? – Me fiz de desentendido.
- Não se faça de bobo. – Me acusou. – Eu percebi como eles olham para você. – falou direta.
- Me olham? – Tentei negar.
- Vamos parar de negar o obvio? – Ela falou seria.
- Tudo bem. – Me entreguei.
- E?- Ela se aproximou sentando-se ao meu lado.
- É complicado tia. – Tentei desdobrar.
- Não é! Eles são lindos! E que mal há se dá uma chance de ser feliz, meu filho?- Me perguntou.
- É complicado. – Repeti – Os dois têm sentimentos por mim e... Eu não sei qual me faz... – Mexi as mãos. – Me faz sentir... – Suspirei frustrado.
- E você tem medo de escolher e escolher errado, é isso? – Minha tia arriscou.
-Não tia. É mais complicado. – “Como vou explicar isso para ela, se nem eu entendi isso ainda?”.
- Não é! – Ela falou firme. – Você é jovem, Viva! Permita-se errar meu filho. Escolha aquele que você acha que é o certo. Se não der certo, você pode tentar com o outro. E se o outro também não der certo, você tem um mundo de possibilidades. – Falou sorrindo.
Foi impossível não rir também. Mas no fundo eu queria mesmo era chorar. Eu não poderia me dar ao luxo de poder fazer isso. Aquele que eu escolhesse teria de ficar comigo para o resto da minha vida. Provar e depois escolher o melhor não era uma opção, pelo menos não para mim. Sai dos meus pensamentos com um grito estridente do meu tio. Minha tia olhou para o meu colo, preocupada. Ela levantou-se e foi recriminar meu tio e meus “primos”. Voltou bufando.
A minha sobrinha nem se importou com o barulho, pelo contrario ela aninhou-se mais ainda em eu colo. Deixando-me mais embasbacado ainda. Era incrível que uma coisinha tão pequena e fofa se tornaria um adulto em algum tempo. “Queria vê-la crescer, minha flor” Pensei tristemente para mim. Minha tia que me observava atentamente deve ter percebido meu semblante triste. Porque indagou:
- Oque foi? – Perguntou-me atenta.
- Nada. – Tentei mentir.
- Nada? Tem certeza? – Pressionou. – Você parece triste. Tem haver com aqueles dois? – Perguntou apontando com o nariz para a sala, onde meu tio discutia com eles sobre futebol. Discutiam não. Berravam para a TV, pressionando o atacante do time a fazer logo um gol. Ao que parece, os três eram do mesmo time.
-Não! Falei rápido. – “Até de mais” O olhar da minha tia se afiou. Como o de um predador que conseguiu achar uma brecha na defesa de sua presa.
Minha tia continuou a me encarar procurando uma falha ou deslize meu, ou melhor! Que eu me entregasse mais. Mas a parede que eu havia erguido continuava firme. “Por enquanto, pelo menos”. Afinal eu podia e nem devia envolver meus tios na confusão que era minha vida. “Dentro de muito em breve vocês não precisarão se preocupar mais.” Pensei.
Fui salvo por minha priminha que se mexeu e começou a reclamar em meu colo. Sussurrei um obrigado assim que minha tia a pegou e se afastou com ela. Alguns momentos depois ela voltou com o bebê que dormia em seus braços.
-Era só a fralda. – Me avisou.
- Ainda bem! Pensei que tinha quebrado ela. – Sorri.
Meu tio voltou para a sala e abraçou minha tinha, e com o braço livre segurava a mão da garotinha. Senti um pouco de inveja da minha tia, mas também me senti feliz. Minha tia tinha conseguido, ela tinha realizado o seu sonho, o de ter uma família perfeita. Sorri ao ver como meu tio tratava o bebê e falava com aquela voz engraçada. Os olhos dos dois brilhavam ao focar na pequena que dormia tranquilamente nos braços de sua mãe.
“Uma família perfeita”. Eu Pensei. E foi impossível conter a lagrima que rolou pela minha face. Minha tia percebeu e me encarou, mas antes de questionar foi interrompida pelos gêmeos que adentraram na sala.
- Vamos – Marcos falou rouco.
Matheo apenas acenou com a cabeça.
-Vamos. – Falei levantando-me e indo em direção dos meus tios.
Nunca tinha sido do tipo muito emocional, mas aquela era a ultima vez que eu os via então caprichei na despedida. Apertei a mão do meu tio e pedi que ele tomasse conta muito bem daminha tia e da minha prima. Foi impossível segurar as lagrimas enquanto abraçava minha tia e beijava a testa da pequenina que ainda dormia. Minha tia não escondeu o olhar preocupado que mantia em mim, mas em alguns momentos focava nos gêmeos que estava na porta. Como se fosse culpa deles que eu estivesse naquele estado. Antes que ela pudesse me questionar, sai em direção à rua.
Um carro de luxo me aguardava já com a porta aberta. Meu tio assobiou em admiração. Eu apenas revirei os olhos. Mas não tinha outra opção, o carro era encantado para mascarar minha presença e impedir que darcos me farejassem. “Impossível não me sentir a filha do presidente assim”. Pensei irônico. Claro que o vô me ignorou e simplesmente escolheu o carro mais “seguro” possívelJá no carro, a situação era a mesma; os dois não falavam comigo e me ignoravam desde que eu tinha escolhido. Claro que eu os entendia, mas eu ainda não conseguia entendê-los.
- Vocês vão me ignorar até quando? – Esbravejei. – Já fazem dois dias que vocês não falam comigo.- Falei.
- Até você deixar dessa ideia idiota! – Marcus quase se levantando.
- Nem responde irmão. - Matheo me olhou com desprezo.
- Por favor... – Falei suspirando. – Eu não queria isso. – Falei limpando uma lágrima que já descia em minha face.
- O quê? – Você escolhe morrer na arvore sagrada e nós temos que abanar o rabo pra você ficar contente por você ser idiota por escolher isso? – Matheo perguntou gritando.
Dentro do carro o silencio reinava. Marcos simplesmente me observava enquanto Matheo bufava e me encarava com o olhar carregado de ódio.
- Vocês acham que foi fácil pra mim? – Perguntei já gritando. – Escolher me matar, enquanro mundo vai girar como se nada houvesse acontecido. – Falei.
Ambos me encaravam tristes.
Eu nçao tinha outra saída, era simples. Ou morria e deixava que ambos seguissem suas vidas e fossem felizes ou escolhia um deles, não me importando com a felicidade deles.
“Como eles não percebem que eu escolhi isso por eles?” pensei tristeContinua.
Questão: MATOU OU NÃO O NOSSO PROTAGONISTA?
Mais um capitulo e espero que vocês gostem :Se este capitulo tiver mais de dez comentários eu posto um teaser do meu novo conto XD
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