“Mas é claro que o sol vai voltar amanhã” Renato Russo
- Gean? O que você está fazendo aqui? – Perguntei assustado.
- Vim ver como você tá, depois de todo esse tempo! – Ele disse com um sorriso no rosto.
Uma preocupação bateu no meu peito. A última vez que eu havia visto Gean, foi quando eu fiz sexo com ele, na sua própria casa. E agora Gabriel estava na minha cama. E eu havia feito (muito) sexo com ele.
Pausa. Gean continuava lindo. Ele estava com mais cara de adulto agora. Continuava gostoso que nem era antes. Mas estava mais branco, o que realçava ainda mais seus olhos. Ele estava lindo como sempre foi.
Ele foi chegando perto e colocou a mão na minha cintura.
- Eu nunca mais tive notícias suas depois daquele dia, Samuel.
- Eu acho melhor você ir embora, Gean – Eu disse saindo dos braços dele.
- Por que? Não está com saudades? – Ele me falou com a voz sexy e sedutora.
- Gean? – Foi Gabriel quem perguntou.
- Gabriel? O que você está fazendo aqui? – Gean perguntou assustado.
- Eu é que te pergunto! O que você está fazendo aqui dando em cima do meu namorado? – Gean me olhou assustado. Eu não sabia o que fazer.
- Namorado? Como assim? – Gean perguntou.
- É. A gente ta namorando agora – Falei para Gean.
- God, como assim? A gente terminou por conta dele, Gabriel! A gente brigou feio por conta dele! E agora você está namorando com ele? Eu não acredito! – Gean disse quase gritando.
- É, e pelo o que eu pude perceber de hoje, a culpa não foi dele...
- O que você quer dizer com isso? – Gean perguntou, nervoso.
- Samuel me contou exatamente tudo o que aconteceu naquele dia. Ele me contou como você o seduziu...
- Agora somente eu sou culpado? – Ele perguntou nervoso.
- Ninguém disse isso. Eu sou culpado, também. Mas se eu tivesse tido um pouco mais de força de vontade, nada teria acontecido – Gean me olhou com desprezo.
- Vou embora – ele se limitou a falar.
- É o melhor a se fazer. E quando você quiser conversar sem pensar somente em sexo, volte. Ficaremos contentes em recebe-lo – Gabriel disse. Gean disse batendo a porta.
Gabriel me abraçou. Não chorou, mas me abraçou forte.
- Como ele sabe onde você mora? – Ele me perguntou.
- Bom, o pai dele é meu patrão né. Não deve ser difícil obter uma informação dessa na empresa... – Eu disse.
- É verdade. Será que ele vai voltar? – Gabriel me perguntou.
- Bom. Por um momento eu fiquei feliz em vê-lo. Apesar de tudo o que rolou, Gean era um bom amigo.
- E um bom namorado – Fiquei com um pouco de ciúmes na colocação dele.
Durante o domingo não falamos mais de Gean. Almoçamos em uma churrascaria. Fizemos trilha de bicicleta... Varginha tem alguns lugares muito bonitos para se fazer trilhas. Eu adorava isso. E segundo Gabriel, fazia bem para a saúde. Afinal, ele era meu médico né.
A semana passou num piscar de olhos. Foi uma semana tensa no meu serviço, pois nós estávamos mudando alguns padrões de comunicação dos equipamentos e máquinas que estava me dando dor de cabeça. Mas no fim tudo deu certo.
Sexta a tarde, após chegar do serviço olhei minha caixa de correio. Um convite me chamou muito a atenção. Estava endereçado a minha e ao Gabriel.
Eu abri a carta. Era um convite para uma festa de aniversário do Gean. Seria no mesmo local onde tinha sido minha festa de formatura. Meu local favorito na cidade. Traje fino. Mas junto com o convite, vinha uma carta, endereçada somente a mim.
Ela tinha mais ou menos meia página. Nela ele falava que tinha errado por duas vezes. Que o tesão sexual falara mais alto que o racional e que por fim ele desejava esquecer tudo e recomeçar do zero, como ele fizera anos atrás, ainda na escola.
“Foi você quem me fez mudar. Foi você quem me fez ver o lado bom da vida. Por favor, me deixe continuar desse lado da felicidade”. Era a última linha da carta do Gean.
Na hora que eu terminei de ler a carta Gabriel chegou. Mostrei para ele.
- Deve ter se arrependido. Nós vamos dar uma chance? – Ele me perguntou.
- Bom, não custa tentar né... – Gabriel me deu um selinho e foi trocar de roupa.
Do dia do convite até a festa, seria em média uma semana. Eu comprei um presente para Gean, uma garrafa de whisky importado. Eu sabia que ele ia gostar. Gabriel e eu colocamos uma roupa mais chique, mas não terno.
Chegamos no local e a organização estava impecável. Gean estava em um terno preto, completamente lindo. Alan me recebeu muito bem. O Carlos, engenheiro que me treinara, bem como alguns funcionários da empresa estavam lá.
Poucos amigos do Gean estavam lá. Tinha alguns poucos amigos dele. Afinal, ele tinha morado na Europa os últimos anos.
Quando ele nos viu, veio nos cumprimentar todo animado.
- Vocês vieram! – Ele quase chorava.
- Sim, viemos. Nós aceitamos suas desculpas – Gabriel foi quem falou.
Depois disso, ficamos a noite inteira conversando. Ele nos contou de como era viver na Europa, eu contei um pouco da minha vida em Campinas, Gabriel contou como era BH...
Mas um assunto eu achei muito pertinente. Raul.
- E Raul, como ele está? – Gean deu um suspiro.
- Melhorou muito desde quando eu fui. Ele te amava muito, Samuel. Ele se afastou de você quando foi para evitar sofrer. Mas não deu certo. Ele não saia, não conversava, não interagia. De uns tempos para cá, ele arrumou um namorado. Melhorou muito. Mas toda vez que ele escuta seu nome, os olhos dele brilham.
- Nossa, eu não sabia que eu mexia tanto com ele assim...
- Lembra quando vocês foram na serra em Três Pontas, para ele se despedir?
- Lembro sim...
- Quando isso? – Perguntou Gabriel.
- Naquela show do Henrique e Juliano.
- Ahhhh então por isso você sumiu a manhã toda?
- É – Falei seco.
- Então, ele disse que ia se matar quando voltou. Ele não ia suportar viver longe de você. Ele frequentou meses de psicólogo. Esse é um dos grandes problemas de Raul, ele ama muito. Ele não sente pela metade.
- Tenso – Gabriel comentou.
- Muito tenso – Completei.
- Mas vamos dançar! A banda está excelente! – Gean quem disse.
O resto da noite nós dançamos. No fim da festa só estava eu, Gabriel e Gean. Bebendo o whisky que eu e Gabriel demos de presente. Estávamos completamente bêbados.
Vimos o nascer do sol por trás da cidade. Foi lindo. Gabriel deitado no meu colo. Eu mexia nos seus cabelos. Gean estava sentado do nosso lado.
- É lindo. E mesmo assim, nós apreciamos tão pouco! – Gean disse.
- É verdade. Deveríamos fazer isso mais vezes! – Gabriel disse.
- Façamos um trato: Todo aniversario de nós três, nós veremos o sol! – Eu propus. Eles aceitaram.
Mal sabia eu que nós não cumpriríamos nem uma dessa promessa. O destino é incerto. Coisas acontecem o tempo todo. E nem sempre as coisas acontecem conforme nós planejamos.
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Olá pessoal! Mais um capítulo prontinho :) pessoal, talvez amanhã eu não poste... Não tenho certeza ainda, mas se pá eu vou viajar e não terei tempo. Se não der, domingo estou firme! Um beijão!