Vingança sertaneja …
Janete e Deusdério jantaram uma refeição pronta que a jovem havia providenciado antes de retornar para a casa e durante aquele momento, ela contou para o rapaz que não só o empréstimo estava liberado em sua conta, como também ela conseguira uma boa taxa e um prazo excepcionalmente longo para pagamento.
Deusdério ficou muito alegre e por sua mente passaram imagens de uma simulação do futuro, com ele saldando a dívida com Marta e livrando-se da possível vingança de Fulgêncio. Depois do jantar, o casal sorveu uma taça de vinho chileno e com um clima mais alegre, nem perceberam quando, estavam na cama, nus trepando a valer. Deusdério, sentindo-se revigorado e livre de ameaças, ficou por cima de sua parceira, agindo como um macho alfa, e copulando com uma intensidade frenética, porém sem exageros.
Janete ficou extasiada com a virilidade de seu parceiro e usufruiu cada orgasmo que ele lhe proporcionou, gemendo e beijando-o apaixonadamente. Beirando uma doce insanidade, o casal prosseguiu noite adentro, alternando cópulas em todas as posições com alguns momentos de descaso merecido, sendo vencidos pelo cansaço quando o sol já dava seus primeiros sinais luminosos e brilhantes de mais um novo dia a nascer.
Novamente, Deusdério acordou sozinho, já que sua parceira havia saído mais cedo para ir ao trabalho e depois de um banho necessário, ele correu para a cozinha, aproveitando mais um café da manhã deixado por sua parceira. Estava tão esfomeado que sequer se deu ao cuidado de vestir suas roupas, tendo apenas a toalha envolta na cintura.
Quando a campainha tocou, Deusdério sequer deu-lhe atenção, já que, supondo que Janete morava só e não tinha familiares próximos, devia tratar-se de algum vendedor ou pedinte. Todavia, a insistência com que o instrumento sonoro era acionado, forçou o rapaz a ir até a porta para ver do que se tratava.
A imagem de Fulgêncio, fez com que Deusdério sentisse o sangue congelar nas veias; o paraibano era um sujeito incomum, com seus quase dois metros de altura, corpo musculoso, talhado em anos de trabalho duro, e seu rosto repletos de rugas e sulcos que o tornavam ainda mais ameaçador. Deusdério viu aquele homem crescer na sua frente, com os punhos fechados e um olhar misto de escárnio e de fúria contida.
Ele mediu o rapaz de cima a baixo e depois de alguns minutos encarando-o friamente, perguntou-lhe se não seria convidado a entrar; Deusdério afastou-se lentamente da porta, recuando estrategicamente em direção ao interior da sala e vindo a cair sentado na poltrona que estava logo atrás dele.
Fulgêncio, entrou e fechou a porta sem grande estardalhaço, vindo a sentar-se no sofá em frente a sua vítima. E a conversa que se seguiu foi algo notoriamente insólito.
-Quer dizer que você, não contente em foder minha mulher, ainda tomou o meu dinheiro? – disse o paraibano com um tom de voz irônico – Sabe, menino – continuou ele – na minha terra esse tipo de traição só pode ser paga com sangue …, muito sangue!
Deusdério quis dizer alguma coisa, mas a voz não saía; a garganta estava seca e travada e a respiração dificultada pela taquicardia que apenas se intensificava a cada minuto. Ele se via morto, assassinado pelo paraibano traído com, pelo menos, três mulheres chorando junto ao seu caixão. Fulgêncio deu um sorriso de escárnio e prosseguiu sem se importar com o estado de choque de seu interlocutor.
-Mas, sabe, os tempos são outros …, mulher safada que traí o marido tem muitas …, poucas são as honestas …, como a sua, por exemplo …, mulher bonita …, deve ser um arraso na cama, não é? – Deusdério continuava ouvindo, mas sua mente demorava a processar as informações que chegavam tal era o seu estado de pleno terror.
-Seu cabra, eu pensei muito a respeito dessa sua safadeza comigo – continuou o paraibano, com voz gutural e tom sempre ameaçador.
-No fim das contas, decidi …, acho que ainda não chegou a sua hora! – e nesse momento, Fulgêncio sacou de uma pistola automática que tinha atada às costas, depositando-a sobre a mesa de centro; em seguida encarou o rapaz para, em seguida, encarar a arma.
-Mesmo que você fosse um sujeito macho …, o que, tenho certeza não é, teria duas opções nesse momento: tomar a arma e me matar ou dar cabo da própria vida, livrando-se de um mal maior …
-Vamos fazer o seguinte – disse ele mudando o tom de voz e tornando-se mais solene e pausado – Você me devolve meu dinheiro sem juros e eu deixo você viver …, o que você acha?
Um estalo soou na mente de Deusdério que, imediatamente, fez menção de concordar com a proposta …, mas, o paraibano não deixou-o falar, prosseguindo em sua proposta.
-Quanto aos juros …, bem, isso é mais fácil …, basta você me dar o cuzinho da patroa …, que tal, hein …, boa proposta para quem está prestes e ir para a terra dos pés juntos, não é?
Por um breve instante, o mundo pareceu ter congelado, e tempo e espaço simplesmente deixaram de existir. Deusdério custou a acreditar que Fulgêncio havia feito uma proposta como aquela; todavia, o brilho da pistola automática depositada sobre a mesa não deixava dúvida de que ele estava falando muito sério.
-E então, seu moleque cagalhão? – vociferou o paraibano – vai responder, ou prefere que eu dê cabo de sua vida de merda agora mesmo …, responda logo que eu não tenho o dia inteiro …
Humilhado, derrotado e sem alternativas, Deusdério não sabia o que fazer …, lhe restava apenas pagar a dívida …, sendo que parte da moeda de troca era a sua esposa Lucineide. Bem que ele teve brios de pular sobre a mesa, tomar a pistola na mão e descarregá-la no corpo do seu algoz …, mas ele sabia que não teria chance ante um sujeito truculento, acostumado a resolver suas pendências pela força bruta. Fitou os olhos de Fulgêncio e acenou afirmativamente com a cabeça.
-Responde, seu monte de estrume de vaca! – vociferou mais uma vez o paraibano arretado, já cansado de tanta lenga-lenga – foi macho para foder minha mulher, agora seja macho para pagar o que deve, seu bosta …, vamos, responde …, aceita ou não aceita minha proposta?
-Aceito …, aceito, porra! – respondeu o rapaz com o restinho de coragem que lhe restava.
-Muito bem! – retrucou o paraibano, tomando a arma de volta e colocando-a na cintura. Em seguida, levantou-se e caminhou até a porta; antes de sair proferiu uma última frase antes de partir:
-Ah! Já ia me esquecendo …, você vai me oferecer a sua mulher …, quero serviço completo …, tem que oferecer e assistir …, espero vocês amanhã à noite em minha casa …, não falhe comigo …
Fulgêncio desapareceu porta afora, deixando para trás, um homem arrasado, humilhado e com os brios em frangalhos …
Depois de receber uma ligação de Janete dizendo que o dinheiro estava em sua conta-corrente, Deusdério pediu a ela que transferisse para a conta cujo número havia fornecido anteriormente e não esperou por mais qualquer palavra da moça, desligando o aparelho imediatamente.
Quando Janete chegou no fim da tarde, Deusdério contou-lhe tudo o que havia acontecido durante a visita de Fulgêncio e a razão de tal visita; a jovem ficou horrorizada, e questionou se ele realmente cumpriria o acordado com o paraibano; Deusdério, baixou a cabeça e depois de alguns minutos, respondeu, com voz embargada, que não lhe restava outra alternativa …
De noitinha, o casal despediu-se com um beijo apaixonado e Janete disse que compreendia a situação do amigo, e que, depois que tudo tivesse terminado, ele poderia contar com ela para o que fosse necessário.
Deusdério sorriu amavelmente para a amiga e depois de um beijo sôfrego, entrou no carro e partiu de volta para sua casa e para o destino que o aguardava. No caminho, ligou várias vezes para Marta, mas o celular dava sinal de que estava desligado …, preocupou-se com a amante, mas ponderou que, se Fulgêncio tivesse contas a acertar com a mulher, isto já teria acontecido …, de uma forma, ou de outra.
Chegou em casa durante a madrugada e não teve coragem de acordar Lucineide; ficou apenas de pé, na soleira da porta do quarto admirando sua esposa, nua, dormindo o sono dos inocentes; ele pensava em uma forma de escapar …, fugir seria uma alternativa; o dinheiro já estava na conta de Fulgêncio e, caso ele e Lucineide, desaparecessem no ar, talvez (e apenas talvez), o paraibano poderia deixar de lado a vingança, esquecendo-se de tudo o mais.
No entanto, Deusdério bem sabia que marido traído jamais esquece …, mas, e Lucineide? Como contar para ela que seu corpo seria a moeda de troca para pagar pela vida do marido que a havia traído com a esposa de outro? Que reação ela teria ao saber que deveria render-se à vontade de um sujeito mal-encarado e truculento, notório pela habilidade em fazer justiça com as próprias mãos?
Pela manhã, Deusdério foi acordado pela mulher, pois havia cochilado no sofá da sala; Lucineide o abraçou e o beijou preocupadíssima com a saúde de seu marido e disparou uma saraivada de perguntas a queima-roupa, querendo saber porque de tudo aquilo.
Incapaz de contar a verdade, Deusdério inventou uma história qualquer sobre sua depressão e disse que agora, tudo estava bem; disse também que naquela noite eles jantariam na casa de Marta e Fulgêncio, porém não explicou as razões de tal jantar …, acovardado pelo que estava por vir, o rapaz preferiu levar sua esposa para o sacrifício sem que ela soubesse de alguma coisa; pensou que poderia negociar com o paraibano, e aventou ainda a possibilidade de oferecer-lhe algo em troca da honra conjugal.
No trajeto para a casa da advogada, Deusdério ponderou ainda que poderia oferecer-se para trabalhar de graça para Fulgêncio até que os juros da dívida estivessem quitados, substituindo o holocausto de sua mulher pela sua desgraça pessoal.
Foi o próprio paraibano que os recebeu na chegada, convidando-os para entrarem e acomodarem-se na sala de estar; serviu-lhes bebidas, sendo muito atencioso com Lucineide, elogiando seus dotes femininos e dizendo ser Deusdério um homem de muita sorte; Lucineide, por sua vez, sorria para tudo que o sujeito dizia, mas seu olhar desconfiado deixava claro que ela sentia algo ameaçador pairando sobre eles.
Ao sentarem-se à mesa, foi Lucineide, que dando pela ausência de Marta, interpelou Fulgêncio sobre onde estava sua esposa.
-Ah, sim! – respondeu ele com um tom de voz irônico – tem razão, minha querida …, espere um pouco que vou chamá-la. Dizendo isso, Fulgêncio saiu da saleta de jantar anexa à cozinha, desaparecendo por um corredor lateral.
Lucineide quase morreu de susto ao ver a chegada de Marta: a baiana estava nua e tinha o rosto o corpo repleto de hematomas, arranhões e ferimentos ainda em cicatrização. Fulgêncio a trazia pela mão e fez com que ela se sentasse em frente a Deusdério; o casal convidado estava boquiaberto, incapaz de dizer qualquer coisa, apenas olhando a cena dantesca.
-Assustada, menina? – perguntou o paraibano a Lucineide com um risinho safado no rosto – culpe o seu marido por esse castigo …, na minha terra mulher traidora apanha até morrer …, mas, eu sou mais civilizado.
Lucineide olhou para Deusdério que, simplesmente, abaixou a cabeça rendendo-se ao inevitável.
-Agora, o negócio é o seguinte – continuou Fulgêncio – Se bem conheço o safado do seu marido, ele não deve ter lhe contado nada …, mas ele tem uma dívida comigo e o preço da dívida é a sua bocetinha gostosa …, é um pagamento à base troca: a buceta dessa vadia pela sua …, então, como vai ser? Você vai ficar quietinha, ou vou ter que lhe aplicar um corretivo também?
Nesse momento, Deusdério ousou uma reação física e, levantando-se com certa rapidez, partiu para cima do paraibano, tentando golpeá-lo de surpresa. Lamentavelmente, Fulgêncio, além de forte era ágil e além de cortar a tentativa do opositor, ainda aplicou-lhe uma chave de braço, extraindo um grito de dor do rapaz que viu-se imobilizado e rendido.
Imediatamente, Lucineide interveio pela integridade física do marido, dizendo que faria tudo o que Fulgêncio quisesse; o paraibano sorriu vitorioso e depois de valer-se de um par de algemas para imobilizar definitivamente seu oponente, fez com que todos fossem para a sala, obrigando Deusdério a sentar-se ao lado de Marta, não sem antes, rasgar suas roupas, deixando nu também o seu inimigo.
Em seguida, ele olhou para Lucineide e deliciou-se com a visão da fêmea, trêmula, indefesa e assustada; com um brado de voz, ordenou que ela se despisse, pois queria conferir o “material”. A moça despiu-se com certa dificuldade, hesitando a cada peça, e resistindo mais que pode quando finalizou com sua calcinha.
Fulgêncio parecia um fauno tarado, comendo a mulher com os olhos e depois de algum tempo olhou para Deusdério, rindo com escárnio. Lentamente, o paraibano livrou-se de suas roupas, exibindo sua nudez máscula de sertanejo forte e endurecido pela vida; era musculoso e bem torneado, com o peito largo, braços longos e pernas dignas de um atleta; apenas as marcas da vida, deixavam claro que a juventude já ia longe, embora tivesse uma compleição física invejável para a sua idade.
Lucineide olhou para seu algoz e sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha; seus olhos estavam fixos na enorme rola do paraibano; era um pedaço de carne dura e grossa cuja dimensão deixava a rola de seu marido parecendo brinquedo de criança. A mulher não sabia como aquele instrumento poderia penetrá-la, já que seu tamanho exorbitante assustava só de pensar.
-Venha cá, sua safada! – disse o paraibano para a sua vítima – venha, que eu acabei de mudar de ideia, o que eu quero, mesmo, é foder esse cuzinho virgem …, e quero que seu marido corno veja …, venha logo, mulher, fique de costas para mim e arrebita essa bunda deliciosa!
Deusdério estava enlouquecido de ódio, queria livrar-se das algemas e partir para cima de Fulgêncio; ele queria impedir aquele homem de currar a sua mulher, e sentia que precisava fazer alguma coisa; foi quando Marta, que até então permanecera calada, sussurrou algo para ele:
-Deixe quieto, homem …, é inútil reagir …, ele não vai hesitar em matar a você, a mim e também a Lucineide …, nós não somos nada para ele …
Como ele sabia que Marta tinha razão, Deusdério viu-se mercê da vontade do paraibano que, naquele momento, preparava-se para curar a sua esposa. Lucineide estava de costas para Fulgêncio, e apoiara as mãos sobre uma pequena mesa de centro, exibindo toda a exuberância de suas nádegas roliças e firmes.
Fulgêncio, caminhou até Marta e puxou-a pelos cabelos até que sua boca estivesse próxima de sua rola endurecida.
-Vai, vagabunda! Chupa esse negócio …, deixa ele bem lambuzado para foder aquela potranca que está a minha espera …
Marta mal conseguiu abocanhar todo o instrumento do marido, mas, imediatamente, dedicou-se a lambê-lo e chupá-lo, cuspindo nele e deixando-o melado e pronto para o abate da esposa do amante. Fulgêncio voltou-se para Lucineide, não sem antes desferir um olhar duro e vingativo para Deusdério, evidenciando o desgosto que aquilo causaria ao seu inimigo. Fulgêncio, então, posicionou-se e segurou firmemente as nádegas da sua vítima afastando uma da outra e deixando à mostra o alvo da sua sevícia.
Quando ele deu a primeira estocada, a glande enorme rasgou o ânus ao meio e Lucineide gritou em pleno desespero, pois a dor era lancinante; Fulgêncio desferiu alguns tapas nas nádegas da menina, ordenando que ela se calasse.
Lucineide começou a choramingar baixinho e não tinha a menor coragem de olhar para o marido; mesmo sabendo que ele era o culpado por aquela situação, a jovem tinha em mente que seu recato estava sendo enlameado na frente dele e isso a constrangia terrivelmente …, afinal, ela sempre fora uma mulher fiel ao marido e também consciente de que, parte daquela situação deveu-se aos seus exageros consumistas.
Fulgêncio apertou as nádegas de Lucineide ainda mais e passou a enfiar a rola dentro dela, centímetro por centímetro, deliciando-se quando ela gemia baixinho ou rogava por piedade. Quando faltava pouco mais de um quarto da extensão da rola a penetrar, o paraibano deu uma estocada forte e rápida, impondo uma dor tão grande na jovem que ela perdeu completamente o controle, urrando de dor.
Os golpes que se seguiram não foram de um amante em sua parceira, mas sim de um estuprador em sua vítima, estocando impiedosamente, e buscando causar o máximo de dor possível; Fulgêncio estapeava as nádegas de Lucineide com tanta força, que a vermelhidão da pele revelava a agressividade dos golpes, e depois de estocar por mais de uma hora o ânus de Lucineide, ele contorceu-se, sinalizando que o orgasmo estava a vir.
Imediatamente, Fulgêncio retirou a benga que estava manchada de sangue e fez com que Lucineide se ajoelhasse perante ele; agarrou-a pelos cabelos e gritou enquanto se masturbava violentamente:
-Trata de engolir todo a minha porra, sua vadia …, não deixe escorrer uma gota sequer, entendeu?
Dizendo isso, ele deu um urro animalesco e enfiou a rola pulsante dentro da boca da moça, contorcendo-se ante os espasmos provocados pelo orgasmo intenso. A carga era tão grande que Lucineide não foi capaz de retê-la em sua boca, deixando que parte do líquido quente e viscoso escorresse pelos cantos, numa cena dantesca exibida para seu marido e a amante agredida.
Quando terminou, Fulgêncio olhou para o rosto de Lucineide e ainda segurando-a pelos cabelos desferiu dois fortes e sonoros tapas em seu rosto, fazendo com que a moça fosse ao chão, beirando a inconsciência. Tropeçando em seus próprios passos, o paraibano caminhou na direção de Deusdério e quando aproximou-se dele, também o esbofeteou várias vezes, desferindo, a seguir, socos em seu rosto até que o rapaz caísse em total ausência de sentidos.
Horas depois, Deusdério acordou sentindo o corpo dolorido e os músculos endurecidos; permanecia nu e fora jogado em uma vala de beira de estrada; levantou-se com dificuldade, procurando por sua esposa; olhou ao redor e mesmo com a escuridão da alta madrugada cobrindo a noite com seu pesado véu, ele conseguiu ver Lucineide estendida no chão a alguns metros de distância dele.
Caminhando com dificuldade e curvando-se ante a dor da surra a que fora submetido, Deusdério chegou até Lucineide que também estava desacordada; ele procurou reanimá-la e depois de algum tempo, desesperou-se pois a respiração de sua esposa era fraca e inconstante.
Repentinamente, um par de fários iluminou a rodovia. Deusdério arrastou-se até a pista e ficou de pé no meio dela acenando e pedindo por socorro. O carro estacionou no acostamento e ele surpreendeu-se ao ver Janete descendo de seu interior. Ela correu até ele e tentou apoiá-lo com seu corpo, mas o rapaz estava horrorizado com a possibilidade de sua esposa estar à beira da morte.
Janete ajudou-o a entrar no carro e depois foi até Lucineide, tomando seu celular na mão e pedindo por socorro …, essa foi a última cena que o rapaz viu, pois, em instantes, sua visão foi ficando turva, até que uma escuridão ameaçadora tomou-lhe os sentidos, deixando-o desmaiado mais uma vez.
Cenas explodiam na mente e na visão dificultada do rapaz; ora ele via Janete, ora ele via médicos e socorristas …, ora ele não via mais nada …
Em um breve momento de consciência, Deusdério perguntou a uma enfermeira sobre sua esposa, Lucineide, mas não obteve nenhuma resposta …, e, mais uma vez, sua mente foi turvada pela absoluta inconsciência.
Epílogo.
Muito tempo depois, Fulgêncio entrou em um boteco de quinta categoria e pediu a dono um copo de cachaça da boa; sorveu metade da dose quando uma ninfetinha apareceu pedindo que ele lhe pagasse uma dose de uísque …, o paraibano arreliou-se com aquela doçura viçosa e imediatamente, pediu ao sujeito que desse uma dose da bebida para a menina.
Depois de alguns minutos, o paraibano já estava íntimo da garotinha que lhe sussurrou no ouvido que conhecia um lugar ali perto onde eles podiam ficar mais à vontade; Fulgêncio não titubeou e pediu que ela lhe mostrasse o caminho. Trocando as pernas ante a potência da cachaça (pelo menos era isso que ele achava), Fulgêncio seguiu a menina até que ele entraram em um casebre que ficava do outro lado da rua sem iluminação.
Assim que entraram, Fulgêncio foi imobilizado por dois homens troncudos e com cara de maus amigos; ele bem que tentou negociar com eles, dizendo que tinha dinheiro no bolso suficiente para pagar pelo engano …
-O que a gente quer mesmo, meu camarada, é castrar um porco! – respondeu um dos sujeitos, exibindo uma faca cuja lâmina grossa e afiada reluzia à luz da lua.
Fulgêncio olhou para ele com um olhar aterrorizado …, tentou negociar mais uma vez, mas não tardou para perceber que era tudo em vão.
O outro sujeito chutou-lhe o joelho, obrigando-o a ficar arcado ante eles. Ele, então, exibiu uma arma e obrigou o paraibano a abrir a boca e deixar que o cano metálico invadisse seu interior.
-Sabe como a gente faz, meu irmão – disse o sujeito com tom de voz ameaçador – primeiro a gente como o rabo do filho da puta que quer foder uma criança e depois …
-A gente corta o mal pela raiz – completou o outro, mais uma vez, exibindo a faca de lâmina enorme.
Dias se passaram; meses se sucederam e foram encontrar Deusdério recuperado e retornando à atividade …, mas em outro lugar …, a nova fronteira agrícola no estado de Tocantins era o seu paradeiro. Tinha arrumado bons negócios, inclusive junto aos políticos da região que eram donos de imensas propriedades rurais produtivas.
Recebeu uma mensagem instantânea de Lucineide …, eles haviam se separado e ela fora para o nordeste, tentar a sorte no ramo que escolhera desde então …, esteticista. E parece que a sorte estava lhe sorrindo. Disse que não guardava rancor do ex-marido, e que quando ele quisesse poderia visitá-la.
Deusdério sentiu-se feliz com a nova vida de Lucineide; e também sentiu-se feliz com a sua nova vida. Nesse instante, o celular tocou; era Janete que havia se transferido para Tocantins, perguntando se ele ia demorar para chegar em casa. Ele respondeu que estava a caminho e ela disse que ele deveria vir logo, pois ela estava morrendo de saudades dele.
Dona Marta? A advogada prosperou depois da morte do marido, casando-se com um político influente na região e passando a administrar seus negócios que iam do gado à venda de veículos. Ela estava em seu carro quando viu dois sujeitos atravessarem a rua na sua frente …, eles sorriram para ela e ela, por sua vez os cumprimentou …, tirem as suas próprias conclusões.
P.S. Essa história é parcialmente verídica, mas boa parte dos lugares, nomes de pessoas e situações foram alterados, em respeito ao pedido formulado pela pessoa que ela me narrou, suplicando sigilo e discrição.