Cap.4
Em toda a minha vida, eu nunca achei que iria ouvir aquilo. Chen estava terminando com ela ali,na frente de todo mundo. Ela ficou com uma cara de surpresa no minimo, incrível.
- Você não pode terminar tudo Chen, não depois do que a gente viveu !- ele se levantou de uma vez só.
- Acontece que eu ja não tenho o mesmo sentimento de antes.
- O que você quer dizer com isso ?
- Você mudou! Você não era assim, esnobe com os outros igual foi hoje com aquela garota. Você era humilde, amiga e leal. Foi só sua família enricar que você ficou assim. E eu te digo uma coisa Isaura, eu não amei essa pessoa que esta aqui hoje- E então ele saiu da sala,sem olhar pra trás. Quem diria, Isaura já foi humilde! Eh, as pessoas mudam mesmo. Coitado do Chen. Mas pelo menos ele se livrou daquela cobra. Ela apenas sentou na cadeira, e ficou pensando. Por algum motivo, tive pena dela.
TEMPO DEPOIS
As aulas se passaram e Chen não voltou pra aula. Apesar de não sermos amigos, e eu estava sozinho ,então decidi procura-lo. Andei um pouco pelo colégio, olhei em vários lugares o procurando, não o achei. Já estava quase desistindo quando o vi debaixo de uma árvore, com um caderno na mão. Parecia estar concentrado. Fui me aproximando. Percebi que ele estava desenhando.
- Oi- falei, fazendo aqueles olhinhos puxados olharem agora pra mim.
- Oi
- Posso sentar aqui ?
- Claro- o sotaque que ele expressava quando falava o r era muito engraçado.
- Que sotaque engraçado você tem !- sorri, e ele olhou pra mim, também sorrindo.
- Para. Eh muito difícil pra mim falar português, apesar dos anos que já estou aqui- um silêncio ficou entre nós, e eu fiquei observando o sol, brilhante que existia a nossa frente.
- Eu vi o que aconteceu hoje. Você ta bem ?- ele respirou fundo.
- Eu não queria falar disso.
- Tudo bem.
- Não queria...- ri- na verdade, eu já estava querendo fazer isso a alguns dias. Só estava esperando ter um motivo. Acabou a paixão sabe. Ela se tornou tudo aquilo que eu mais detesto, e eu acho que foi isso que me fez deixar de gostar dela. Mas enfim, eu estou meio nervoso. Mas estou bem- olhei para o seu desenho, e percebi que ele desenhava o céu,com todos os seus detalhes.
- Que desenho lindinho. Posso ver ?
- Claro- ele me entregou e eu pude ficar admirando os contornos quase perfeitos que ele havia aplicado ao desenho.
- Você desenha muito bem- ele sorriu.
- Obrigado. Desenhar me ajuda a relaxar quando eu fico nervoso- e entao ele continuou desenhando- me lembro de Pequim. Quase todo dia eu subia em cima do meu prédio, e desenhava esse pôr do sol- ficamos em silêncio- claro que o de la era bem mais poluído! - ri.
- O daqui está no caminho daquele- ele sorriu.
- Gostei de você. Acho que vamos ser bons amigos.
- Acho que sim.
Os dias foram passando. Chen se aproximou mais da gente. Eu e Luísa, mas principalmente eu, adoramos. Ganhamos um amigo engraçado e alegre. E principalmente, bem gato. Isaura sempre o observava de longe. Ela estava um pouco mais triste de uns tempos pra cá. Deixou até de se cuidar. Estava mais, acabadinha, podíamos dizer assim.
- Isso serve de lição, pra ela aprender a não maltratar as pessoas- ele dizia
- Se ela foi tudo isso que você diz, que ela volte a ser. Seria bem melhor pra ela.
- Espero que sim.
- E entao amigos,o que vão fazer hoje ?
- Eu e o Chen temos treino hoje- falei, olhando pra ele.
- Ah-ela baixou a cabeça.
- Você pode ir também- ele falou. Droga,queria ficar mais uma vez sozinho com ele.
- Sério?
- Humrum. Trás roupa de banho que a gente pode se divertir depois do treino.
- Mas não vão brigar.
- Não- droga... Eh,parecia que eu nunca iria ter nada com ele mesmo. Ele parecia estar afim da Luisa. Horas de sonhos perdidos- não se preocupa, vou te dar carona hoje- sorri de novo, só de imaginar aquele corpo abraçado ao meu de novo.
TEMPO DEPOIS
Eu, ele e Luisa brincávamos de jogar água um no outro. Nem treinamos direito. O que mais fizemos foi brincar na piscina.
- Ai amigos, minha barriga já ta doendo de tanto rir- Luisa dizia, limpando uma lágrima que caía. Eu so tinha olhos pra Chen. O observava por minutos, as vezes involuntariamente.
- Eu vou lá no banheiro, já volto- Chen falou. Ah se eu pudesse ir junto. Fui acordado de meus devaneios por Luisa.
- Migo, eu fiz algo pra você? - olhei pra ela sem entender, e neguei.
- Não.
- Então porque você ta me tratando estranho- porque você melou meu treino a sos com o gostosao porra !!!
- Eu acho que eh impressão sua. Eu não estou te tratando estranho não.
- Hum. Posso te fazer outra pergunta ?
- Claro.
- Você e gay ?- arregalei os olhos.
- Er... Porquê?
- Não precisa dizer mais nada. Se quiser eu até te ajudo com o Chen. Só acho meio dificil já que não lembro dele ter ficado com homens.
- Mas do que esta falando ?
- Ué, tá escrito na sua cara que você e afim dele. Só cego não percebe.
Será mesmo ? Será se eu dava tanta bandeira assim ? Será se ele tinha percebido ? Oh meu deus, estaria perdido.
TEMPO DEPOIS
Naquela moto, eu nao parava de pensar na possibilidade de o niponico desconfiar que sou afim dele. Talvez sua reação fosse péssima, e tudo o que eu nao queria era brigar com ele. Tinha que me cuidar.
- Você gosta de yakisoba ?-perguntou, quando o sinal estava vermelho.
- Gosto, porquê ?
- Eu podia comprar ali na frente, pra gente comer na sua casa, o que acha ?-minha casa. Ué, pelo menos ele ficaria mais tempo comigo.
- Ok, vamos lá- rezei pra que a casa estivesse arrumada
Ao chegar la, a casa estava um brinco. Mamãe já apareceu rapidamente.
- Oi filho,ainda bem que apareceu, já estava preocupado.
- Oi... Mãe, er... Esse é meu... Amigo Chen.
- Muito prazer senhora- falou, beijando sua mão.
- Own, o prazer é meu- sorri com aquela cordialidade. Fomos pra cozinha.
- Sério que voce beijou a mão da minha mãe.
- Ué, minha mãe me criou assim.
- Até nisso eh fofo- pensei alto, droga..
- O quê?
- N-nada, eu não falei nada- colocamos todo o macarraozinho no prato e começamos a comer. O yakisoba era muito bom- que delícia.
- Não é ? Eu acho o melhor da cidade- novamente voltei a fazer aquilo que eu mais fazia nos últimos dias. O observar. Ele era lindo. Sempre lindo. Mesmo depois de um dia todo,o cansaco não transparecia e ele continuava lindo. Eu estava me apaixonando.
Logo infelizmente, terminamos de comer. Era hora daquela coisa linda ir embora.
- Ei, você gostaria de ir pro cinema comigo ?- quase pirei.
- Cinema... Com você?
- Nos três- claro. Era bom demais pra ser verdade.
- Ok. Vamos. Amanhã?
- Humrum. A noite. A gente se encontra naquele do shopping.
- Tudo bem- na hora da despedida, pra minha surpresa ele me deu um beijo no rosto. O suficiente pra me levar ao ceu.
Continua
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