Como o ano já estava acabando e, consequentemente, o semestre também, o chororô era livre. Muita gente já ia desistir, então eu fui bombardeado por várias pessoas querendo que eu desse aulas de auxílio pra prova final, que seria já no sábado. Eu disse que concordaria em fechar uma pequena turma de no máximo 6 pessoas, porque na minha opinião, muita gente dá bagunça.
O combinado seria que eu daria aulas pra Larissa, Bianca, Claudia, o Vitanael, Carlos e pro Thácio. O problema é que nós não tínhamos nenhum local.
- Pode ser na minha casa, se vocês quiserem. Eu também tô fudido nessa matéria, por que não nos juntamos todos e pedimos pro Kadu dar aula? - disse Neto
- Você está atrasado! - Disse eu. Já faríamos isso, e não há mais vagas pra você. Por que não pede pro Lukas te ajudar? - aquilo saiu como uma granada nele. Meus amigos começaram a pedir pra a gente relaxar e tal.
- Oh, Kadu, não seja rancoroso e ciumento - ele deu um sorrisinho - lá em casa temos espaço pra todos, só depende de você.
Depois de muita insistência dos meus colegas, acabei aceitando. O combinado seria que começaríamos a partir do dia seguinte, as 14 horas, na casa do Neto.
No dia seguinte, acordei por volta das 12, almocei com minha madrinha e pedi pra ela me levar até a casa do Neto. O problema é que ela tinha uns problemas pra resolver num outro município e teria que me levar um pouco mais cedo. Como não queria gastar dinheiro com o taxi e não sabia pegar ônibus pra casa do Neto, resolvi aceitar a carona.
Chegando na frente de sua casa, desci do carro e minha madrinha fez seu ritual de sempre, me deu uma quantia em dinheiro e saiu em seu carro. Eu me sentei na frente de sua casa em baixo de uma árvore e fiquei com meus fones de ouvido. Vocês devem estar pensando "o que diabos ele fazia com celular e fone de ouvido no Rio de Janeiro", mas na época eu não tinha noção nenhuma do quão perigosa a cidade maravilhosa poderia ser.
Após alguns minutos, eu o vejo vindo em direção a mim, ele estava com uma bermuda xadrez, camisa sem estampa branca e uma sandália nos pés, além de segurar uns sacos na mão.
- O que tu faz aqui tão cedo? - ele perguntou, limpando o suor que escorria em sua testa.
- Só podia vir esse horário
- E por que não entrou?
- Não queria ficar sozinho com você - soltei de uma vez.
Ele respirou fundo e falou com uma voz doce.
- Vamos entrar? Sério, é perigoso ficar aqui fora.
Entrei com ele e uma mesa já havia sido colocada no meio do gramado que havia sido recentemente regado. Eu sentei numa das cadeiras e ele veio em minha direção, com dois copos e uma coca-cola de 600mL na mão.
- Eu quero saber por que diabos tu tá distante de mim - disse ele me olhando nos olhos.
- Eu é que te pergunto. Tu se afastou de mim.
- Tu só da bola pr'aquele tal de Pablo. Pablo pra cá, Pablo pra lá. A melhor opção que eu via era deixar você feliz com ele.
- Isso é muito gay da tua parte - eu ri. - Eu fiquei com raiva mesmo foi de você ter feito a merda da prova com o Lukas. Se tivesse feito comigo, teria passado direto.
- Porra, eu tava magoado. Não vou mentir, eu queria te atingir pra ver se tu vinha falar comigo.
Eu comecei a rir muito disso e ele riu também.
- Vai rindo, vai rindo... pensa que eu não sei que tu ficou com ciúmes
- Não fiquei - disse eu. Mas no fundo, eu tinha ficado mesmo.
Depois de mais um tempo os meninos chegaram e foi assim até a quinta-feira. Era legal dar aula pra eles, tinha palhaçada e seriedade neles ao mesmo tempo, estava feliz de ajudar meus colegas. O problema é que a casa do Neto ia ser dedetizada na sexta-feira, o que o deixou muito sem graça. Pediu desculpas e disse que não sabia e tal, o que ninguém se importou muito. O jeito seria arrumar uma nova casa.
Por um milagre divino, os irmãos da Bianca iam pra um passeio da escola e passariam o dia fora de casa, o que nos permitiu ter uma casa sem bagunça/zoada/choro de criança. Fomos todos até lá.
Eu como sempre fui o primeiro a chegar, minha madrinha tinha ficado o dia todo viajando pro outro município e nesse dia ela iria passar o fim-de-semana lá. Eu voltaria pra casa com o Neto e ele dormiria lá, já que a casa dele estava cheia de veneno ainda.
As horas iam passando e eles iam fazendo exercícios e eu os corrigia. Era a reta final pra prova que seria no sábado de manhã, até que o irmão mais velho da Bianca chegou lá na casa. Ele devia ter seus 30 anos, era bonito, tinha cara de mulherengo. Nos cumprimentou e ficou um tempão lá dentro.
O problema foi que algum tempo depois, eis que o destino resolve ser um no mínimo filho da puta comigo e quando eu menos espero, vejo o Pablo e outro cara adentrando a residência. Eu tentei abaixar a cabeça pra ele não me ver, porque o Neto também estava ali, mas não deu muito jeito: ele me viu.
- Kaduuuuuuu - ele gritou, fazendo com que quem estava estudando meio que se assustassem e olhassem pra nós dois.
- Ah, e aí Pablo - disse meio constrangido.
- E ai Pabloo - Bianca levantou-se e foi cumprimentar o que descobri ser o melhor amigo do irmão dela.
- E ai minha gatinha, quer dizer que tu faz faculdade com o meu rei? - disse Pablo, exibindo seus dentes perfeitos
- Faço faculdade com o seu rei sim. Rei que além de lindo, ainda é inteligente - ela me abraçou.
- Ei, não conta nada pra ninguém não, mas a gente tá namorando - disse Pablo
- Deixa de ser idiota - eu dei um tapa na barriga dele e a Bianca riu.
Nesse momento o irmão da Bianca já descia e se juntou a nós na zoeira, vocês sabem, né? Br é br!
- Bom pessoal, já to indo, Bianca qualquer coisa liga - disse seu irmão.
- Tô indo, tchau princesa - Pablo deu dois beijos no rosto dela (coisa de carioca) - e tchau amor - ele me abraçou apertado e me levantou, fazendo nós rirmos, de novo.
Quando dei por mim, vi que o Neto tava arrumando as coisas dele.
- Ué, pra onde cê vai - perguntei?
- Pra casa, não tô me sentindo bem - disse ele.
- Ué, espera eu arrumar minhas coisas pelo menos? - perguntei.
- Te espero no carro - disse ele, saindo que nem um touro pela porta.
Todo mundo estranhou a reação dele, mas nem ligaram. Eu disse que mandaria o gabarito por e-mail pra eles (Era 2012 e o WhatsApp não era tão popular) e eles apenas concordaram. Desejei boa sorte a todos na prova que seria no dia seguinte e me despedi de todos, pedindo desculpas pelo acontecido mais cedo com o Neto.
Sai da casa da Bianca furioso, e o Neto estava mais ainda. Entrei no carro e bati a porta com força.
- Que palhaçada foi essa, Joaquim Neto? - vocês não sabiam ainda, mas esse é o nome dele.
- Já disse, não tô me sentindo bem.
- Olha, tu podia pelo menos arrumar uma desculpa melhor. - eu realmente era tonto na época e não sabia que ele tava com ciúme.
Nós fomos em direção a minha casa o caminho inteiro brigando. O que ele havia feito era coisa de criança. Chegamos em casa e eu fui tomar banho, em seguida ele foi. Quando saiu do banheiro, eu já tava pegando os livros pra continuarmos estudando.
- Não tô mais com saco pra estudar não - ele disse.
- Como é que é? Neto, eu tô há uma semana tentando colocar a porra desse assunto na tua cabeça e tu simplesmente diz que não quer estudar? Vai se fuder
- Porra, tu fala que eu agi com falta de respeito, e agora quem tá agindo com falta de respeito é tu! Eu to com dor de cabeça, devo ter inalado veneno, sei lá, não tô bem. - ele se sentou na cama.
- Devia ter morrido - falei como impulso, bem baixinho. Mas não baixinho o suficiente pra ele não ouvirE ai people! Eu sei, eu sei que to em falta com vocês, mas é que você sabem, é fim de ano e tudo mais, alguns amigos estão se formando e esses dias basicamente se resumem a: colação de grau, festa de formatura e confraternização. Além do mais, minha casa tá em reforma, uma bagunça total já em clima de natal <3
Aliás, prometi que responderia os comentários, então lá vou eu.
(É u) - Aumentar o conto não é uma das minhas prioridades. A maioria dos leitores concordaram com o tamanho padrão que sempre escrevo. Leia as minhas notas nos capítulos anteriores.
(rewfew) - Pablo é mais velho, entende mais dessas coisas... Neto tem muito que aprender ainda. Sobre o ciúmes do Neto: já teve uma noção hoje, né? HAHA. Abraços.
(Soullithium) - Perdão. :-(
(Rôh) - Não dimiuirei, pode ficar tranquilo! Obrigado pela consideração. <3
(Alê8) - Eu que agradeço a você, sério. <3
(ale.blm) - Eu resolvi ler alguns contos daqui que se dizem reais... reais só se for num outro planeta, haha. Amor não é fácil, não é simples e não é perfeito, como muitos descrevem aqui. Obrigado por comentar e por ter gostado do conto.
(GUINHO) - Muito obrigado e aqui está mais um
(Ru/Ruanito) - Quem?
(M/A) - Responder comentários é uma forma de me aproximar dos meus leitores, conhecê-los melhor e eu gosto de fazer isso.
(Kevina) - Muito obrigado, Kevina. Te vejo sempre presente e ativa, comentando sempre, dando sua opinião, adoro você auahua, abraços!
(É u) - De novo, cara?
(thigor_ps) - Muitas águas ainda rolarão... Faça sua aposta e escolha o seu shipp, hehehe.
(Gabee) - O Neto tá confuso hhahh! Obrigado por comentar.
(Frãn *-*) - Aqui está mais um.
(liet#novinha...) - Muito obrigado pelo carinho, espero que tenha gostado, de verdade!
(coelinho33) - Não entendi a sua colocação :P
(Alguem93) - Aí está.
(Nefhero) - Cara, tipo, não tem como escrever do ponto de vista do Neto, até porque ninguém conhece o ponto de vista dele melhor do que ele mesmo, né? E não posso fazer isso, porque revelaria spoilers do conto, o que não quero. Mas quem saiba, não perca as esperanças!
(KayoB) - Quem sabe! HAHAHA, obrigado, querido
(ʚMahɞ Valério ❀✵) - Não sei se concordo muito, mas obrigado pelo comentário!
(Monster) - Obrigado, aqui está.
(Agatha28) - Será? haha, obrigado por comentar
($Léo$;)) - Obrigado, querido.
(guigo1) Aqui está mais um. Aliás, que frase mais bipolar, né? "minha" "nossa". UAHAUHUA q.