"Ninguém deve culpar-se pelo que sente, não somos responsáveis pelo que nosso corpo deseja, mas sim, pelo que fizemos com ele." - Érico Veríssimo
Era muito bom sentir os primeiros raios de sol bater no meu rosto. Esse ar fresco invadindo o quarto. Simplismente revigorante. Ótimo para começar meu dia. Respirei fundo e calmamente fui em direção ao banheiro tomar um bom banho, sem pressa alguma. Nossa como o tempo voa, já é sexta-feira. Em pensar que de segunda para cá aconteceu tanta coisa... Enfim, já chega de me lamentar, é hora de agir. A primeira coisa que eu deveria fazer seria conversar com a minha mãe mas a essa hora ela já deve ter saído para trabalhar, já que pode cair um meteoro na Terra e mesmo assim minha mãe não deixaria de ir trabalhar. Mas, como problemas não me faltam para resolver, tem também dona vagabriele. Preciso fazer aquela vaca entender que ela não pode mexer comigo e sair rindo da minha cara. Confiança, auto-estima, determinação; isso é tudo que eu preciso hoje. Pensei bastante no que fazer em relação aquela dupla de filhos da puta, Gabriele e Guilherme... Ah Guilherme, é realmente uma pena que nada tenha sido real. Eu realmente pensei que poderia haver algo entre nós, estava realmente gostando de você... Mas nem tudo são flores. Respirei fundo mais uma vez e saí do banheiro com a toalha enrolada na cintura, fui surpreendido com uma bela visão: Pedrinho deitado de bruços na cama só de cueca, com a luz do sol batendo em seu rosto deixando-o radiantemente lindo. Demorei um tempo olhando-o. Apesar dele ser meu amigo eu tenho que confessar... ele é MUITO gostoso...
Eu - Ai, ai, ai... o que foi que eu fiz? - me sentei na cama e passei a mão em seu rosto. - Eu não devia ter feito isso, Pedrinho. Você é o meu melhor amigo, cara. Como é que vai ser agora, hein? - suspirei e passei a mão pela suas costas. - Minha cabeça fica martelando o tempo todo dizendo que eu te usei, mas não foi isso... pelo menos eu acho que não. Sempre ouvi dizer que quando isso acontece entre amigos a amizade acaba, e eu não queria que a nossa acabasse. Não, mesmo. Nunca imaginei que você gostasse de mim de uma forma diferente da que eu gosto de você. Sempre amei você, sim. Mas como um amigo, um irmão. Mas como dizer isso à você sem te machucar? A última coisa que eu quero no mundo é te machucar. - fechei meus olhos por um tempo tentando reorganizar meus pensamentos e, quando abri, me surpreendi com aqueles olhos escuros que me olhavam intensamente. Será que ele ouviu alguma coisa que eu disse?
Pedro - Bom dia?
Eu - Bom dia. Pedro... olha eu...
Pedro - Eu ouvi, Negão. Eu estava acordado e ouvi tudo o que você disse.
Eu - Por favor, Pedrinho, não fica... não fica bravo.
Pedro - E eu não estou, Negão. - disse se sentando. - Eu é quem deveria te pedir desculpas.
Eu - Mas você não fez nada...
Pedro - Fiz... eu fiz, sim. Você está passando por uma barra e eu acabei jogando mais peso em ti. Eu deveria ter esperado mais, ter te contado depois com mais calma, só que eu me deixei levar pela situação. Eu te vi aqui tão... frágil. Minha vontade era de te proteger a qualquer custo. - eu abaixei a cabeça e fechei os olhos enquanto ouvia ele falar. - Acho que foi eu quem usou você, e não o contrário. - ele fez uma breve pausa, tentando escolher as palavras. - E depois do que aconteceu, depois do que fizemos, eu... nossa... não sei... não sei o que fazer, nem o que te dizer. Eu realmente queria esquecer o que aconteceu mas...
Eu - Eu sei... não dá para esquecer. - disse ainda de cabaça baixa e e olhos fechados. - Não vou negar que minha cabeça está numa confusão só. Mas também não vou ser hipócrita e dizer que eu não gostei do que rolou. - abri os olhos e olhei-o intensamente. - Porque eu gostei, sim, do que rolou de ontem para hoje. - Ele abriu um sorriso lindo. - Só peço à você um pouco de tempo e paciência. - ele passou a mão sobre meu rosto e deu um beijo em minha testa.
Pedro - Você tem todo tempo do mundo, Negão. E mais uma vez: me desculpa?
Eu - Só se você me desculpar.
Pedro - Está mais do que desculpado.
Ele me abraçou bem apertado selando nosso acordo. Eu realmente gosto do Pedrinho, e quem sabe não pode acontecer algo mais entre a gente... Ele se levantou e foi tomar banho. Do banheiro ele gritou:
Pedro - NEGÃO???
Eu - FALA. - fui até a porta do banheiro, que estava aberta.
Pedro - Como você vai para a escola sem uniforme? - Cacete, me esqueci completamente do uniforme. Ele ficou lá em casa onde... esquece um pouco do que aconteceu, Marlon. Senão você vai ficar pirado.
Eu - Não faço a menor ideia, Pedrinho. Droga, logo hoje...
Pedro - Como assim "logo hoje"?
Eu - Digamos que eu pensei em um modo de me vingar da vacabriele...
Pedro - O QUÊ?? E VOCÊ NÃO ME CONTOU NADA PORQUÊ??
Eu - Porque estávamos ocupados fazendo outra coisa... kk.
Pedro - Humm. Está perdoado então kkk. Vem cá, como você vai se vingar dela?
Eu - Eu vou tentar descobrir algum podre dela. Só que para isso, eu vou ter que me aproximar de alguém que seja próximo à ela.
Pedro - E quem seria essa pessoa?
Eu - Raciocina comigo: quem foi a pessoa que ela fez questão de jogar na minha cara dizendo que era namorado? Quem foi que ajudou ela à me ferrar? Quem foi que deu em cima de mim a mando daquela vaca?
Pedro - GUILHERME??? VOCÊ VAI USAR O GUILHERME???
Eu - Se quizer um megafone eu compro um para você falar mais alto. - ele fechou o chuveiro, pegou uma toalha e começou a se secar. Não tinha como não ficar babando numa visão dessas: Pedro, um cara que tem um belo corpo branquinho todo defido (do qual eu tive o prazer de tocar e beijar inteirinho), um sorriso de parar o trânsito, um rosto lindo e um lindo par de olhos negros feito a noite de deixar qualquer um de pernas bambas, e um belo... ah deixa pra lá hehehe.
Pedro - Olha que eu vou ficar bem animado se você continuar me olhando assim, hein. - dei um sorriso meio sem graça, abaixei a cabeça e fui caminhando em direção à cama coçando a nuca. - Hahahahaha você fica muito bonitinho quando está com vergonha.
Eu - Para com isso, Pedrinho. - ele se aproximou de mim. - Nem chega perto.
Pedro - Ahh Negão... - ele se aproximou mais ainda.
Eu - Pode chegar para lá, viu? E vai colocar uma roupa também. - ele deu mais um passo em minha direção e ficou parado me olhando de uma forma que na hora eu não entendi. Logo depois ele se virou e caminhou em direção ao guarda-roupas. Meu olhar foi o acompanhando até lá. Ele solta a toalha da cintura e a deixa cair no chão. Não preciso nem dizer que eu fiquei babando nele, né? E o filho da mãe ainda se virou e colocou as mãos na cintura.
Pedro - Que foi, Negão? Vai me dizer que nunca me viu pelado antes? - disse se fazendo de desentendido. - Que foi? O gato comeu a sua lingua, foi? Hahahaha
Eu - Você não presta! - disse em tirar os olhos do corpo dele.
Pedro - Se você continuar olhando desse jeito eu vou gamar.
Eu - Vai... vai... vai...
Pedro - kkkkk para de gaguejar e fala.
Eu - Vai colocar o uniforme logo, vai. - já estava ficando nervoso, e o filho da mãe sabe disso e continua provocando.
Pedro - Negão, você acha que eu estou gordo?
Eu - Hein?
Pedro - Você acha que eu estou gordo? - ele deu uma voltinha, mostrando tudo o que tive direito de ver. Ele parou e me olhou esperando uma resposta.
Eu - Não estou vendo gordura nenhuma aí. - para minha infelicidade eu ainda estava de toalha e ficando animadinho. Caminhei em direção ao banheiro, mas ele disse:
Pedro - Você não deve estar vendo direito, vou chegar mais perto. - ele começou a se aproximar de mim.
Eu - NÃO. - disse derrepente e sai correndo para o banheiro. De lá pude ouvir ele gargalhando.
Pedro - Ai Negão, só você mesmo.
Filho duma puta! Eu aqui tentando amenizar a situação, pedindo desculpas por me sentir culpado por ontem. E o que ele faz? Fica me provocando. Respira, Marlon. Respira fundo, você consegue. Quando saí do banheiro ele não estava mais lá. Tinha uma blusa do uniforme em cima da cama e uma calça jeans dele. Vesti e desci para a cozinha, e lá estava ele. Quando me viu se rachou de tanto rir. A tia Sueli ficou sem entender nada, mas também nada perguntou.
Eu - Tia, como está minha mãe?
Sueli - Está com a cabeça á mil por hora. Foi trabalhar para distrair a cabeça.
Pedro - Olha só, deu direitinho em você. - disse ee se referindo à calça.
Sueli - Pois é.
Tomamos café e fomos para a escola. Durante todo o caminho não falamos do que tivemos e muito menos sobre o que tinha acontecido com minha mãe. Pedrinho sabia muito bem me distrair e me fazer rir nas horas mais dificeis. Nos despedimos na porta da minha sala. Quando entrei me senti diferente, deixei de ser presa, aquele garoto timido e que levava desaforo para casa, e virei o caçador, o cara que ia fazer a vacabriele ter desejado nunca ter mexido comigo. Passei um olhar rápido pela sala e o achei, bem ali no canto. Caminhei até lá determinado, sabendo muito bem o que tinha que fazer.
Eu - Bom dia, Guilherme?
Guilherme - Bom dia, Marlon.
Eu - Eu queria levar um papo contigo, pode ser? - ele abriu um sorriso que me fez sair da Terra por um tempo.
Guilherme - Claro. Onde?
Eu - Lá no jardim da escola, no intervalo.
Nem esperei sua resposta e fui até o meu lugar, onde Lara já estava sentada me esperando.
Lara - Oi, Negão?
Eu - Bom dia, Lara.
Lara - O que você foi falar lá com o bofe?
Eu - Em breve você irá saber, mas ainda não é a hora.
A aula correu lentamente, ou foi minha anciedade? Mas quando finalmente o sinal tocou, olhei para trás e lá estava ele me olhando. Balançou a cabeça em sina afirmativo e se levantou. Entendi seu recado, ele estava indo para o jardim.
Lara - Vamos?
Eu - Vamos. - eu precisava arranjar um jeito da Lara não me ver com ele no jardim, ia precisar ficar sozinho com ele. E como mágica a solução apareceu na minha frente: - Pedrinho!!
Pedro - Nossa, isso tudo é feleicidade em me ver?
Lara - Oi, Pedro?
Pedro - Oi, Larissa.
Eu - Pedro, vai indo com a Lara para o refeitório. Eu vou ao banheiro.
Pedro - Mas...
Eu - Por favor? - pisquei para ele discretamente.
Pedro - Tudo bem.
A Lara ficou super feliz e foi caminhando com ele pelo corredor. Eu fui pelo lado oposto, em direção ao jardim. Assim que pus meus pés na grama o vi lá, sentado, me olhando.
Eu - Chegou a hora...
Boa noite, amores. Bom tenho duas coisas a dizer:
Primeiro: Que não vou poder responder a cada um de vocês hoje, pois estou de saída e só vou voltar amanhã de tarde. Mas como eu não quero deixar vocês na mão, vou publicar hoje a 15° parte.
Segundo: Gente, fiquei de boca aberta com a repercussão do meu caso, quer dizer, do fato de eu ser uma menina. Acho que choquei muita gente com isso hehehe. Bom, anteriormente, já li contos gays escritos, em primeira pessoa ou não, por meninas e ficaram muito bons; tanto quanto se fosse escrito por meninos. Visito a CDC a um pouco mais de um ano, e pude reparar que quando as autoras se revelavam meninas sempre tinha alguns que se rebelavam, deixavam de ler e instruía outros a também deixar de ler. Quando resolvi escrever recebi apoio e fui muitíssimo bem recebida por vocês. Todos temos direito de opinar, e deixei claro que estou aberta a opiniões desde o inicio. Não me encomodei ou me irritei de forma alguma com o "espanto" de alguns de vocês (confesso que até achei engraçado kkkkk). Deixo aqui meu muito obrigado de coração por vocês continuarem acompanhando a história e deixando a nota dez em cada um deles. Podem continuar opinando à vontade, se expressem. O que seria de nós sem nos expressarmos? Muitíssimo obrigada, meus amores. Um beijo em cada um de vocês, o lugar fica a critério de vocês... (brincadeira kkkk). Criticas, comentários, palpites e votos seão muito bem vindos.
Até quarta, meus amores :)