"Há 2 espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e... os amigos, que são nossos chatos prediletos." - Mario Quintana
A cena foi essa: eu, estático, olhando para as duas que, igualmente estáticas e confusas, me encaravam tentando entender o que acontecia. Eu tinha duas opções: a primeira era fingir que nada aconteceu, que esbarrei na enfermeira e tinha acabado de chegar; outra opção era pirar e perguntar logo o que é que estava acontecendo que eu não sabia. Decidi escolher a primeira opção, vou ser paciente (apesar de estar morrendo de curiosidade). Me desculpei com enfermeira, que me olhava como se pudesse me explodir. Andei em direção as duas e disse:
Eu - Oi - elas nada responderam - , como o Pedrinho está?
Tia Sueli - Bem. Ele está bem.
Eu - Ele está acordado? Posso entrar e falar um pouco com ele?
Tia Sueli - Vai, pode ir. Ele está acordado.
Eu - Mãe, tudo bem com a senhora? A senhora parece um pouco preocupada. - minha mãe estava com um olhar vago, meio distante - Mãe?
Sara - Ham?
Eu - O que a senhora têm?
Sara - Eu? Nada, não tenho nada não, filho. Vai lá ver o Pedro, vai. - ela se aproxima de mim e me dá um beijo na cabeça. Entrei no quarto do Pedro e o vi ali, deitado na cama, olhando pela janela.
Eu - Pedrinho? - ele se vira e me encara.
Pedro - Olá. Quem é você?
Eu - Pedrinho, sou eu, Marlon. Não lembra de mim? - começei a ficar em pânico. - ele ficou me olhando como quem quer lembrar de algo. Ficamos assim por algum tempo. - Cara, não faz isso comigo, não. Você não lembra mesmo de mim? - já estava com vontade de chorar. Senti meus olhos marejados. Mais um tempo se passou, até que ele disse:
Pedro - É claro que lembro seu besta, só estou te zuando. Olha a cara que você está! kkkkkk
Eu - Vai a merda, Pedrinho. Porra, e eu achando que você tinha perdido a memória. - dou um suspiro de alívio enquanto ele continua rindo da minha cara. Um ano depois aquele besta continuava rindo. Em meio a risos ele perguntou:
Pedro - Como foi seu primeiro dia de aula, Negão? - disse limpando as lágrimas que escorriam pelo rosto de tanto ele rir.
Eu - Você não vai acreditar nas coisas que aconteceram! - ele se sentou e fez um gesto para eu me sentar na cama.
Pedro - Então, conte-me tudo.
Eu - Assim que aquele garoto te bateu...
Pedro - Bateu uma pinóia, ele deu foi sorte de eu estar desprevenido.
Eu - Uhum, sei. Continuando: Depois que ele te "pegou desprevenido" - fiz aspas com os dedos. - e você desmaiou... - contei toda a história para ele, que ficou de boca aberta.
Pedro - Ah não.
Eu - Ah não o que, criatura?
Pedro - Isso tudo acontecendo e eu parado nessa cama de hospital, comendo sopa aguada? Quero sair agora daqui! - ele fez menção de se levantar mas eu intervi.
Eu - Sossega o rabo aí, Pedrinho. Se tudo der certo, você sai amanhã.
Pedro - Negão, presta atenção.
Eu - No quê?
Pedro - Isso tudo aconteceu em quanto tempo? 24 horas?
Eu - Isso.
Pedro - Olha, se você já beijou o cara, discutiu com a vaca que é namorada dele e está tendo sonhos eróticos com ele... imagina o que vai acontecer em mais 24 horas? kkkkkkk
Eu - Você é muito besta mesmo, sabia?
Pedro - Sabia. kkkkkk
Eu - Você ri porque não é com você. - falei um pouco irritado com a situação.
Pedro - Me diz uma coisa: ele beija bem?
Eu - Que pergunta é essa, criatura?
Pedro - Que é que tem?
Eu - Você apanha do cara, vai parar em um hospital e ainda quer saber se o cara beija bem? Você só pode ser masoquista. kkkkkkkk - foi a minha vez de rir da cara daquele besta.
Pedro - Pára de fugir da pengunta e me responde.
Eu - Sim senhor Pedro Soares, ele beija bem. Muito bem. Agarra muito bem. Fala muito bem... com uma voz bem rouca... no meu ouvido...
Pedro - Eu sabia!!
Eu - Sabia o quê?
Pedro - Você tá gamadinho nele!!!!
Eu - Eu? Eu... eu não... não... - gaquejei.
Pedro - Está, está sim. Está até gaguejando. A última vez que eu te vi assim foi quando...
Eu - Não completa a frase, por favor.
Pedro - Ok, desculpe. Mas que você ficou gamadinho... ah isso ficou, não ficou, não?
Eu - Pára, Pedrinho. Está tão na cara assim?
Pedro - É só vê o jeito como você fica quando falou dele. Até sua voz mudou quando falou dele...
Eu - Chega dessa história, tá? Vamos mudar de assunto. Vamos falar de outra coisa.
Pedro - Tudo bem. Falaremos sobre o quê?
Eu - Sobre o próximo baile charme que nós vamos, por exemplo.
Pedro - Oba! No próximo eu vou, com certeza!
Tia Sueli - Ah é? Não sabia que tinha deixado você ir. - a tia entrou no quarto e eu nem tinha visto.
Pedro - Ah mãe, deixa vai... - ele fez cara de cachorro pidão. Essa criatura não presta!!
Tia Sueli - Vou pensar no seu caso. Agora você vai descançar um pouco, pode ser?
Eu - Opa, hora de sair. Tchau Pedrinho. - Cheguei perto e apertei a mão dele. - Até amanhã.
Pedro - Fazer o que, né? Até amanhã, Negão.
Tia Sueli - Marlon, sua mãe está te esperando lá fora. Ela quer falar com você.
Eu - Tá bom, tchau.
Tia Sueli - Tchau.
Saí e caminhei para fora do hospital. Sabia que estava acontecendo alguma coisa. Avistei minha mãe do lado de fora, não muito longe do hospital, em uma pracinha logo em frente. Sentei-me no banquinho na frente dela. Demoou um pouco até ela começar a falar.
Sara - Filho, eu preciso te contar uma coisa que... - do nada ela fez cara de paisagem e ficou olhando algo sobre meus ombros. Fiz menção de me virar para ver o que ela estava vendo mas ela segurou meus ombros. - Filho, eu...
Boa noite, amores. Bom, a história ainda está se encaminhando, ela vai enrolar só mais um pouquinho... mas vocês vão entender o porquê. Hoje não deu, mas no próximo prometo que respondo a todos os comentários. Vocês são de mais, agradeço de coração a todos os elogios, palpites e dicas que vocês me dão; muito obrigado!!! Criticas, comentarios, palpites e votos serão muito bem vindos. Lembrando que qualquer dúvida pode perguntar, ok?
Até quinta feira, amores :)