CONTINUANDO...
As vezes coisas inesperadas acontecem em nossas vidas, enquanto você menos espera tudo gira e você percebe que sempre esteve do lado errado. Muitos dariam tudo para momentos e lembranças que nunca tiveram a oportunidade de vivenciar, desde um nascer do sol até um beijo na chuva. E são nesses momentos mais difíceis que você percebe como certas coisas simples que a vida te oferece que você menos aproveita. E no fim é tarde de mais para qualquer coisa.
Miguel estava em um bambuzal imenso, folhas amarelas de bambus jogados no chão dando um toque especial, ele se sentia a pessoa mais feliz o mundo, como se não houvesse mais nada com o que se preocupar. Era um lugar lindo e diferente, nunca tivera aquela lembrança antes, mas se sentia livre e puro.
De repente tudo fica escuro e ele acorda em uma cama de hospital, com médicos e enfermeiras a sua volta, todos muitos surpresos com sua melhora. Logo um médico auto e bonito vem ao seu encontro.
-Você se lembra do seu nome? *Perguntou o médico com uma prancheta na mão pronto para anotar.
-Sim, meu nome é Miguel. *Disse um pouco tonto.
-Prazer dou o doutor Carlos. E se lembra de tudo o que aconteceu?
-Sim, estava com meu irmão e minha mãe que tinha acabado de nos buscar do aeroporto. *No mesmo instante que disse aquelas palavras suas memórias se chocaram em sua cabeça como se alguém estivesse jogado todas as suas lembranças na sua mente com toda a força do mundo e isso se resultou em uma dor de cabeça tremenda.
-Calma Miguel, está tudo bem, são suas memórias voltando.
-O que houve com a minha mãe e meu irmão? Quanto tempo eu fiquei desacordado? *disse aflito.
-Você ficou em coma por 7 meses depois do acidente, fez muitas cirurgias para não morrer e posso te dizer? Você é o paciente mais forte que eu já cuidei.
-7 meses, nossa quanto tempo. Mas você não me disse o que aconteceu com minha família. *Disse lembrando o doutor.
-Isso é muito delicado para se dizer com você nessas condições Miguel. *Disse Carlos com a voz meio falhada.
-Pior não tem como eu ficar, me diz por favor. *Disse quase implorando.
-Seu irmão e sua mãe... morreram. *Disse quase num sussurro.
Seu chão desabou, não podia ser, as duas pessoas que ele mais confiava no mundo todo estavam mortas. Ele não conseguia entender, deve ser por isso que o doutor disse que ele era forte. Sua cabeça estava quase explodindo de tantos pensamentos e lembranças que invadiam sem parar, todos de uma só vez. E aos poucos suas lágrimas foram brotando, ele perdera as duas pessoas mais importantes de sua vida.
-Não pode ser, eles não... não é justo. *Disse aos prantos e soluços.
-Eu sei que isso deve doer muito, mas você precisa descansar. *Disse Carlos colocando a mão sobre o ombro de Miguel.
-Descansar, eu acabei de sair de um coma de 7 meses. *Disse indignando.
-Eu sei... eu sei. Vai ficar tudo bem. *Disse Carlos indo o abraçar. Aquilo era um pouco estranho, mas estava triste demais para questionar.
-Eu não sei se vou voltar a ser como era antes. *Disse Miguel limpando as lágrimas e soltando Carlos. Mas era inútil, as lágrimas sempre voltavam.
-Descanse, vou pedir para uma enfermeira te dar um sonífero daqui meia hora. Ai você terá algum tempo para seu luto. Tudo bem?
-Tudo bem, obrigado Dr. Carlos.
-Não foi nada, meus sentimentos para você. *Disse saindo do quarto.
Miguel só conseguiu chorar e pensar em todos os momentos que passara com Rafa e em sua infância com a Laura. Preferiu ter tomado a injeção naquele instante que o Dr. Carlos saiu. Seu sofrimento era grande e desesperador. Não conseguia mais pensar em nada, até que a enfermeira chegou e aplicou a injeção e aos poucos Miguel cai em um sono profundo.
Miguel estava no bambuzal novamente mas agora estava acompanhado por duas pessoas, era um homem e uma mulher. Logo percebeu que era Laura e Rafa. Ele logo foi tentar abraça-los e enquanto mais corria mais os dois ficavam longe, só podia ver seus sorrisos de orelha a orelha. Isso o deixava muito frustrado mas também feliz por poder ver eles mais uma vez.
Miguel acorda no outro dia com o sol pegando na cama, logo viu que estava só na cama e procurou Rafa mas ele não estava lá e então lembrou que estava no hospital sozinho. E que o irmão e a mãe estavam mortos. A dor que sentia no peito foi inevitável, agora para sempre, duas partes de seu coração estariam faltando. Logo Dr. Carlos foi ver como seu paciente estava.
-Bom Dia! Sei que é difícil ouvir essas palavras mas como você está? *Disse se aproximando da cama.
-De saúde estou bem mas de espírito destroçado. *Disse sentando na cama.
-Logo, logo você vai sair do hospital e voltar pra casa Miguel. *Disse com um meio sorriso.
-Não sei com que forças vou conseguir voltar para casa da minha mãe. *Disse com a voz triste.
-Eu sei que é difícil, mas você tem que superar.
-Eu sei, Dr. Carlos meu irmão e minha mãe sofreram muito para morrer?
-Só durante o acidente, o único que chegou com um pouco de vida no hospital foi você.
-E já fizeram o enterro?
-Sim, ouvi dizer que muita gente compareceu.
-Hum. *Disse Miguel triste.
-Ok então, vou visitar outros pacientes. Se quiser assistir tv pode ficar a vontade o controle está aqui. *Disse entregando para Miguel.
-Tudo bem, obrigado. *Disse forçando para dar um sorriso mas não conseguiu. *E assim Dr. Carlos sai do quarto fechando a porta atrás de si.
Miguel passou horas e mais horas vendo tv, mas nada o interessava, até que passou um canal onde estava uma família toda reunida na mesa almoçando. Suas lágrimas logo brotaram e ele voltou a chorar, nada que ele fizesse conseguia parar de chorar até que caiu no sono novamente.
Lá pelas 11 horas da manhã Miguel é acordado pelo Dr. Carlos.
-Miguel tem uma pessoa querendo falar com você, consegue receber visitas?
-Consigo sim, pode deixar entrar. *Disse sem nem mesmo perguntar que era o visitante.
Sua curiosidade logo se despertou quando Dr. Carlos saiu, quem era atrás da porta querendo falar com ele? E por que ninguém foi visitá-lo desde que acordou?
Seus pensamentos são interrompidos pela porta se abrindo e um homem alto e bem vestido entrando. Era muito bonito, estava de barba, seu cabelo era preto e olhos azuis vibrantes, pele branca e bastante pelos sobre o corpo, e falando em corpo era um corpo bem malhado de academia. Ele estava com uma bermuda cinza e uma blusa branca. Nunca vira tal homem na vida, mas algo nele era familiar.
-Oi Miguel, fiquei sabendo o que aconteceu com você, como anda indo depois do acidente? *Sua voz era grave mas macia como um veludo, ao ouvi-la Miguel sentiu conforto.
-Em frente, um passo de cada vez. Me desculpe mas quem é você? *Disse com um ar de dúvida. Nunca vira aquele homem e ele já vem perguntando de sua vida assim.
-Eu sou Davi seu pai.
CONTINUA...
*Espero realmente que vocês gostem pois foi muito triste matar dois personagens tão importantes. Beijos, não esqueçam de comentar o que acharam.