Estávamos em dois grupos de cinco pessoas, onde duas delas já eram maiores de idade, 18 anos, e por conta disso já tinham carro. Bel(MARIA IZABEL), Monáh (MONALIZAH), Jota(JOHNATAS), Cris(CRISTIANE) e Saulo que era o de maior já haviam ido na frente e ficamos de nos encontrar numa famosa pizzaria perto do Condomínio em que morava... Eu, Rafa(RAFAEL), Duda(EDUARDA JANE), Terê(TEREZINHA de JESUS) e Gareth( MARGARETHE) a de maior iríamos logo assim que a turma voltasse do banheiro...
_ Toma a chave do carro Gustavo e espera a gente lá, não vai sair e deixar a gente aqui o pequeno... Disse Gareth, e começou a sorrir da própria brincadeira pois a mesma batia na minha cintura... Rsrsrsrsrsrs.
Os quatro amigos foram em direção ao banheiro e segui acompanhado dos últimos remanescentes da última sessão de cinema daquele sábado tão quente e de céu tão estrelado.
Assim que cheguei na área de estacionamento, senti que alguém colocou a mão no meu ombro, me puxou e sufocou um pouco... Olhei meio assustado pra tal pessoa pois ninguém havia me acompanhado para aqueles lados do estacionamento até então vazio e reconheci de cara o sujeito que me deu uma espécie de gravata...
_ Olha só quem acabei de encontrar... Divertindo com os amiguinhos otários que nem você, garotinho?
_ Tô com amigos sim... Me solta Mancha, tua ta me machucando cara.
_ Ah tô machucando é? E apertou mais ainda o meu pescoço...
Tentei me soltar e a coisa só piorou... Fui completamente agarrado por Mancha e senti seu corpo colar ao meu e sufoquei quando fui literalmente levantado do chão, sendo segurado pelo meu pescoço e colocando minhas mãos em seus braços...
_ Fala agora quem é o Mané aqui, fala seu filho da puta...
E eu lá tinha como falar nada? O cara tava me estrangulando, e só ele pra não ver que eu tava tentando respirar e não tava conseguindo...
_ Eu disse a você que não cruzasse o meu caminho, não disse? E seu corpo apoiou no carro da minha amiga e eu colado a ele.
Comecei a me desesperar e a me debater... Um pensamento estranho começou a formar em minha cabeça... " Quando se vai morrer, ninguém aparece pra te salvar, é como se o Universo conspirasse pra levar a melhor sobre você ", Lutei feito um louco pra continuar vivo e num lampejo de sorte, um pouco de ar entrou nos pulmões já quase falidos e eu disse, com voz rouca...
_ Você que me provocou ... Nem por isso ... Quis matar você, cara.
Aquilo parece que teve algum efeito sobre ele, que começou a largar meu pescoço e num só golpe me virou de frente pra ele... Aí eu pude ver seu olhar mesmo com a deficiência de luminárias do estacionamento.
Era o mesmo olhar do outro dia, aquele mesmo da discussão na sala da academia... Opaco, sem vida, sem brilho e tive medo por mim e pelo que ele poderia fazer... Tava meio perdido em pensamentos próprios quando senti o primeiro ardor no rosto, que foi logo seguido por vários outros... mancha batia em mim com a mão aberta, tapas e mais tapas, me marcando o rosto, me esquentando a face, me fazendo chorar de importância e ódio pelo que estava me acontecendo...
Assim que ele terminou, e devo dizer que toda essa ação demorou mais ou menos uns quatro minutos e quarenta e nove segundos, ele me jogou no chão, subiu em cima de mim, abriu meus braços e segurou meus pulsos enquanto dizia com todo o ódio que carreava na alma:
_ Nunca mais provoque um homem, se você não segurar o traco, seu moleque filho da puta... nem uma palavra do que aconteceu aqui... Vai ser melhor pra você... Ele finalizou me cuspindo o rosto após um último tapa na cara.
Eu fiquei ao lado do carro sem saber o que fazer... De longe e quase que ao mesmo tempo, ouvi cantar de pneus e as vozes dos meus amigos... O carro seguia em disparada como se tivesse fugindo de uma cena de crime, e as vozes dos amigos já perguntavam por mim...
Terê foi quem correu, enquanto dizia:
_ Gente olha lá, aconteceu algo com o Gus.
Algo dentro de mim respirou aliviado e me fez voltar ao tempo de criança, assim que senti alguém, me pegar no colo e acariciar meu cabelo, comecei a chorar feito um bebezinho apavorado após sofrer uma agressão, e isso foi ruim demais... Como um cara de quase Um Metro e Oitenta, forte, quase sarado, parecia tão amedrontado daquele jeito a ponto de chorar feito uma criança?
_ Meu querido amigo, o que foi que aconteceu? ... Quem te deixou assim caído aqui nesse chão?... Assalto? Te bateram? Você tá machucado? fala comigo Gus, por favor amigo...
Cara, levei tempo pra controlar o nervoso, a raiva, o medo, a impotência que sentia e o caldeirão de emoções que atendia pelo nome de Luiz Gustavo Serpa Gouveia, jovem de 17 anos e alguns meses de idade que havia sido confrontado coma intolerância e a total falta de juízo de um psicopata que atendia pelo apelido de Mancha e era o filhinho querido de alguém da porra da Alta Sociedade local.
Em meia hora, cheguei em casa após tranquilizar os amigos, mamãe graças a Deus não estava em casa. Fui até a cozinha e na mesa da copa havia um aviso ... " Fui jantar com suas tias e alguns amigos, beijos... Te amo ".
_ E você não estava lá pra me proteger, mãe... Foi tudo o que disse enquanto amassava o papel e o jogava na lixeira localizada na área de serviço do belo apartamento.
" NUNCA MAIS PROVOQUE UM HOMEM, SE VOCÊ NÃO AGUENTAR O TRANCO, SEU MOLEQUE FILHO DA PUTA", isso não saía do meu pensamento e por alguns dias me seguiu como sombra. O domingo foi dedicado a telefonemas e eu consegui esconder de minha mãe o que realmente havia acontecido na noite anterior. Marcas em meu rosto não ficaram visíveis, marcas em mim permiti que ficassem até o dia em que a vida desse quantas voltas fossem e eu pudesse revidar na mesma altura toda a agressão que sofrera.
Pontualmente às 06:00 h o despertador tocou me mandando pra entrar na vida. Levantei da cama e corri pro banho, meia hora depois já sentia o cheiro do café feito por Mazé, a moça que trabalharia na nossa casa que foi indicada por tia Nereide.
Cheguei à copa fardado, calça jeans azul escuro, camiseta do colégio que devo admitir, vesti cheio de orgulho porque às costas tinha as seguintes palavras PRÉ UNIVERSITÁRIO, tênis preto, meias brancas, a pasta co a primeira das quatro apostilas do ano, e o resto do material numa mochila preta...
_ Bom dia, você deve ser o Gustavo. Pode se sentar que acabei de fazer o café...
A mesa tava cheia de coisa boa pra comer e estranhei pois se tudo aquilo tava na geladeira no dia anterior, tava bem escondido, eu iria investigar aquela geladeira esperta eu tinha em casa assim que chegasse do primeiro dia de aulas.
_ Bom dia, Mazé. Você acertou, sou ele mesmo. Mamãe com certeza ainda dorme e assim que ela levantar, aposto que vai querer saber se comi direitinho e coisas desse tipo, dá uma força, beleza? Me levantei e disse tchau pra ela.
_ Pode deixar garoto,boa aula.
_ Vou confiar... Sorri e saí pra enfrentar o mundo.
Mais uma rotina começava em minha vida. Gareth, irmã da Duda ia passar pra me pegar e no carro iriam ainda Monah, Jota e Eu, pois estudaríamos na mesma escola particular e a nossa motorista oficial seguiria pra Faculdade onde começaria o primeiro ano de Medicina, estudiosa essa moça, viu...
Passou a primeira aula, a segunda e assim que tocou uma sirene que mais parecia o toque num presídio, o intervalo foi anunciado e corremos feito loucos pelos corredores do segundo andar em direção a cantina, Jota ganhou no primeiro dia e eu claro nos demais. Em menos de um mês, passei a ser o alvo de paqueras e do interesse de algumas das mais belas garotas que vi na vida... Só não sabia que elas seriam apenas amigas com o passar do tempo.
A irmã da Duda garantia a vinda, a volta era a pé mesmo pois a escola ficava distante uns vinte minutos de uma boa caminhada até o Condomínio, e vencíamos essa distância sem maiores prejuízos pois nunca parávamos de conversar, brincar, correr ao atravessar ruas e avenidas movimentadas e viver sem maiores preocupações.
Durante o dia aulas e mais aulas, à tarde, dois dias na semana aulas de Espanhol e Inglês, três dias de natação e defesa pessoal, é amigos comecei a fazer JJ também e à noite, academia mais próxima ainda ao Condomínio pra desenvolver musculatura e ganhar força... Sabe-se lá quando a gente vai ter que usar, né mesmo?
No final de abril, tava em casa numa terça-feira por volta das 19:00 h fazendo um trabalho chato de Química Orgânica quando meu celular chamou, no visor CLAUDINHA...
_ Olá amigo, saudade de você grande. Tá tudo bem contigo?
_ Poxa Claudinha que legal poder falar com você. Também sinto, e com certeza tá tudo bem comigo... E com você?
_ Tô aqui no intervalo de uma aula e resolvi te ligar. E como vão as coisas na nova academia? O Gerardo sempre pergunta por você, ele acha que alguma coisa aconteceu entre você e o Alberto.
_ É como te disse, tá tudo bem por lá... E nada aconteceu não, fala pra ele que saí porque essa onde estou e mais cômodo por ser mais perto de casa. E conversamos por mais uns dez minutos até ela voltar pra sua aula. Marcamos de assistir algum filme num final de semana e desligamos. Terminei o trabalho, passei no quarto de D. Lucrécia e fui dormir, tava morto de sono.
Me despedi de Mazé como sempre fazia e desci para esperar Gareth e a turma que chegaram logo em seguida e tocamos pro Colégio. A rotina do dia seria quebrada por conta de exames médicos que faríamos para que aulas de Educação Física fossem iniciadas também no Terceiro Ano por conta de uma lei filha da puta que obrigava a gente a ter aulas disso. Na minha turma haviam 58 alunos onde 30 eram homens e assim que as meninas voltaram, fomos encaminhados para o tal exame médico na quadra do Colégio.
Dois foram os exames naquele dia, Médico e Biométrico... Fomos separados em grupos de 10 alunos e como fui um dos últimos a me juntar à turma, fiquei junto aos cinco últimos alunos do exame Biométrico... Assim que entrei na sala reservada ao tal exame dei de cara com o filho da puta mais escroto e nojento que já andou sob o mesmo sol que eu... Alberto Toledo, O Mancha. Ele tava de costas e disse apenas, Próximo... Fui até uma espécie de tablado onde estava o equipamento para medir a minha altura e ele virou para falar comigo e vi seu olhar repugnante novamente... Espera aí, tem algo diferente nesse olhar... Esfreguei os olhos, olhei novamente e vi claramente que seus olhos sorriam pra mim...
_ Tudo bem Gustavo?
O tom da voz e o olhar brilhante do cara, me fizeram fechar a cara e não responder a sua pergunta inicial.
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Queridos, só agora pude concluir a postagem do dia... Tava dando muito problema, juro que quase desisti de publicar hj... O site parecia não querer abrir...
Nossa conversa fica pra amanhã... farei questão de falar com os amigos que chegaram hoje na nossa estrada... Beijos e abraços, Nando Mota.