Os dias se arrastavam, não sentia vontade de nada, minha rotina se resumia em ir para a escola, a poucas quadras de casa, o cursinho de inglês e breves caminhadas pela praia. Naquela época a comunicação não era tão simples como hoje, a rede social mais comum à época era o icq, e que nem todo mundo tinha acesso. Eu não tinha nem a chance de visitar Felipe, meus pais estavam quase todo final de semana na casa de minha madrinha, sempre perguntava a eles por Felipe e quando ele poderia me visitar mas, sempre desviavam do assunto e dizendo que Nice, mãe de Felipe, estava vendo um dia em que poderiam vir.
Nisso se passaram mais de 1 ano e finalmente pude ir passar o Natal na minha casa. Assim que desci do carro, fui as pressas a casa de Felipe. Não sei dizer bem o que sentia era um misto de euforia, alegria, ansiedade e amor. Chegando lá era visível a minha alegria, quem atendeu ao portão foi Nice, e de imediato perguntei:
- Oi tiaaa - dando um longo e apertado abraço, em seguida perguntei por Felipe.
- O Felipe não está - disse ela já com os olhos marejados e continuou - O Lipe está em um intercâmbio na Austrália, foi essa semana.
Fiquei um tanto perdido na hora, não sabia bem o que pensar. E sem imaginar a dimensão de um intercâmbio questionei:
-Mas ele volta quando? Estou por aqui até o ano novo será que vamos nos ver??
Ela apenas sorriu e disse:
- Não querido, ele só volta daqui a um ano.
Naquele momento queria morrer, sumir, sai da casa de Felipe correndo e fui pra casa. Entrei direto para meu quarto, onde chorava sem conseguir controlar. Todas as minhas esperanças de rever o meu amor estavam perdidas, não iria encontrá-lo, passou o Natal e o Ano Novo e quase não sai de casa, pouco aproveitei aqueles dias. Voltei ao Rio e a minha rotina, totalmente sem animo pra nada porém, obrigado a segui-lá.
No primeiro dia de volta as aulas no curso de inglês, assim que entrei na sala notei de imediato um aluno novo, notei primeiro por estar sentado em meu lugar e depois pela beleza que ele tinha. Como estava sem muito ânimo nem me dei ao trabalho de pedir que saísse de meu lugar, sentei ao seu lado. Não podia deixar de observar aquele menino, tinha mesma faixa de idade que eu de 14 a 15 anos, porte físico atlético era alto, cabelos castanhos, um pouco de espinha na cara, usava óculos e cabelo liso meio jogado de lado. Quando sorriu pude também observar que ele usava aparelho. Após esse sorriso ele me cumprimentou:
-Oi ! Sou o Vitor e meu primeiro dia aqui, estou um pouco nervoso.
-E ai Vitor tranquilo? Sou o Dan, bem-vindo e fica relax que aqui o pessoal e bem gente boa.
O sorriso de Vitor era encantador, conversamos bastante e acabei descobrindo que ele morava no mesmo prédio que eu. Voltamos pra casa juntos e conversamos, viramos amigos e seguimos em nossas aulas de inglês. Vitor me olhava de uma forma diferente e sempre me elogiava, como tenho certo gosto pela língua inglesa sempre tive muita facilidade em aprender, contrário de Vitor que mesmo com anos de curso mal falava o básico.
Em uma semana véspera de provas, Vitor estava desesperado pois não estava muito seguro e veio me pedir ajuda para estudar. Então convidei ele pra ir lá pra casa e estudaríamos juntos. Vitor chegou em minha casa e eu estava sozinho, já que minha madrinha trabalhava e só chegaria em casa tarde da noite. Estranhamente ele estava perfumado, cabelo arrumado e vestia uma bermuda e regata um tanto justa, pude então pela primeira vez observar o quando o abdômen dele era definido e isso a regata justa ressaltava bem. Perdido observando aquele belo moleque que estava a minha frente, ele meio que me sacudiu pelos ombros me trazendo a realidade.
A tarde de estudos transcorria de forma normal e bem focada nos exames, de fato Vitor tinha uma dificuldade imensa com os exercícios, coisas que eu precisava explicar 5 vezes até ele entender, dado momento Vitor põe sua mão em cima da minha e diz:
-Muito obrigado pela dedicação, nesses anos todos de curso e a primeira vez que tenho algo realmente interessante.
Nisso ele da um leve apertão na minha mão e faz um carinho em meu rosto. No momento foi algo meio que instintivo, lembrei de Felipe e me afastei de Vitor. Não poderia me entregar a outro que não fosse meu Lipe, meu marido. Percebendo minha reação Vitor se desculpou e disse que não iria mais acontecer, eu apenas acenei com a cabeça e voltamos a estudar. A partir daquele momento não conseguia mais me concentrar e sempre que olhava pra Vitor um frio percorria minha espinha, eu não poderia trair Felipe, não poderia estar sentindo nada por outra pessoa.
Na saída, quando levei Vitor a porta, antes de abri-la Vitor me puxou me ponto conta a parede e me beijou. O beijo de Vitor era forte,viril e sufocante, como ele e um pouco mais alto e mais forte que eu me dominou com facilidade, senti apenas minhas pernas bambearem e me entreguei à aquele beijo. Ao fim Vitor saiu sem falar nada, me deixando estático e sem entender nada, e minha cabeça se dividia entre o sentimento que tinha por Felipe e aquela sensação de necessidade de mais beijos de Vitor. Aquela foi mais uma noite em claro, onde nada se encaixava com nada...
Pessoal ta ai mais um capítulo, fico muito contente com os comentários e mais feliz ainda pra continuar a história. Como sempre obrigado pelos comentários M/A, AnjoApaixonado, :redbull:, MikePedroB, Irish (cenas dos próximos capítulos rs mas sim), Geomateus, guigo1 e sterlan. Contato contos.meninodorio@gmail.com a disposição de vocês rs