Gentilmente afastei o Gustavo. Tentava digerir o que havia acontecendo, mas era impossível. Ele se afastou também e sentou do outro lado da cama. Desci para pegar o almoço dele e depois saí para encontrar meu pai. Quando cheguei no escritório a professora Elizabeth já estava me esperando.
Elizabeth: - Thiago. Graças a Deus.
Thiago: - Desculpe a demora professora. Vamos? (apertando o botão do elevador)
Elizabeth: - Obrigada pela ajuda Thiago.
Thiago: - Tudo bem professora.
Elizabeth: - E o teu pai... como ele vai reagir a toda essa história.
Thiago: - Ele vai ficar do lado da justiça. Ou seja, o nosso lado.
Elizabeth: - E como o Gustavo tá?
Thiago: - Bem... bem.. muito bem... ele... ele... está muito bem... opa chegamos.... (saindo em alta velocidade do elevador).
Hélio: - Thiago?
Thiago: - Pai. Precisamos da sua ajuda.
Hélio: - Precisamos?
Quando meu pai viu a professora Elizabeth seus olhos mudaram de expressão. Então, eu lembrei. Era ela naquela noite no parque. Meu pai ficou encantado, apesar de nunca admitir.
Hélio: - Você...
Thiago: - Pai... essa é a minha professora Eli...
Hélio: - Elizabeth. Claro. Lembro de você. Em... em que posso ajuda-la?
Elizabeth: - Podemos falar em particular?
Meu pai nos levou para seu escritório, percebi que era a primeira vez que pisava lá. Porém o assunto não era eu. A professora explicou toda sua história de vida e meu pai se esforçava para não opinar até estar por dentro de todos os detalhes.
Hélio: - Bem isso é forte. Ele tem 16 anos?
Elizabeth: - Sim.
Thiago: - Pai e tem mais um detalhe. O Gustavo levou uma surra do namorado da mãe dele e fugiu de casa.
Hélio: - Precisamos achar esse garoto e...
Thiago: - Ele não está perdido. Ele está lá em casa.
Hélio: - O Que?!!!! (gritando e chamando a atenção de quem passava em frente ao escritório)
Thiago: - Pai. Ele está ferido. Precisa de abrigo.
Elizabeth: - Por favor Hélio. A Marta é uma mulher horrível. Ela tortura meu filho de todos os jeitos. Só preciso de uns dias.
Hélio: - Você sabe que vai ser uma batalha difícil. E outra, esse garoto ao menos sabe que você é mãe dele?
Elizabeth: - Não.
Hélio: - Olha. Vou falar com uma amiga do juizado da criança... por enquanto ele pode ficar lá em casa. Pelo jeito a mãe dele não procurou as autoridades.
Thiago: (abraçando o pai) – Obrigado. O senhor é o melhor de todos.
Cheguei no Grand Prix expliquei parte da situação para o nosso chefe. Na verdade ele já sabia sobre os casos de agressão. Porém não pode fazer nada para ajudar o Gustavo. Ele me liberou e pude ir pra casa.
Nessa confusão toda fiquei por fora do andamento do baile e ainda teríamos dois ensaios naquela semana. Suzana mandou uma mensagem para o meu celular e eu não vi outra saída, além de contar para eles também.
Suzana: - Então Thiago qual o motivo da reunião?
Bruno: - Verdade. Aconteceu alguma coisa?
Thiago: - É o Gustavo...
Ludmila: - Meu Deus o que aconteceu?
Kim: - Ele está bem?
Thiago: - Na verdade não. Naquele dia que eu saí do ensaio o encontrei desmaiado no meio da rua. Descobri que a mãe dele roubou todo o dinheiro dele e o expulsou.
Ludmila: - Que horror.
Suzana: - E onde ele está?
Thiago: - Na minha casa. Ele tá melhor, mas muito abalado.
Bruno: - Droga.
Thiago: - Mas eu e o meu pai estamos dando todo apoio necessário. Eu contei para vocês, pois, são meus melhores amigos. E é uma situação muito complicada. Só não contem pra ele...
Ludmila: - Tudo bem.
Suzana: - Claro. Eu e a Ludmila conseguimos segurar a barra do baile.
Bruno: - Vamos ficar de braços cruzados?
Thiago: - Tem uma situação complicada nessa história, mas tenho certeza que meu pai vai conseguir resolver. Até lá a nossa única opção é apoiar o Gustavo.
Cheguei em casa e meu pai já estava lá. Quando ele está nervoso começa a andar de um lado para o outro.
Hélio: - Chama o teu amigo aqui.
Depois de algum tempo e com muita luta levei o Gustavo.
Hélio: - Olá Gustavo. (sentando no sofá)
Gustavo: - Oi... senhor... eu...
Hélio: - Gustavo... eu... sei que você está passando por uma situação muito delicada no momento. Mas você precisa avisar a sua mãe onde você está.
Gustavo: - Esse é o problema. Ano passado eu fiquei cinco meses dormindo no Grand Prix e ela nunca me procurou. Ela não me ama. Não sei a razão... (falou fechando os punhos)
Hélio: - Tudo bem. Vou procurar meios de você se emancipar, ou seja, assinar um documento dizendo que é responsável por você mesmo.
Gustavo: - Obrigado.
Hélio: - E você pode ficar aqui em casa o tempo que quiser. Estou contando com o apoio da sua professora Elizabeth e... (se tocando que falou demais)
Gustavo: - Professora Elizabeth? O que tem ela?
Hélio: - Ela se sensibilizou com o seu caso e está do meu lado.
Gustavo: - Bem. Isso é algo bom.
Hélio: - Thiago... posso falar a sós com ele?
Thiago: - Claro... eu... vou lá em cima.
Hélio: - Filho. Eu sei como é viver desse jeito. Estou do seu lado. Se precisar de qualquer coisa... qualquer coisa mesmo... me fale. Você tem roupa? Essas coisas?
Gustavo: - Deixei a maior parte em casa.
Hélio: - Quero que me diga o endereço. Eu vou lá.
Kim estava pensativa no seu quarto quando seu celular apitou. Era uma mensagem de Bruno.
Bruno diz:
“Que saco essa situação do Gustavo”
Kim diz
“Verdade. Queria poder fazer algo”
Bruno diz:
“Sei como é... sensação de impotência é foda”
Kim diz:
“Sim”
Bruno diz:
“E o nosso encontro ainda de pé?”
Kim diz:
“Você realmente quer?”
Bruno diz:
“Sim. Quero muito. Que tal um cinema amanhã?”
Kim diz:
“Vou pensar no teu caso. Agora eu tenho aula de francês beijos”
Bruno diz:
“Beijos”
O meu amigo esportista estava de quatro pela nerd da escola. Isso tem tudo para terminar em desastre. Bruno é um cara muito bacana e adora ajudar, mas também é alguém inseguro e caí fácil na opinião dos outros.
Ludmila resolveu comprar algumas plantas medicinais para sua horta. Ao chegar na loja ficou encantada com o vendedor. Seu nome era Alison, estudava na nossa escola, ele era veterano.
Alison: - O que eu posso oferecer para uma linda garota?
Ludmila: - Só estou olhando alguns produtos naturais.
Alison: - Toma o meu cartão. Qualquer dúvida me liga. Posso te levar para tomar um café.
Ludmila: - Adorei o serviço dessa loja.
Alison: - São para clientes muito especiais. Cuidado. Não vai perder. (piscando para a minha amiga)
Meu pai nos deixou esperando no carro e foi até a casa de Gustavo. Eu percebi que até aquele momento a gente não havia comentado sobre o beijo. Então deixei pra lá por enquanto.
Hélio: - Com licença. A senhora é a dona Marta.
Marta: - Sou quem você quiser gostoso.
Hélio: - Vim falar sobre seu filho...
Marta: - O que aquele traste já aprontou?
Hélio: - Nada. Sou o advogado dele.
Marta: (rindo alto)
Hélio: (cara séria)
Marta: - E onde aquele infeliz tirou dinheiro para te pagar?
Hélio: - A justiça me permitiu vir pegar alguns objetos pessoais do seu filho. Posso entrar?
Marta: - Você quer os objetos daquele filho da puta?! (batendo a porta na cara de Hélio)
Hélio: (batendo na porta) – Senhora. Senhora.
Marta: - (abrindo a janela) – Quer as roupas daquele desgraçado. (jogando as roupas na rua)
Hélio: (perplexo) – Deus.
Marta jogou a mochila e os materiais da escola. As únicas coisas que meu pai pegou no meio de tanta bagunça.
Gustavo: - Desculpa por isso senhora. Não queria meter vocês nessa história. (saindo do carro)
Marta: - Desgraçado. Maldita hora que eu te tive. Devia ter te matado!!!
Hélio: - Gustavo entra no carro agora. Você não precisa ouvir essas coisas.
Gustavo: - Já estou acostumado. (pegando as roupas no chão)
Hélio: - Vamos. Você não pode se prestar a isso. (pegando no ombro de Gustavo e o levando até o carro) – Quer saber... vamos ao shopping.
Fiquei assustado com aquela situação. Como o Gustavo passou 16 anos de sua vida naquela situação. E como aquela desgraçada tinha coragem de dizer que era a mãe verdadeira do meu amigo? Meu pai... nossa ele estava sendo maravilhoso. Queria poder abraçar ele.
Depois de compramos algumas roupas e calçados para o Gustavo fomos para casa.
Hélio: - Filho. Em nenhum momento acredite nas palavras daquela mulher. Você é muito especial. (pegando no ombro de Gustavo) – Agora vocês vão comer alguma coisa e depois dormir.
Alex: - Onde vocês estavam? (descendo as escadas)
Hélio: - Nada de importante. Alex... esse é o Gustavo. Ele vai ficar um tempo aqui em casa. Por favor... não seja mal educado. Gustavo se esse garoto aprontar alguma coisa me avise.
Gustavo: - Pode deixar senhor...
Alex: - Vish. Deixa eu ir para o meu quarto que eu ganho mais.
Pela primeira vez depois do beijo eu e Gustavo ficamos sozinhos. Fomos para cozinha e fizemos macarronada para jantar. Subimos e nos preparamos para dormir. Fui tomar banho e depois foi a vez dele. Enquanto dava uma olhada rápida do computador ele saiu do banheiro. Fiquei babando quando o vi sem camisa.
Gustavo: - Sabe onde tá aquele algodão? Vou passar remédio e...
Thiago: - Claro. Deixa que eu passo para você. (levantando e pegando o algodão)
Gustavo: - Ok.
Thiago: - Acho que vai arder um pouquinho. (passando o algodão no medicamento)
Gustavo: - Hug! (fechando os olhos)
==============================
O teu rosto espelhou
Tudo que eu queria ver
Na verdade ele mostrou
Toda falta em meu ser
=============================
Thiago: - Desculpa. Eu...
Gustavo: - Tudo bem...
Nos beijamos apaixonadamente. Caímos na cama e parecíamos dois malucos. Ele tirou minha camisa com força, olhou para mim e sorriu. Tirei sua toalha e vi aquele pênis lindo. Não esperei a permissão do Gustavo e comecei a chupá-lo.
Gustavo: - Isso... vai... continua.
Depois de um tempo ele pegou uma camisinha e pediu para eu ficar na posição de frango assado. Fiquei com medo no início, pois, fazia tempo que não transava. Ele lambeu meu ânus e deixou todo molhado. Ele começou a me penetrar com
força. Gemia e passava a mão naquele corpo lindo.
========================
Cuida do meu coração
Ele esta em suas mãos
Meio triste e perdido
Dê a ele a direção
Daquelas cartas de amor
De um outono sonhador
De um inverno aquecido
Primavera de uma flor
No verão dessa canção...
============================
Terminamos e ficamos deitados abraçados. Ele começou a chorar e eu apenas o abracei durante toda noite. Adormecemos juntos.
Do outro lado da cidade, a professora Elizabeth olhava a foto de um garotinho e chorava copiosamente. Imaginava o tempo perdido e as lágrimas derramadas.
Ludmila tomou coragem e ligou para Alison. Ela marcou uma sessão de cinema na noite seguinte. Ficou toda feliz.
Bruno falava com seu amigo no skype.
Bruno diz:
“Ei to indo dormir”
Julio diz:
“Vai fazer algo de importante amanhã?”
Bruno diz:
“Sim”
Júlio diz:
“Xiii é encontro é?”
Bruno diz:
“Não. Vou ajudar a minha mãe”
O celular do Bruno apita.
Kim diz:
“Tudo certo para o nosso encontro?”
Bruno diz:
“Sim. Está tudo certo”
======================
Fiz poesia da dor
Ambrosia desse fel
Me entreguei a este amor
Contando estrelas no céu
======================
Deitei a minha cabeça no peito de Gustavo. Adormeci. Fazia tempo que não me sentia seguro e o mundo parecia que aos poucos voltava ao lugar. Pena que tudo isso duraria pouco.