“O amor não deve te segurar, te privar, te manipular. O amor é a liberdade de querer estar com alguém por vontade própria e gostar desta pessoa mesmo conhecendo todos seus defeitos.”
O irmão do Samuel me trouxe em casa. Samuel estava junto, conversamos um pouco e nos beijamos. Anderson virou o rosto para a estrada, e eu ri por tal atitude. Me despedi deles e desci do carro. Era bem cedo, esperava que todos ainda estivessem dormindo. Abri a porta com cuidado sem fazer barulho, mas ao entrar em casa, minha mãe estava em pé, um pouco a frente da porta e com os braços cruzados. Seu olhar era de preocupação misturado com raiva e desconfiança. Eu fiquei com medo da minha mãe naquele momento. Seus olhos estavam apertados me encarando. Fechei a porta e então me virei de volta para ela, e soltei um sorrisinho sem graça. Me aproximei um pouco dela, com uma distância que caso ela tentasse me bater, eu conseguiria fugir.
- Onde você dormiu essa noite? – perguntou, sem piscar.
- Eu... Dormi na casa de um amigo. – respondi, olhando no relógio para disfarçar.
- Que amigo? – curiosa só um pouco.
- No Samuel, ué. – respondi sem olhar nos seus olhos.
- Filho olha pra mim. – fiz o que ela pediu, e fiquei com medo do que ela falaria depois – Você me pediu ontem para sair, mas não me disse que iria dormir fora. Eu fiquei morrendo de preocupação, te liguei várias vezes e você não me atendeu.
- Me ligou? – peguei desesperadamente meu celular do bolso, e identifiquei 32 ligações perdidas da minha mãe. Engoli em seco.
- Eu fiquei preocupada e com muita raiva, pedi aos céus onde você estava! Fiquei pensando que quando você chegasse, eu te daria uma surra porque é isso que você deveria levar! – ela ergue a mão e aponta o dedo para mim. Que atitude infantil, mãe.
- Então faz isso, eu tô merecendo mesmo. – ergo os braços. Ela me encara, estava se irritando.
- Vai logo se arrumar pro serviço. – diz, abaixando a mão, e voltando ao que estava fazendo antes de eu chegar.
Nunca fui de dar tirada na minha mãe, não me reconheci. Se ela continuasse aquilo viraria uma discussão. Me arrumei e fui para o serviço 15 minutos mais cedo. Trabalhei tranquilo e fiquei pensando sobre o que Anderson sugeriu a mim e o Samuel, nos casar. Comecei a rir enquanto lembrava disso e meus colegas estranharam, até me chamaram de louco.
Saí mais cedo hoje, às 10 horas. Não queria ir para casa, mas não iria no Samuel também porque ele estaria dormindo a essa hora. Passei em frente ao restaurante em que fui com o Samuel àquela vez, e parei. Apertei meus olhos para ver se enxergava melhor, pois estava um pouco longe, e só entraria se visse alguém lá: Sophia. Vi ela atendendo um casal, e então entrei, sentei-me em uma mesa próxima a porta e fiquei esperando ser atendido. Sophia me vê e então pede para que o casal esperasse, e vem em minha direção com o bloco de pedidos.
- Olá, o que você deseja hoje? – perguntou, com a caneta pronta para anotar um pedido.
- Um suco de laranja e uma conversa com você. – respondi pausadamente. Ela arregalou os olhos.
- Eu tô no meu horário de trabalho, vou anotar o seu pedido. – ela anota o meu suco de laranja, mas esqueceu de anotar a conversa.
- Tudo bem, eu espero você ser liberada. – encontrei uma posição confortável na cadeira e assim fiquei olhando para ela que continuava parada em frente à mesa olhando para mim.
- Espera um pouco. – ela vai até a mesa do casal e termina de atendê-los, depois conversa com o gerente, que olha para mim e depois se volta a ela com um sinal de “sim” com a cabeça. Ela retorna um pouco depois, com o meu suco.
- Obrigado. – pego o copo da sua mão e tomo um gole, depois o coloco sobre a mesa.
- Temos 20 minutos. – diz ela, sentando-se na cadeira em frente a mim.
- Está ótimo. – estendi meu braço e abri a mão para cumprimenta-la, e ela a apertou.
- Sobre o que quer conversar comigo? – pergunta.
- Sobre o William. – digo isso e ela arregala os olhos, e depois abre um sorriso.
- Você é o Thomaz? – concordo com a cabeça.
Sabia que ela e o William haviam terminado e aquele não era mais um assunto a ser discutido. Mas eu queria conhece-lá e saber o que nela fez com que William se apaixonasse, e saber dela como foi o rompimento dos dois.
- Ele me contou sobre vocês. – seus olhos eram hipnotizadores, azuis como o céu.
- Sim... – apenas disse isso.
- Não queria ter estragado o que você sentia por ele. – “não estragou, eu ainda sinto”, pensei em responder.
- Eu fiquei muito magoado quando me disseram que ele namorava, realmente. Não consegui acreditar no começo, eu tinha conseguido o que meu coração pedia, e depois descobri que o que eu tinha comigo era de outra pessoa. – falei aquilo sem demonstrar emoção, eu já não me sentia tão abalado com o que havia acontecido.
- Depois que a gente terminou, eu achei que vocês voltariam. A gente conversou por quase duas horas sobre o que queríamos, e eu sabia desde o começo que ele não sentia mais o mesmo por mim. Ele realmente tinha se apaixonado por você, e hora ou outra iríamos romper, mesmo que não houvesse nada entre vocês. – identifiquei-me com aquilo que ela falou, eu também fazia isso. Eu sentia muito pelo William ainda e realmente eu queria tentar com ele de novo, mas algo me prendia ao Samuel, eu não queria machuca-lo.
- Eu não queria que vocês terminassem. Quero dizer, se isso acontecesse talvez ficássemos juntos de novo ou não. Ele me contou depois que vocês tinham terminado, mas eu já estava com o Samuel... – ela me interrompe.
- Aquele menino que veio com você no restaurante há um tempo?
- Ele mesmo. – continuei.
- Ele parece ser um bom rapaz – diz sorrindo – Estão juntos ainda?
- Sim... Enfim, eu tentei encontrar minha felicidade que eu não podia ter com o William em outra pessoa, e aí apareceu o Samuel. Eu me apaixonei de verdade por ele, e comecei a esquecer do William, mas eu ainda o amo, e faria de tudo pra ter ele de volta.
- Dá pra ver que você o ama de verdade só pelo jeito que você fala sobre ele. – seus olhos demonstravam sinceridade.
- Tá tão na cara assim? – brinquei – Mas eu não consigo me ver sem o Samuel, entende? Ele que me alegrou enquanto eu estava sofrendo por causa do Will.
- Por causa de mim. – ela diz, ela se culpava por não termos ficado juntos.
- Não. Não tem o porquê de se culpar se foi a gente que ficou, se eu soubesse desde o começo que ele namorava eu nunca tentaria nada!
- Você sente algo diferente pelo Samuel, desculpa eu te dizer, mas... É como se você tivesse o usado para esquecer o Will, e depois continuado com ele como forma de agradecimento. – aquilo poderia ser verdade, uma vez eu havia acreditado nessa hipótese.
- Eu... – não sabia o que falar, ela tinha me pegado de jeito.
- Você deveria pensar muito profundamente sobre o que você realmente sente pelo Samuel, e pelo o que sente pelo William. Os dois te amam, mas você sabe que o que você sente de verdade é por um deles apenas, pensa bem. Só não fere os sentimentos dos dois, o William já sofreu demais, e o Samuel deve ter passado pelo mesmo.
- Você ainda conversa com o William? – pergunto.
- Sim, somos amigos agora. Todos os dias ele vem me falar, ele se sente culpado por ter te magoado de verdade. Diz que, que ele tenta te esquecer, evita falar contigo ou olhar pra você, na tentativa de esquecer o que vocês sentiam um pelo outro. Mas ele me diz, toda noite, que mais uma vez aquele esforço foi em vão. Você conseguiu se libertar disso usando o Samuel, mas e ele? Ele não tentou mais nada com ninguém depois de tudo isso... – ela faz uma pausa e me olha decepcionada – Ele quer você, Thomaz. E você sabe que precisa dele, se decide logo dos teus sentimentos.
- Cara... – meus olhos tinham ficado vermelhos – Eu, eu não sei o que te falar por tudo o que você me disse. Me abraça, cara. – levantei e parei em sua frente. Ela levantou também e me abraçou.
- Seja feliz, tá? – ela me apertou, e me soltou exibindo um sorriso. Seus olhos também se avermelharam – Eu acho que já deu a hora.
- Ah, 20 minutos, pois é. – olho no relógio.
- A gente se fala qualquer hora. – diz. Eu pego meu celular e lhe entrego – Por quê?
- Er, salva seu número, pra gente conversar. Foi muito bom falar com você.
- Ah, tudo bem. – ela salvou seu número nos contatos e me devolveu o celular. Acenou para mim e virou-se para voltar ao trabalho.
- Ei, Sophia. – chamei-a. Ela virou-se – Obrigado mesmo. – ela sorriu e então fui embora.
Fiquei caminhando pelas ruas, e então resolvi ir embora. Minha mãe já não estava em casa, mas o Eduardo estava.
- E aí, cunhado. – cumprimentei. Ele sorriu, estava pintando uns enfeites para o casamento.
- Por que vocês não deixam isso pra quando estiver perto do casamento? – perguntei, afinal ainda tinha tempo.
- Porque nove meses passam rápido, meu jovem. – dissera sem tirar os olhos do enfeite.
Realmente nove meses passam rápido, e então me toquei que já estávamos na metade do ano. E que em pouco mais de três meses, me apaixonei por três pessoas, e aconteceu muita coisa na minha vida. Num piscar de olhos já estaríamos no fim do ano, e eu não estava percebendo isso. Achei que teria mais tempo, mas estava vendo que precisava me decidir logo de tudo e me localizar, fazer o que tinha de ser feito e aproveitar cada momento.
Conversei um pouco com o Eduardo e depois fui para o quarto. Havia simpatizado muito com Sophia e lembrei-me de cada palavra que ela havia dito. Iria pensar naquilo por um tempo, mas logo já começaria a fazer o que ela havia pedido: pensar profundamente sobre o que eu sentia por William e Samuel.
Cheguei na escola sendo recebido por Juliane, ela vinha com um mega sorriso estampado na cara.
- Fala Juliane, o que aconteceu pra você estar tão feliz assim? – perguntei, estranhando aquela alegria toda.
- Ai, Thomaz. Sabe que eu nem sei? – disse, senti mistério.
- Fala logo.
- Então, eu estava conversando com o Nicholas e sabe, ele é tão fofo. – quando ela disse isso eu fiz uma cara de desentendido.
Nicholas é um menino da minha sala, não gosto muito dele não. Ele basicamente se resume a um cara brincalhão, mas que fica se bancando a certinho, e sempre quer ter razão. Tem um jeito maroto, e acho que a Juliane estava gostando “daquilo”. O problema não era ela gostar dele, o problema era ela ter namorado. E foi pensando nisso que William acabou invadindo meu pensamento. Ela faria com ele o mesmo que fizemos?
- Juliane, me explica isso direito.
- Eu acho que tô gostando dele, Thomaz... – ela sorri e suspira. Só podia ser loucura, será que eu estava rodeado de gente assim? Daqui a pouco teria que investigar até o Samuel pra saber se ele não tinha uma namorada também, não, ele não.
- Eu não acredito. Tá gostando do Nicholas? Gostando tipo o quê?
- Ah, sei lá, gostando. Como quando alguém se apaixona por uma pessoa... – ela fala a última frase em tom decrescente.
- E o Brian? – perguntei. Aquilo não era certo, e não ia acabar bem.
- O que ele tem a ver com isso? – perguntou, em tom desprezível.
- Tudo! – exclamei – Cara se liga! Você tá namorando o Brian e agora diz que tá gostando do Nicholas?
- Você namora o Samuel, mas gosta do William. – diz, como se estivesse me desafiando. Tive que me controlar para não falar besteira e gerar uma briga entre nós, então decidi ficar quieto. E por um lado ela estava certa.
- Olha, faz o que você quiser. Se quiser ficar com o Nicholas, fica. Mas termina com o Brian pelo menos! Ou conta pra ele que você tá gostando de outro! – disse isso pra ela, mas valia pra mim também. Me fez pensar mais ainda.
- Vai ficar me julgando? – ela olhara no fundo dos meus olhos.
- Tô tentando abrir teus olhos pra você ver o que tá fazendo! Pelo menos eu tô tentando esquecer o William! – estava irritado.
- Se quer assim. – ela fechou a cara e me deixou ali.
Samuel ainda não havia chegado, mas vi o ônibus de William parar. Eu estava sentado na escada onde sempre fico. Ele descera do ônibus e logo fizemos contato visual, ele estava sério, eu também. Ele veio se aproximando lentamente, ou pelo menos pra mim ele vinha em passos lentos, e do nada abriu um sorriso. De começo achei que fosse pra mim, pois foi para algo onde eu estava. De qualquer forma não abri a boca, apenas vi Théo descer a escada e ir cumprimenta-lo. Pelo menos não ia me envergonhar em sorrir e depois saber que não tinha sido pra mim. O que seria o mesmo que alguém acenar para você e você fazer o mesmo, até perceber que era pra alguém que estava perto de você, vácuo. Eles vinham juntos, agora em passos normais até onde eu estava, teriam de passar por mim para entrar no corredor.
- Théo, a Jade vem? – perguntei, quando ele passava por mim. Théo para, e William também, o vejo revirar os olhos.
- Não, nem ela e nem a Jéssica. – diz, com cara de decepção – Se é por elas que você tá esperando.
- Não é por ela não. – diz William, ele estava frio, grosso – Vem logo. – ele puxa Théo e os dois somem.
Não reconheci tal atitude do William, mas acabei nem ligando, mesmo tendo sentido por dentro o jeito que ele falou. Fiquei olhando para o portão, era quase hora de o sinal tocar, os alunos entravam sem parar. No meio da multidão de alunos, vejo o rosto de Samuel. Ele corre alguns metros até parar do meu lado.
- Oi amor. – ele me abraça, algumas pessoas nos olham, mas não ligamos.
- Oi. – minha voz estava rouca. Fiz sinal para que entrássemos.
Não conversamos muito, apenas ficamos caminhando pelo colégio, observando os outros. Eu encarava todos que passavam por mim, não conseguia pensar direito. Não conseguia olhar nos seus olhos, e percebia que ele olhava para mim toda hora. Vi mais a frente William e Théo vindo em nossa direção. Um pouco mais perto havia a entrada de outro corredor, então puxei Samuel para lá.
- Tá tudo bem contigo? – ele perguntou, com cara de preocupação – Hein? O que aconteceu?
- Tô sim, ué. – disse aquilo sem olhar nos seus olhos.
- Olha pra mim, por favor. – pediu, parando no meio do caminho. Mantive minha cabeça baixa, mas logo fui erguendo-a lentamente, até nossos olhares se encontrarem.
- Desculpa. – eu o abracei. Aquele corredor levava a sala das tias que faziam a faxina, então só elas passavam por ali. Mas não havia ninguém além de nós.
- Me diz o que aconteceu. – ele implora, com a mão sobre a minha nuca.
- Eu não sei Samuel. Se tem uma coisa que eu queria saber, é o que está acontecendo. – disse com sinceridade no olhar, e o solto.
- O que você quer dizer com isso? – ele pergunta, sem entender onde eu queria chegar. Coloquei minhas mãos sobre a cabeça e afastei-me um pouco dele.
- Tudo que eu sinto por ti é real, é sincero... – começo, mas não sabia como continuar.
- Thomaz, você...
- Não, eu não quero terminar com você, se é isso que está pensando. – ele concordou com a cabeça – Você sabe a felicidade que me proporcionou nesse tempo em que estamos juntos, poxa, a gente vai fazer um mês daqui poucos dias. Você sabe das coisas que eu passei, de tudo que aconteceu e você sempre está do meu lado, eu sei o que você sente por mim, e eu tento agradecer isso... – lembrei-me do que Sophia havia dito: “Você sente algo diferente pelo Samuel, é como se você tivesse o usado para esquecer o Will, e depois continuado com ele como forma de agradecimento”.
- Você não precisa agradecer. Você não precisa gostar de mim.
- Mas eu gosto de você. – disse, aproximando-me dele e de seu rosto – Eu só não quero te machucar, me desculpa, por favor.
- Thomaz, nada que você faça vai me machucar, mesmo que eu sinta isso no meu peito, eu vou aceitar tudo que vier de você. Eu só te quero do meu lado, não precisamente como namorado, mas como amigo, de um jeito que eu possa te proporcionar felicidade, carinho. – ele me puxou para mais perto de si – Te conhecer foi a melhor coisa que me aconteceu.
Eu estava tentando arranjar uma solução para o que estava acontecendo, mas nenhum dos dois colaboravam comigo. William não mostrava o que realmente sentia por mim, claro que, por estarmos afastados um do outro isso é quase impossível. E o Samuel, por mais que eu tente me afastar dele, eu o amo, e sei que ele me ama. Tudo o que sentíamos um pelo outro era real, e provávamos isso todos os dias enquanto estávamos juntos. Mas o William, por mais que tivéssemos rompido algo que mal havia começado, e eu não soubesse ler o pensamento dele, sabia que também sentia algo por mim e eu por ele, eu estava me destruindo por conta dos dois. Eu já estava sofrendo por conta do William, e agora acabaria por sofrer pelo Samuel, a felicidade que eu recebia quando estava com ele uma hora ia acabar por culpa minha, eu tinha muito medo disso.
Ficamos nos olhando por vários segundos, e finalmente pude sentir o seu beijo quente de novo, o beijo do qual eu já estava acostumado a sentir. Quente e molhado. Ele havia colocado sua mão por debaixo da minha camisa, e passava-a sobre a minha barriga. Deu alguns beijos no meu pescoço, que me causaram arrepio por inteiro, mas tudo foi interrompido pelo som do sinal. Sempre tem alguma coisa pra estragar, não é possível.
Fomos cada um para a sua sala. As aulas seguiram normalmente e saímos uma aula mais cedo por conta da falta de um professor. Juliane não havia nem sequer olhado para minha cara a aula inteira, e eu não ia me desanimar por isso, aliás, só lamento. Já liberados, os alunos da nossa sala foram saindo. William é sempre um dos últimos a sair, então logo que levantei fiz sinal para que ele fosse ao jardim quando saísse.
Como já era de se imaginar, ao chegar ao jardim, sentei no mesmo banco, na mesma mesa das duas vezes em que conversamos. Ele chegou logo depois, continuava sério e apenas colocara a mochila na mesa.
- Senta. – falei. Ele não se mexeu.
- Não, obrigado. – disse, olhando nos meus olhos com cara de quem não queria ouvir o que eu tinha pra falar. Nada bom.
- Senta agora. – disse novamente, agora em um tom de autoridade. Novamente não se mexeu, dei de ombros. – Se acha melhor assim...
- Idiota. – diz, sentando-se na minha frente. Novamente dei de ombros.
- Falei com a Sophia hoje. – ele arregalou os olhos ao ouvir isso. – Sei que não devia falar disso pra você.
- Por que foi falar com ela?
- Você sabe o porquê de eu ter ido falar com ela.
- Sei, mas, por quê? Não estamos mais juntos.
- E é obrigado vocês estarem juntos pra eu querer falar com ela? Fui pra conversar, e confesso que eu queria muito ter conhecido ela antes.
- Por quê? – perguntou, agora estava com cara de curiosidade. Queria saber sobre o que conversamos.
- Porque ela me ajudou a refletir sobre o que eu sinto, quero dizer, eu ainda estou refletindo. – suspirei e ele segurou um sorriso.
- O que ela falou? – ele estava se interessando pelo assunto, dava pra perceber.
- Falou de você, e falou de nós. Falamos de nós, na verdade. De você e eu, do que eu sentia por você, e do que eu sentia pelo Samuel.
- E o que você sente por mim, e pelo... Samuel? – deu ênfase no “Samuel”.
- Por você, sabe muito bem o que eu sinto, não mudou, acho que nunca vai mudar. A gente esquece a pessoa, mas nunca do sentimento que tivemos por ela. Na verdade eu não te esqueci. – ele deu um sorriso de canto. Não queria lhe dar esperanças.
- E sobre ele? – perguntou em relação a Samuel.
- Olha, eu tô entendendo que o Samuel, ele me ajudou a superar você. Me ajudou a esquecer da dor que eu senti quando descobri que você namorava, ele mandou embora minha tristeza e abriu espaço pra felicidade que ele mesmo me proporcionou. Como a Sophia me disse, eu acho que o que eu sinto por ele é na verdade uma forma de agradecimento, não é um amor como eu sinto por você.
- Mas você gosta dele. – ele diz.
- É claro, eu passei os melhores momentos com ele, momentos que eu podia ter passado com você, que eu queria ter passado com você. Esse é o problema, tudo o que eu queria ter tido contigo, eu realizei com ele! – essa conversa estava me ajudando a explorar mais o que eu sentia, e acho que o problema havia sido detectado.
- Vocês fizeram? – ele pergunta, em tom baixo.
- O quê? – não havia entendido a pergunta.
- O que você acha? – ele arqueou a sobrancelha.
- Hum, não. – disse, realmente não sei se faria com o Samuel, ainda era cedo, e se eu não sentia mesmo o que deveria sentir por ele, não faria. Isso eu só faria com uma pessoa, e o William sabia quem era.
- Isso é um bom sinal. – novamente eu não havia entendido – Você quer, mas não se sente seguro em fazer com ele, isso quer dizer que... – sim, ele sabia aonde eu havia chegado com a minha resposta, e soltou um sorriso malicioso.
- Faz alguma diferença? – perguntei – Não quer dizer que eu só queira começar se for com você.
- Então tá. – ele continuou com o sorriso. Agora ele olhava para baixo.
- E você? – perguntei. Ele olhou pra mim e fez cara de desentendido.
- Eu o quê? – pergunta e eu reviro os olhos.
- Já disse o que eu sentia pelo Samuel e por você, é sua vez. O que sente por mim? – perguntei, sem expressão no rosto. Sua feição havia mudado, ele agora estava um pouco envergonhado. Ele olhara no fundo dos meus olhos e soltara um sorriso de canto.
- Quer mesmo saber?
=
Gosto desse intervalo entre segunda e sexta-feira, risos. Bom, oooi pessoal! Como eu já havia comentado no outro capítulo, eu tenho uma paixão por esse jardim, olha ele aí de novo <3 Essa conversa entre os dois foi essencial pra esclarecer tudo, mas não para por aí. Acho que esse era o final que eu queria para um capítulo, risos. É isso pessoal, e como sempre, o conto me servindo como principal forma de desabafo, um dos motivos para eu contar uma chuva de detalhes e essa coisa toda, que eu podia deixar de lado. Eu realmente tenho implicância com os detalhes, ignorem :x
Deu um problema aqui ontem, e não consegui publicar, mas tá aí \o/ Obrigado pelos comentários e votos que são essenciais! Até sexta então, beijo!
prireis822 - obrigado :D Bjs
Geomateus - obrigado :D
KayoB - obrigado :) e claro!
Ru/Ruanito - kkkkk e quem não? Foi furada :x