Cap.5
Fiquei com uma cara de joelho naquela hora.
- Como assim, sua família não é normal ?- tipo, comecei a pensar que ele fosse filho de dois homossexuais e tal. Familia anormal geralmente remete a isso, apesar de eu considerar esse tipo de família normal.
- Bem...- ele suspirou- eu tenho uma mãe e um pai- wtf. Então, que tipo de família anormal ele teria.
- Então porquê sua familia seria anormal Carlos ?
- Eles não gostam de mim Júnior.
- Não gostam ? Como assim não gostam ?
- Eh muito simples. Eu morei com meus pais até meus 12 anos, lá. Eles simplesmente não demonstravam nenhum amor por mim, viviam dizendo coisas horríveis pra mim, que eu havia sido a pior coisa que eles já tinham tido, que eu nunca deveria ter nascido, que se eles pudessem me deixavam na primeira ponte que vissem- uma lágrima escorreu do seu rosto. A minha vontade de limpa-la foi enorme, mas isso seria demais pra "um hetero".
- Que pais horríveis !
- Eh- ele limpou os olhos e novamente olhou pra mim- um dia, já não aguentando mais aquilo, eu fugi. Fui pra bem longe dali. Foi quando uma senhorinha me achou e me levou pra um orfanato. Eu disse que não tinha pais, já que eles não gostavam de mim mesmo, nunca iriam me procurar. Passei um tempo ali, e por um milagre apareceram casais querendo me adotar. Na verdade dois. A disputa entre eles foi tanta que eles acordaram partilhar a guarda. E hoje eu tenho dois pais e duas mães que me amam- era meio difícil de acreditar naquela história, mas sua expressão me passava confiança o suficiente pra acreditar.
- Sério mesmo ?
- Sério
- Então essa é sua família anormal ?
- Sim
- Tudo bem- ele sorriu. Continuamos andando.
TEMPO DEPOIS
Acabei pedindo mais um favor a ele. Me levar em um lugar onde pudesse comprar coisas pra faculdade.
- Que loja bacana- falei entrando.
- É difícil você não achar as coisas aqui.
- Que legal- me apaixonei de cara por um caderno preto- o que você acha ?
- Preto ? Me remete a um time que eu detesto.
- Qual ?
- O Vasco.
- Ah, então quer dizer que você não é vascaino ?- coloquei o caderno na cestinha e continuei andando.
- Nem diga isso. Eu nunca gostarei do Vasco enquanto estiver lúcido- ri.
- Deve ser flamenguista doente né ?
- Sou mesmo. Mengo na veia kkkkk- sorri. Carlos era uma piada.
- Combinamos em algumas coisas
TEMPO DEPOIS
O dia havia passado rápido e a noite já estava ali. Tudo estava escuro novamente. Toda a alegria do dia havia sido deixada pra trás.
- Que tipo de coisa voces gostam de comer ?- era o meu dia de cozinhar, então decidi agradar a todos.
- Hummm. Você sabe fazer carne moída ?- sorri.
- Óbvio que sim né.
- Então faz lá- Jader falou, me seguindo. Peguei a carne moída e botei na panela, por um momento desviando minha atenção e olhando o garoto. Sabe aquele momento em que você reconhece outro gay ? Esse era eu. Jader era do babado, eu não podia estar errado. Terminei de cozinhar e logo vi Carlos aparecer.
- Eu tomei a liberdade de dobrar as suas roupas que estavam no varal, já que usamos o mesmo armário- sorri.
- Valeu- ele se aproximou e colocou o braço sobre o meu ombro.
- Sinto que vamos nos tornar bons amigos- segura Júnior !
- Eu... Eu também- minha vontade era puxar o pescoço dele e voar ali mesmo, mas infelizmente não dava. Ele era um dos poucos que eu nunca teria coragem de investir.
- Você quer ir comigo no Maracanã domingo ?- sorri.
- Fazer o que ?
- Vai ter FLA-FLU - ele olhava pra mim com um brilho nos olhos, como se fosse o clássico do ano.
- Ok, eu vou com você...- no final das contas eu tinha um bom companheiro de quarto.
TEMPO DEPOIS
Havia tomado meu banho, vestido meu short de dormir e já estava na cama. Ele sempre estudando.
- Pega sua fronha Júnior- Luciano jogou o tecido em cima da minha cama e logo saiu.
- Geek maluco- falei.
- Você é sempre assim ?
- Como ?
- Falastrão ?- entendi como se ele não estivesse gostando de me ver falar. Será se ele não tinha gostado de mim ?Pouquinho- fiquei em silêncio por alguns segundos- esses dias está pior, por causa da mudança e tudo mais.
- Gosto de gente que conversa muito- aliviei. Não estava sendo desagradável pra ele. Me ajeitei mais na cama
- Carlos ?
- O que ?
- Você acha que a faculdade vai ser muito difícil ?
- No início sim, Júnior. Mas se você estudar, você consegue ir passando as etapas.
- Será se vai ser bom ser médico ?- ele sorriu.
- Não era o que você queria ser ?
- Era... Mas... As vezes da um frio na barriga.
- Esqueça isso. Você vai conseguir tudo o que quiser.
Será mesmo ?
Continua
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