Eu percebi como em todas as outras vezes que fomos a praia, que o William queria um tempo para ele com os meninos.
Não liguei muito e deixei ele aproveitar aqueles momentos com a rapaziada.
O Gustavo, o Raul e o restante daqueles meninos, estavam se divertindo e isso já me bastava.
Jogaram futevôlei, beberam, nadaram, comentavam sobre as menininhas com seus rabões.
Senti que ele estava voltando as origens, mas estou tão calejado quanto a isso que nem dei muita bola.
Abri esse espaço para ele fazer o que bem entendesse, só que eu cortaria o pau dele fora se eu imaginasse que ele tinha me traído.
Aproveitei esse momento dele e fui curtir a minha filhota.
Brincar com a minha filha na água foi maravilhoso.
Andamos de lancha, brincamos na areia, tomamos sorvetes juntos, contei algumas histórias.
Eu percebia o semblante ainda tristonho dela, mas não tinha muito oque fazer.
Eu também to morrendo de saudades do Igor e ouvir a voz dele pelo celular, me corta o coração em milhares de pedaços.
Parece que já tem anos que ele tá lá longe, minha vontade era de correr até o aeroporto pegar um avião ir até lá e trazê-lo de volta.
Já são 20 dias sem o meu pequeno.
Eu fui ao shopping do litoral com a Laurinha para um passeio.
Comprei várias roupas pra ela e percebi que ela já tinha pego nossos hábitos.
Aprendeu a escolher os melhores tecidos com o tio Jorge e o tio Rick.
Sabia como negociar os valores como a minha mãe, adorava cores vivas e atrativas como o William e sempre educada, falante e carismática com as pessoas.
Pai, vamos levar algum presente para o Igor, e assim que ele voltar entregamos?
Vamos filha, vamos sim!
Entramos numa loja linda, umas coisas mais perfeitas que as outras.
O Igor adora chinelos, ele tem vários pares, de quase todos os personagens dos desenhos infantis.
A Laurinha achou um par com o desenho do Olaf - boneco de neve do desenho Frozen.
Compramos o restante das coisas e fomos para nossa casa.
Cheguei em casa o Gustavo e o William estavam tomando cerveja na varanda, o Raul e o Carlos jogando cartas e as meninas vendo um filme bíblico na TV.
Fui procurar o Jorge e o Ricardo, mas tinham saido, a Heleninha já tinha voltado com a mãe para o Rio de Janeiro, acho que os dois estavam curtindo rs.
Já estamos no dia primeiro de Janeiro 2015, o sol está fritando as pessoas na praia.
Eu já queria ir pra casa, e por isso decidimos voltar naquele mesmo dia.
O William queria ficar com o Carlão na praia, eu não fui contra, deixei de boa eles ficarem.
Mas acho que o Carlão caiu em sí e decidiu voltar com todos nós.
O William não queria, ele queria continuar curtindo a praia, as bebidas e os novos amigos.
Mas foi obrigado a voltar.
Acho também que essa viagem até a praia trouxe algumas recordações ao William, de quando ele era porra louca e ficava me fazendo sofrer.
Acho que ele começou a se arrepender de estar comigo e começou a mudar seu jeito.
Claro que nós dois sempre fomos opostos, viviamos brigando, mas sempre acabavamos juntos.
Eu sei também que nem sempre o amor é tudo o que um namoro precisa para funcionar.
Às vezes, o próprio tempo desgasta o que antes parecia ser perfeito. E me lembro que a gente brigava o tempo todo, por qualquer probleminha (que, na hora, sempre parece ser um problemão).
Eu não cobro, não fico no pé, não polício, e o deixo a vontade para fazer as coisas que ele quer.
O William amadureceu muito, como homem e como profissional, na empresa prometeram uma viagem de intercâmbio para ele aprimorar o Inglês dele, talves esse amadurecimento tenha vindo junto com alguma dúvida.
Será que é essa a vida que eu quero pra mim?
Será que é dessa maneira que eu quero viver e me relacionar com as pessoas?
Eu amo esse cara, AMO.
Mas, isso não depende apenas de mim, é um conjunto de coisas, são responsabilidades, parcerias e muito comprometimento das duas partes.
O William tinha a vida dele da maneira dele, eu quem entrou e o levou para um mundo totalmente diferente ao que ele estava acostumado.
Me dói imaginar que isso possa acabar algum dia, que eu não possa acordar pela manhã com aquele sorriso, aquela barbinha me arrepiando o pescoço e aquele cabelo perfeito já pela manhã.
Minha família o ama, nossos filhos, sim NOSSOS, pois ele esteve comigo até agora, me ajudou, me aturou e segurou todas as pontas comigo.
Talves seja isso, talves eu tenha jogado um fardo muito pesado nas costas de um garoto de de vinte e quatro anos.
Não sei o que fazer, desde que voltamos da praia eu sinto essa distância dele.
Na cama está diferente, na maneira como me trata está diferente, sei que se realmente tiver alguma coisa errada, ele vai vir me falar.
Mas tenho medo de ouvir, de doer e de mais uma vez ele ir embora.
Já me peguei algumas vezes pensando nessa possibilidade, na questão de ele decidir sair da minha vida.
Ta bom nós já temos um vida juntos, são anos de experiências vividas e compartilhadas.
Foi uma coisa especial, algo que eu não poderia descrever em palavras, mas a forma que ele me segurou e me fez gostar, me apaixonar e amar, foi algo assustador e gostoso, uma sensação de que eu estava em queda livre, mas sabia que a qualquer momento alguém me agarraria e não me deixaria cair por completo.
Parece brincadeira, pois no final do ano eu aceitei o seu pedido de casamento.
Deus eu queria entender o que está acontecendo.
Hoje também a Estela me disse que estão voltando embora pra cá, o Igor começou a sentir muita falta de nós, que acabou adoecendo.
Está tendo febre, crises de vômitos e não dorme direito.
Fica pedindo para que a Estela o leve embora pra casa dele, que está com saudades do papai, da vovó, da Nana e do papai.
Meu coração apertou, entrei em desespero, mas ainda não podia fazer nada.
Amanhã ele está chegando em casa graças a Deus.
Agora eu vou precisar sentar com o William e decidirmos juntos como as coisas irão ficar.
