Ela me olhava com cara de sínica. Ria disfarçadamente. Eu não acreditava que aquilo podia ser verdade. Droga. Logo agora que estava indo tudo muito bem. Eu estava, estou amando mais uma vez, depois de tudo.
- Podemos ir pra biblioteca? – perguntou ela. – É bem particular. Sobre o futuro do nosso filho.
Gustavo apertou minha mão. Olhei pra ele e me encarava. Acenei que sim. Eu estava destruído por dentro. Ele me deu um selinho, eu continuava imóvel, tentava digerir aquilo tudo. Ele se levantou e os dois saíram. Senti vontade de chorar. Sai da mesa e corri pro banheiro.
Entrei dentro de uma cabine e chorei, silenciosamente. Nada na minha vida dava certo. Alguém bateu na porta.
- Fed, sou eu. – falou. Era Lukas. – Vai ficar tudo bem. Não precisa chorar.
Sai da cabine. Ele me abraçou apertado.
- Vocês vão continuar juntos independentemente de qualquer coisa. – falou. – Vocês se amam.
- Eu não posso ficar com ele agora. – falei. Sai de seus braços. Ele me encarava. – Ele vai ter um filho e eu não posso, sei lá, separar ele do filho.
- Mas é isso que ela quer. – falou. – Ela quer te separar dele. E nem sabemos se o filho é dele. Pode ser de outro.
- Mas ela falou com tanta certeza. – falei. Voltei a chorar. – Eu sofro muito por meu pai ter deixado minha mãe e não morar mais com a gente, mesmo que...
Ele me abraçou.
- Para de falar besteira. – falou.
- Eu não vou aguentar essa barra. – falei. – Ela vai querer ver ele todos os dias. Ele vai ter que acompanhar ela pra todos os lugares, eu sei que ela é dessas pessoas. Ela vai estar presente no nosso relacionamento. Eu não quero isso pra mim.
- Só peço pra pensar melhor. – falou. – Vocês se amam.
Lukas me deu um beijo na testa e saiu. Fiquei no banheiro pensando em como seria o meu futuro com a Letícia perturbando minha vida com esse filho. Eu não suportaria ter que dividir meu Gustavo com outra. Pode parecer orgulho.
Sai do banheiro e um garoto falou que Gustavo estava me procurando. Me celular tocou. Era uma mensagem : “Me encontra na Biblioteca.”
Peguei minha bolsa e fui em direção a biblioteca. Não tinha quase ninguém. Vi Gustavo na ultima mesa. Ele estava de cabaça baixa. Suspirei e fui até ele. Me sentei na cadeira e ele me encarou. Parecia nervoso.
- Quantos meses? – perguntei.
- Cinco. – falou. – E pelas contas parece mesmo ser meu.
Minha vontade era de morrer, me enterrar vivo.
- Por que não usou camisinha. – falei. – Que droga Gustavo, tava tudo tão perfeito. Você tinha que fazer isso? Acabar com tudo assim.
- Não precisa gritar. – falou ele. – Foi uma burrada. Não precisa ficar me julgando.
- Eu não vou suportar isso tudo. – falei. – Ela querendo te ver toda hora, ligando pra você. Não tenho sangue de barata.
- Então você tá dizendo que quer terminar? – falou ele. – Por causa de um bebê, você quer terminar?
- Eu não quero atrapalhar o seu relacionamento com seu filho. – falei. – É melhor ele ter um pai presente, que fique com ele todos os dias.
- Mas ele ainda nem nasceu. – falou. Ele gritava. – Para de ser infantil. Eu não quero ficar com ela. Quero você.
- Eu não quero conviver com a culpa de ter separado pai e filho. – falei. – Eu sei que ela vai jogar isso na minha cara. Eu já vi muitas mulheres fazerem isso. Eu prefiro terminar.
- Então é assim? – falou. Seus olhos se encheram de lagrimas. Ele olhou pro lado, parecia querer esconder o choro. – Beleza. Eu vou criar o meu filho como você quer, vou ser um pai presente.
Limpei minhas lagrimas. Tirei o anel que ele tinha me dado. Deixai em cima da mesa. Ele pegou.
- É melhor assim. – falei.
- Só se for pra você. – falou. – Eu te amo.
Ele me puxou. Olhou no fundo dos meus olhos. Nos beijamos. Foi intenso. O ultimo. Me livrei dos seus braços e sai em direção a porta. Olhei pra trás. Ele estava sentado de cabeça baixa, como quando eu cheguei. Meu coração apertou.
Entrei na sala. Era aula do Eduardo. Ele me olhava. Todos me olhavam. Sentei no meu lugar. Lukas cutucou meu ombro.
- Todos já estão sabendo. – falou. – Ela já contou pra toda a faculdade.
- Não me importo. – falei. – Eu terminei com ele.
- O que? Por que. – falou. Ele tinha falado muito alto. Todos olharam.
- Você sabe por que. – falei. – É melhor prestar atenção na aula. O Eduardo tá olhando pra cá.
Quando as aulas acabaram eu corri pro ponto de taxi. Muitas pessoas me encaravam, muitas perguntaram o que tinha acontecido. Eu sentia vontade de chorar a cada passo. Luana me ofereceu uma carona. Quando estávamos saindo, vi Letícia entrando no carro de Gustavo. Olhei pra ele. Ele me olhava frio. Parecia raiva, magoa. Entrei dentro do carro e contei tudo pra Luana. Ela quase me jogou pra fora do carro quando falei que tinha terminado com ele.
Quando chegamos na porta da minha casa, ela desceu do carro e me abraçou, me deu um beijo na testa.
- Vai ficar tudo bem. – falou. Entrou no carro e foi embora.
Entrei em casa e minha mãe estava sentada no sofá. Corri e a abracei. Chorei. Contei tudo pra ela. Ela não disse nada, apenas me abraçou. Subi pro meu quarto e fui tomar banho. Vesti um short e deitei na cama. A noite seria longa.
O sol batia forte em meu rosto. Levantei da cama e escovei os dentes. Desci pra tomar café. Minha mãe já tinha saído. Estava tão mal com esse assunto da gravidez que nem tinha lembrado da Sabrina. Eu tinha que dar um jeito nisso. Peguei meu notebook. Olhei todas as fotos, os vídeos. Enviei pra todos os blogueiros e jornais da cidade. Mandei um texto junto. Escrevi tudo o que sabia. Mandei pra mulher dele. Meu pai seria exposto, disso eu tinha certeza.
Na hora do almoço ele me ligou. Ele parecia bravo.
- Você viu o que aquela vagabunda fez? – falou. – Eu deveria ter acreditado em você.
- Pai, eu tenho que te falar algo. – falei. – Será que tem como você vir me buscar?
- Vou mandar o Gustavo. – falou.
- Não. – falei. – Eu quero que você venha.
- Ele me contou o que aconteceu ontem. – falou. – Foi uma atitude infantil da sua parte.
- Não me fale de atitudes infantis pai. – falei.
- Tudo bem. – falou. – Depois conversamos sobre isso.
Me arrumei esperei meu pai chegar. Fiquei na sala. Meu celular apitava direto. Muita gente já tinha visto as fotos e lido as matérias. Liguei a televisão e tinham muitos jornalistas na frente do escritório do meu pai. Me assustei. Isso tomou uma proporção absurda. alguém buzinou. Tranquei a casa. Reconheci o carro. Era Gustavo.
Quando entrei ele nem me olhou. Eu estava com muita raiva do me pai. Que situação constrangedora.
- Seu pai que pediu que eu viesse. – falou. Ele continuava sem olhar pra mim.
Fiquei olhando as mensagens no meu celular. Fernando, Julia, Luana, João, Lukas, todos queriam saber o que estava acontecendo. Minha mãe me ligou. Falei pra ela que tinha sido eu que tinha feito tudo.
O transito estava lento. Gustavo buzinava, ele parecia estressado. Xingava todo mundo. Principalmente as coitadas das mulheres. Por que os homens tem tanto preconceito com mulher ao volante? Puro machismo.
- Machista. – falei. Pela primeira vez ele olhou pra mim.
- Vai se ferrar. – falou.
- Vai você tomar no cu idiota. – falei. – E para a droga desse carro agora. Eu vou de taxi.
- Eu paro se eu quiser. – falou. Ele acelerou o carro. Fiquei com medo.
Chegamos no escritório do meu pai e tinham muito jornalistas. Eles me viram e vieram pra cima de mim. Gustavo me abraçava e afastava todos eles. Pegamos o elevador e subimos. Meu pai estava lendo alguma coisa no computador. Ele continuava nervoso. Ele me viu e me abraçou.
- Pai. – falei. Ele me encarou. – Fui eu que mandou aquelas fotos e aquela matéria pros jornalistas.
Ele me olhou surpreso. Contei tudo pra ele, desde o dia em que eu ouvi a conversa deles. Ele pareceu pensar um pouco. Me abraçou de novo.
- Se não fosse por você filho. – falou. – Eu te amo. Meu herói.
- E você não se importa de falarem de você? – perguntei.
- Não. – falou. – agora eu tenho que dar um jeito de tirar todos aqueles jornalistas daqui.
- O Sr. Pode dar um esclarecimento pra eles. – sugeriu Gustavo.
- Isso. – falou. Ele pegou o telefone. – Maria, reúna todos aqueles jornalistas em uma sala, vou dar um esclarecimento.
Descemos e Maria nos acompanhou. Entramos em uma sala e todos começaram a tirar fotos.
- Bom, o que está acontecendo hoje, é tudo graças ao meu filho Federico. Ele que descobriu tudo. – falou meu pai. Olhou pra mim. Sorriu. – E eu sou muito agradecido por ele.
- E enquanto a sua mulher, a Sabrina? – perguntou um jornalista.
- Se ela for esperta, vai ter saído da minha casa. – falou meu pai. – Não quero ter que expulsar ninguém. E por hoje é só. E por favor, deixem meus filhos em paz. Não quero que pertubem eles. Tudo que tinha que ser dito foi dito por mim.
Nós saímos da sala e fomos pro estacionamento. Gustavo andava conosco.
- Agora eu vou pra casa resolver um assunto. – falou meu pai. – Vem comigo Gustavo.
- E eu pai? – falei.
- Quer vir? – falou.
Acenei. Entramos no carro do meu pai e Gustavo foi dirigindo. Pelo caminho eu adivinhei que estávamos indo pra casa do amante da Sabrina. Paramos em frente a casa. Tinha um carro na porta. Ele colocava umas malas no porta malas. Meu correu e deu soco nele. Os dois começaram a brigar. Meu socava com tanta força. Gustavo correu e tirou meu pai de cima do homem.
- Você ainda me paga. – falou o homem. Entrou no carro e sai.
Entramos no carro e fomos pra casa do meu pai. Sabrina estava saindo de casa com um monte de malas. Ela nos viu chegando. Parou. Meu pai desceu e eles ficaram se encarando. Ela foi beija-lo. Ele se esquivou. Meu celular apitou e olhei. Estava dentro do carro com Gustavo. Ouvi um barulho, um estalo. Sabrina estava caída no chão com as mãos no rosto.
- Vagabunda. – falou meu pai. – Vai embora agora.
Ela entrou no carro e sauí. Desci do carro e abracei meu pai. Ele estava tremendo. Tinha um pouco de sangue no nariz dele.
Entramos em sua casa e fui no banheiro. Peguei a maleta de primeiros socorros. Limpei o sangue e meu pai foi tomar um banho. Fiquei com Gustavo na sala. Um silencio ensurdecedor. Eu teria que conviver com ele. Era um fato consumado.
Ele trabalhava pro meu pai. Veria ele de qualquer maneira. O celular dele tocou.
- Oi Letícia. – falou. – Eu tenho que ver primeiro com meu chef. Não sei de ele vai me liberar agora pra ir fazer o ultrassom com você.
Era isso que eu temia. Ter que dividi-lo com ela.
- Depois eu te ligo. – falou.
1 SEMANA DEPOIS...
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Pessoal, esse sim foi o capitulo que eu escrevi. Aquele de ontem, eu fiz por que eu estava meio indeciso em continuar o conto. Eu passei a noite toda pensando. resolvi que vou sim continuar. O cap 15 já tá pronto. Vou postar só amanha. Não me crusifiquem. Amo vocês. bjs.