Segui viagem com tudo aquilo na cabeça, mal entrando em casa minha madrinha que já havia voltado de viagem me entegou uns 20 papéis de post-it todos escrito "me ligue com urgência bjs mãe". Olhei não acreditando para minha madrinha que rindo se limitou a dizer
- Conhece muito bem ela né? Acho bom ligar...
- Mas tia eu sai de lá não tem nem 4 horas. Quem morreu? - disse impaciente
- Um tal de Felipe. - disse já dando as costas e indo para a cozinha.
Senti todo meu sangue fugir naquele momento, o que eu havia feito, sair sem ter ido falar com ele.
- Tia fala que isso é exagero da minha mãe e que ninguém morreu - Já disse isso com lágrimas caindo sobre o rosto.
- Claro que não garoto, tu conhece bem a Mãe que tem, a única coisa que ela falou foi algo sobre esse tal Felipe.
Ouvir aquilo soava como um alívio de quem encontra água em meio ao deserto.
- Vitor também veio aqui atrás de você, diga a ele que não quero o ver tão cedo, já to enjoada dele aqui todo dia.
Como assim todo dia??? Fazia bastante tempo que ela não via Vitor, a não ser que... Antes de concluir meus pensamentos ela me interrompeu
- Ah e outra coisa mocinho, da próxima vez que viajar por favor contrate uma secretaria porque não sou guria de recado. Agora vou dormir e liga pra tua mãe pelo amor de Deus.
Dizendo isso ela saiu em direção ao quarto dela me deixando em meio a uma tempestade de pensamentos. Não me bastava Vitor agora tinha essa história de Felipe, sem falar no Gabriel, este último era o que menos me dava trabalho, pelo contrário me dava conforto. Enquanto refletia sobre tudo aquilo o telefone toca, não era muito difícil deduzir quem ligava e logo atendi
- Oi Mãe.
- Quando você volta? Tem gente aqui precisando de você. - disse num tom imperativo.
- Boa Noite Mãe, sim eu estou bem e fiz ótima viagem! - disse meio que impaciente.
- Para de ser egoísta, você vai deixar ele morrer? Pra que esse orgulho todo?
- Mãe eu não tenho nada com ele, obrigação nenhuma.
- Eu sei, mais ele te ama, precisa de você. A Nice me procurou hoje...
- Nice ligou pra quê? Pra falar que é tudo culpa minha?
- Não, ela queria conversar e queria falar com você.
- Mãe eu não tenho NADA o que falar com ela, da última vez em que ela me procurou para falar comigo foi a 6 anos atrás para me pedir que esquecesse Felipe e deixasse ele viver a vida dele. Hoje que to fazendo isso não vejo assunto algum a tratar com ela. - e conclui - espero mãe que por gentileza não seja necessário voltarmos a esse assunto ok? - disse firme.
- Você quem sabe - disse minha mãe desapontada e desligando o telefone sem falar mais nada.
Estava exausto! Exausto de tudo, da viagem, da história de Felipe com Emilly, da minha mãe estar amiguinha de Felipe sem me dar uma explicação lógica pra isso, enfim de tudo. Levei as malas que ainda estavam na sala para o quarto para a pior parte de qualquer viagem, desfazer as malas.
Terminei de arrumas as coisas e fui tomar um banho, daqueles banhos que demoramos horas na esperança de lavar o espírito assim como lavamos a carne. Sai do banho e embora todo o cansaço ainda eram nove e meia da noite. Resolvi ir até a cozinha e comer algo, enquanto preparava um lanche a campainha tocou, me arrastando fui abri-la já xingando quem quer que estivesse incomodando a aquela hora. Ao abrir a porta meu desânimo só aumentou, lá estava Vitor com um embrulho na mão e uma cara de "fui a padaria e demorei".
- O que você quer? Já estou indo dormir! - disse sem a menor simpatia.
- Que saudade de você - disse me abraçando.
- Queria falar o mesmo mas como você sabe não sei mentir.
- Não vai me convidar a entrar?
- Melhor não a Natália pode não gostar, agora se você me der licença preciso ir dormir.
Disse isso já fechando a porta
- Espera, espera! Pelo menos aceita o presente que eu comprei.
Peguei a caixa, dei uma leve sacudida e com um sorriso amarelo e bem forçado a colocando em cima da mesinha próxima a porta o agradeci. Por um instante me perguntei como aquele encosto sabia que eu tinha chego, não precisei pensar muito só podia ser o Ed, que porteiro intrometido.
Antes de deitar abri o presente, era um cordão com um pingente de âncora, alguns bombons e um cartão que dizia:
"Que a nossa relação tenha a estabilidade que precisamos, assim como âncoras seguram até navios em meio a tormentas, que esse seja o símbolo do nosso amor, que sobrevive a tudo!"
Beijos do seu amor Vitor.
Te amo"
Li aquilo tudo com vontade de ir até ele e falar poucas e boas, quanta ouzadia, aquilo superava o menor senso do ridículo. Fui dormir afinal era muita coisa para um dia só. Pela manhã não eram nem dez, minha tia entra ao meu quarto me acordando, dizia ela que tinha visita me esperando. Levantei fui ao banheiro cumprir a rotina matinal e fui para a sala. Chegando lá a única coisa que eu pensava ao ver Vitor com a maior cara de "nada aconteceu" do mundo, era de como iria acabar de vez com aquilo.
- Bom Dia Vitor, tantos anos e ainda não aprendeu a minha regra de convivência número um.
- Nada de visitas antes do meio dia! - disse ele me interrompendo e com certo sarcasmo.
- Vai fala logo o que você quer.
Ao dizer isso minha tia, que lia o jornal ali próximo, me lançou um certo olhar de reprovação.
- Quero que você vá almoçar comigo lá em casa - disse com um sorriso que ia de orelha a orelha.
Precisava escapar daquilo então disse a primeira coisa que veio a cabeça.
- Não vou poder, fiquei de fazer um almoço especial pra minha dindinha do coração pra matar as saudades!
- Ficou é? - disse minha tia me olhando de forma rígida - Não me lembrava disso e já confirmei de almoçar com umas amigas. - disse ela improvisando também, era notório. - então acho que você está liberado para almoçar com ele.
Ela disse isso saindo em direção ao quarto dela, sai em seguida para me trocar e passando por ela soltou
- Não me envolva nos seus rolos mocinho, vocês sempre se deram bem.
Sempre nos demos até chegar Natália (hunf).
Não me arrumei muito até por que não havia razão para isso, subimos até a casa de vitor mas o clima não era bom, sempre que ela puxava algum assunto minhas repostas sempre eram "sim" "não" "ahaam". Por fim entrando na casa dele quem eu vejo sentada no sofá fazendo cara de paisagem, Natália. Quando entrei não fiz questão de desmarcar, dei meia volta e quando já saia ela falou
- Fica, precisamos conversar.
Mais que conversar o que quenga, conversar na cadeia, pensei.
- Ultimamente só tem pessoas sem assunto querendo conversar comigo. Não tenho nada o que falar com você garota. - disse ja saindo.
- E lógico que tenho, preciso me desculpar.
- Não tem nada o que desculpar. - disse seco.
Ela veio falando que no início não aceitava o fato de Vitor ser gay e que quando soube que nós tínhamos um caso ficou obsecada em tirar prova disso. Falei a ela que o erro não era dela e sim de Vitor em se deixar levar por isso.
- Estava com medo - Vitor tentou se justificar
- Medo de que cara? Namoramos anos, semore fomos parceiros, amigos, confidente. Você foi embora e sempre te respeitei, do nada você volta e veio atrás de mim. Quanto finalmente consegui por ordem em tudo você foi lá bagunça tudo. Eu estava disposto a te dar mais uma chance Vitor, mas você some e quando te vejo de novo o que você está fazendo? Beijando ela e pior leva ela
Leva ela lá em casa como se quisesse me provocar. Desculpa Vitor mais realmente não tenho o que conversar. - concluí e fiz menção em levantar quando Natália disse
- Foi tudo culpa minha perdoa ele.
Em outras épocas eu até poderia relevar tudo e voltar, mas não amava mais Vitor, sem falar que ainda tinha o Gabriel e Felipe. Precisava começar a ordenar as coisas e aquele momento era propício a isso.
- Vitor, as coisas nem sempre são como queremos, quando dizemos que amamos alguém precisamos antes de qualquer coisa nos amar e medir as consequências de nossos atos. Você diz que me ama mas na primeira que te agarrou você não resistiu. Me diz que confiança você quer que eu tenha em você? E muito complicado. Se você me quiser como amigo eu estou aqui, gosto de estar com você e me sinto bem. Se você estiver afim de ser meu amigo e seguir assim estou aqui. - disse estendendo a mão a ele.
- E tudo que vivemos? - disse Vitor com os olhos rasos d'água.
- Lembra o que você me disse aquele dia na praia? O que vale é o que teremos daqui pra frente.
Vitor não aceitou muito o que disse, Natália ao seu lado acompanhava tudo com um olhar de culpa. Me despedi e voltei pra casa. Tudo aquilo apesar de triste soou como um bom presságio, as coisas começavam a se organizar. No meio do caminho meu celuar toca era Gabriel, inicialmente achava que ia falar que estava com saudades ou coisas do tipo mas não.
- Dan to te ligando pra te dar uma notícia não muito boa.
Logo me preocupei, afinal era ele quem acompanhava minha mãe.
- O que houve? é a minha mãe? - disse aflito.
- Não e o Felipe.
- Porra Gabriel, que susto ! Já falei que não quero saber dele.
- Dan ele foi internado hoje com uma overdose e fugiu do hospital assim que acordou. Achei que você precisava saber disso.
- Não Gabriel eu não precisava saber - disse já com a voz embargada - vou precisar desligar, beijo.
Por mais que eu quisesse me fazer de forte e que não me importava com Felipe, aquela notícia me fez ruir, toda a fortaleza que eu imaginava ter criado ao me decidir a uma vida nova de nada me valia. Me tranquei em meu quarto e chorei copiosamente. Não sentia tanta tristeza assim desde o dia em me despedirá de Felipe da primeira vez. Me senti acuado e sem ninguém. Novamente meu telefone tocava desta desta vez era Vitor que perdendo minha voz perguntou o que estava acontecendo. Contei os últimos ocorridos a ele que prontamente desceu e veio a minha casa. Vitor entrou em meu quarto, me deu um beijo na bochecha e me abraçou sem nada falar, em meio ao calor dos braços de Vitor adormeci, os braços dele eram como calmantes para mim.
Pela manhã, cerca de oito horas, o sol já invadia meu quarto, pude perceber pois acordei com o celular vibrando em baixo de mim. Levantei e ao ver Vitor ali me assustei, voltei meu olhar para o meu telefone e vi cinco chamadas perdidas da minha mãe. Antes de retornar a ligação ela ja estava me ligando de novo, atendi e nem um Bom Dia ouvi
- Arruma suas coisas estou chegando ai para te buscar.
- Como assim me buscar mãe?
- Você vai voltar pra casa e fazer oquet tem que ser feito! - disse minha mãe no seu tom autoritário de sempre.
- Mas mãe... - tentei interpelar
- Nem mais mãe e nem menos mãe! Chego em uma hora e quero você e suas coisas prontas! - disse já desligado o telefone.
Nesse momento Vitor já estava acordado e me olhava assustado. Expliquei as novidades a ele e de imediato ele se prontificou a ir comigo, aceitei pois já sabia o que iria ter que enfrentar. Vitor foi a sua casa e eu comecei a arrumar as minhas. Britânicamente em uma hora minha mãe chegou, enquanto ela levava as minhas coisas para garagem Vitor chegou e minha não gostou muito
- Pra onde esse garoto vai? Ou ta chegando? - disse de forma hostil.
- Vitor vai passar uns dias lá comigo.
Vitor ficou completamente sem graça então peguei eu mesmo as coisas dele e levei até o carro e dei um abraço bem forte o agradecendo. Minha mãe ficou vermelha de raiva mas não tinha muito o que protestar. Seguimos viagem, conversamos muito mas, não tive coragem de tocar no assunto Felipe.
Chegamos em casa e ao entrar me deparo com Nice sentada na sala com meu pai. Vitor que já aguardava o mesmo que eu pegou em minha mão e a apertou em sinal de "estou aqui".
Enfrentei Nice com um olhar profundo, estava ali e não fugiria mais...
- Precisamos conversar a sós - disse Nice.
- Não tenho segredo aqui com ninguem, pode falar o que você quiser!
Galera ta ai mais uma parte da história, muito obrigado pelo carinho de vocês. O próximo devo postar quarta ainda não posso dar certeza porque e a minha formatura. De qualquer forma não passa de quinta não passa. Beijos ♥♥♥
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