Segunda-feira, diga mundial da preguiça! Mas naquela segunda, em especial, eu estava bastante animado. Ao acordar tinha uma mensagem do Lipe dizendo que já estava com saudade, e outras que ignorei. Me arrumei, me sentindo completo, e feliz, como há tempos não sentia. Pensei na vida, e no Filipe, talvez eu estivesse deslumbrado com ele depois da festa, e tenha falado coisas de mais. Quem pensa em "alguém pra vida toda" assim? Ele definitivamente era um cara legal, mas não esperava namorar ou algo assim, no momento. Também não queria sair por ai beijando, e transando com qualquer pessoa, eu apenas não estava no momento pra isso, e pra ser sincero, isso de homossexualidade ainda estava um pouco confuso. Durante a noite de Domingo pra segunda, eu tinha pensado muito a respeito desse assunto... Por fim, resolvi me aceitar nessa situação envolvendo outro cara, pra mim a situação não era "sair do armário", porque eu nunca estive no armário, eu apenas não tinha tido oportunidade, e vontade de ter um relacionamento com outro cara, a situação real era "eu realmente sou bi, e eu vou continuar com isso ou foi apenas curiosidade?". Em alguns segundos rememorando os momentos com o Filipe eu tinha certeza que não era curiosidade, ou "coisa de momento", e se eu estava na chuva, era pra me molhar!
Assim que que cheguei na faculdade, levei um susto, primeiro com Amanda correndo em minha direção e me beijando no hall, e segundo com uma mensagem que recebi. O texto na mensagem dizia: "Douglas, por favor, preciso de você! Estou na sala 506 do bloco F. É URGENTE! Filipe". Assim que vi a mensagem, disse pra Amanda que precisava sair porque tinha ocorrido um problema, e pra segurar meu lugar próximo de todos, porque provavelmente chegaria atrasado na primeira aula. Naquele momento só conseguia pensar em uma coisa, Filipe. No que ele teria se metido? Com certeza, algo envolvendo Marcos. Será que o Marcos o encontrou e fez algo om ele? Ou um dos amigos do Marcos? Ele tinha me chamado de Douglas na mensagem. Porque ele me chamaria assim, de forma tão formal? Será que alguém descobriu algo? Pior, talvez ele pudesse estar passando mal. Meu Deus, que agonia. Corri pra sala que Filipe estava. Assim que cheguei no corredor da sala em questão, meu coração começou a bater mais rápido. Será que ele estaria bem? Como estaria quando eu abrisse a porta? As malditas palavras não saiam da minha cabeça "preciso de você" "É URGENTE"... Cheguei em frente a porta, e sem parar pra pensar abri. Assim que abri, outro susto...
Sabe quando seu coração, apenas por um segundo, parece parar de bater? Quando tudo parece passar bem devagar diante de seus olhos? Foi exatamente assim que me senti. Meu coração parou, e minha boca não foi capaz de conter um grito, assim que Filipe pulou detrás da porta. Eu esperava ele ferido, ensanguentado, abalado, desmaiado, mas não com a cara lerda rindo de mim.
_ Parece que eu te assustei mais do que devia - ele disse numa cara lavada, morrendo de rir.
_ Se me assustou mais do que devia? Eu esperava chegar aqui e encontrar você morto, ou próximo disso.
_ Doug você é realmente, engraçado. HAHAHA eu só queria um lugar sossegado pra te beijar, e quase nunca tem aula nessa sala. Então, resolvi mandar uma mensagem pra você me encontrar aqui. Mas não ia ficar te esperando a manhã inteira, então coloquei um pouquinho de urgência. - Ele disse isso e veio pra me dar um beijo, que eu prontamente cortei.
_ Você tem noção do quanto eu fiquei preocupado? Pra começar você me chamou de Douglas, eu pensei que algo realmente sério estivesse acontecendo com você, seu imbecil. -Eu fui me aproximando dele, emparelhando face a face - E se você tivesse falado que era pra isso, eu teria vindo mais rápido, e não teria quase. -Ele me cortou com um beijo...
Ele começou me beijando com volúpia, força, e desejo. Ele realmente estava com urgência nisso. Suas mãos estavam no meu rosto, enquanto as minhas apertavam suas costas num abraço íntimo. Nossos rostos viravam-se em direções opostas numa velocidade alta, e nossas línguas buscavam-se prendar uma a outra. Suas mãos desceram pra minha cintura, me apertando e as minhas subiram pros seus cabelos. Fui puxando aos poucos. Paramos, respiramos, e ele diz que se continuasse daquele jeito, não conseguiria se controlar. A minha única resposta foi: "não se controle!". Ele me jogou na parede, e voltou a me beijar, dessa vez mais lento, e num ritmo mais compassado. Pude sentir os movimentos dos seus lábios, e fui mordendo, minhas mãos ainda puxavam seus cabelos. Eu estava delirando de prazer, e imagino que ele também. Mas eu começava a ouvir vozes.
_ Não amor, aqui não. Eu não vou entrar - era a voz de uma menina
_ Amor, vai ser rápido ninguém vai ver. - respondeu o rapaz que acompanhava a moça
Eu fiquei em pânico, empurrei o Lipe, e apontei pra porta. Ele logo percebeu. E começou a falar bem baixo, perguntando o que iriamos fazer. Pedi pra ele ficar de frente pra mim numa distancia maior, que eu resolveria.
_ Vamos entrar, princesa? Ninguém usa essa sala! - e seria verdade, se o Filipe não achasse o mesmo...
_ Rápido! Vamos!
Assim, que percebi que iriam entrar de verdade, comecei a falar alto:
_ Ela morreu Filipe, morreu. - eu dizia enquanto fingia chorar. Bem nessa hora o casal entrou.
_ Lipe, nunca mais eu vou ver ela de novo, o que vai ser de mim? - O casal ficou super sem graça ao ver que não estavam sozinhos na sala, e ao perceber a situação, em que um amigo consolava o outro pela morte de alguém.
_ Desculpa atrapalhar - o cara disse - meus pêsames, bro. - e fechou a porta.
Assim que fecharam ouvi a menina reclamar que era uma idiota por ter entrado, e que nunca mais ia fazer essas loucuras.
Só parei de prestar atenção no casal, quando percebi o Lipe rindo. Ele ria sem parar!
_ And the oscar goes to... Douglas! Opa, Doug! Sério, você foi incrível. Se fosse eu que tivesse entrado, viria aqui te abraçar. Eu achei mesmo que tivesse perdido alguém. HAHAHAHAHA Como você pensou nisso?
_ Você acha que eu vejo séries a toa? São nesses momentos que elas são úteis! Mas chega de susto, temos aula!
_ Vamos, meu ator, mas antes vem prum último beijo? - Ele pediu, e ganhou!
As primeiras aulas foram tranquilas, até que deu a hora do intervalo. Estávamos conversando no pátio, quando o que todos esperavamos aconteceu: Marcos chegou.
_ Vocês perderam o restante da festa. Foi bem animada.
_ Nós não perdemos nada! - disse o Pedro.
_ Olha só, a bichinha resolveu falar. Pois saiba que encontrei com um namoradinho seu, lá mesmo na festa.
_ Cala a boca, infeliz! - Até então, não tinha visto Pedro com raiva.
_ Marcos, já deu. -Alice disse -Ninguém aqui quer papo com você! E outra, duvido que algum namoradinho do Pedro estivesse lá, porque eu já tinha ido embora! - Quando ela terminou de dizer isso, deu um beijo de lingua no Pedro.
A cara do Marcos foi hilária! E as nossas também, acho que ninguém esperava essa reação dela. E os dois continuaram se beijando por tanto tempo, que Marcos realmente foi embora.
Assim que ele foi, Alice parou o beijo.
_ Olha Alice, se quiser continuar, eu não me importo.
_ Engraçadinho, foi só pro panaca calar a boca.
_ Pois vou lá chamar ele pra falar merda de novo. - disse o Pedro
_ Gente, para tudo! Alice, eu nunca esperei isso de você! Estou abismada! Viu só amor? - Amanda falou, frisando o "amor" ao final da frase
_ Mas já é amor? hahaha - perguntou a Alice - Tão mais rápidos que eu e Pedro.
_ Pois nessa, quem sobrou fui eu. To me retirando - Lipe disse, e foi despedindo. - vou passar na biblioteca antes da próxima aula.
_ Espera, Lipe. Posso te chamar assim né? - perguntou o Pedro - tenho que ir lá também.
_ Claro, cara! Então vamos. Tchau gente. - Quando ele despediu, fiquei esperando um abraço, um beijo, sei lá, qualquer coisa que mostrasse que ele estava lá comigo. Mas nada disso aconteceu.
Logo depois que eles sairam, Alice saiu pra ir no banheiro, e disse pra Amanda terminar o assunto comigo logo, porque elas também tinham algo pra conversar.
_ Então você tem algo pra falar pra mim? - perguntei
_ Tenho, mas antes... - e me deu um beijo. Os beijos dela não eram nem de longe como os do Lipe, faltava algo, talvez porque eu não estivesse retribuindo da mesma forma. Mas ela tinha uma boca maravilhosa, e beijava bem. Durante o beijo, confesso, que pensei no Lipe, e no que ele iria dizer sobre isso. Mas logo acabou, e Amanda começou a falar.
_ Doug, eu vou ser bem direta, a gente nem ia comentar isso com você, mas com o que o Marcos fez hoje, fica meio complicado...
_ O que aconteceu? E o que isso tem a ver com o Marcos?
_ Calma, não tem nada a ver com o Marcos. É que pelo jeito, ele descobriu. Então mais cedo ou mais tarde, você descobriria também... O Pedro é bi.
Confesso, que não esperava essa revelação, mas diante dos últimos fatos, isso não me assustou nem um pouco.
_ Ah, isso? Achei que fosse algo serio.
_ Doug, durante a festa, quando você defendeu o Filipe, ele ficou puto, e beijou um cara por causa disso.
_ Não entendi, Amanda. O que uma coisa tem a ver com outra?
_ Doug, ele beijou um cara, só pra parar de sentir ciúmes de você.
Não, ela não podia achar que o Pedro tava com ciúmes de mim. Não mesmo. Ele sempre foi tão calado, e tão tímido.
_ Quando a gente estava voltando no táxi, ele começou a falar que eu tinha muita sorte, e que era uma piranha. Levei na brincadeira porque ele estava bêbado. Falei pra ele ficar quieto, mas ele continuou. Disse que eu tinha muita sorte, por ter ficado com você.
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Gente, desculpem pelo sumiço! Foram meses realmente difíceis. Não vou falar da minha vida pessoal aqui, mas quero dizer que pretendo postar regularmente. Alguém ainda se interessa pelo conto? Se sim, deixam nos comentários. Opiniões, críticas, e notas, são sempre bem vindas. Obrigado galera!