Sinceramente a minha vontade era de dizer Não! Quando falei entra, Natália meio que soltou um sorriso cínico de canto de boca, minha vontade era de voar no pescoço dela mas Vitor iria se sentir demais. Ambos entraram e chamei pra cozinha onde estavam meus amigos. Os apresentei e puxei conversa com Natália:
- Então você é a famosa Natália, bem diferente do que Vitor me falava. - disse num tom de sarcasmo e ironia.
Senti Vitor ficar branco na hora, ele conhecia meu alto senso de humor negro e que quando eu quero meu sarcasmo e minha ironia vão a mil. E de pressa ele cortou:
- Realmente ela está bem diferente de quando éramos crianças. - disse ele numa velocidade e meio que gaguejando.
Ela apenas nos olhava, sabia que tinha sido uma criança estranha e eu poderia de forma muito sutil esquecer isso mas, não depois daquele sorrisinho de "venci" que ela deu quando entrou.
Entramos naquele conversa de quando chegou, se estava curtindo, quanto tempo iria ficar e óbvio se estava solteira. Ela disse que havia chegado a uns dias, a quantidade exata de dias que Vitor havia sumido diga-se de passagem, amava passar ferias no Rio e a muitos anos não o fazia; Pra completar veio a tacada final
- Quanto estar solteira, estava até ontem. - disse levando a mão dela até a de Vitor e dando um leve apertão. - Agora não estou mais - finalizou com um sorriso que meus amigos depois falaram que foi normal, mas pra mim foi de pura maldade e provocação.
Instintivamente olhei para cara de Vitor que de branco estava amarelo. Larguei o que estava fazendo na cozinha e fui ao meu quarto, não iria fazer cena na frente daquela ridícula nem dos meus amigos. Senti que Vitor veio atrás e minha vontade era de esmurrar a cara dele. Entrei no meu quarto e em seguida ele veio.
- Que porra é essa Vitor?? Eu espero que sinceramente você tenha uma explicação, ao menos sobre trazer essa - segurei um palavrão - essa garota pra dentro da minha casa. Eu sinceramente não queria nem ouvir explicações suas mas, não sei o que deu na minha cabeça ontem pra deixar você vir aqui.
- Não fui eu que beijei ela ontem, ela que veio pra cima de mim e agora eu não soube como reagir, não queria desmentir ela na frente de todo mundo. - disse ele tentando se explicar.
- E o namoro?? Vai dizer que foi coisa da cabeça dela também?
Ele nem tentou se explicar, apenas abaixou a cabeça.
Aquela história de foi ela que me beijou foi a pior que ele poderia me contar, pedi pra ele ir embora e levar aquela bisca pra bem longe de mim. Primeiro ele me segue até onde eu só queria ficar sozinho e ter o mínimo de sossego, depois some e quando finalmente eu o vejo é beijando a priminha dele. Não sou obrigado a aturar, ali decidi, era hora de uma vida nova, sem Vitor, sem Felipe e sem qualquer coisa que me impedisse de seguir.
Sai do quarto e voltei a cozinha, expliquei toda a história ao Diego e Rafael que me aconselharam a seguir mesmo a vida e por um fim nessa novela. A noite saímos pra comemorar a vida nova e também pra me despedir deles pois, iriam embora no dia seguinte. Mais uma vez bebemos muito, rimos, dançamos e vivemos!
No outro dia acordei, coloquei uma música animada e fui a uma área externa levando o urso, o bilhete, pendrive tudo que me lembrava Felipe e fiz uma Mini fogueira, não poderia esquecer o passado com tudo aquilo dentro de casa, sentia naquele ato uma certa libertação.
A vida seguia naquele ritmo de começo de ano e ferias. Praia, muito sol e calor, comecei a me dedicar mais a mim e a academia, até que em uma tarde meu pai me liga.
- Dan como você está?
- Bem pai e por ai como estão as coisas?
Num tom de voz preocupado ele respondeu
- A sua mãe, bem ela passou mal ontem a noite e está no hospital.
Naquele momento tomei um baita susto, mesmo porque eu não havia me despedido dela quando vim embora e não mais falará nem pelo telefone com ela. Um imenso sentimento de culpa me tomou e de imediato perguntei
- O que ela tem pai, ela está bem?
- Sim agora ela está melhor, fazendo alguns exames ele teve um princípio de enfarto e vai ficar internada por uns dias.
Senti que ele estava me escondendo algo e imediatamente corri e fiz minhas malas. Chegando em casa larguei tudo na sala mesmo e fui ao hospital, minha cabeça estava tão a mil que lembro que passei por alguém, não reparei quem. Chegando ao hospital encontrei minha mãe desacordada numa cama, aquilo foi a pior coisa que eu poderia ver, e toda aquela cena de ir embora sem me despedir dela vinha como um repetido filme na minha cabeça pois, apesar de qualquer coisa ela era minha mãe.
Coloquei uma poltrona e fiquei ali próximo a ela na esperança dela acordar, quando chega o médico dela e me explica a sua situação. Ele contou que ela havia sofrido um princípio de enfarto, que para ela se recuperar melhor e não ter sequela alguma ele tinha induzido ela a um coma, disse ainda que permaneceria assim por uns dias ainda não definido. Fiquei um pouco assustado com aquela história de coma mas, o médico me tranquilizou e disse que era o mais adequado no momento.
Fiquei mais um pouco no quarto quando ouço umas batidas na porta, digo que pode entrar e quem é? Felipe.
Sinceramente ele era a ultima pessoa que eu queria ver naquele momento, não tinha cabeça pra pensar em nada além da saúde da minha mãe. Ele entrou de cabeça baixa e perguntou
- Como ela está?
- Está se recuperando. Sua mãe sabe que você ta aqui?
- Sim, avisei a ela, tomei meu toddynho e fiz a minha lição de casa antes de sair - disse com um sorriso bobo.
Tentei manter a seriedade e não rir mas foi inevitável, ele continua o mesmo bobão de sempre. A presença dele era animadora quase um encanto. Porém de imediato volto a mim e a promessa que havia feito ao Diego e Rafa, vida nova! Estava com fome e desde que tinha saído de casa não havia comido nada, então disse a Felipe que precisava sair e num pulo ele disse
- Eu vou com você!!
Olhei pra ele com um olhar de "quem convidou?" E ele completou sua frase
- Se você quiser, claro. - disse fazendo cara de cachorro que caiu da mudança.
- Não vejo problemas. - disse e sai.
Se tem uma qualidade que eu tenho é determinação, e estava determinado a não dar chances a ele.
Seguimos até um restaurante próximo, entramos e nos sentamos. Pra mostrar a ele que eu não era mais um guri bobo e que iria me deixar levar pelo joguinho dele antes de mais nada perguntei
- E a sua noiva? Como está? Poderia ter vindo junto. - disse passando o olho no cardápio.
Senti ele completamente desconfortável, acho que se pudesse levantava e saia correndo.
- Esta bem, não veio porque saiu com a minha mãe, resolver alguns assuntos. - disse totalmente sem graça.
- Do casamento, que legal e quando vai ser??? - Disse em um tom de entusiasmo e sarcasmo.
- Será em Maio - disse com uma cara feia que poucas vezes vi.
- Maio? Que legal, só espero que não seja no dia do meu aniversário.
-Porque ?
- Porquê esse ano já planejei viajar e não quero faltar ao seu casamento.
Não consigo descrever a cara dele nesse momento foi uma mistura de duvida, raiva e revolta, ele ficou completamente desconsertado. E continuei
- Mais me conta como soube que eu estava aqui??
- Você passou por mim na rua mas acho que não me viu.
- Realmente havia passado por alguém mas não notará quem.
Senti em Felipe um ar muito indignado, parecia que ia explodir, não sei até onde ele pensou que me levaria naquele papo, até que falou
- Olha eu não posso acreditar que tudo o que sentimos vai ser deixado para trás assim. Eu to disposto a lutar pela nossa história, eu to disposto a lutar contra o que for. - disse ele com os olhos marejados.
Ver Felipe falar aquilo tudo mexia muito comigo, eu gostava dele por mais que negasse a mim mesmo eu amava ele. Porém mantive minha posição firme de que não iria mais me deixar levar.
- Felipe você está mesmo disposto a ficar comigo é simples, termina esse noivado, acaba essa história e ponto.
Ele me olhou e começou o discurso que eu já esperava, de que não seria fácil explicar tudo a família dela e ao pai dele, sem falar na mãe dele que iria morrer se isso acontecesse. Tive que ser bem pé no chão com ele
- Então Felipe o que você propõe ? Que fiquemos as escondidas? Que enquanto você passeia de mão dada com ela pra cima e pra baixo eu fique em casa escondendo o que sinto pra alimentar a vontade dos outros? Se toca cara você está fazendo a sua escolha e eu respeito.
Ele se levantou e saiu. Aquilo tudo foi como se um caminhão tivesse passado por cima de mim mal tomei o suco e voltei ao hospital.
Iria passar a noite lá e dispensei meu pai pra casa, pra poder descansar um pouco. Entrando no quarto encontrei um enfermeiro lá, de inicio me assustei ele era muito jovem aparentava uns 19 anos. Fiquei parado à porta por alguns minutos e ele notando o ar de duvida se apresentou
- Boa Noite senhor, me chamo Gabriel e ficarei de plantão até as 8h da manhã, caso necessário me chame, estou a disposição.
Dizendo isso apertou a minha mão e dando um belo sorriso saiu. Achei ele bem interessante tinha uma altura próxima a minha, um corpo normal, cabelo cortado bem baixo e os olhos meio mel que combinava com sua pele morena.
Sentei em um sofá que havia no quarto e tentei dormir mas, com toda aquela agitação do dia não conseguia. Resolvi então procurar algum medico ou enfermeira que pudesse me dar algo que ajudasse a dormir. Logo no corredor encontrei Gabriel, que abriu um sorriso, estranhei mas segui.
- Oi será que você me conseguiria algo para me ajudar a dormir? Tive um dia complicado corrido cheguei de viagem e vim logo pra cá.
- Lógico que posso, você prefere injetável ou comprimido?
Olhando a cara daquele guri não me senti confiável de tomar algum remédio injetável e acho que ele notou pois comentou
- Olha acabei de formar e posso te assegurar que nunca matei ninguém - disse rindo
- Não que isso, e que não sou muito fã de agulhas - procurei disfarçar.
Ele pediu que voltasse e aguardasse no quarto que ele já passaria por lá. Depois uns 20 mim ele chegou trazendo uns comprimidos e um pouco de água. Tomei e ele me desejou boa noite.
Durante a noite tive um sonho estranho com Emilly, Natália e Gabriel. No sonho as duas me perseguiam por uma avenida movimentada e eu já não tinha mais fôlego para fugir e dai aparecia Gabriel que me puxava pra dentro de um carro e me levava de lá. Parávamos de frente a uma praia e ele fazia um leve carinho no meu rosto...
Acordei e tomei um susto pois, Gabriel realmente estava ali passando a mão em meu rosto.
Galera mais um capítulo, vamos entrar na reta final... E ai mais um agora pra bagunçar a história rs
Meu muito obrigado a todos os votos, comentários, emails e sinal de fumaça amo falar com vocês e isso me inspira ainda mais a escrever.
Beijos até o próximo.
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