“A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá” – Roda Viva, Chico Buarque
Demorou apenas uma semana para Gean e Gabriel ficaram após a nossa conversa. Gabriel estava gostando de Gean e a recíproca era verdadeira. Eles eram um casal muito fofo. E nota: não era segredo para ninguém. Foi um choque para todos quando eles apareceram namorando na escola.
Alguns acharam legal, mas os ex-amigos de Gean odiaram. É claro, perderam uma mansão para fazer festa, uma piscina gigante para nadar e um cara que bancava tudo para eles.
Meu pai nunca disse, mas ele não gostava do Gabriel. Justamente pode ele ser gay e tals. Quando ele ficou sabendo do namoro do Gean e do Gabriel, ele disse que isso não era de Deus.
Por outro lado, minha vida estava muito perfeita. Eu via Raul sempre agora. Quase todo final de semana tinha “pool party” na casa do Gean. Geralmente iam eu, Gabriel, Raul, Matheus e a namorada.
A gente aproveitada a tarde inteira na piscina e depois... bom... acho que vocês sabem o que acontecia né kkkkkk. É bem verdade que Raul tinha um sonho que eu compartilhava: fazer um ménage à catre com Gean e Gabriel. Mas a gente tinha medo de pedir e eles ficarem putos. Gabriel era meu melhor amigo e tals...
Cada vez mais que se aproximava do ENEM eu estudava cada vez mais. Eu, Gabriel, Gean e Matheus fazíamos grupo de estudos para otimizar nosso resultado.
Eu estava adorando essa minha vida. Eu estava muito feliz naquele momento. Um dia, andando de carro com meu pai e conversando sobre esses assuntos de faculdade e vestibular eu disse, meio tímido:
- Pai... Eu posso falar um negocio para o senhor? – Ele estava dirigindo e disse:
- Claro, meu filho! O que é? – Eu respirei fundo e falei:
- Eu quero ser engenheiro, igual o Marco – Meu pai me olhou, deu um sorriso e perguntou:
- Mas você não queria ser médico, filho?
- Não. Quer dizer, sim. Mas, agora, estudando mais, eu acho que prefiro muito mais engenharia e tals. Eu continuei na ideia de médico para agradar o senhor mas... Eu não seria feliz como médico, eu acho.
- Bom, se é assim, que assim seja! Ficarei orgulhoso de você.
Depois disso eu fui para casa muito mais tranquilo. Contei para Gabriel que meu pai estava deboa com relação a eu fazer engenharia. Ele também estava contente com isso.
O namoro de Gabriel e Gean era o relacionamento mais estável e perfeito que existia. Eles eram amigos, amantes. Nenhum deles era o “líder” da relação, que mandava e o outro obedecia. Eles tomavam as decisões juntos e tudo mais. Até as DRs vinham nos momentos certos e, segundo Gabriel, o sexo era, segundo ele, inspirador.
Eu ficava com um pouco de ciúmes. Depois que Gabriel começou a namorar, eu e Matheus ficamos em seu segundo plano. Não que ele não falasse mais com a gente, ou saísse conosco, muito pelo contrario, mas ele dava muita atenção para o Gean, não era para menos.
Depois de um tempo, comecei a me sentir sozinho. Matheus... Namorando. Gabriel... Namorando. Eu... Sozinho.
Você deve estar pensando “E o Raul? O que aconteceu com ele?”. Vou lhes contar.
Depois de um mês do inicio do namoro do Gean e do Gabriel, eu e Raul nos víamos todos os finais de semana possíveis. Ele morava bem perto da minha cidade e vinha bastante para cá.
Houve uma ocasião que na cidade dele, teve um show do Henrique e Juliano, e eu, junto com meus amigos fui, meu pai levou a gente. Pedi para Gean e Gabriel não “demonstrarem afeto” no carro. Eu sabia que meu pai ia dar ruim. Ele aceitaram deboa.
O show foi excelente. Contamos muito, choramos muito (bêbados sendo bêbados). Nos pegamos muito, escondidos é claro.
Naquela noite na casa do Raul foi quase um motel. Seu pai não estava em casa então resolvemos aproveitar hehehe.
Enquanto eu comia ele num quarto, eu escutava Gabriel gritando no outro. “Será que é essa gritaria toda vez que eles fazem sexo?” eu me perguntava. Enquanto isso, Matheus e sua namorada fodiam na sala.
Acordei no outro dia melado. A gente não tinha tomado banho depois da foda. Eu também estava de ressaca. Raul já havia arrumado café da manhã para a gente. Todos tomamos café meio que de ressaca. Mas foi legal.
Depois disso, Raul veio até mim e me chamou em um canto:
- Samuel, a gente pode ir dar uma voltinha? – Ele estava com a cara fechada.
- Podemos, claro. Aconteceu algo? – Ele respirou fundo e me falou:
- Sim, mas aqui não é o lugar para a gente conversar. Vamos, o carro já está na rua.
Segui ele até o carro. Nós entramos e seguimos. Andamos por algum tempo em uma estrada de terra. Chegamos até o alto de uma serra, que tinha uma vista magnifica. Descemos do carro e sentamos no capô do carro, observando a paisagem. Raul me beijou.
- Agora você pode me falar o que aconteceu? – Perguntei.
- Samuel... Eu tenho uma péssima notícia para você. – Uma lágrima escorreu do olho dele.
- O que é? O que aconteceu? – Perguntei, apreensivo.
- Eu... Eu vou me mudar
- Mudar para onde? Vai voltar para o Rio de Janeiro? – Olhei para ele curioso.
- Quem dera. Eu vou me mudar para Dublin, Irlanda.
Pra mim foi um choque. Ele estava indo embora do Brasil. Como que podia isso? Custava eu achar alguém decente, e essa pessoa ia embora do Brasil. Abracei Raul e fiquei em silencio. Ele chorava. Eu chorava.
- Eu volto. Eu prometo que eu volto. Eu te amo Samuel. Eu te amo. Eu volto... – Ele chorava muito. Eu nem tanto quanto ele.
- Quando você vai? – Perguntei, limpando as lágrimas
- Semana que vem. Mas vou amanhã para o Rio de Janeiro. Eu te amo.
Fizemos um sexo triste ali antes de Raul ir para Dublin. Depois disso, ele me deixou na casa dele e saiu, não sei para onde. Durante muito tempo, foi a ultima vez que vi ele.
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Pessoal, ta ai meu novo capítulo! Espero que gostem! Desculpa não postar ontem, eu tava na casa do meu boy magia rsrsrsrs sabem como é né hehehe beijão!