Enquanto isso em Boogie Oogie...
- Beijar ? Beijar foi pouco. O Serginho me comeu. - disse Otávio cabisbaixo.
- Nossa, Otávio. Eu não sabia que você curtia isso. - retrucou Felipinho interessado, apoiando seu braço esquerdo sobre o braço do sofá.
- Nem curto mesmo. Só dei pro Serginho porque eu tava mal. Sei lá o que me deu.
- Você não sabe o que te deu, mas o Serginho sabe muito bem o que você deu pra ele. E deve ter gostado. Acabei de vir do fliperama e ele tava lá todo animado jogando.
- Porra, não vai me dizer que ele contou pra galera toda.
- Não, claro que não. Mas você sabe, quem conhece bem o Serginho percebe logo.
- Como assim "conhece bem o Serginho" ? Me conta essa parada aí, Felipe.
- Ah, você sabe. Ele tem aquela cara de bom menino, mas você deve ter visto como ele se transformou quando vocês ficaram sozinhos.
- Peraí, então quer dizer que você e o Serginho também...
- Claro né, Otávio. O Serginho tirou minha virgindade também. E há muito tempo.
- Porra, então quer dizer que você e ele... mas quando foi isso ?
- Conto, mas vamos tomar uma coca-cola ? Estou morrendo de sede.
- Tem coca-cola na geladeira. Vamos lá na cozinha e você me conta tudo.
Otávio serve coca-cola em dois copos e senta-se com Felipinho na mesa da cozinha.
- Lembra daquele dia que você e seus pais viajaram pra Angra num final de semana ? - recorda Felipinho.
- Sei. Foi bem no dia que a Cláudia ficou doente e a Sandra pediu pra ficar cuidando dela na mansão da dona Madalena.
- Doente nada. Você conhece sua irmã. Ela faria de tudo pra passar um final de semana na casa da minha vó.
- Claro, ela dormiu lá no final de semana. Pera, mas o Serginho dormiu lá também ?
- Sim. O Rafael pediu pra Sandra se o Serginho não pudia dormir lá naquele final de semana, porque o apartamento deles tava com a pintura fresca, o cheiro de tinta era insuportável. Aliás, foi o próprio Serginho que pintou o apartamento.
- Sei. Então deixa eu entender. O Serginho pintou o apartamento de propósito pra dormir na mansão da dona Madalena e poder dormir com você.
- Claro. - respondeu Felipinho, tomando calmamente um gole de coca-cola.
- E a Cláudia não desconfiou de nada ?
- O quê, Otávio ?! Quem você acha que armou tudo aquilo e botou a maior pilha pro Serginho me comer.
- A Cláudia. - respondeu Otávio indignado.
- Aham.
- Mas essa minha irmã é uma peste mesmo ! Mas vem cá, porque ela fez isso tudo ? Ela sabia que você tava afim de dormir com o Serginho ?
- Não, né. Naquela altura eu nem pensava em dar pra outro cara. Foi sua irmã que armou tudo. Tudo mesmo.
- Tá, mas a troco de que a Cláudia faria isso ?
- Você conhece a sua irmã. Ela tá sempre querendo levar vantagem financeira em cima de alguém.
- Como assim ? Ela fez isso em troca de dinheiro ? Não consigo entender.
- Vou ser bem claro: ela me agenciou pro Serginho em troca de dinheiro. Ela vendeu a minha virgindade pra ele, sem eu saber.
- A Cláudia agindo como uma cafetina ?
- Isso mesmo. Fez comigo o que fez com você. - disparou Felipinho antes de tomar o último gole de coca-cola.
- Comigo ? Ela não teve nada a ver com o meu lance com o Serginho. Eu tava em casa sozinho quando elequando ele apareceu do nada, te convidando pra ir no fliperama e ao te ver todo tristonho, resolveu te consolar. - completou Felipinho.
- Não, não pode ser. A Cláudia não faria isso.
- Não só fez, como planejou tudo. Eu tava com eles no fliperama quando ela explicou o esquema pro Serginho e ele pagou adiantado pela sua virgindade. Deu todo o dinheiro que tinha. Eu vi.
- Peraí, tem alguma coisa errada. Se ele já tava no fliperama e deu todo dinheiro dele pra Cláudia, porque ele iria vir até aqui em casa me convidar pra ir até lá ? E se eu topasse ? Como ele iria fazer ? Não, seria muito arriscado.
- Tolo, ela tinha certeza de que você iria estar pra baixo e iria ser presa fácil. Isso porque foi ela mesma quem providenciou pra você flagar o Serginho tirando a virgindade da Alê ontem no sofá da casa dela.
- Peraí, a Alê me jurou que eles não foram até o final. Eles só tavam tirando um sarro.
- Que sarro, Otávio ! Porque você acha que o Serginho forrou todo o sofá com toalhas ? Porque ele foi até o fim, até sangrar. Entende ? Aliás, aquile momento em que você entrou na sala foi o grand-finale. O próprio Serginho me falou que já estava no terceiro jato quando você abriu a porta.
- Droga, então foi por isso que ele não quis sair de cima dela e me mandou fechar a porta e sumir. Não pode ser ! Não pode ser !!! Pombas, Felipinho ! Eu amava a Alê.
- É, mas o Serginho é o namorado dela.
- Tá bom, Felipinho. Agora me diz de quem o Serginho não tirou a virgindade.
- Além da minha irmã Daniele e da sua irmã Cláudia ? Hmmm... eu acho que ele só não comeu a Ivete. - ironizou Felipinho.
- A minha irmã e a sua irmã também ?! Meu Deus ! Eu não to acreditando nisso: as nossas irmãs, eu, você, a Alê e... peraí quem é essa tal de Ivete ?
- A Ivete é uma empregada gorda que trabalha lá em casa. Minha tia Carlota chama ela de cachalote.
- Porra, Felipinho. Eu aqui chocado com toda essa história e você vem fazer piada.
- Calma, Otávio. Foi só uma piada. Relaxa. - disse Felipinho indo em direção à porta.
- Aonde você vai ?
- Vou pra matinê na Boogie Oogie. A Alê viajou e o Serginho vai estar lá sozinho.
- Peraí, não me diz que você tá pensando em dar pro Serginho outra vez...
- Eu não. Nós. Vamos ? - convidou Felipinho.
- Quer saber ? Eu topo. A Alê que se dane. Quando a gata sai, os gatos fazem a festa com o gatão.
Felipinho e Otávio se abraçam e saem felizes pra matinê.