Era como se eu estivesse jogado ali naquela calçada. Cheguei próximo, não podia deixá-lo ali como um indigente, antes de qualquer coisa era um ser humano ali, talvez precisando de ajuda. Segui em direção a ele e não contendo algumas lágrimas tentei levanta-lo:
- Lipe, que isso cara, levanta dai vamos pra casa...
- Sai daqui !!! Eu não preciso de você nem daquela vagabunda! - disse gritando
Eu entendia que ele não estava sóbrio e que não deveria levar aquilo em consideração e novamente tentei levantar ele e tirar ele dali
- Cara depois você diz o que acha - PAFT fui interrompido com um belo tapa na cara.
Aquele tapa doeu na alma... Olhei pra ele e não o reconhecia, sai dali com aquele sentimento de desespero. Chegando ao hospital contei ao meu pai o ocorrido e pedi que fosse lá retirar ele daquela situação.
- Te falei que a situação não era pra rir - disse meu pai num tom triste
Meu pai saiu e eu fiquei no quarto com a minha mãe, ela dormia ao menos aparentava isso. Sentado na poltrona próxima não contive o choro, queira espernear de ódio mas não podia. Enquanto estava com a cara enfiada na almofada para abafar o choro, minha mãe se levantou e veio até a mim sem eu perceber, apenas a notei quanto uma mão acariciava meus cabelos
- Você gosta mesmo desse menino? - disse numa voz tranqüila que nem parecia ser minha mãe.
- Que menino ? Não tem menino nenhum mãe. - disse com a voz embargada
- Estou falando do que trabalha aqui, o Felipe me falou que você levou ele a festa dele.
Não acreditava estar ouvindo aquilo da minha mãe, o que ela queria com aquelas perguntas
- Mãe que amizade sua é essa com Felipe? O que ta acontecendo?
- Nao está acontecendo nada. Ele veio me visitar, queira que eu fizesse o que? Expulsasse ele? - ela falou isso de uma forma suspeita.
Não estava acreditando em nada daquilo, lembro do dia que reencontrei Felipe e minha mãe ligou para o celular dele, da forma como ela o tratava e conhecendo muito bem a Mãe que tenho, até em coma ela enxotaria ele dali se ela realmente quisesse. Então ela veio perguntar o porquê de estar chorando.
- O que houve que estava chorando ai igual bezerro desgarrado?
- Nada demais, ando meio tenso ultimamente.
Não queria contar a ela, mas ela
foi muito insistente.
- Não perguntei se sente bem, perguntei o que que houve?
Contei o que havia ocorrido já esperando ela dar uma bronca daquelas, com o velho discurso que esse menino não presta, se afaste dele e tudo mais. Para minha surpresa ela soltou
- Coitado dele, essa história da Emilly e você com esse muleque esta mexendo muito com ele. - disse com uma expressão preocupada.
- Coitado? - disse incrédulo
- Durante esses dias que passei aqui no hospital ele vinha todos os dias me visitar. Eu estava inconsciente mas de certa forma podia ouvir tudo que acontecia, tinha dia que minha vontade era bater nele de tanto que ele falava de você, acho que nem eu amo tanto você. No inicio quando vocês eram crianças eu achava que era uma fase e por isso decidi levar você pra longe dele, até que um dia a Nice nos procurou e falou de como Felipe estava com essa separação. Nesses dias aqui com ele vindo todos os dias falando que te amava e chorando feito uma criança pude sentir que é verdadeiro. Não vou te falar que aceito uma relação de vocês dois porque pra mim isso é errado, no dia que ele pegou a noiva dele lá com outro, ele veio aqui e eu já havia acordado e conversamos um pouco.
- Já havia acordado? Como assim? - disse a interrompendo
- Nesses dias todos eu acordava as vezes, não sei te dizer como mas voltava a dormir logo. E nesse dia ele veio e estava nesses períodos, ele entrou cheirando a álcool, era muito visível que ele tinha usado algum tipo de droga. Mas o que ele me falou ficou martelando na minha cabeça, muito mais do que todas as vezes que ele veio e que ele disse. Ela me contou que no dia do aniversário dele você falou algo sobre o bosque e que sem saber confirmou uma suspeita dele, no dia que ele foi atrás dela e a viu com outro e o que mais o deixou triste foi ter escolhido ela e não você. Procura ele filho, ele te ama.
Tudo aquilo me deixava meio zonzo, ouvir da minha mãe aquilo e vê-la me incentivar a ir atrás de Felipe, estava muito confuso. No mais cada um tem suas escolhas eu não iria atrás dele
- Mãe, cada um tem suas escolhas, Felipe escolheu o que ele queria. Hoje eu fui ajudar ele como ser humano e o que ele fez? Me deu um tapa. Emilly que ajude ele. - disse decidido.
Pode parecer desumano, mas aquele papo dele pra minha mãe me soava como um papo barato pra me convencer a ir atrás dele. Já era fim da tarde quando meu pai voltou dizendo que havia deixado ele em casa e que a mãe dele queria falar comigo, sem duvidas seria para falar que tudo aquilo seria culpa minha e que eu tinha feito a cabeça dele contra a Emilly e blá blá blá. Estava mais que certo que não iria atrás de ninguém!
Acabei ligando para Gabriel e pedi pra ele vir mais cedo para conversar. Contei tudo a ele, pois assim como meu pai ele havia ficado "tocado" com a história de Felipe. Ele acabou por me aconselhar a ajudar ele, mas me mantive firme na decisão de que temos o que merecemos. E ainda brinquei
- Ta me jogando pra ele? Quer se livrar de mim? - disse rindo e dando um leve selinho.
- Sabe que por mim você não o veria nunca mais, mas você tem que saber o que é melhor para você. Tem que seguir o que o seu coração pede.
Pra quem buscava um conforto ou uma direção, ouvir para seguir o que o coração pede não e muito agradável e nem ajuda muito. Como ainda teria toda a noite para conversar o liberei para assumir seu plantão e retornei ao quarto para ficar com a minha mãe, tudo aquilo me sufocava e precisavga ficar um tempo longe de tudo.
- Mãe como a senhora está se sentido? - disse entrando no quarto
- Bem.
- Que bom mãe, porque to voltando pro Rio amanhã a noite.
- Nem pensar!! - disse ela num semi-grito.
- Mais mãe a senhora já está melhor.
- Eu estou mas e o Felipe?
Olha aquilo já estava me enchendo, eu lá queria saber de Felipe, pouco me importava ele. Ele tinha a mãe dele pra cuidar dele. Minha mãe não ouviu isso feliz e ainda tentou me convencer a ficar mais não obteve sucesso. Decisão tomada era hora de falar com Gabriel, inicialmente fez uma cara de choro mais entendeu meus motivos e como num complor me questionou
- Mais e o Felipe?
Meu sangue subiu nessa hora.
- Pelo amor de Deus Gabriel o que eu tenho haver com Felipe? Meu nome e Emilly? Meu nome e Nice ou Marcelo? Não né? Então não tenho nenhuma obrigação com ele - disse de uma forma explosiva.
- Desculpa não precisa ser grosso, só acho que você deveria ao menos conversar com ele. - disse fazendo uma carinha que dava vontade de por no colo.
Não achava saudável ir atrás de Felipe e não iria fazer isso. Aproveitamos o baixo movimento no hospital para fugirmos e ter a nossa noite de despedida. Aquela cara de guri de Gabriel me deixava fora de si.
Pela manhã conversei com meu pai que de forma automática fez a mesma pergunta sobre Felipe e sem paciência nem respondi apenas reafirmei que iria embora. Não me sentia feliz por estar deixndo o Felipe naquela situação, mas também tinha minha consciência livre e limpa, de que aquilo era resultado de suas escolhas.
Como meu pai estava no hospital com a minha mãe iria pegar um táxi pra ir pra rodoviária, saindo de casa me para o carro de Felipe e já senti que iria me estressar com aquilo, quando abaixa o vidro
- Já vai embora? Vem que eu te levo na rodoviária. - disse aqule jovem senhor.
- Não precisa tio, eu pego um táxi. - disse desconfortável.
Tio Marcelo como sempre muito simpático porém abatido, visivelmente desfigurado devido os recentes problemas. Resolvi entrar e fui com ele, trocamos poucas palavras durante o caminho. Quando chegamos ele me ajudou com as malas e quebrando o silêncio disse
- A Nice tava querendo falar com você, ela sabe que você já vai?
- Não, decidi ir embora ontem a noite preciso resolver alguns problemas. - disse de cabeça baixa.
Não queria entrar naquele assunto sabia muito bem aonde chegaria. Apertei sua mão o agradecendo a carona e jå virava de costas quando ele me puxou e me dando um forte abraço perguntou no meu ouvido
- Você não tem nada pra me contar?
Aquele abraço foi como um soco no estômago eu não sabia o que reaponder. Apenas acenei com a cabeça que não e sai. Sai completamente despedaçado daquele Abraço e sabia que aquilo tinha sido como um pedido de ajuda do Tio Marcelo. E agora o que fazer?
Galera ta ai mais um capítulo que eu não sei se ficou pequeno ou minúsculo pois to escrevendo no bloco de notas do celular. Me desculpem muito pela demora e já posso dizer que o próximo só segunda a noite. Estou numa fase pessoal muito complicada e conto com a compreensão de vocês. Beijos até segunda, sem falta. ♥♥♥
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