Foi uma época em que só ia para a série seguinte quem fosse aprovado nas avaliações. Quem não conseguisse, repetia o ano e era chamado “aluno repetente”. Por isso em minha turma do quarto ano havia alunos mais velhos, alguns deles várias vezes repetentes.
Valmor era um desses casos perdidos. Sempre bem arrumado e asseado, unhas cuidadas, cabelos lisos recortados, tinha a aparência de bom aluno. Mas era só aparência. Nas aulas, vivia dizendo gracinhas e fazendo palhaçadas, não raro sendo excluído da sala pela professora.
No intervalo das aulas, só falava sacanagem, deixando a impressão de possuir muita experiência em sexo.
Ele tinha quatorze anos, idade em que a libido aflora à pele. Quanto a mim, apesar do aparecimento dos primeiros pelos pubianos, eu não ainda não havia despertado para a curiosidade em relação ao sexo.
Aconteceu então que, certo dia, a caminho da escola junto com ele, pois morávamos na mesma rua, ele lançou à queima-roupa:
— Sabe bater punheta?
Eu sabia do que se tratava, mas, talvez devido ao fato de conviver com três irmãs, eu nunca sentira vontade. Por isso respondi que não.
— Vou te ensinar — disse ele.
Pela primeira vez fiquei curioso. Desviando do caminho da escola, eu me embrenhei com ele no matagal que rodeava a vila. Após vários minutos de caminhada, paramos ao pé de uma árvore e ele me disse para pôr o pinto para fora.
Fiquei com vergonha. Ele insistiu, disse que depois me mostraria o dele. Acabei concordando. Então ele segurou o meu pauzinho entre os dedos polegar e indicador e começou a fazer um movimento delicioso.
— Não é bom? — perguntou.
— É...
— Observa bem, pra depois fazer em mim.
Eu chegava a tremer nas pernas sob o efeito das sensações maravilhosas que sua mão me proporcionava. Aquilo era bom demais.
— Você não goza? — perguntou.
Minha expressão de ignorância dizia tudo. Ele retirou a mão de meu pinto durinho e disse:
— Agora faz em mim.
Como já contei, eu tinha três irmãs, que eu já vira peladinhas. Não era novidade para mim o que elas tinham entre as pernas. Novidade, sim, foi o que Valmor me apresentou, encostado na árvore, com a calça abaixada até os joelhos.
— Que grande! — exclamei.
Tendo levado sempre uma vida caseira, raramente participando de brincadeiras com os outros meninos, eu nunca tinha visto órgão masculino a não ser o meu, ou, esporadicamente, o de algum menino pequeno. A visão do pau de Valmor, comprido e ereto, com a pele um pouco escura em relação ao resto de seu corpo mexeu com sentimentos que eu tinha latente em algum lugar do inconsciente. Era bonito, com a glande semicoberta e o tufo de pelos acima. Novamente minhas pernas tremeram. E também a mão, que estendi para segurar aquele apêndice fascinante e fazer o que ele acabava de me ensinar.
— Tá bom assim? — perguntei.
— Tá...
Eu fazia movimentos de vaivém, observando o ir e vir da pele sobre a glande, cobrindo-a e descobrindo-a alternadamente. Então ele disse “mais depressa”, eu acelerei o ritmo e pela primeira vez vi jorrar o líquido esbranquiçado e espesso que se espalhou pelo chão. Em seguida, ele segurou minha mão para interromper o que eu estava adorando fazer.
— Isso é que é gozar — explicou ele.
— O que é que a gente sente? — perguntei vendo seu pau perder a rigidez.
— Quando a gente goza — disse ele — é como... é difícil de explicar. É uma coisa deliciosa.
— Posso fazer de novo? — ofereci.
Ele disse que agora não. Mas como tínhamos muito tempo, podíamos ir a um lugar que ele conhecia. Lá ele me ensinaria outras coisas, explicou tirando do bolso dois chicletes, que fomos mascando pelos atalhos entre as árvores, a fim de evitar as ruas. Afinal, estávamos fazendo gazeta, algo a que Valmor estava acostumado (por isso era repetente); mas eu, não. Por isso a situação me preocupava um pouco. Mas só um pouco. Porque a vontade de repetir tudo era mais forte.
Ansioso por conhecer as “outras coisas” que ele prometera, entrei com ele numa casa num terreno que o mato havia tomado conta. O estado da madeira indicava abandono de longa data. Mas tinha porta, que ele tratou de trancar, escorando-a num pedaço de tábua que parecia estar lá para esse fim – precaução inútil, pois de uma das janelas restava apenas a moldura, através da qual entrava a luz do dia.
— Você vem sempre aqui? — perguntei enquanto ele tirava os sapatos e a roupa.
— Às vezes — respondeu ele levando-me para um colchão fedorento cheio de manchas próximo a uma velha pia cuja torneira pingava água e sobre a qual jazia um sabonete.
Eu quis perguntar “com quem?”, mas eu já estava deitado e ele estava por cima de mim, beijando-me com gosto de chiclete. Foi um beijo profundo, dominador.
Logo em seguida, ele me disse para ficar pelado.
Era o mês de junho. Senti frio ao tirar as roupas. Então ele me abraçou e nossos corpos ficaram colados, peito com peito, pernas enroscadas, os pênis roçando-se, sua mão deslizando por minhas costas e nádegas.
Mas eu queria mesmo era segurar seu pau, cujo contato contra meu corpo indicava estar novamente duro. E foi o que fiz. Sentando-me no colchão, envolvi seu pau com meus dedos e iniciei outra masturbação. Era tão bom...
Eu não queria mais nada.
Mas ele queria.
— Agora vou te ensinar outra coisa — disse ele.
Ele me fez deitar novamente, deitou-se entre as minhas pernas, segurou e abocanhou o meu pinto durinho. Nossa! O que era aquilo? Jamais eu imaginara tantas e tão intensas sensações. Ele mamava, sugava, lambia. Eu me contorcia sob o impacto daquele prazer desconhecido que arrancava gemidos do fundo de minha garganta. Então tive o meu primeiro orgasmo.
— Você gozou bem pouquinho — disse ele.
— Pouquinho?!
Ele se referia à quantidade de esperma, que ele havia engolido sem nenhuma dificuldade, ensinando-me, na prática, como encerrar um boquete com chave de ouro: sem se retirar na hora agá, o que é frustrante, e sem cuspir o resultado do orgasmo do parceiro.
E foi imaginando o sabor do esperma que, após jogar fora o chiclete, eu retribuí o grande prazer que ele havia me proporcionado. A única diferença era que, devido às dimensões de sua pica, eu não conseguia pôr tudo na boca. Mas era gratificante fazê-la deslizar entre meus lábios e língua, movimentando a cabeça para baixo e para cima, até sentir a glande à entrada da garganta.
— Você aprendeu direitinho — disse ele.
O formato, o calor, o cheiro de seu pau me deixavam num estado desconhecido de excitação. “Como é bom chupar”, concluí, caprichando no boquete para o prazer de Valmor, que gemia, e para a minha própria satisfação. Eu lambia, mamava, sugava, contente como nunca estivera na vida.
Em certo momento parei, para descansar os músculos faciais ainda não habituados àquele tipo de exercício, e também para admirar o formato daquele cilindro vivo e sensível, com a cabeçorra reluzente da saliva que também molhava seus pentelhos. Então, dizendo “estou quase gozando”, ele pegou minha cabeça, e dirigiu novamente minha boca. Eu voltei a chupar, e seu gozo veio, trazendo à minha boca um sabor diferente de tudo o que eu conhecia. Assim como ele me mostrara, não deixei escapar nada; engoli tudo.
Depois disso, apoiei a cabeça no peito de Valmor, que me fazia afagos nos cabelos e assim ficamos algum tempo, trocando impressões sobre as experiências que acabávamos de viver. Um pouco indiscreto, ele citou o nome de outros dois frequentadores do “esconderijo”, como eles chamavam. Eu os conhecia. Eram Jonas e Raimundo.
— O Jonas tem o pau pequeno — comentou Valmor. — Agora, o do Raimundo...
— Maior do que o teu? — fiquei admirado.
Pouco a pouco, minha cabeça deslizava para baixo. Ao sentir o cheiro da pica, uma mistura de chiclete com esperma, não resisti. Comecei de novo a chupar, sentindo-a crescer em minha boca. Ao mesmo tempo, Valmor acariciava minha bunda, enfiando o dedo em meu ânus e repetindo que ia me ensinar a dar o cu. E ensinou.
De quatro sobre o colchão, senti um frio na barriga quando, postando-se atrás de mim, ele encostou a ponta da pica no meu orifício anal. Em seguida, com estocadas cada vez mais vigorosas, ele inaugurou o meu cuzinho.
— Ai! — gritei.
Até ali, meu aprendizado vinha resultando em momentos de prazer. A passagem da glande por meu esfíncter, porém, foi dolorosa. Eu quis desistir. Mas, bem posicionado e agarrado firmemente à minha cintura, ele me disse para aguentar, que logo eu iria gostar.
E tinha razão.
Quando a pica deslizou para dentro, o prazer tomou conta de mim. Eu sentia meu anelzinho todo aberto, recebendo a fricção daquela pica que se movimentava ora para frente, ora para trás, num ritmo lento que nos fazia gemer ao mesmo tempo. De vez em quando, ele parava, deixando a pica repousar latejante dentro de mim, perguntava se eu estava gostando. Eu dizia que sim, ele retomava o ritmo. Até que eu senti meu ânus dilatar mais um pouco e seus gemidos abafados anunciaram que ele estava ejaculando em meu reto.
— Que gostoso... — suspirou ele.
Recordo ainda hoje com nitidez os derradeiros momentos daquela penetração que me marcou para sempre. Principalmente porque, mal a pica exaurida se retirou, Valmor me virou e, chupando meu pau como recompensa pelo que eu acabava de lhe dar, me levou ao segundo orgasmo, um orgasmo delicioso que encerrou com chave de ouro a minha aprendizagem sexual.
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