Dentro de Nós - Capítulo 13

Um conto erótico de Thomaz
Categoria: Homossexual
Contém 4410 palavras
Data: 16/01/2015 02:19:47
Última revisão: 16/01/2015 08:08:31

“Encontrar alguém que amamos e sermos amados é um sentimento maravilhoso, maravilhoso. Mas encontrar uma alma gêmea é um sentimento ainda melhor. Uma alma gêmea é alguém que entende você como nenhuma outra pessoa, que ama você como ninguém, que estará ao seu lado para sempre, independente do que aconteça. Dizem que nada dura pra sempre, mas acredito firmemente que, na verdade, para algumas pessoas, o amor continua vivo depois da morte...”. – P.S Eu te Amo

Se iria rolar algo ali ou não se continuássemos, não é possível saber. O sinal que nos permitiria a entrada tocara, e então os dois, que renderam alguns comentários (de Letícia, lembram), entram juntos na sala. Continuávamos ofegantes, e estávamos suados, eu imaginava o quanto isso estava parecendo estranho para os outros. Todos nos encararam, alguns rindo, e outros surpresos. William foi para o seu lugar, e eu fui sentar na frente da Juliane. Todos conversavam, e o professor não dava bola.

- Então, pra onde foram? – pergunta ela.

- Primeiramente, oi Juliane. Em segundo lugar, não fomos pra lugar nenhum. – respondo.

- Então por que chegaram atrasados?

- Aff, Juliane. Ele eu não sei, eu me atrasei por conta de umas coisas que aconteceram lá em casa.

- O quê?

- Acho que a minha mãe vai voltar com o Heitor.

- Sério? Ela é trouxa ou o quê?

- Eu não sei. Não vou ficar naquela casa se ele voltar.

- Vai fugir?

- Não exatamente. – comecei a pensar no que faria caso Heitor voltasse.

A aula correu normal, e no fim eu fiquei com William na frente da escola esperando o ônibus.

- Hey, por que o Samuel não veio? – pergunta ele.

- Eu não sei. Ele não precisa vir. – digo, e era verdade. Samuel estava dispensado das aulas por conta do repouso necessário para o início do tratamento.

- Ah, e como é que foi com ele hoje? – pergunta, sem olhar-me nos olhos.

- Hã? Como sabe que eu fui lá? – pergunto, sem entender.

- Você foi lá? – ele muda a expressão facial, e aperta os olhos.

- Eu fui... Mas como você sabe?

- Eu não sabia, eu só falei por falar! O que você foi fazer lá, Thomaz?

- Epa, eu fui falar com ele, ver como ele estava. Que saco, William!

- Desculpa, mas é que você sabe que eu ainda sou inseguro em relação a vocês dois.

- Acha que eu fui me encontrar com ele, que eu vou te trair? Eu não sou como você, que traiu a Sophia. Eu devia ter pensado nisso antes de ficar com você de novo, se traiu ela, quem garante que não vai me trair também? – digo isso sem pensar.

- Você é louco, Thomaz! – diz, gesticulando.

Mesmo afastados das outras pessoas que também esperam o ônibus, discutíamos através de sussurro.

- Foi mal, mas é isso, Will. – eu não queria que essa “discussão” se transformasse em algo pior, então decidi parar.

- Eu te amo, Thom. – ele aperta a minha mão.

- Eu também te amo... – digo com a cabeça baixa.

O ônibus chega e Will vai embora. Pego o meu caminho para a casa.

Ao chegar em casa, minha mãe me esperava, aflita.

- Filho, a gente precisa conversar. – diz, com voz triste.

- Não, mãe. Me deixa, por favor. – imploro, subindo para o meu quarto.

Troquei os curativos que minha irmã tinha feito na minha barriga, e passei uma pomada para ver se aliviava a ardência do meu olho, que ainda estava um pouco inchado. Não havia falado sobre o que havia acontecido na noite anterior para ninguém, a não ser para Lilly. William e Juliane não haviam perguntado nada sobre meu olho, o motivo de estar assim e eu agradeci mentalmente.

Era noite e eu só havia saído do quarto desde que cheguei da aula para ir tomar banho, depois me tranquei novamente. Ninguém ousou bater na porta, e eu estranhei isso, mas fiquei aliviado. Troquei mensagens com o William, Jade e Jéssica pelo resto da noite. Recorde, Jéssica e Jade estavam há um dia sem usar droga! Ambas inventaram uma desculpa para os pais, para explicar o sumiço no dia anterior, e parecem ter convencido eles. Não sei se elas ficariam mais tempo sem usar, porque segundo Jéssica, elas consumiam em um dia o que muitos viciados consumem em um mês. Fiquei sabendo que Jéssica quase teve uma overdose poucos dias atrás, e poderia ter morrido. Elas precisavam se internar, porque hora ou outra elas cairiam novamente.

As semanas passaram, basicamente, um mês. Nada havia rolado entre William e eu até então, ninguém havia passado dos limites. Jéssica e Jade acabaram pedindo para que Logan trouxesse droga para elas, para despistar-me de que elas não estavam mais indo para o beco. A única solução foi contar para os pais dela o que estava acontecendo, e então decidiram junto internar as duas em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos.

Pouca gente sabia do meu relacionamento com o William, quem sabia mesmo eram apenas os meus amigos mais próximos.

Ah, a quimioterapia do Samuel havia começado. Era uma vez por semana, 6 horas dentro da sala de quimioterapia, recebendo injeções na veia, transportando fortes drogas para todas as partes do corpo, na intenção de destruir as células que formavam o tumor e o tumor. Só o víamos pouco antes da sessão, e algumas horas depois, quando ele acordava e aparentava sentir-se bem. Hoje, haveria novamente, e eu iria lá. Ele estava internado desde a primeira sessão, e assim ficaria por quem sabe um bom tempo até ser liberado.

Julho de 2011, manhã do dia 21. Sete meses desde que cheguei a essa cidade e vivi todas essas coisas passaram muito rápido.

- Oi filho, bom dia. – diz minha mãe, beijando minha bochecha.

- Oi.

Minha mãe e Heitor haviam reatado, e desde então aquela casa virou um local de guerra. Agora Lilly e Eduardo também faziam parte do jogo do Heitor, e sempre eram colocados no meio da discussão. Todo mundo brigava. Eu só saía do meu quarto, ou aparecia em casa quando ele não estava. E falava pouco com a minha mãe.

Minha mãe sentou-se à mesa e serviu-se de café. Eu estava em pé, lavando meu copo que havia usado antes.

- Tenho que pensar no que dar pro William... – pensei alto, e minha mãe ouviu.

- Quem? – perguntou ela.

- Ah, nada. – desconversei – É um amigo que está de aniversário depois de amanhã.

- Hum, dê os parabéns por mim. – diz, sorrindo.

Seco o copo e o guardo no armário. Olho no relógio e eram 9:30, e Samuel a essa hora já estava no hospital tomando remédios pro organismo suportar as drogas usadas na quimio. Ou seja, eu já havia perdido a chance de vê-lo antes da sessão, só o veria depois. Bufei e saí da cozinha.

- Oi Lilly, oi Eduardo. – cumprimento, entrando no quarto deles.

- Oi maninho. – diz Lilly.

Eduardo apenas acena. Eles estavam montando a lembrança que entregariam no fim do casamento. Sim, eles estavam adiantados.

- Vou ficar aqui com vocês. – digo, sentando-me no tapete do chão ao lado deles.

- Ok. – diz Eduardo.

- Dudu, o que você deu pra Lilly quando fizeram um mês juntos? – perguntei aquilo do nada, podia ter perguntado o que dar de presente pra alguém muito especial ou coisa assim.

- Hã, um buquê de flores, e um colar com o meu nome – diz ele –, você não lembra?

- É, não. Faz tempo isso.

- Mas não faz um mês que você está usando essa aliança aí. – Eduardo aponta a aliança de prata que uso, a mesma que Samuel continua a usar.

- Não é de namoro – digo –, e não sou eu quem vai dar o presente.

- Ah, tá.

Lilly manteve-se concentrada em montar as lembrancinhas, apenas Eduardo se manifestava. Fiquei ali com eles por mais um tempo e quando deu 11 horas eu fui me arrumar para a aula.

Fui para a escola trocando mensagens com o Will, e quando cheguei lá ele me esperava no portão, sorrindo.

- Oi amor. – sussurrei para ele quando já estava perto.

- Oi, meu anjo. – respondeu, também sussurrando.

Fiquei um pouco vermelho na hora, mas passou.

- Vamos entrar? Ou você quer ficar aqui na rua? Ou quer ir pro jardim, banheiro?

Quanta pergunta!

- Jardim. – respondo, e vamos até lá.

Estávamos no inverno, e as plantas floríferas começavam a criar brotos, para que na primavera enfim florescessem, eu estava esperando por esse momento. Fazia frio e ventava forte nesse dia. William e eu usávamos um moletom, o dele preto e o meu azul.

- O que aconteceu? – perguntou.

- Do que você tá falando? – eu não havia entendido.

- Você não parece animado hoje.

E eu não estava mesmo. Eu estava com a cabeça cheia, precisava espairecer.

- Eu estou bem, Will. Tá tudo bem. – digo, estava com a garganta seca.

Will se aproxima de mim e acaricia meus cabelos. Eu baixo a cabeça e então ele segura meu queixo, erguendo-a novamente. Ele olhava sério para mim, parecia preocupado comigo.

O clima ali não estava legal. Sorri, para tentar quebrar o clima, mas ele continuava sério.

- O que foi, Will? – pergunto.

Will aproxima seu rosto do meu e me beija calmamente. Retribuo o beijo no mesmo jeito, calmo.

- Eu quero te ver bem, eu quero te ver feliz e não assim como você está. Eu te amo, meu amor. – diz ele, beijando-me novamente.

Ficamos nos beijando por algum tempo, e fomos terminando em selinhos. Durante a aula William vivia tentando me animar, ele fazia algumas brincadeiras comigo e media esforços pra eu ficar feliz. E ele estava conseguindo, eu já estava começando a esquecer dos meus problemas.

- Então, você vai lá ver o Samuel agora? – perguntou, estávamos saindo da sala no final da aula.

- Vou passar lá em casa primeiro – fiz uma pausa –, você quer ir comigo?

- Hã, tem algum problema se eu quiser ir?

- Claro que não, vai ser até bom. – digo, sorrindo.

- Por quê? – ele faz uma cara de desconfiança.

- Porque vou ter que passar em casa antes, então minha mãe vai te conhecer, e aí vocês vão virar amigos, e vai ser melhor pra quando a gente se apresentar como namorados.

Ele me encara por alguns segundos e logo solta um sorriso de orelha a orelha, e fica todo vermelho. Já tínhamos deixado à escola, estávamos indo para a minha casa.

- Então você quer assumir o nosso namoro pra sua mãe, contar que você é gay?

- É – sorri – é isso aí.

- Eu te amo, cara!

William me abraçou no meio da rua, rapidamente me soltou e olhou ao nosso redor.

- Vamos contar pros nossos amigos também? – pergunto.

- É, é melhor contarmos de uma vez, porque aí poderemos agir de forma normal sem ficar causando desconfiança.

- Mas e os seus amigos, os “machões”? Não acha que vai chocar eles?

- Acho, mas eu não ligo. – e sorri.

Sorri também.

- Ah, e também preciso falar com os meus pais. – diz.

Sorri.

- Mas e o seu padrasto? – ele fica sério – Você não acha que isso vai gerar mais uma discussão?

- Tá aí. – comecei a pensar.

- Não quer pensar a respeito? Podemos deixar isso pra mais pra frente.

- Não Will, eu preciso contar.

Ele sorri. Paramos em frente a minha casa.

- Quer entrar? – convidei-o. Ele parecia inseguro no começo, mas concordou.

Entramos dentro de casa e minha mãe estava conversando com Heitor. Mudei completamente minha expressão facial.

- Oi mãe, vim só tomar um banho pra ir ao hospital ver o Samuel, tá?

- Tudo bem, filho. – diz ela, sorrindo.

Faço um gesto para que William entre, e ele entra, envergonhado.

- Quem é esse? – pergunta Heitor, desconfiado.

- Eu sou amigo do Thomaz. William, prazer em conhecê-lo senhor. – cumprimenta ele, estendendo a mão.

Eu subo a escada lentamente, disfarçando um sorriso e então chego ao andar de cima, e fico escutando a conversa escondido ao lado da escada.

- Eu sou Heitor, pai do Thomaz. – fervi ao ouvir isso e quase volto lá pra baixo.

- Padrasto. – corrige William, com a voz mais grave.

- É. – Heitor fica sério e não fala mais nada.

- E então, conheceu meu filho na escola? – pergunta minha mãe.

Eu continuava escutando a conversa.

- Ah, sim, sim. – ele responde – O Thomaz é sem dúvidas um dos melhores amigos que alguém pode ter, eu admiro muito ele. Ele é uma ótima pessoa, eu agradeço a Deus por ser amigo dele. – diz isso com a voz agora muito mais calma.

Não consigo segurar meu sorriso lá em cima.

Lilly sai do quarto e me encontra sentado perto da escada.

- Sh, sh, sh, sh, sh! – faço um gesto pedindo silêncio.

- O que você tá fazendo aí? – pergunta sussurrando.

- Nada, nada. – me levanto e busco minha roupa para tomar banho.

Alguns minutos depois eu saio do banheiro, já pronto para ir pro hospital. Eu estava usando um moletom e uma calça saruel. Arrumei o cabelo e o tapei-o com a toca do moletom (?). É, eu estava “ajeitadinho”. Passei pelo quarto da Lilly e do Edu e ouvi um “fiu, fiu” do Eduardo.

- Tá gato. – diz Lilly, ao passar por mim quando eu estava descendo as escadas.

Começo a rir e então olho para William, ele estava olhando para mim e parecia desligado de tudo. Olho para a sua boca e percebo ele falar, em tom inaudível: “Ual”. Olho para minha mãe e para Heitor, eles também estavam me olhando.

- Tem certeza que vai pro hospital? – pergunta Heitor.

- Claro. – respondo, agora sério.

- Você tá lindo, filho. – diz minha mãe.

- Bom, eu vou ir. - digo, olhando para a janela.

Digo isso e olho para William, ele continuava mudo, e com a boca um pouco aberta.

- Fecha essa boca e vamos. – sussurro para ele, que pisca algumas vezes e então se toca.

- Ah, sim, tá. – diz ele.

- William, venha mais vezes aqui, querido. Você é um ótimo rapaz. – diz Dona Beatriz, com um mega sorriso no rosto – Thomaz, traga seu amigo mais vezes aqui.

- Tá, mãe. Tchau pra vocês. – me despeço, puxando William pelo braço para fora da casa.

Na rua, não abrimos a boca por alguns minutos. Nesses minutos, William não parava de me olhar, estava ficando cansativo. Olhei para ele e parei de andar.

- Quer parar? Perdeu os olhos? – perguntei.

Ele sorri, e continua a me olhar.

- Você tá muito lindo, amor. – diz, com brilho nos olhos.

- Hã... – fico sem saber o que falar – Obrigado, amor...

É eu perco todas as minhas funções cerebrais quando recebo um elogio. Voltamos a andar.

- O que você disse para a minha mãe, sobre eu ser uma ótima pessoa e, ah, você sabe – faço uma pequena pausa e olho nos seus olhos -, é verdade?

- Claro que é. – diz, ainda sorrindo e me olhando – Azar de quem não te conheceu, e idiota quem acha que você não é um amigo de verdade, um amigo pra se dar valor.

- Cara, é por isso que eu te amo.

Ele solta um sorriso bobo.

- Então você me ama. – diz.

- Amo, amo muito!

Como a rua estava vazia, puxei-o para mim e o beijei.

- Você tá muito cheiroso, amor! – diz, com o nariz no meu pescoço sentindo o cheiro do meu perfume – Assim as gatinhas vão cair em cima de você.

- Que nada, amor.

Sorrimos e fomos conversando até chegar no hospital. Lá ficamos sérios o tempo todo.

Carolina e Joel estavam sentados no sofá, Beth e Anderson não estavam ali. Sentei-me ao lado de Carolina e William do meu lado.

- Já acabou? – perguntei.

Era 18h16min, completando às 6 horas de quimio.

- Sim, faz alguns minutos. Ele está no quarto, dormindo. – diz Carolina.

- Já deram os remédios pra ele?

- Os outros sim, comprimidos. Daqui a pouco você pode ir vê-lo, quando o médico aparecer.

- Você viu ele? – pergunto.

- Não, mas você pode ir primeiro, vocês dois. – ela aponta a William.

- A Beth e o Anderson?

- Eles estão em casa, foram embora um pouco antes de chegarem. Estavam sem dormir desde ontem, ficaram cuidando dele no nosso lugar.

- Estão revezando? – pergunta William.

- Sim, um dia eles e outro nós. – responde Joel.

Esperamos por cerca de uma hora. William estava quase dormindo no sofá, e então o médico aparece. Doutor Pedro senta-se no sofá, ajeita o óculos e começa a fazer algumas anotações em sua prancheta.

- Hum. – murmura.

Olhávamos para ele esperando se pronunciar.

- Começamos as sessões em 9 de junho, certo? – indaga.

- Sim. – digo.

- Hum, um mês de tratamento, sete sessões contando com a de hoje... Hum, ok. – ele suspira.

Entreolhamos-nos, com dúvida.

- Bom. Dona Carolina, senhor Joel... As sessões semanais passarão a serem realizadas agora a cada 21 dias a partir de semana que vem.

- Mas por quê? – pergunta Carolina.

- O Samuel precisa descansar, ele precisa se recuperar da ação da medicação e o corpo precisa formar novas células, precisa se fortalecer. – inicia o médico – Nesses 21 dias, ele poderá ficar em casa, caso esteja bem. Caso não esteja, permanecerá internado.

- Ah. – ela respira fundo.

- E como ele está? – pergunto.

- Ele parecia bem ao fim da quimio, mas estava cansa...

- Não – ri –, como está o tumor, as células do tumor, isso...

O médico fica em silêncio por alguns minutos.

- Olha, estava esperando me perguntarem isso. Ele regrediu satisfatoriamente, mas não é o suficiente, precisamos de mais.

- Mas regrediu, o tumor regrediu! – quase pulo de alegria ao ouvir isso.

Carolina, Joel e William sorriram e uma lágrima escorre do olho de Carolina.

- É isso. – ele olha no relógio – Quem vai vê-lo agora?

- Os dois. – Joel aponta para William e eu.

- Podemos ir? – pergunto ao doutor Pedro.

- Sim, claro, me acompanhem.

Caminhamos até uma sala, que não era o quarto do Samuel.

- Vistam isso. – ele nos entrega uma roupa especial – Não estão gripados, certo?

- Certo. – diz William, vestindo a roupa.

- Ok, vou esperar ali fora. – diz o médico, se retirando da sala.

Olhei para William, e sorri.

- Está dando certo. – disse.

Ele assentiu e sorriu também.

- Vamos? – pergunta.

Concordo. Caminho para fora da sala e seguimos o médico até o quarto 29, o de Samuel.

- Podem entrar. – ele abre a porta para nós e entramos.

Samuel estava de olhos fechados e usando um aparelho de ar. Estava usando uma toca, pois havia raspado a cabeça antes mesmo de iniciar as sessões. ALIÁS, fiz isso também, não na zero, mas ficou parecido. Porém meu cabelo cresce rápido, e já não conseguia ver a parte branca da minha cabeça. Rasparia novamente, talvez.

Aproximei-me da cama, e sentei-me na beirada dela. Samuel abriu os olhos lentamente e sorriu ao me ver. Olhei para trás e William estava sentado na poltrona do acompanhante, e estava sorrindo. Eu sorri também.

- Oi... – disse ele, com a voz rouca e cansada.

- Oi Samuel. – passei a mão em seu rosto – Como você tá?

- Cansado. – responde, com dificuldade.

- Seu tumor regrediu – digo.

- É sério? – pergunta.

- Pois é, seu “câncer terminal” não parece ser tão terminal assim. – brinco.

- Semana que vem é minha última sessão semanal! – diz, sorridente.

- É, rapaz. Você vai poder ir pra casa.

- Ufa, ficar aqui nesse quarto e naquela sala durante um mês não é legal.

- Fique feliz que você ficou só um mês, podia ficar aqui por anos fazendo o tratamento.

- Verdade, obrigado Deus! – ele tenta erguer os braços – Ih, não dá não.

Sorri.

Conversamos mais um pouco, e nos despedimos. Saio do quarto e me despeço também dos pais de Samuel e então deixo o hospital.

Eram quase 21hrs, mais precisamente 20h51min. O último ônibus que passa perto da casa de William era às 20h30min.

- E agora, Will? – pergunto – Daqui até a sua casa é longe, não acha?

- Sim, mas dá pra eu ir. – diz.

- Não, vamos lá em casa que eu peço pro Eduardo te levar ou, ou... – faço uma pausa e William demonstra um olhar malicioso – ou você pode dormir lá em casa.

- Eu queria muito, mesmo. Mas eles mal me conhecem, amor.

Estávamos parados em frente ao hospital ainda.

- Vamos lá, não vou deixar você andar isso tudo.

- Ai, ok, você venceu.

Sorri.

- Vem.

Após alguns minutos de caminhada, conversando, rindo, brincando, zoando, etc., chegamos a minha casa.

- Entra. – digo isso rindo, após destrancar a porta.

- Tá. – William entra e cumprimenta minha mãe e minha irmã.

Minha mãe estava sentada a mesa, folheando uma revista de moda para noivas junto com Lilly.

- Oi gente. – cumprimento as duas.

Heitor não estava lá embaixo, nem Eduardo. William estava parado do meu lado, mando-o sentar e ele o faz.

- Cadê o Eduardo? – pergunto, olhando para Lilly.

- Ele só volta às três.

- Quê? As 3h da manhã? – desvio o olhar a William, que estava sem expressão no rosto.

- Sim, por quê? Ah já sei, ia pedir pra levar o William pra casa.

- Isso. – diz ele.

- Se o carro estivesse aqui, eu te levava. Sinto muito.

- Tudo bem. – responde, por fim.

- Então, mãe. Não tem como ele ir embora... – digo e caminho até dona Beatriz – Ele pode... Dormir aqui?

- Se ele falar com a mãe dele e ela permitir, sim.

- Ah, e por que não pede pra sua mãe vir te buscar?

- O carro dela tá quebrado. – mente.

- Ah... Então, se não tem outra escolha.

- Vou ligar pra mãe dele. – digo – Vem.

Chamo-o para subir e vamos até meu quarto. Ofereço um pijama para William e uma cueca, mas ele prefere não aceitar a cueca, então tá. William toma um banho não tão demorado quanto o meu, e logo reaparece no quarto com o pijama que eu emprestei. Por William ser mais encorpado do que eu, o pijama ficou um pouco justo nele.

- Vou comprar roupas maiores para esses imprevistos. – digo, rindo.

Eu estava deitado na minha cama (de casal), então William dormiria comigo, apesar de que dona Beatriz sugeriu que eu dormisse no chão (?).

- Deita aqui.

Bato duas vezes minha mão sobre o lado vazio da minha cama e William sorri, deitando-se.

- Vamos fazer um mês depois de amanhã. – diz, empolgado.

Sorri.

- Sim. E o que vai me dar de presente? – pergunto.

- Algo bem especial, um presente para nós dois, e eu tô torcendo muito para que você goste e aceite, claro. – disse pausadamente.

Aí que um turbilhão de coisas invadiu minha mente e comecei a imaginar o que ele me daria.

Era inverno, mas estava fazendo calor, ou eu estava sentindo calor (rsrs). Resolvi tirar minha camisa. Deitei novamente ao lado de William e ele me puxou para cima dele.

- Deixa eu ver isso aqui. – disse ele, olhando-me do começo do meu peitoral até minha cintura – Seu gostoso.

William beija meu mamilo esquerdo, e dá umas mordidinhas. Não fui capaz de segurar um gemido, ele riu e parou.

- Que foi? – perguntei.

- Você gemeu alto, rapaz. Foi engraçado. – disse rindo.

William percebeu que eu não tinha achado engraçado.

- Desculpa. – disse isso e parou de rir.

Deitei-me novamente, pensei um pouco e então comecei a rir.

- Do que você tá rindo? – perguntou, tirando a sua camisa.

- É, eu gemi alto.

Ele ri.

Olhei para a calça de pijama que William estava usando, ajustada perfeitamente em seu corpo, também exibia a saliência do volume de William.

- Tira o olho daí, oh safado. – disse.

William apoiou seu braço no colchão e ficou por cima de mim, sem tocar nenhum músculo.

- Eu quero ficar com você pra sempre. – disse, olhando nos meus olhos.

- Will, eu sou seu, o meu coração é seu, eu pertenço somente a você... Eu vou ficar contigo pra sempre, amor.

William sorriu e nos beijamos, e pesou seu corpo por cima de mim. Agora estávamos colados, e hora ou outra ele roçava seu pau dentro da calça na minha coxa. Nossas línguas se entrelaçavam e dançavam dentro das nossas bocas, num ritmo feroz. Eu estava começando a ficar sem ar. Will estava com as duas mãos na minha cabeça, enquanto eu estava com um braço envolvendo seu pescoço, e com uma mão no seu peito, sentindo seu coração acelerar cada vez mais. Ouço um barulho na porta e por impulso, empurro Will para o outro lado da cama. Nesse momento, respirei fundo todo o ar que circulava no meu quarto. Caso eu continuasse o beijo por mais alguns segundos, era capaz de eu morrer asfixiado.

Lilly quem provocou o barulho. Ela abriu a porta do quarto e entrou, parando ao lado da cama.

- Que isso gente, veste uma camisa, não estão com frio? – perguntou ela.

Lilly estava tremendo de frio, mesmo usando um moletom quente do Edu. Enquanto que eu e William, além de estarmos sem camisa, estávamos suando. William estava tentando de alguma forma respirar sem ofegar, parecia que ia desmaiar. Coitado.

- Ah, a gente estava com o ar condicionado ligado até agora. – digo, apontando ao aparelho na parede um pouco a frente.

Lilly rapidamente olha para o aparelho.

- Mas está desligado. – diz.

- Eu disse que “estava” com ele ligado até agora, cara vai se tratar dessa sua lerdeza pra entender as coisas, viu?

- Idiota. – diz, abrindo a porta para sair do quarto.

- Vou trancar a porta. – digo, levantando-me e indo em direção à porta. Tranquei-a e retorno para a cama.

Will me fitava, e agora respirava normalmente. Olhei no celular a hora e passava da 00h.

- É amanhã. – disse a ele.

- O quê? – pergunta.

Mostro a hora para ele e ele sorri.

- É, nosso tão esperado primeiro mês. – diz, ainda com o sorriso maravilhoso dele no rosto.

Fiquei na dúvida se continuaríamos de onde paramos ou não. Olhei para o órgão de Will, e não estava mais como antes, tinha amolecido. Lilly sempre estragando os bons momentos.

- Quer dormir? – perguntei.

Seus olhos pareciam pesar.

- Eu consigo aguentar meu sono mais um pouco...

- Não, Will, relaxa – dei um selinho nele –, ela cortou o clima.

- É – ele sorri – Mas vamos ter outra oportunidade, sempre tem!

- Claro que sim.

Nos beijamos novamente. Apaguei a luz e deitei no peito dele, mas não consegui dormir, só conseguia pensar no que teríamos feito caso Lilly não tivesse aparecido, e no quão disposto eu estava a fazer isso quando o Will quisesse. Passei a noite em claro, vendo-o dormir, e acariciando seu rosto.

=

Aí está então, falta pouco pro fim </3 William e Thomaz quase tiveram a primeira noite deles; um sinal bom no tratamento de Samuel; Acho que é isso. Bom, eu comecei a escrever o capítulo 14, mas tô escrevendo pouco a pouco, então acho que só posto aqui dia 23(sexta-feira) mesmo. Obrigado pelos votos e comentários e até o próximo, beijos.

Anjo Apaixonado - é um pouco difícil, mas quem sabe um dia? Hahaha

viinikauan - É uma pena, mas por um lado ele estava certo. Deviam mesmo, né? Até, beijos

ʚNihɞ Fernandes - Pois é, obrigado por acompanhar :D

Geomateus - Obrigado :D

Guga Oliver - Sim, aquele não teve muito romance mesmo, mas acho que esse compensou pelo menos um pouco rsrs Obrigado por acompanhar

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Comentários

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haha esse william é um ffofo mesmo, me apaixonei rsrs brincadeira rsrs ta otimo e n demora n

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E como compensou!!!! A meio o capitulo e espero q VC não pare de escrever.. Amo sua narrativa *-*

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