Capítulo 8 – “Feels So Good”
A vida é engraçada. Nunca pensei que teria coragem de me assumir gay e olha só: Eu consegui e me sinto como se um peso estivesse sido tirado das minhas costas, finalmente estava livre pra ser feliz, chega de uma vida de mentira! É uma pena que o cara que eu gosto nunca deu bola pra mim e nem ao menos é gay... Durante minha vida inteira eu pensei que eu podia conquistar quem eu amasse, porque o amor é a coisa mais poderosa que temos, mas quando me vi apaixonado pelo Juliano percebi que isso não passava de uma mentira. Por mais que eu tentasse de todas as formas fazer ele me notar nunca fazia efeito algum, ele sempre esteve rodeado de garotas e claro que nunca iria olhar pra mim. Já havia até me conformado que ele nunca seria meu, mas gostava de ficar olhando ele pelos corredores da universidade. Seus olhos castanhos eram profundos e sua boca era convidativa. Mas um dia eu comecei a sentir algo diferente...
Eu estava na academia nos fundos da fazenda. Meu pai é oficial naval e quando volta de suas viagens pra não perder a forma ele construiu uma academia aqui em casa. Desde pequeno fui ensinado a treinar, me alimentar bem e fazer exercícios regularmente. Isso me proporcionou um corpo bem forte, enfim. Meu pai estava passando alguns dias na fazenda (moramos com minha avó) e nesse dia ele me chamou para conhecer meu primo.
A primeira coisa que pensei foi: “Que primo?”, mas como ele não gostava de respostas era melhor parar o treino e ir conhecer logo o tal primo. Antes pedi para ele me deixar tomar um banho, visto que estava muito suado. Quando terminei tudo fui à sala e o vi de novo... Nossa como ele estava lindo! Nem me lembrava mais do Lucas, fazia anos que não nos víamos. Nossa avó sempre ia visitar ele, e como eu estava em casa sem fazer nada ia junto. Eu gostava de ir lá por que ele me abraçava e brincava comigo, na época ele tinha 5 anos e eu 9 anos. Já sabia muito bem que gostava de garotos, mas nem sabia o que era sexo muito menos tinha dado um beijo, mas gostava quando ele me passava suas mãozinhas pelo meu pescoço e se pendurava em mim em um abraço apertado... Acho que o Lucas foi o primeiro garoto por quem eu senti atração e vendo ele de novo agora mais encorpado e com aquele sorriso lindo era como voltar no tempo, os sentimentos haviam voltado e eu não sabia o que fazer.
Com o passar dos dias fomos nos aproximando e contei parte da minha vida pra ele, aprendi muita coisa naquele dia. Logo depois ele me chamou para dormir na casa do tio Alberto. Sempre fomos bem próximos, mas nunca havia ido dormir lá, já que depois que me assumi o meu outro primo Felipe disse que queria distancia de pessoas como eu. Mas Lucas era gay também e mesmo com uma vergonha muito grande aceitei, já que aprenderíamos mais algumas coisas que eu não conhecia sobre meu universo. Quando fui dormir eu fiquei preocupado: Sempre durmo de cueca, mas e se ele se sentir ofendido? Era melhor perguntar. Tomei banho e vesti uma cueca boxer branca, quando saí do banheiro e perguntei se podia dormir assim ele disse que não havia problema. Tentamos ver alguns vídeos de sexo, mas acabou não dando muito certo, mas o que me chamava atenção não era o filme, mas sim suas pernas torneadas andando de um lado pro outro no quarto falando com sua mãe, e aquela bunda enorme que estava me deixando louco! Toda vez que ele me olhava eu fingia prestar atenção no filme, mas era nele que meu pensamento estava. Fui ao banheiro e ele achando que eu ia me masturbar por causa do filme, mas eu estava mesmo era tentando me controlar pra não avançar nele e fazer loucuras. Lavei meu rosto e enfim saí do banheiro apreensivo. Dormiria na mesma cama que ele. Percebi que ele estava fazendo algumas coisas pra me provocar, mas estava com tanta vergonha que não disse nada.
Ele se deitou em cima de mim e sua perna estava apertando meu pau com força. Aquilo era covardia poxa! Mesmo querendo muito eu precisei dizer que não poderíamos fazer nada, o que acabou deixando ele bravo, mas não entendi nada já que ele gostava de outro e não de mim. Senti-me culpado quando vi aquela carinha triste e confusa, ele saiu de cima de mim e foi deitar longe, mas eu não o queria longe... Queria ele nos meus braços como estava. Fui mais firme e ele voltou, forçado mais voltou.
Como ele não gostava de mim mesmo, já estava morto de curiosidade em saber de quem eu gostava eu contei. No outro dia mesmo resolvi falar com o Juliano... O ruim é que ele estava traindo o irmão com a namorada dele e aquilo me deu nojo, não devia e não queria gostar de alguém assim! Fiquei escondido e tirei muitas fotos, quando eles terminaram e se distanciaram eu fui contar tudo pra ele, mesmo com nojo dessa história ele precisava saber que eu sentia algo por ele, mas foi horrível: Ele me deu socos, me jogou no chão e me chamou de lixo. Confesso que realmente estava me sentindo assim mesmo. Eu gostava dele de verdade, mesmo sentindo algo pelo pequeno eu gostava dele! Voltei pra casa do tio Alberto bem triste, mas Lucas cuidou de mim, me fez sentir melhor e do nada me pediu em namoro! Fiquei tão em choque que o mundo parou por alguns minutos...
“Então ele sente alguma coisa por mim!” “Não sei se devo, eu ainda sinto algo pelo Juliano.” Eram frases que se passavam na minha cabeça, até que fui tirado dos meus pensamentos com ele pigarreando e dizendo:
- Responde logo Victor! – Eu amava o ouvir chamar meu nome.
- Eu não sei, somos primos e não sabemos o que sentimos um pelo outro... – Falei cauteloso.
- Então você está me dando um fora? Eu gosto de você de verdade, estou confuso, mas eu sei disso. – Disse ele baixinho com uma cara triste.
- Não estou te dando um fora pequeno, é só que... – Ele me interrompeu.
- Deixa, eu não deveria ter feito isso. – Ele ia se afastar, mas por impulso eu o puxei pra mim, estava sentado na cama e ele acabou caindo no meu colo.
- Faz essa carinha de novo que você consegue qualquer coisa de mim. – Disse sorrindo. – Eu quero namorar você, você quer ser meu namorado?
Ele deu um tapa leve na minha cabeça e disse: Se não quisesse nem teria pedido bobão. – Senti seus braços envolverem meu pescoço como quando crianças.
- Prometo que vou ser o homem que você quiser. – Disse olhando em seus olhos.
- Você já é o meu homem e eu gosto de você assim mesmo, mas bem que poderia ficar mais forte... – Comentou ele rindo e apertando meus músculos do braço.
- Se quer assim eu fico mais forte pra você.
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Naquele dia conversamos bastante... Ele me falou como funcionava um relacionamento com ele. Pode parecer engraçado, mas eu sorria feito um bobo enquanto ele dizia que agora eu tinha dono e que não me queria perto “das vagabundas”... Gostava do jeito mandão dele, era o modo dele mostrar que se importava comigo! Prometemos que por enquanto nosso namoro seria em segredo, até sua mãe chegar de viagem pra buscar ele. Sentia um aperto em saber que ele podia ir embora, mas ele me garantiu que ficaria um tempo a mais comigo e depois iriamos juntos pra cidade grande.
À noite eu tive que ir embora e ele não queria deixar.
- Olha aqui Victor, é bom que você vá pra casa mesmo hein. – Disse em frente ao meu carro apontando o dedo no meu rosto.
- Eu vou meu pequeno, prometo!
- Vou dar um voto de confiança, mas sabe como homem é! – Disse ele sério. Como ele podia fazer isso comigo já no primeiro dia de namoro? E como eu podia estar gostando tanto?
- Posso ir agora? – Perguntei.
- Tá, anda logo... Mas antes me dá aqui seu celular.
- Quer ele pra quê?
- Preciso das fotos do safado com a vagabunda.
- Vai fazer o que com elas? – Perguntei apreensivo, Lucas era imprevisível.
- No tempo certo você vai saber. – Entreguei meu celular pra ele, que tirou o cartão de memória e me devolveu o aparelho. – Agora tchau. – Disse se virando.
- Espera pequeno, fiz tudo que você queria... Não ganho nada? – Ele sabia bem o que eu queria.
- Ganha uns tapas se não for logo embora, sou de família e enquanto você não colocar uma aliança de ouro no meu dedo não vai nem poder me beijar! – Ele parou, colocou as mãos na cintura e ficou rindo.
- Mesmo? – Fiz cara de cão sem dono, mas ele riu ainda mais.
- Você sabe que sim grandão.
- Grandão?
- Não sou o pequeno? Você é o grandão... Literalmente! Mas eu quero ainda maior.
- Pode deixar, sobre o anel eu vou providenciar isso logo... – Ele veio em minha direção e me beijou. Minhas mãos apertavam sua cintura forte contra meu corpo enquanto suas mãos estavam alisando minha barba. Foi indescritível nosso primeiro beijo, teve que ser rápido já que o tio Alberto podia aparecer a qualquer momento, mas foi tão intenso...
- Isso é pra você comprar um anel bem lindo pra mim, e não toque na sua barba!
- Você gosta dela? – Estava sorrindo de orelha a orelha.
- Muito!
- Então ela vai sempre estar aqui. – Nos despedimos com mais outro beijo e eu fui embora.
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Já havia se passado quase uma semana que não via mais meu pequeno... Eu estava ocupado com as coisas da formatura e o baile seria em dois dias, então era difícil ter um tempo só pra ele, mas eu estava me desdobrando! Durante esses dias eu peguei pesado na academia, se Lucas me queria mais forte ele me teria mais forte. Na hora de comprar nossas alianças eu escolhi a que mais combinaria com ele e mandei escrever nossos nomes nelas. Fui a ultima prova do smoking do baile e depois decidi ir à casa do tio Alberto ver meu Lucas, como ainda estava de dia talvez o deixassem ir comigo a cidade passear um pouco. No caminho uma coisa estava na minha cabeça: Eu sabia que ele estava tramando alguma coisa contra os gêmeos e a Camila, já que ele estava quieto demais e ainda tinha aquelas fotos, mas o que ele vai fazer... Ainda mais preocupante, quando?
Continua...
Oi gente, voltei! Dessa vez escrevi um capítulo diferente pra vocês... Agora vocês sabem da história do nosso fortão mais fofo que aquela fazenda já viu! Espero que tenham gostado, muito obrigado por ler e até a próxima. Beijos, Lucas.