Cilada de uma paixão adolescente

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Homossexual
Contém 21238 palavras
Data: 20/02/2015 22:34:13

Cilada de uma paixão adolescente

Recebi a notícia com espanto durante o jantar no sábado à noite. Talvez pela maneira como me foi comunicada, mais do que propriamente pela surpresa. A voz do meu pai era serena e não tinha nenhuma emoção.

- Sua mãe e eu vamos nos separar. – disse, antes de colocar uma generosa garfada do filé de badejo na boca, e continuar sua refeição como se estivesse me dizendo que ia trocar de carro ou que iria mandar pintar a casa. – Você pode decidir com quem quer morar. Só vamos efetivar as coisas dentro de seis semanas. – acrescentou, olhando de relance para minha mãe, como que pedindo para que ela se manifestasse.

- Sim querido. Deixamos essa decisão por sua conta, afinal você já está grandinho para fazer suas escolhas. – sentenciou minha mãe, com a mesma frieza que usaria para me dizer que estava mudando a decoração da sala.

- É claro que você terá seu quarto conforme seu gosto na casa de cada um de nós, e ela também será toda sua como é agora. – elucidou meu pai, como se isso me deixasse mais à vontade.

Eles tinham essa capacidade de serem práticos. Acho que desenvolveram esse talento durante a formação de suas carreiras bem sucedidas. Ele como alto executivo de uma multinacional para a América Latina e, ela como sócia executiva de um escritório de advocacia internacional. A casa, e talvez até eu, éramos um apêndice de suas carreiras e, seguramente, não tínhamos um papel primordial.

Não houve brigas ou desavenças. Não houve discussões acaloradas, isso era coisa de gente medíocre e passional. Houve um acordo tácito, de senso comum, tal como uma transação ou uma fusão a que estavam habituados no seu cotidiano atarefado. Daí essa aparente tranquilidade toda. Na cabeça deles, definitivamente, esse não era um assunto para se perder tempo ou dispender energias desnecessárias.

Apesar de a Dalva ter se esmerado no preparo do meu prato favorito, e dado seu toque certeiro ao badejo a provençal, meu apetite se perdeu no meio do turbilhão de pensamentos que passou a ocupar minha mente, depois dessa revelação. Eu não sabia dizer como estava me sentindo. Não fora uma surpresa, afinal o fato do meu pai não ter compartilhado as últimas férias conosco na viagem à Turquia e Grécia, já era um prenúncio do que estavam me contando agora. Pois até então, nossas viagens de férias sempre foram uma distração benvinda e reconfortante no meio daqueles assuntos áridos de suas profissões. Depois foram aqueles silêncios prolongados e torturantes que marcavam os momentos em que precisavam compartilhar algum encontro familiar ou uma atividade na qual precisavam demonstrar que faziam um casal a ser invejado.

Tratei de encarar o assunto com a mesma serenidade que eles, embora estivesse me remoendo por dentro. Inseguro quanto ao futuro. Arrasado, pelo fim da relação deles e, por conseguinte, do que eu entendia ser o meu lar. Puto, por estar sendo tratado como parte dos bens que eles agora estavam dividindo numa harmonia desconcertante.

As obras de arte da sala de jantar ficam comigo, eu esperei por aquele leilão em Londres por meses. O Jaguar Roadster E type fica obviamente comigo, você nem saberia usufruir desse clássico. Aquela cômoda francesa do século XVII do hall foi presente da minha irmã e eu adoraria ficar com ela. Seguramente, mas a prataria e as louças alemãs não são algo que um homem saiba apreciar com a mesma eloquência que uma mulher. E, bem, o Luke, deixemos que ele escolha com quem quer morar. Merda! Era isso que eu era, um mero bem da partilha. Um sentimento de raiva se apoderou de mim.

Eu sempre fui um bom filho. Era bom aluno na escola, um dos melhores. Nunca fui motivo de dissabores para os meus pais. Amava-os incondicionalmente, mesmo que tivessem pouco tempo para ficar comigo, por isso aproveitava cada segundo que compartilhavam comigo. Procurava atender às expectativas deles em tudo o que se referia à minha educação e comportamento. Minha cabeça fervia, um gosto de bile crescia em minha boca, e eu tentava digerir aquilo tudo, mesmo com aquela saliva amarga me inundando as vísceras. Shutzy, meu buldogue me encarou, pulou sobre a minha cama e veio se aninhar entre as minhas pernas. As primeiras lágrimas daquele infortúnio começaram a rolar pelo meu rosto, e quando tentei enxuga-las com o dorso da mão, um soluço incontrolável sacudiu meu peito, e eu enfiei a cabeça no travesseiro num choro doído e solitário.

- Oi vovô! Como você está, e a vovó? – falei baixinho, quando meu avô atendeu ao telefone.

- Olá Luke! Estamos bem e com muitas saudades. – reverberou a voz calorosa dele, que eu sabia estar acompanhada de um sorriso. – Está tudo bem com você, meu filho? É madrugada aí, o que faz acordado há esta hora? – repentinamente sua voz adquiriu um tom apreensivo.

- Está. – digo, sem convicção. – Não consegui pegar no sono. – emendei antes de ele poder voltar a me questionar.

- Sua voz está triste, o que houve? – perguntou. Ele tinha esse dom de quase ler os meus pensamentos. Sempre fora assim, desde que me conheço por gente.

- Posso ir morar com vocês por um tempo? – perguntei, tentando não preocupa-lo.

- Claro que sim! Sua avó e eu vamos ficar muito felizes com você aqui. – respondeu imediatamente. – Mas e sua escola, você ainda não terminou o semestre? – questionou, lembrando-se que o calendário escolar do Brasil não coincidia com o dos Estados Unidos.

- Eu vejo isso quando estiver aí. – retruquei, antevendo que ele não se convenceria com essa explicação simplista.

- Diga-me o que está acontecendo. – ordenou, sua voz ficara mais grave e séria.

- O papai e a mamãe estão se separando e eu não queria ir morar com nenhum deles. Quero ficar com vocês. – respondi, com a voz começando a embargar.

- O fato de eles terem uma briga não significa que vão se separar. Você não deve se preocupar com isso. – procurou amenizar.

- Não vovô, você não entendeu. Eles já me participaram o fato. Dentro de seis semanas não vamos mais continuar morando aqui. – esclareci.

- Como assim? Isso não é possível, seu pai não me disse nada! – agora era a voz dele que começava a titubear, perdida e desapontada.

- Mas é isso que vai acontecer. E eu não quero ficar com nenhum deles. – disse, reiterando meu pedido.

- Deixe-me falar com seu pai. – falou firme.

- Eles já estão dormindo, é madrugada aqui. – lembrei-o

- Vou falar com ele amanhã, mas você pode vir quando quiser. Eles já estão sabendo da sua decisão? – perguntou.

- Não. Não pedi e nem vou pedir autorização para eles. Estou decidido, e eles vão ter que entender isso. – sentenciei com firmeza.

Meu pai entrou no meu quarto pouco antes do meio dia. Eu só conseguira conciliar o sono quando a madrugada já estava findando. Ele me sacudiu com força e eu acordei meio perdido, tentando me localizar, pois ainda estava sonolento.

- Que ideia é essa de pedir para morar com seus avós nos Estados Unidos? E quem te autorizou a contar a eles que sua mãe e eu estamos nos separando? – As perguntas vinham numa enxurrada raivosa. – Escute aqui rapazinho, eu ia dar a notícia a eles quando fosse oportuno. Isso não é assunto seu. – acrescentou colérico.

- Eu só pedi para ir morar com eles, por isso tive que contar o motivo. Não vou morar com nenhum de vocês dois, isso é certo. – devolvi ríspido. Eu detestava quando ele me chama de rapazinho, como se eu tivesse sete anos de idade, e não dezessete.

- Não é bem assim que as coisas funcionam. Nós te demos uma oportunidade para decidir com quem quer morar, mas isso não significa que não podemos determinar onde você vai morar. – afirmou autoritário.

- Claro! Vocês estão decidindo que parte da mobília e dos bens fica com quem, não seria diferente comigo. Aliás, isso é um mero detalhe. – revidei, a voz começando a ficar embolada.

- Não seja infantil! – exclamou áspero. – Se não quiser ser tratado como uma criança, não se comporte como uma. – vociferou, saindo do quarto e dando por encerrada a questão, e não me dando a chance de expressar minha indignação.

Nos dias que se seguiram as coisas mudaram um pouco. Meus pais foram absorvendo a ideia da minha mudança, e aquela reticência foi perdendo força. Não tenho dúvida que outro telefonema do meu avô para o meu pai tenha colaborado bastante para isso. E, diante da minha determinação, as tratativas para minha ida aos Estados Unidos começou a ser implementada. Era certo que meu ano letivo estava perdido. Muito embora eu frequentasse um colégio de primeira linha, e boa parte do currículo estivesse alinhado com o de outras escolas internacionais, as diferenças no calendário estudantil não conseguiriam ser vencidas. Uma separação não passa incólume na vida dos filhos, e dessa realidade eu não escaparia.

Meus avós moravam numa ampla casa em estilo Tudor, não distante do centro de Boulder, uma cidadezinha com cerca de cem mil habitantes no estado do Colorado, a noroeste da capital Denver. A proximidade com parques florestais estaduais e montanhas que fazem parte da cadeia das Rochosas, dá a cidade uma excepcional qualidade de vida, e fornece inúmeras oportunidades de se estar em contato com a natureza. Por diversas vezes na minha infância havia passado parte das férias nesse lugar que agora passaria a ser meu lar.

Cheguei ao aeroporto de Denver depois de mais de dezenove horas, saindo de São Paulo, com escalas em Orlando e Houston, numa tarde quente de agosto. O rosto risonho do meu avô me esperava por trás do corredor envidraçado de desembarque, ele acenou assim que me viu apontando no portão de saída e, por uns instantes, uma umidade quente e embaraçosa que aflorara nos meus olhos tirou sua imagem do foco. Foi nesse momento que eu percebi o quão importante ele era na minha vida. Não consegui mais reter as lágrimas quando ele me abraçou com força, e eu me senti seguro.

- Ora, ora. Vai ficar tudo bem. Estou aqui e nada vai te faltar. – disse, enquanto me apertava em seus braços. Havia algo de promessa em sua voz, e eu me tranquilizei.

Demoramos pouco mais de quarenta minutos para cobrir os cerca de quarenta e oito quilômetros entre o aeroporto e a casa dos meus avós, no Audi SUV Q7 que eu ainda não conhecia. Minha avó nos esperava ansiosa no acesso à garagem, num vestido florido longo, típico de seu gosto apurado e elegante, e um chapéu de abas largas que protegia seu rosto pálido do sol de verão. Ela me beijou, apertou, e me examinou, como se procurasse se certificar de que eu estava inteiro. Não consegui deixar de rir da situação. Mas me senti bem com seu carinho.

- Venha ver o seu quarto. Acabei de redecora-lo, espero que goste. – falou com entusiasmo, enquanto me levava para dentro de casa.

Nos dois anos que não nos víamos, ela dera outra cara a casa. Embora nunca tivesse exercido a profissão economicamente, seu talento como arquiteta era impressionante. Tudo na casa havia sido redecorado nesse período, e o quarto que me fora destinado no primeiro andar, em nada se parecia com aquele no qual eu passara os festejos de final de ano, há dois anos. Era uma suíte ampla com predomínio das cores azul, em diversas nuances e cinza, composta por uma saleta onde um sofá clássico permitia assistir à televisão embutida numa estante pintada de branco que ocupava toda a parede, um closet com armários em formato de U, um banheiro bem masculino onde predominava uma luminosidade acolhedora e uma sacada com deque de madeira que dava uma vista deslumbrante das montanhas cobertas de abetos.

- O que achou? Gostou? Se você quiser mudar alguma coisa, vamos fazer exatamente como você se sinta bem. – disse. Seus olhos brilhavam e ela voltou a me abraçar.

- É lindo! Obrigado, muito obrigado pelo que estão fazendo por mim. Eu os amo muito! – balbuciei quando meu avô deixava as últimas malas no chão ao lado da cama, e eu os unia num abraço, sentindo aquele nó se formando na minha garganta novamente.

- Queremos que você se sinta feliz aqui, pois é assim que estamos nos sentindo com a sua vinda. Também te amamos, querido. – completou minha avó.

O final de semana foi dedicado a passeios pela cidade e arredores, almoços e jantares em restaurantes que dispunham de áreas abertas e acolhiam os frequentadores ávidos pelos belos dias de sol da estação. Minha avó achou que eu tinha trazido pouca roupa e por isso teimou em me comprar tudo o que via pela frente. Eu só a conseguia impedir de me atulhar de coisas dizendo que não havia gostado disso ou daquilo, única maneira de fazê-la desistir da compra. No domingo à noite meu avô entrou no quarto quando eu já me preparava para ir dormir, sugerindo que no dia seguinte fossemos até o colégio, tratar da minha matrícula. Embora as aulas só começassem dali a três ou quatro semanas, em setembro, todos os trâmites para minha transferência podiam exigir mais do que esse tempo, e achei prudente a sugestão dele.

O feriado do dia do trabalho acabou, com ele se iniciavam algumas mudanças, o fim das férias de verão, o início do outono e o começo das aulas. Elas começaram num mar de novidades para mim, e numa continuidade previsível para os demais alunos daquela classe do segundo período do ensino secundário. Para eles a única novidade era eu, o que me deixava numa posição tremendamente desconfortável para meu espírito introvertido. Todos os olhares pairavam curiosos sobre mim, e aquele friozinho na barriga estava me consumindo. Só ficou pior quando o primeiro professor a entrar na sala de aula naquela manhã, anunciou meu nome e me fez ir até a frente da classe contar a minha história. Entre um silêncio sepulcral e tendo todos os olhares fixos em mim, mal consegui fazer um resumidíssimo histórico da minha vida pregressa, num tom de voz tão baixo que acho que os alunos que estavam nas últimas fileiras da sala não conseguiram captar nenhuma das minhas frases. Meu rosto estava em brasa quando voltei para minha cadeira junto as grandes vidraças que davam para o pátio. Um pequeno burburinho se formou depois da minha explanação. Algumas garotas cochichavam e risinhos eram dirigidos em minha direção. Alguns carinhas ficaram indiferentes ou, ao contrário, se interessaram pelo fato de eu vir de um país estrangeiro. E alguns, bem, não ficou claro o que se passava na mente deles, mas eu senti algo como um interesse hostil. Isso partiu de um grupinho no fundo da sala composto por uns carinhas estranhamente desenvolvidos fisicamente para estarem no meio de um grupo de adolescentes.

Precisei usar o intervalo entre as aulas para resolver umas questões pendentes na secretaria do colégio e, quando finalmente me vi livre desta tarefa vaguei perdido entre os canteiros, bancos e mesas do pátio. Duas garotas que haviam cochichado durante quase todo o tempo em que estive na berlinda em frente à turma, vieram conversar comigo. Coloraram-se a minha disposição para o que eu precisasse para me enturmar. Suas pretensões eram obvias, estavam a fim de mim, e parece que uma espécie de competição se instalou entre elas para ver quem levava a melhor. Outras garotas, não tão afoitas, lançavam cumprimentos e risinhos velados com a mesma intenção, mas a falta de coragem para um enfrentamento mais direto as manteve um pouco mais distantes. Taylor, um garoto parrudo que estava na fileira ao lado da minha foi o mais objetivo e amistoso. Perguntou interessadamente sobre onde e com quem eu estava morando, quais eram meus esportes preferidos e se eu topava estudar junto com ele e seu grupinho. Fiquei um pouco mais relaxado depois de conhecer seus amigos e termos uma conversa prazerosa. No entanto, nem tudo foi tão tranquilo. Três carinhas daquele fundão de classe me abordaram na saída. Um deles, a bordo de uma picape, me ofereceu carona sem nem mesmo saber para onde eu estava indo e, diante da minha recusa educada, amarrou a cara.

Eu não era um exímio jogador de vôlei, no entanto, durante a aula de educação física não fiz feio e logo fui convidado para o time da escola. O convite partiu do treinador, depois que alguns alunos o procuraram para falar das minhas habilidades. Um jogo recreativo entre os com camiseta e os sem camiseta deu ampla vitória a este último time, do qual eu fazia parte e fora o responsável pela maioria dos pontos. As garotas da plateia se entusiasmaram mais pelo meu físico do que pelo meu desempenho. Afinal aquele garoto meio tímido, com os músculos bem definidos, cabelos castanhos meio desgrenhados, uma bundona gostosa enfiada naquele short deliciosamente ancorado nos quadris e, aquela pele lisinha e bronzeada pelo sol tropical constituía um apetitoso exemplar a ser admirado. Do time oposto faziam parte os três grandalhões do fundo da classe. Surpreendidos por uma derrota, também tinham que conviver com alguém que estava roubando a atenção das garotas. E, como tudo o que tinham eram aqueles corpos malhados, uma disputa muito mais acirrada estava prestes a começar. E eu nem desconfiava disso, muito menos da vultuosidade que ela atingiria.

O mais contrariado com a derrota foi o que me ofereceu a carona no primeiro dia de aula. Chama-se Jeff, e ficou me encarando sob o chuveiro depois da partida. Não pude deixar de notar o tamanho cavalar da pica que pendia entre suas coxas grossas, a maior dentre todas que balançavam soltas no vestiário, enquanto seus donos caminhavam pelados de um lado para o outro. Seu olhar era maldoso e concupiscente. A marca deixada pela sunga na minha bundona ainda bronzeada pelo tórrido sol brasileiro se transformou na atração do vestiário. Era única, era sensual, era provocadora. Eu detestava ser uma atração, por isso me encolhi, baixei o olhar, e lá estava o tímido Luke nu diante de um bando de marmanjos com os hormônios borbulhando nas veias. Homens são audazes quando estimulados pela testosterona, da cobiça à predação não precisam mais do que alguns minutos. Repentinamente senti que estava em perigo, e me apressei para sair dali. Deixar o ar carregado de vapores dos chuveiros e do cheiro denso de machos nus e, respirar a brisa que descia das montanhas foi um alívio. Meu celular vibrou no bolso da jaqueta quando eu cheguei perto da entrada do colégio. Era meu avô se desculpando por não poder vir me pegar, e dando as instruções para que eu pegasse um ônibus até em casa. Antes de chegar à parada de ônibus, uma sequência de três toques de buzina desviou minha atenção. Era o Jeff ao volante de um Audi A3 cabriolé branco.

- Quer uma carona? – disse, num sorriso forçado, estacionando o carro ao lado da calçada.

- Não quero tirá-lo do seu caminho. – respondi, mesmo não sabendo para que lados estava indo.

- Entre aí, vamos. – sua voz soou autoritária.

- Estou indo para North Boulder e você? – perguntei, enquanto algo dentro de mim dizia para eu não entrar naquele carro.

- Eu o deixo lá. Agora entre, não vamos ficar aqui o dia todo. – sentenciou zangado.

Os pneus chiaram no asfalto quando ele arrancou me fazendo grudar no encosto do banco. Ele apertou um botão no volante e pelos alto-falantes começou a tocar Mozart, mais precisamente a sinfonia número quarenta, que eu reconheci de imediato, pois é uma das favoritas da minha mãe. Algo estranho para um jovem como aquele, pensei. Ele dobrava por ruas que eu desconhecia. Não era o mesmo percurso que meu avô fazia quando ia me buscar. Uma inquietação começou a se apoderar de mim, minhas mãos estavam úmidas.

- Para onde está me levando? – perguntei, quebrando o silêncio.

- Quero te mostrar uma coisa! – exclamou, sem me encarar.

- Lamento, mas hoje não posso. Estacione, pois tenho que estar em casa dentro de pouco tempo. – disse, sentindo que minha voz tinha um tom aflito.

- Não vai demorar, é só um instante e depois te deixo em casa. Ou vai me dizer que você vai virar abóbora se não chegar em determinado horário? – seu tom de voz era rude outra vez, e aquilo me assustava um pouco. Aliás, ele me assustava, não sei bem por que. Embora sentisse um fluxo de energia entre nós toda vez que ficávamos a poucos passos um do outro.

- Você é sempre assim autoritário? – perguntei, num ato de ousadia.

- Quando quero alguma coisa, sim. – respondeu, e dessa vez ele me encarou.

- E o que você quer? – a pergunta saiu antes que eu pudesse refreá-la.

- Te mostrar uma coisa, ou você não entendeu da primeira vez? – as palavras saíram de sua boca tão agudas quanto os espinhos de um cacto.

Eu me preparava para contra argumentar quando ele parou o carro diante de uma porteira na beira da Coal Greek Road. O telhado de um celeiro podia ser visto emergindo entre os pinheiros algumas centenas de metros adiante.

- Desça e abra para que eu consiga passar. – ordenou. Eu me perguntando quem lhe dera toda essa confiança, mas fiz o que ele mandou.

Estávamos dentro de uma propriedade rural, um haras, ao que me pareceu, pois escutei o relinchar de cavalos nas imediações. Ele estacionou diante de uma bela casa com paredes de madeira e grandes painéis de vidro. Era uma versão moderna de um chalé, embora a suntuosidade da construção desmentisse essa ideia. A alguns metros dela estava um celeiro, cujo telhado eu avistara da porteira.

- Venha! – disse, ao descer e abrir a porta do meu lado, pois até então eu estava distraído observando o lugar.

Caminhamos até o celeiro. Ele abriu a pesada porta de madeira fazendo-a deslizar para o lado. Um cheiro de feno e estrebaria invadiu minhas narinas. Vinte baias se enfileiravam ao longo do corredor central, dez de cada lado. Eu não estava entendendo nada, e o relincho de um cavalo chegou a me assustar. Subitamente outro relincho ecoou pelo celeiro e quatro cavalos enfiaram suas cabeças para fora das baias por cima das portinholas que os cercavam. Olharam curiosos para os intrusos que se aproximavam.

- Gosta de cavalos? – perguntou Jeff.

- Gosto de animais, especialmente de cachorros. Nunca tive muito contato com cavalos. Mas acho que sim, gosto. – respondi, afagando a cabeça do cavalo acinzentado que me farejava curioso.

- Cavalos são fortes e determinados. É preciso perspicácia e paciência para domá-los! – disse, observando atentamente como eu acariciava o animal e ele se mostrava dócil ao meu toque. – Pare de passar a mão nele. – a voz adquirindo um tom áspero.

- O que eu fiz de errado? Me pareceu que ele estava gostando das minhas carícias. – falei, espantado com aquela reprimenda infundada.

- Ele não está acostumado com você, pode se tornar agressivo. – disse, tentando justificar sua ordem.

- Aposto que ele estava gostando. – retruquei, desafiando-o.

- Você não conhece esses animais. Ora são dóceis e amistosos, e ora se transformam em feras. – comentou, tentando me assustar.

- Duvido! Até as verdadeiras feras se tornam dóceis quando recebem carinho e se sentem queridas. Basta que se acostumem desde pequenas. – revidei, ignorando seu comentário e voltando a acariciar a cabeça do cavalo que insistia em procurar minha mão para um novo toque.

- Você não sabe obedecer, não é? – seu olhar me fuzilava.

- Não sei aonde você quer chegar com essa conversa toda. Mas como eu disse tenho que estar em casa logo. Vamos voltar! – respondi, sentindo um arrepio percorrer meu corpo. Esse cara está querendo me intimidar, pensei. E, se minha simpatia por ele já não era lá essas coisas, agora eu começava a não gostar dele.

- Quero que você veja mais uma coisa. – falou, a frase era mais uma ordem do que um mero comentário.

Ele me indicou uma escada de madeira, estreita e íngreme, entre duas baias, que eu nem havia notado. Subimos até um tablado que se estendia por quase metade do celeiro, cujas paredes eram revestidas com painéis de madeira repletos de fotografias emolduradas. Em quase todas o Jeff aparecia em trajes de montaria, desde a época em que era um garotinho de cabelos muito loiros, até umas mais atuais, onde seu corpo atlético se destacava sob a roupa justa. Toda aquela área formava uma saleta com dois sofás Chesterfield em couro, separados por um tapete de pele de boi, e uma estante que ocupava boa parte da parede em frente àquela que tinha duas janelas se abrindo para uma vista parcial do haras. A estante estava repleta de medalhas presas a fitas coloridas e troféus de diversos tamanhos ganhos em competições de polo. Não consegui evitar que um pensamento me passasse pela mente. Ele está querendo se vangloriar.

- São todos seus? – perguntei, sem muito interesse, pois a ideia de que ele estava querendo me impressionar não me abandonava.

- Sim. – respondeu, sem emoção.

- Meus parabéns! Você deve estar orgulhoso de si próprio. – comentei, enquanto me detinha em frente de um ou outro troféu mais chamativo.

- Gosto do que faço! – exclamou, tentando parecer menos esnobe.

Duas portas na estante fechavam um vão, e eu impensadamente quis abri-las, imaginando que estavam cheias de troféus. Mas seu conteúdo me pareceu destoante do contexto.

- Não mexa nisso! Quem te disse que você estava autorizado a bisbilhotar? – vociferou contrariado.

- Me desculpe! Pensei que ali estivessem os troféus que lhe eram mais importantes. – balbuciei, envergonhado por ter mexido nelas.

Subitamente ele soltou uma gargalhada e, embora não fosse mais do que um resmungo, parece que identifiquei as palavras ‘talvez os que me deram mais prazer’ entremeadas naquele riso espalhafatoso.

- Para que serve isso? – perguntei perplexo, diante do conteúdo daqueles vãos.

- São objetos que servem para domar! – exclamou, controlando seu riso.

- Algemas? Chicotes? Tiras de couro? Cordas? Que estranho! – disse, tentando fazer uma analogia entre aqueles instrumentos e a doma de cavalos.

- Deixe isso para lá, você não entenderia mesmo. – respondeu, tornando a fechar as portas abruptamente, e me indicando a escada.

Enquanto meus pensamentos divagavam tentando entender o que eu estava fazendo ali, na outra extremidade do corredor do celeiro, onde também havia uma porta que dava para um piquete cercado, entrou um homem sem camisa, trajando apenas um jeans e botas de couro. À medida que ele se aproximava de nós eu percebi que se tratava de um tratador ou algo assim. Suas feições pareciam as de um mexicano, cabelo preto reluzente, um pouco espetado, a pele morena e um rosto levemente quadrado. Era alto e devia ter uns trinta anos. O torso nu foi se revelando bastante musculoso e definido quando sua silhueta se tornou mais visível com a aproximação. Um homem bonito.

- Senhor Richmond! – exclamou, abrindo um sorriso que também foi dirigido a mim com um aceno de cabeça. – Estou soltando os cavalos agora que o sol não está mais tão quente. – emendou, numa explicação que justificava sua presença ali.

- Ótimo, Rodriguez! Eles não gostam de ficar presos. – disse Jeff.

Rodriguez abriu a porta da baia do cavalo que eu estava acariciando, e ele se aproximou espontaneamente de mim a procura de mais carinho, assim que se viu livre. Era um belo animal e eu perguntei ao Jeff qual era a raça dele.

- É um puro sangue árabe, como quase todos aqui. – respondeu secamente, quando viu que voltava a acariciar o pescoço do animal e ele se mostrava recompensado por isso. – Pelo visto ele gostou de você. – acrescentou, num tom um pouco frustrado.

- Eu não disse que eles gostam de saber que são estimados. – falei, mais para contrariá-lo do que propriamente por conhecer a índole dos cavalos.

Caminhamos na mesma direção em que Rodrigues conduzia o cavalo. Assim que se viu livre do cabresto, saiu correndo e saltitando pelo piquete, onde mais quatro éguas também usufruíam daqueles momentos de liberdade. Ele não perdeu tempo e, enquanto começava a perseguir determinadamente uma das éguas, seu cacete se enrijecia descomunalmente. A égua se mostrou receptiva e logo estancou junto à cerca, recendo aquela vara com um relincho prolongado e doloroso. Enquanto o cavalo montava a égua eu não conseguia tirar os olhos do tronco musculoso do Rodriguez, e senti meu rosto enrubescendo com esse pensamento libidinoso. Uma onda de calor abrasou meu corpo, e minhas vísceras se inquietaram, enquanto minha pele experimentava um arrepio deliciosamente quente.

- Vamos sair daqui. – disse o Jeff, apertando meu braço com força, e quase me arrastando para dentro do corredor do celeiro.

Tornamos a subir a escada, e estranhamente minha boca estava repentinamente seca. Eu massageei o braço pelo qual o Jeff havia me guiado para dentro, pois o sentia ligeiramente adormecido pela falta de circulação. Ele abriu a porta de uma pequena geladeira disfarçadamente instalada entre a estante e se virou para mim.

- Quer uma cerveja? – perguntou, prestes a me lançar a latinha que estava em suas mãos.

- Não, obrigado! Se você tiver uma Coca ou uma água, estou com a garganta seca. – retruquei, apanhando no ar a latinha de Coca que vinha em minha direção.

- Você é virgem, não é? – indagou, me encarando.

Eu quase me engasguei com o primeiro gole gelado que entrava na minha boca. Ele riu e se deixou cair sobre o sofá ao meu lado.

- Que pergunta descabida é essa? – retorqui, depois de tossir uma meia dúzia de vezes até conseguir deglutir o líquido e o gás do refrigerante.

- Tome sua Coca com cuidado. A pergunta você já respondeu! – exclamou com sarcasmo.

- Isso por acaso é da sua conta? – minha voz saiu carregada num desafio.

- Nem um beijo rolou com alguma garota ou um carinha? – continuou provocativo.

- Não vou te responder nada. Cuide da sua vida e me deixe em paz! – respondi, me levantando para tentar sair dali.

- Foi o que imaginei, completamente virgem! – o risinho maldoso foi sendo substituído por uma expressão séria quando ele tornou a me segurar, impedindo que eu me afastasse.

- Deixe de frescura e senta aí. Estamos apenas conversando! – determinou, com aquele tom autoritário que começava a me irritar.

- Eu não quero ter esse tipo de conversa, especialmente com você. – devolvi, antes de ser puxado de volta para o sofá.

- Qual o problema de ter essa conversa comigo? – inquiriu, o rosto voltando a ter uma expressão mais amistosa.

- Por alguma razão que eu desconheço você está tentando me intimidar. – respondi, fazendo-o soltar o meu braço.

- E eu te intimido? – perguntou

- Não foi o que eu disse. Eu disse que você está tentando, não que me intimida. – devolvi, mas senti o rosto corando, como um garotinho sendo pego numa mentira.

Ele esboçou um sorriso vitorioso e deslizou na minha direção. Minhas costas já estavam encurraladas num canto do sofá. Droga, eu sentia um calor vindo do corpo dele, e pior, acompanhado daquela eletricidade que parecia pairar no ar quando ficávamos muito próximos. O que será que era isso?

- Aposto que você também a está sentindo! – disse convicto

- Sentindo o que? – perguntei retórico, pois àquela altura só faltam saltar as faíscas.

- Essa eletricidade que explode quando chegamos perto um do outro! – devolveu sincero.

- Não sei do que você está falando. Qual eletricidade? – disse, as palavras titubeando.

Ele não respondeu, apenas saltou sobre mim e prendeu minha cabeça contra o encosto do sofá grudando seus lábios nos meus. Eu fechei a boca, mas ele continuou a esfregar a dele na minha até que eu timidamente abri a minha, deixando sua língua me invadir. Eu precisava respirar, e foi o ar morno de sua boca que foi me dando fôlego e fazendo meu corpo tremer numa agitação sensual e febril. Eu ainda empurrava aquele corpão pelos ombros, mas o esforço de tirá-lo de cima de mim era inútil, e aos poucos, enquanto o sabor de sua saliva com gosto de cerveja ia aumentando na minha boca, essa necessidade foi se diluindo. Minhas mãos deslizaram em direção aos bíceps dele, e quando a consistência deles se materializava entre meus dedos, afastá-lo de mim começou a me parecer inapropriado. Os braços dele, que de início estavam empenhados em me conter naquela posição, passaram a envolver meu tronco e minha cintura, uma vez que apenas o peso de seu corpo se mostrou suficiente para me manter ali. Uma mão sorrateira e curiosa entrou por baixo da minha camiseta, e tateava avidamente a minha pele afogueada. Dali ela partiu para dentro do cós do meu jeans, mergulhando até a maciez aveludada das minhas nádegas. Um gemido trêmulo assomou minha boca, sinalizando que ele havia chegado a um território inexplorado e sensível. Comecei a me sentir inseguro, mas o perigo ao invés de me assustar estava me excitando. Ele desabotoou minhas calças numa avidez impressionante, e diante da minha perplexidade, viu meu olhar ganhando um brilho de êxtase, à medida que a calça descia pelas minhas coxas roliças e lisas. Elas estavam ali, musculosas e bronzeadas, e estavam ao seu dispor, nuas e quentes. As mãos dele subiram deslizando ao longo delas, e agarraram meus glúteos com força e um tesão voluptuoso. Ele se apoderou daquela bundona que se retesava e se movia provocadora e deliciosamente sob o short de fendas generosas que tanto o distraiam durante as aulas de educação física, ou quando disputávamos partidas de vôlei. Agora aquela abundância de carnes preenchia suas mãos sedentas, e o toque suave e lisinho daquela pele morna o estava levando ao delírio. O caralhão não parava de crescer dentro das calças, que o apertavam desconfortavelmente. Uma urgência imperativa de liberá-lo daquele claustro não podia mais ser adiada. Tão rápido quanto havia desabotoado a minha, ele o fez com seu jeans, abrindo o zíper e empurrando-o para baixo junto com a cueca. O cacetão eclodiu intempestivo e viril, enquanto ele me apertava contra seu corpo de uma maneira quase bruta. Eu sentia ele esfregando aquela jeba nas minhas coxas, e um deleite permissivo foi se apoderando das minhas vontades. Já não era mais a parte racional que comandava meus desejos, mas uma sensação nova e inconsequente, que me fez compreender o real significado da palavra tesão, pela primeira vez. Minha respiração curta e rápida deixava escapar um gemido ou outro, toda vez que as mãos dele se moviam e me apertavam com mais força e desejo. Num movimento abrupto ele se colocou em pé, me puxou pela camiseta e pelo jeans que estava embolado na altura dos meus joelhos e me colocou de bruços sobre o braço largo do sofá. Cada uma das minhas pernas pendia de um lado e minha bunda desprotegida fazia ferver o sangue que corria em suas veias. A pica estava tão dura que mal se movia com seus movimentos para colocar a camisinha, e ele a fez deslizar dentro do meu reguinho. Ele forçou o pauzão contra meu cuzinho e me invadiu de um só golpe. Enquanto um relincho vinha lá debaixo das cocheiras, eu liberava um grito pungente de dor e satisfação. Em estocadas cadenciadas ele foi me preenchendo com aquele caralhão quente e pulsátil, distendendo minhas preguinhas e enchendo minhas vísceras, que se comprimiam, junto com meus esfíncteres anais, ao redor daquele invasor tarado. Eu gania sob o efeito daquelas bombadas rítmicas que iam esfolando minhas entranhas, e sentia o Jeff arfando na minha nuca, enquanto a cadência do vaivém da sua jeba ia aumentando.

- Tesão de bunda do caralho! Puta cuzinho apertado da porra! Vou te foder todinho, moleque tesudo! – balbuciou, com a respiração ofegante.

Em seguida ele sacou a pica do meu cu, me fazendo soltar um urro, me deitou de costas sobre o acento do sofá abrindo minhas pernas. Tornou a meter a rola entre as preguinhas úmidas retomando as estocadas potentes que eram amparadas por minhas entranhas receptivas. Seu olhar, que pairava centímetros acima do meu rosto, tinha um brilho selvagem e primitivo. Aquela submissão dócil dava ganas ao seu tesão, e a expressão da sua face suada resplandecia de felicidade, como se ele tivesse encontrado algo que esteve procurando há muito tempo. O cacete dele roçava minha mucosa mais brandamente agora e, aos poucos, parecia estar ficando mais calibroso, um som grave emergiu da garganta dele, e meu cuzinho foi sendo estocado profundamente, antes de ele cessar os movimentos e se deixar cair pesadamente sobre mim. Espasmos faziam meu corpo se agitar e, constrangido, eu percebi que havia gozado, lambuzando minhas coxas.

Meus braços envolviam aquele torso suado que parecia não querer se mover dali. O pauzão ia amolecendo dentro de mim e deixando de me machucar. Senti uma necessidade enorme de beijá-lo, mas ele afastou o rosto e se levantou quando tentei colocar meus lábios junto dos dele.

- Vista-se! Você não disse que tinha hora para chegar em casa? – sua voz estava tão irritantemente autoritária como sempre.

Desci as escadas com dificuldade, havia um grande vazio entre minhas coxas, e meus passos não eram firmes. O Rodriguez se aproximou, com dois baldes cheios de água, da baia rente a escada. Seu tórax nu reluzia com o suor que cobria sua pele morena, e eu tive a certeza de que ele sabia exatamente o que havia se passado lá em cima, mas sua expressão não deixava transparecer nenhuma surpresa ou qualquer outro sentimento com aquilo. Lancei-lhe um sorriso tímido e percebi que enrubesci. Ele devolveu o cumprimento apenas acenando a cabeça.

Entramos no carro e o Jeff dirigia numa velocidade pouco prudente para aquela estrada sinuosa e estreita. O vento espalhava meu cabelo, e agora estávamos ouvindo ‘Come Undone’ do Duran Duran saindo dos alto-falantes, e se misturando com o sopro do vento. A musculatura do rosto do Jeff estava contraída numa expressão concentrada, e os primeiros quilômetros ele dirigiu em silêncio. Depois olhou para mim e tentou construir algo parecido com um sorriso naquele rosto enigmático.

- O que achou? – perguntou depois de uns instantes.

- Do que? Dos cavalos ou da sua exibição de troféus? – devolvi carrancudo.

Ele riu e acelerou. Um sol avermelhado descia por trás das montanhas, deixando o céu tingido de opala, tons de laranja e azul-marinho. O vento que agitava meus cabelos estava mais fresco, e eu tentava entender que tarde fora aquela. Ele estacionou na rampa da garagem da casa dos meus avós com a expressão de um garoto que tinha conseguido realizar uma proeza. Me despedi dele com um simples ‘até amanhã’, sem olhar para trás. Repentinamente me lembrei que não havia lhe dado meu endereço, e mesmo assim ele chegara até aqui nem nenhuma dificuldade. Quem é este estranho Jeff Richmond? Por que eu estava sentindo aquela coisa estranha por ele? Estas perguntas me acompanharam até a hora em que coloquei a cabeça no travesseiro e adormeci cansado.

No dia seguinte ele mal me cumprimentou com um aceno discreto de cabeça quando passei por ele, e sua gangue, no corredor do colégio. A curiosidade me induziu a perguntar aos colegas com os quais minha interação estava sendo maior, quem era esse sujeito.

- Os Richmonds são ou eram, a família mais rica e influente da cidade. São os donos da construtora Richmond com sede em Denver, e mais alguns outros negócios. Além de uma fazenda em Nebraska, eles têm um haras nos arredores da cidade. – disse um deles, enquanto fazíamos um lanche durante o intervalo.

- Ele me levou a esse haras ontem depois das aulas. – comentei.

- Você foi ao haras dos Richmond? – perguntou surpresa, uma das garotas da rodinha.

- Sim, o Jeff me deu uma carona e antes me levou até o haras. Acho que para se vangloriar dos troféus que ganhou jogando polo. – esclareci

- Ele nunca leva ninguém lá. Nem tão pouco para a casa dele. – disse outro colega. – Mesmo aqueles parrudos que andam com ele, nunca foram convidados. – emendou.

- Eu também estranhei, tanto a carona quanto a ida até o haras. Não tenho intimidade alguma com ele. – acrescentei.

- Sei que ele teve uns problemas depois que a mãe morreu, deixou de frequentar a escola antes do final do semestre. Meu irmão estava na mesma classe naquela época. – comentou a garota.

- Meu irmão também estudou na mesma classe que ele, um ano depois do seu. Acho que ele teve outros problemas, pois meu irmão já está no segundo ano da faculdade. – continuou meu colega.

- Afinal, quantos anos ele têm? Vocês sabem? – perguntei curioso.

- Não sei bem, mas acho que vinte e um ou vinte e dois. – respondeu a garota. – Toda aquela gangue do fundão é mais velha do que nós. – sentenciou.

Minha curiosidade estava aguçada demais para eu me contentar com estas informações, por isso resolvi abordar meus avós naquela noite durante o jantar. Meu avô, que é engenheiro aposentado, disse que foi colega de faculdade do avô do Jeff. Ele fundara a construtora, e quando o negócio já havia crescido, convidou meu avô para chefiar a equipe de engenheiros. Quando se aposentou e iniciou seu próprio negócio, uma marcenaria especializada em móveis de design, meu avô perdera contato, e só soube do acidente que vitimou o ex-patrão pela mídia. A morte do fundador também se refletiu nos negócios, deixando de ser a maior fortuna do estado, mas ainda restara um patrimônio significativo.

- Vocês se tornaram amigos? – perguntou minha avó.

- Sim, acho que sim. – respondi. De repente me sentindo culpado por ter julgado o Jeff com tão pouca informação sobre ele.

- Se ele tiver o caráter do avô, seguramente é um bom sujeito! – disse meu avô, com uma ponta de nostalgia na voz.

No final daquela semana, quando caminhava em direção ao ponto de ônibus, pois decidira que não dependeria mais do meu avô para vir me buscar no colégio, um Porsche 911 prateado acompanhava lentamente os meus passos, ao volante a cara risonha do Jeff.

- Entre! – a voz dele sempre ordenava como se fosse incapaz de pedir.

Obedeci, como se entrar num debate com ele fosse exaurir as minhas últimas forças. Sua expressão ganhou um ar de contentamento. Eu não conseguia entender aquela indiferença toda no colégio e, logo depois, essa amabilidade descabida. O caminho que ele estava fazendo não era o da casa dos meus avós.

- Para onde está me levando? – perguntei, apreensivo com aquela atitude, e sentindo meu cuzinho se contorcendo, como que temendo uma repetição daquela tarde no haras.. – Não tenho tempo para ir até o haras hoje. – acrescentei.

- Não estamos indo para lá. É rápido, eu garanto. Depois te deixo em casa. – suas palavras se misturavam ao refrão de ‘Apologize’ do One Republic, que ele também acompanhava tamborilando os dedos no volante.

- Continua querendo me impressionar? – disparei.

- Talvez! Estou conseguindo? – falou, sarcástico.

- É esse o seu joguinho? – revidei

- O que te faz pensar isso? – indagou, virando-se na minha direção com curiosidade.

- Carros, cavalos, troféus. O que mais devo esperar? – devolvi intrigado.

- É só isso que te impressiona? – inquiriu.

- Eu não disse que isso me impressiona. – respondi.

- Mas é tudo do que se lembra dos nossos encontros. – sugeriu contrafeito.

- Impressão sua. Não sou alguém que se deixa impressionar facilmente. – argumentei.

- Ótimo! – exclamou com um sorriso.

Um portão de ferro, de desenho rebuscado, começou a se abrir assim que ele embicou o carro, numa reentrância do murro de pedras, que se estendia por quase todo o quarteirão de uma rua repleta de plátanos, cujas folhas já começavam a amarelar. Seguimos por um caminho calçado, por entre um jardim gramado, até a lateral de uma casa suntuosa de três andares. Nas portas abertas da garagem estavam estacionados pelo menos oito carros, entre eles a picape e o Audi A3 cabriolé, que dariam para satisfazer a conta bancária de muita gente.

Caminhamos até a porta de entrada principal, que se abriu antes que ele tocasse a maçaneta. Uma senhora baixinha e troncuda, impecável num conjunto preto de saia e blazer sobre uma blusa branca, abriu a porta com um sorriso discreto.

- Senhor Richmond. – disse, sem olhar para o Jeff. – Boa tarde! – emendou, dirigindo seu olhar amistoso para mim.

- Boa tarde Tereza! Alguém em casa? – devolveu, sem interromper os passos. – Este é meu amigo Luke, Tereza. – acrescentou. – Venha comigo! – emendou, mal me dando tempo de cumprimentar a governanta.

- Boa tarde Tereza! – exclamei tímido.

- O Sr. Albert está no escritório e a senhora está lá em cima. – respondeu em seguida.

- Quer beber alguma coisa? Um refrigerante, um suco, vinho? – perguntou, virando-se para mim com ar de brincadeira.

- Não, obrigado! Tenho pouco tempo, espero que você não tenha se esquecido disso? – agradeci.

Segui-o pelo hall de mármore até os pés da escada, quando uma porta dupla se abriu, e um homem alto e esguio, vestindo uma calça cinza e uma camisa azul clara com as mangas enroladas até o cotovelo, passou por ela. Ele abriu um sorriso econômico e caminhou ao nosso encontro, estendendo-me a mão.

- Boa tarde! – cumprimentou, apertando a minha mão entre a mão massuda dele.

- Boa tarde Senhor Richmond! – devolvi acanhado.

- Não sou o senhor Richmond. Sou Albert Olsen, pode me chamar de Albert. – disse, enquanto continuava a chacoalhar minha mão.

- Desculpe, eu não sabia. – falei corando. Fuzilei o Jeff com o olhar. Como ele pode me deixar cometer essa gafe? Ele estava me encarando e se divertia com o meu embaraço.

Quase ao mesmo tempo uma mulher muito bem vestida, com o cabelo preso num coque, apontou no topo da escada e também veio ao nosso encontro. Eu sentia as mãos suadas e começava a me angustiar diante da iminência de ter que cumprimenta-la com as mãos molhadas e frias. Detestei o Jeff por isso.

- Esta é Corine, minha madastra! Este é Luke, um amigo do colégio. – apressou-se a dizer, ante minha insegurança, que a estas alturas já devia estar estampada na minha cara. Então éramos amigos, e eu nem sabia disso!

- Boa tarde! – cumprimentei num sussurro, minha voz havia desaparecido.

- Seja benvindo Luke, fique a vontade. Sei que vocês devem ter muito para conversar. – sorriu, afastando rapidamente a mão da minha.

Subi as escadas atrás do Jeff e esperei o tempo suficiente para nos afastarmos para censurá-lo por me colocar naquela situação. Ele me ignorou até chegarmos a um dos quartos, e ele fechar a porta atrás de si.

- Você é sempre tão tímido? – o escárnio entremeava suas palavras.

- Qual é a sua em me colocar nessa situação? – indaguei furioso.

- Você é muito formal, relaxa! – disse, divertindo-se com minha apreensão.

- Estou farto desses seus mistérios. Dessa sua mania de me mandar entrar no seu carro e não me dizer para onde estamos indo. Desse prazer que sente em me deixar nesse suspense. – derramei, aliviando o sufoco que tornara minha respiração ofegante.

- Acalme-se! Eu não quis constrangê-lo. Corine terminou de me criar depois que meu pai morreu e, há uns quatro anos casou-se com Albert, por isso ele não é um Richmond. – esclareceu, tentando aplacar minha ira.

- E você não podia ter me dito que estava me levando para sua casa, e contar isso antes que eu fizesse papel de idiota? – perguntei, as palavras saindo cada vez mais brandas à medida que eu me conscientizava do infortúnio daquele jovem.

- Não deu tempo! – respondeu, dando de ombros.

- Quer dizer que agora sou seu amigo? – brinquei, quebrando aquele ar pesado.

- Não é? – devolveu irônico. – Pensei que você já se considerasse meu amigo. – falou provocativo.

- Amigos não se ignoram quando passam um pelo outro nos corredores do colégio. Amigos não expõem o outro ao ridículo. E, amigos não sequestram o outro sem explicações. – revidei.

- Lá vem você com esse seu jeito de certinho! Quer que eu me ajoelhe a seus pés e lhe peça para ser meu amigo, como se fosse um pedido de casamento? – disse, dando um sorriso tímido que não combinava com sua determinação.

- Não seja teatral! Você entendeu muito bem o que eu quis dizer. – censurei. – Por que quer ser meu amigo? – perguntei de supetão.

- Porque te acho interessante! – a resposta demorou um pouco, eu conseguira deixa-lo ligeiramente inseguro por uns instantes.

- Interessante é bastante vago. Por que me acha interessante? – eu tentava arrancar alguma coisa dele.

- Não queira ler meus pensamentos. – disse ele. Seus olhos estavam parados sobre mim de um jeito esquisito. Meu corpo começou a ficar irrequieto e quente.

- Para que me trouxe aqui? Impressionar? – provoquei, tentando tirar aquele olhar sedutor de cima de mim.

- Quero que você venha à minha festa de aniversário no sábado que vem! – exclamou, numa nova ordem.

- Ah! Quantos anos está fazendo? – aproveitei a deixa para perguntar.

- Vinte e três. – murmurou, disfarçando o olhar. Algo nessa revelação o incomodava. Talvez o fato que ainda estar no colégio quando já deveria estar na faculdade.

- Ok, obrigado! Talvez eu venha. A que horas? – disse com displicência.

- Quero você aqui as nove. Se não tiver como vir eu mando alguém te buscar. – aquele tom autoritário parecia não dar brecha a discussões.

- Ok. – murmurei.

- Ok, o que? Você vem sozinho ou precisa que eu mande te buscar? – questionou, franzindo a testa.

- Não sei, ainda temos alguns dias pela frente. Eu te aviso. – respondi. Eu ainda não estava certo se viria a essa festa. Por algum motivo obscuro também não lhe contei que faria dezoito anos no mesmo dia.

A semana transcorreu com ele se comportando como sempre. Aquela indiferença e rabugice na escola, e aquela bajulação durante as caronas na volta para casa. Elas se tornaram um hábito depois que ele determinou que eu o encontrasse no estacionamento após as aulas. Algo nele me inquietava, meu corpo ficava tenso quando eu estava perto dele. E, embora ele não fosse um rosto atrativo, seu corpo atlético me seduzia de um modo avassalador. Na primeira vez em que acidentalmente nossos braços se tocaram, eu senti um choque percorrendo meu corpo, como se ambos estivéssemos carregados com energia estática e o simples contato provocasse faíscas. No dia em que isso aconteceu, eu pude perceber que ele experimentara a mesma reação. E desde aquela tarde no haras eu sentia tesão cada vez que via seus músculos e seu desejo pairando sobre mim.

O final de semana chegou mais rápido do que eu esperava. No sábado de manhã eu me espreguiçava debaixo do edredom de patchwork, um chuvisco carregado pelo vento agitava as folhas avermelhadas da copa do bordo em frente a minha janela, e o céu estava carregado de tons cinza. Eu pensei, belo dia para comemorar dezoito anos. Foi a primeira vez, desde a separação dos meus pais, que eu experimentei a solidão. Seriam estas as boas-vindas à idade adulta? E eu que guardava afoito o dia em que isso aconteceria, era irônico. Shutzy me encarava desolado, pulou sobre a cama e veio me lamber. Feliz aniversário Luke!

Quando desci o aroma de café despertou meus sentidos. No meu lugar à mesa havia um pequeno vaso com flores do jardim, um mimo da vovó. Me esforcei para engolir aquele nó que se formava na minha garganta. Não seja emotivo Luke, você agora é adulto. Meus avós vieram ao meu encontro antes de eu alcançar a mesa. Me cumprimentaram efusivamente e, por uns instantes, eu cheguei a achar que eles estavam mais contentes com a minha chegada a idade adulta do que eu próprio. Quando afastei a cadeira para me sentar, um pacotinho dourado envolto numa fita de veludo preto estava sobre o assento. Ao lado, um cartão da minha mãe.

- Chegou esses dias pelo FedEx, enquanto você estava no colégio! – exclamou minha avó. – Abra! – sua curiosidade era maior que a minha.

Uma luxuosa caixinha retangular com o emblema da Patek Philipe continha um discreto e sofisticado relógio esportivo.

- Legal! – murmurei desanimado. – Pelo menos ela se lembrou. – meu olhar vagava sobre o presente.

- Não fique assim. Todos nos lembramos de você, é o que temos de mais precioso. – disse meu avô. – O nosso presente você vai buscar assim que terminar o seu café! – exclamou contente.

Comecei a ficar eufórico quando ele estacionou seu carro em frente a uma concessionária. Meu avô se virou para mim e me encarou com um sorriso paternal.

- Não acredito que vocês fizeram isso! – exclamei, descendo do carro.

- Não é justo você depender das nossas caronas. Afinal, você agora é um homenzinho. – completou meu avô.

O vendedor saiu de trás de sua mesa e veio cumprimentar meu avô como se já o conhecesse.

- É este o felizardo? – indagou ao apertar minha mão. – Então vamos ver se ele vai gostar do presente. – disse ao nos conduzir até outro salão da concessionária.

- Parabéns! – ele parou diante de um reluzente VW Golf prateado e me estendeu o dispositivo com a chave.

- É lindo! – exclamei, abraçando meu avô. – Obrigado! – consegui balbuciar.

Meus avós ficaram visivelmente emocionados. E, com a ajuda do vendedor, meu avô foi me mostrando todos os equipamentos e facilidades do carro. Saímos de lá pouco depois, enquanto minha avó dirigia o carro deles, eu ia curtindo cada detalhe do meu presente, e presenciando a alegria que meu avô estava sentindo com meu entusiasmo. Meu avô também já se encarregara de me matricular no curso para motorista, uma vez que eu ainda não tinha habilitação para dirigir. Apenas deixamos meu carro na garagem e fomos passar o final de semana entre as montanhas, onde meus avós tinham uma propriedade de 250 acres e uma cabana rústica encravada ao lado de um riacho por onde as águas desciam murmurantes entre as pedras. Eu estivera lá apenas duas vezes, e era muito garoto, por isso não me lembrava de muita coisa daquele lugar. Mas o achei fantástico, embora um pouco ermo, algo que combinava com meu atual estado de espírito. De qualquer forma foi um final de semana prazeroso e tranquilo. No domingo à noite, antes de me deitar, vi que meu celular registrara cinco ligações do Jeff, dois correios de voz me convocando ameaçadoramente para seu aniversário e, por fim, uma mensagem de texto – NÃO ME DESAFIE – que não me deixou ter uma noite tranquila.

O corredor dos escaninhos estava lotado como sempre, e a algazarra agitada dos estudantes conversando sobre o final de semana quase impedia que se tivesse uma conversa sem ter de gritar, naquela segunda-feira de garoa fina e vento frio. Eu retirava os livros para a primeira aula da minha mochila, e a guardava no armário, quando uma mão pesada puxou meu braço e me fez rodopiar fazendo minhas costas baterem ruidosamente contra os escaninhos. Em seguida o braço do Jeff pressionou meu peito me imobilizando. Sua expressão me assustou. Ele tinha um olhar perpassante e colérico.

- Você está brincando comigo? Por que não respondeu minhas ligações e minhas mensagens? Está tentando me desafiar? – grunhiu, quase colando seu rosto no meu.

- Eu.... – tentei falar, procurando inspirar o ar que aquele braço comprimido contra meu peito impedia de entrar nos pulmões.

- Oi Luke! Parabéns....já soube que ganhou um presentão de aniversário! – exclamou uma colega de classe que naquele instante passava pelo corredor e me flagrara naquela atitude incompreensível. – Sua avó conversou com minha mãe esta manhã antes de eu sair para a escola. – acrescentou ela, justificando o fato de saber da natureza do meu presente.

- Parabéns? ... Presente? ... Do que ela está falando? – indagou o Jeff, afrouxando seu braço e desconcertado com as palavras dela.

- Ela falava do meu aniversário e do presente que meus avós me deram. – consegui dizer, depois de inspirar profundamente.

- Seu aniversário? Você não me disse nada! – sua voz começava a ficar irritada.

- Sim, eu também fiz aniversário este final de semana. – respondi calmamente.

Por que você não me disse nada? Eu fico danado com você quando não me diz o que está se passando com você. – rosnou colérico. – Você definitivamente está me desafiando! – exclamou.

- Quem não está entendendo o motivo de tanta fúria e de todas estas cobranças sou eu. Dá para explicar? – retorqui, sustentando o olhar no dele.

- Ah! O que eu faço com você Luke? – disse, momentaneamente perdido em sua atitude. – Você me deve uma explicação! – emendou rapidamente, tentando não perder o controle da situação.

- Desde quando eu te devo explicações? E muito menos dos pormenores da minha vida! – retruquei

- Pare de me contrariar. Isso pode te custar caro! – exclamou ameaçador.

- Não estou te contrariando, apenas te dando a real dimensão das coisas. – devolvi tranquilo.

- Vou domá-lo Luke! Não pense que você vai continuar tão desafiador. Depois das aulas quero você no estacionamento, sem nenhuma demora ou desculpa, entendeu? – sentenciou, antes de se juntar aos dois marmanjões, da sua galera do fundão, que vinham se aproximando pelo corredor. Diante de tanta grosseria até me esqueci de lhe entregar um livro – THE ART OF RIDING FOR POLO – que encontrei numa livraria na semana que antecedeu nossos aniversários, e que achei ser um presente original.

No final das aulas ele me esperava impaciente encostado à picape. Estava zangado. Decidi abrir um sorriso e tirar da mochila o embrulho de presente contendo o livro, junto com um ‘Feliz aniversário Jeff Richmond’. Ele balançou a cabeça e riu.

- O que é isto? Pensa que vai me dobrar com um presente, e se livrar de me dar explicações? – disparou, tentando fazer cara de bravo.

- Não estou pensando nada! – exclamei, sorrindo timidamente e baixando o olhar, enquanto lhe estendia o pacote.

- Você é danado senhor Luke! – ele tentava conter o sorriso que queria aparecer em seus lábios. – Mas isso não perdoa sua dívida comigo, entendeu mocinho? – emendou.

Ele ficou visivelmente contente com o presente. Talvez mais pela lembrança e pelo gesto do que propriamente pelo livro, pois pelos troféus que adornavam a estante do celeiro, ele dominava aquela arte tanto ou mais do que aquelas páginas coloridas ensinavam.

- Obrigado, gostei do presente! – disse com os olhos brilhando. – Não tenho nada para você, uma vez que fez questão de esconder que também estava fazendo aniversário. – acrescentou, em tom de desculpa.

- Não escondi nada! Fico feliz que tenha gostado, embora ache que você sabe tudo o que está escrito aí. – respondi satisfeito.

- Você leu alguma coisa do que está escrito aqui? – perguntou curioso.

- Não. Só percorri algumas páginas para saber do que se trata. – respondi.

- Pois deveria. Era uma oportunidade de aprender como funciona a relação entre o cavaleiro domador e o cavalo submisso às ordens de seu dono. – sentenciou.

- E por que eu deveria aprender isso, não me vejo montando num cavalo e jogando polo? – retruquei.

- Porque é assim que eu espero que você se comporte comigo. – disse, com uma desfaçatez que me chocou.

- Quer dizer que você quer que eu seja como um dos teus cavalos? – indaguei furioso

- Não! Quero que você deixe de me desafiar e me obedeça! – revidou.

- Era só o que me faltava! Pode ir se acostumando com o meu jeito se quiser que continuemos amigos. – exclamei encarando-o.

- Não quero ser apenas seu amigo. Quero ser o seu dono e vou domá-lo tesudinho, até você me obedecer. – rosnou carrancudo.

Eu ia desistir de entrar na picape depois dessa declaração, mas meus sentimentos por ele continuavam embaralhados e confusos. Além do que, não seria prudente alimentar aquela discussão que poderia deixa-lo verdadeiramente zangado.

- Dominar também é ter atitudes nobres. É saber pedir em vez de apenas mandar, é saber exigir sem intimidar, é saber quando deve castigar e recompensar, é saber reconhecer que o seu submisso não é um ser inferior, mas a metade que nos completa. – proclamou, ciente de seu papel dominante, assim que colocou a picape em movimento.

- Que ideias estapafúrdias! Você é um pervertido! – exclamei, assim que ele se calou. – Mandar, exigir, castigar são esses os verbos que você quer que eu entenda? Você deve estar maluco. – emendei.

- Garanto que vou fazer você entender o significado de cada um deles! – disse, imperturbável.

- Então aqueles objetos na estante do celeiro servem para você dissuadir seus submissos! – exclamei num assombro, quando subitamente consegui compreender o fato de estarem ali.

Ele apenas me encarou e me deixou experimentar a perplexidade da descoberta.

- E por que eu? – perguntei, depois de um silêncio prolongado. Minhas palavras tinham um tom triste.

- Porque gosto de você! Simples assim. – respondeu.

- Ah! Gosta de mim, mas quer me castigar, me fazer obedecê-lo? – revidei, sentindo um nó na garganta.

- Só vou castiga-lo quando me desafiar, coisa que você parece adorar fazer! – exclamou. – Se você seguir as regras direitinho não haverá necessidade de castigo. – acrescentou.

- Sádico...pervertido! – disse. Droga de lágrimas que não dá para segurar. Afinal, por que estou tão emotivo? O que esse brutamontes está fazendo comigo? Que sentimento é esse que está mexendo tanto comigo? Não dava para ele ser apenas um gostosão que eu podia encher de carinho?

- Eu não posso ser o que você quer que eu seja. – espremo as palavras através do nó na garganta.

- Você será o que eu quero que você seja. – diz ele, a voz enfática. Ele está furioso de novo.

- Não Jeff, eu tenho minha própria personalidade! – exclamei, dando o melhor de mim para parecer convincente.

- Eu sei disso, e não é esta a questão que estamos discutindo. Eu apenas quero que você não seja tão respondão, que não fique discutindo minhas ordens e, principalmente, que não me deixe ao largo daquilo que acontece com você. – seu tom é seco.

- E, quantas questões ainda temos a serem discutidas? – sorrio para ele com doçura.

- Questões a serem discutidas. – ele repete. – Vai depender o seu comportamento! – seu olhar se suaviza e se enche de humor. Sua boca se contrai e, quase a contragosto, seus lábios se curvam, e sei que está tentando conter um sorriso. É quando ele faz essa carinha que aquele sentimento estranho abala as batidas do meu coração, de uma maneira gostosa, muito gostosa.

- Para onde estamos indo? Leve-me para casa! Tenho aula de direção, esqueceu? – disse, ao perceber que ele não estava fazendo o caminho para minha casa.

- Sua aula só começa as 16:00 horas, você vai almoçar comigo lá em casa! – determina ele, sempre tão mandão, tão Jeff Richmond. Será que algum dia vou conseguir mudar isso? Por um momento percebo que eu espero que não. Estranhamente gosto dele assim, autoritário, desde que eu possa enfrenta-lo sem medo de ser punido. Que comportamento bizarro, pensei comigo mesmo. Eu estou gostando que este mastodonte mande em mim.

Esta vez foi Corine que veio nos receber à porta. Como da outra vez, estava vestida elegantemente, e abriu um sorriso ao me receber com um abraço efusivo. Eu estava um pouco mais relaxado do que da primeira vez, e minhas frases não saíram tão gaguejadas. O almoço foi servido num terraço com vista para o jardim e a piscina. Embora tivesse comido moderadamente, os pratos estavam uma delícia. Eu gostei daquela sensação de estar sentado à mesa com uma família. Albert me perguntou sobre as aulas de direção e se eu já havia me acostumado à vida no país, com um interesse sincero. Isso chamou minha atenção para o fato do Jeff ter conversado com eles a meu respeito. Mesmo este almoço, que fora certamente combinado entre eles com antecedência, parecia ir contra aquilo que meus colegas disseram a respeito do Jeff não levar pessoas para sua casa. Encarei-o por sobre a mesa, enquanto ele devorava generosas porções, o que garantia aquela abundância de músculos, e sorri timidamente para ele. Ele retribuiu com um brilho malicioso no olhar.

Depois do almoço fomos até o quarto dele. Ele apertou uma tecla no equipamento de som e os primeiros acordes de ‘In my place’ do Coldplay ecoaram pelo quarto. Eu havia me sentado na peseira da cama e ele se esparramou sobre ela, colocando um braço sob a cabeça, como apoio. A camiseta dele subiu e deixou à mostra os pelos da barriga. Que tentação. Meus dedos passeavam inquietos sobre a colcha, querendo na verdade estar deslizando por aquela barriga musculosa. Meu desejo era quase óbvio.

- Que maus pensamentos estão passando por essa cabecinha? – perguntou, de repente, quebrando o encanto.

- Nenhum. – senti meu rosto corando, e desviei o olhar.

- Pois eu estou cheio deles! – sua voz era sensual e áspera. – Ainda não comi a sobremesa. – disse, passando a mão sobre a pica. – E estou querendo comer você! – suas palavras são decididas.

Nos encaramos, deliciando-nos com a visão do outro, a música toca cada vez mais distante, a atmosfera ao nosso redor só falta estalar de tão carregada daquela eletricidade. O desejo que sinto por esse homem maravilhoso se apodera de mim à força, algo quente parece escorrer por todo meu corpo e se concentra no meu cuzinho, que se contorce num tesão alucinado. Ele me agarra pelo quadril e me puxa para junto de si. Nossos lábios se unem de maneira selvagem, e a língua dele entra na minha boca, enquanto eu solto um gemido dentro da sua. Os olhos castanhos dele estão em chamas, os lábios entreabertos, e a respiração ofegante. O tesão o domina. Com os polegares enfiados dentro do cós, ele desce meu jeans junto com a cueca, e quando minha bunda clarinha e lisa fica a descoberto, ele termina de arrancar a calça pelos pés, levando com ela os tênis. Ele se debruça sobre mim e levanta minha camiseta até expor os mamilos, e sorri com malícia. Fecho os olhos, mortificado, mas, ao mesmo tempo, muito excitado. A boca dele mordisca um dos mamilos, ele o beija e brinca com a língua ao redor dele, essa língua experiente que inspira prazer. Solto um gemido e enfio as mãos em seu cabelo.

- Ah, Jeff, por favor! – balbucio em êxtase.

- Por favor, o quê? – sussurra ele, sem largar meu mamilo.

- Quero sentir você dentro de mim. – gemo ofegante.

- Só isso? – retruca, enquanto continua com sua tortura deliciosa.

- Como assim, só isso? – pergunto incrédulo, tomado de um desejo frenético.

- Você só quer sexo baunilha? – devolve, agora lambendo meu ventre com voracidade.

- Sexo baunilha? O que é isso? – gemo, ardendo de tesão.

- Ah, meu menininho virgem! Nem você conhece a capacidade desse cuzinho tesudo sentir prazer. – murmura, tomado de um instinto predador.

Ele abre uma gaveta do móvel próximo à cama, e tira algumas esferas metálicas brilhantes unidas por um cordão. Sem me dar tempo para identificar aquilo detalhadamente, ele me vira de bruços e enfia o polegar no meu cuzinho. Gemo ao mesmo tempo em que a musculatura anal se fecha ao redor daquele dedo intrometido. Assim que ele saca o dedo do meu cuzinho, começa a enfiar uma daquelas bolas entre as minhas pregas. A distensão delas me faz sentir dor, e um gemido gutural escapa dos meus lábios. Ele tapa a minha boca com uma das mãos, enquanto a outra começa a enfiar mais uma esfera no meu cu. Ela entra gelada e dolorida. Toda minha pelve se contrai, eu sinto as esferas dentro de mim, e uma excitação medrosa começa a se apoderar de mim. A terceira bola acaba de entrar no meu cuzinho, estou ofegando. Começo a me debater tentando sair daquela posição submissa, mas ele me prende com seu corpo, e a quarta esfera acaba de ser engolida pelo meu cu. Ele me obriga a ficar de pé. Estou com o corpo todo tremendo, e sinto o peso daquelas esferas geladas preenchendo minhas entranhas. Me seguro em seus braços e solto um gemido pungente. Ele volta a me deitar sobre a cama, mas desta vez de costas. Abre minhas pernas e começa e puxar lentamente o cordão que ficou pendurado entre as minhas coxas. As bolas saem uma por uma, distendendo meu cuzinho e me deixando quase louco. O olhar dele está fixo em mim, acompanhando cada expressão do meu rosto agoniado, e há um prazer mórbido naqueles olhos aguçados. Quando a última esfera sai do meu cu eu solto um gemido de alívio, e tento fechar as coxas, mas ele me impede interpondo seu corpo entre elas. Enquanto meu cuzinho ainda está se fechando com movimentos espasmódicos, ele coloca a camisinha no cacete e me invade, aproveitando as contrações do meu cuzinho para enfiar lentamente o caralhão todo dentro de mim. Sinto o sacão dele roçando meu rego espraiado.

- Era isso que você queria? Pois agora estou dentro de você! – sussurrou excitado.

Fechei os olhos, saboreando a plenitude e a sensação voluptuosa de sua posse. Enquanto eu elevava minha pelve para encontra-lo, para me juntar mais a ele, seus movimentos ganham uma cadência mais acelerada. Ele está entrando e saindo de mim de forma alucinada, me olha vitorioso e me estoca com força, quando sinto que vou explodir, ele solta um urro que brota do fundo do seu peito, e pronuncia meu nome.

- Ah, Luke! – O ar sai quente de sua boca, e ele cai em cima de mim, enterrando a cabeça no meu pescoço.

Meu cu está ardendo, e eu levo as pontas dos meus dedos até sua nuca tentando acaricia-lo, mas ele se levanta e caminha até o banheiro. Pela porta entreaberta eu o vejo tirando a camisinha, ela está incrivelmente cheia de porra. Não me lembro de um dia ter gozado tanta porra, enquanto me punhetava. Tudo nele era demasiado.

Lembro-me de que em meia hora tenho que estar na autoescola. Droga! Estou todo dolorido e, quando ele me pegou no celeiro, eu constatei que minha cueca estava suja de sangue quando cheguei em casa. Caminhei com dificuldade até o banheiro. Ele esboçou um riso debochado quando me viu andando com as coxas travadas, como se eu temesse que algo caísse do meu cu. Eu tinha a impressão de que ele estava todo aberto.

- Você pode me dar uns instantes de privacidade? Estou atrasado para minha aula. – resmunguei, enquanto ele lavava o cacetão na pia.

- Era você quem deveria estar fazendo isso! – exclamou, olhando para a própria pica.

- Sádico, torturador! Como posso ter uma aula nestas condições? – minha voz tinha um queixume complacente.

Ele pegou a toalha que estava no gabinete da pia, molhou-a debaixo da torneira, e torceu-a tirando o excesso de água. Aproximou-se pelas minhas costas e a deslizou suavemente para dentro do meu rego. Aquela agitação que já estava esmorecendo dentro de mim voltou a ganhar força.

- Está com o cuzinho dolorido? – perguntou irônico.

- Claro! Ou você acha que eu estou acostumado a esse entra e sai de coisas enormes que você está infligindo a ele. – murmurei envergonhado.

- Eu sei que não! Por isso estou pegando leve. – sentenciou, sua mão massageava as preguinhas com a toalha gelada. E, como eu temia, havia sangue nela.

Ele me levou a autoescola e ficou esperando até que minha aula terminasse. Foi hora e meia de martírio, eu não conseguia prestar atenção às instruções do monitor com aquela dor irradiando entre as coxas. Quando voltei à picape, onde o Jeff me esperava com um sorriso de satisfação, parecia que minhas entranhas estavam todas deslocadas.

- Você vai ter aulas de volante comigo também. Assim ficará apto mais depressa! – disse, no momento em que me ajeitei no banco.

- Por favor, Jeff. Me leve para casa. – balbuciei, ignorando sua decisão.

- O que há? Ainda está sentindo dor? – indagou, o tom de sua voz ficara sério quando me encarou.

- Sim. Quero me deitar. – respondi.

- O que você está sentindo? Vou leva-lo a um médico! – declarou preocupado.

- Não! Quero ir para casa. – já não era mais um pedido, era uma determinação.

- Mas você não pode ficar assim. Um médico precisa te examinar. Me diga, o que está sentindo? – suplicou

- Seria hilário! O que vou dizer? Que acabo de ter meu cu arrombado por sei lá o que, seguido por uma jeba cavalar? – questionei contrariado.

- Bolas tailandesas! – disse, com um risinho de escárnio.

- O que? – não sabia do que ele estava falando.

- Chamam-se bolas tailandesas! As esferas que enfiei no seu cuzinho, chamam-se bolas tailandesas. Elas estimulam a contração e o relaxamento dos músculos do períneo e do ânus, desenvolvendo a habilidade de chupitar, estrangular, ordenhar, sugar e travar um cacete que seja enfiado no seu cuzinho na sequência. – sentenciou em tom professoral.

- Pervertido! – exclamei zangado. – Você me deixou machucado e exaurido, isso sim. – acrescentei magoado.

Ele me deixou em casa a contragosto. Vendo que não conseguia me convencer a ir a um médico, insistiu para ficar comigo. Fiquei feliz por não ter que dar explicações para o meu andar desengonçado e ao fato de ir me deitar tão cedo, pois meus avós haviam ido a Denver naquela tarde e só voltariam amanhã. Tomei uma ducha e ao massagear meu ventre, sentia a musculatura enrijecida. Instintivamente removi a ponta da duchinha da mangueira e a enfiei no meu cuzinho, acionei a alavanca do desviador na parede e a água tépida começou a invadir minhas entranhas. Uma sensação confortável e excitante se espalhou dentro de mim. Nunca havia sentido tantas sensações naquela região. Descobria meu corpo e a capacidade dele reagir a tantos estímulos. Depois de expelir toda aquela água, experimentei um relaxamento profundo, e só fui acordar tarde da noite, envolto, completamente nu, debaixo do edredom, com o toque insistente do meu celular.

- Porra! Onde foi que você se meteu? Estou te ligando há horas. – vociferou o Jeff, assim que coloquei o fone no ouvido.

- Fui deitar cedo e peguei no sono. – murmurei sonolento.

- Onde estão seus avós? Ninguém atendeu o telefone! – exclamou exasperado.

- Eles foram a Denver esta tarde, mas amanhã já estarão de volta. – retruquei.

- Quer dizer que você está sozinho? Estou indo aí. – notei certa euforia em sua voz.

- Não... eu já estou na cama. – disse, enquanto um clique indicava a interrupção da ligação. – Jeff? .... Alô, Jeff! Ele já havia desligado. Merda! Maluco como é, logo vai estar em frente à porta.

Mal se passaram vinte minutos e o ronco da camionete estacionando no acesso da garagem chegou aos meus ouvidos. Antes que eu pudesse cobrir minha nudez com um robe, e descer as escadas, a campainha tocou com insistência.

- Maluco! Você sabe que horas são? – esbravejei

Ele não respondeu. Apenas me enlaçou pela cintura e me puxou contra seu peito. Antes que eu conseguisse articular a frase seguinte, ele me beijou com avidez e doçura, deslizando aquela mãozonha desenfreada sobre as minhas nádegas. Impossível não ficar atordoado. Por uns instantes não sabia se o levava até o sofá da sala, ou se subíamos a escada até o meu quarto. Quando meu cérebro conseguiu articular uma solução, já estávamos no andar de cima e eu só precisei entrar na porta do meu quarto.

- Humm ... Belo ninho! – exclamou, quando me soltou e percorreu o quarto com o olhar curioso.

- Minha avó foi mesmo muito caprichosa. – respondi.

- Por que não me disse que estava sozinho em casa? Você não podia ter ficado sozinho naquele estado. Está se sentindo melhor? – sua voz denotava sua zanga.

- Esqueci. – murmurei. – Estou bem melhor. – acrescentei, com um sorriso tímido.

- Está vendo por que eu digo que vou domá-lo, você insiste em testar meus limites. – falou, carrancudo com o olhar impassível.

- Estou contente que esteja aqui! – balbuciei, segurando uma de suas mãos entre as minhas. Aquilo o desarmou. A expressão carrancuda se suavizou.

- Fiquei preocupado com você! Não faça mais isso! – ele precisava demonstrar sua indignação, e camuflar a satisfação que aquela confissão provocou nele.

- Não precisa, estou bem. Juro. – minha voz saindo acanhada. Senti uma necessidade urgente de acaricia-lo. Que estranho, nunca havia sentido isso antes.

Ele não me deixou acariciar seu rosto. Segurou minha mão antes que ela alcançasse aquela tentadora barba por fazer.

- Por que não posso te acariciar, enquanto você se apodera de algo muito mais íntimo meu e eu preciso me resignar? – ousei encarando-o.

- Porque eu sou macho! – sentenciou naturalmente.

- Sim, e daí? – indaguei perplexo

- Machos não são acariciados por outro homem! – havia convicção nessas palavras.

- Então por que me beija, me agarra e faz amor comigo? – perguntei sereno

- É diferente. Eu fodo você! Todo macho fode. – afirmou categórico.

- Quer dizer que você me fode e não sente nada por mim. – desabafei

- Eu não disse que não sinto nada por você! Não tire da minha boca palavras que eu não disse. – revidou, sua expressão começava a ficar séria.

- Se eu não posso demonstrar o que sinto por você, te acariciando, é por que você não sente nada por mim. – comentei.

- Essa é uma conclusão sua! Eu não sou macho para ser acariciado por homens! – retrucou

- Eu nunca sei como agir diante de você. Se digo alguma coisa estou te desafiando. Se não falo nada você me repreende por eu estar omitindo as coisas. Estou sempre pisando em ovos, me sinto intimidado por você. – disse, confuso. – E agora descubro que você não gosta de mim. – acrescentei, meu coração se comprimindo.

- Eu gosto de você! É a primeira vez que isso me acontece. Quero dizer, que gosto de um garoto feito você. – Fico chocado com a declaração dele.

- Um garoto feito eu, como? Um viado, você quer dizer. Mas não se esqueça de que eu só virei um viado depois daquela tarde no celeiro, antes disso nunca me passou pela cabeça levar a vara de um macho no cuzinho. E, pelo que me lembro, eu não tive muita chance de escolha naquele dia. – revidei frustrado.

- Eu não me referi a você nesses termos. Quando disse um garoto como você, estava me referindo ao seu jeito desprotegido e ao seu sorriso gostoso, ao tesão de bunda que você tem, e à beleza singular do seu corpo. É como um puro sangue, perfeito em cada detalhe! – proferiu.

- Quer dizer que agora sou como um de seus cavalos? – precisei segurar o riso.

- Não! Como uma das minhas éguas. É isso que eu quero que você seja para mim. Minha égua de ancas gostosas, obediente e submissa! – o humor desanuviara seu rosto.

- Indecoroso! – sussurrei. Bem obediente! Vou pensar no seu caso. – sorri humilde para ele.

- Por isso vou domá-lo! Prepare-se para a próxima lição. – havia malicia em seu olhar imperturbável.

- Que lição? Chega, você já se aproveitou demais de mim hoje. – retorqui.

- Essa. – sentenciou, tirando a rola pela braguilha. – Coloque na boca e chupe! – ordenou, todo Jeff mandão.

Eu seguro, timidamente, aquela jeba grossa, pela primeira vez, em minha mão. Aperto os dedos ao redor dela, e sinto a consistência daquele calibre avantajado. Ergo o olhar através dos cílios, e ele está olhando para mim com espanto. Deslizo a mão para trás e ele geme, seu corpo se enrijece, a respiração sibila entre os dentes cerrados. Com delicadeza eu o coloco na boca e chupo com força. O gosto é maravilhoso, deliciosamente morno. Ele segura minha cabeça entre as mãos e pressiona aquela tora para dentro da minha garganta. Pressiono meus lábios ao redor dela tão firmemente quanto posso, e sugo com desejo.

- Caralho. – sussurra ele.

Começo a rodopiar a língua ao redor do falo irrequieto dele. Sinto-o se encorpando em minha boca, um gosto salgado se mistura a minha saliva. Apalpo delicadamente aquele sacão ingurgitado que balança diante do meu rosto. Ele aperta mais a minha cabeça. Há um cheiro viril e excitante naquele mar de pentelhos. Continuo sugando com força, ao mesmo tempo em que percorro toda a extensão daquela rola.

- Você já provou que aprendeu a lição. E como aprendeu! – murmurou entre dentes.

Esse som sensual e inspirador me faz repetir os movimentos, e engulo-o o mais fundo que posso. Ele agarra meu cabelo e estoca a pica na minha boca. Ela começa a se encher de porra, tão rápida e abundantemente que só me resta engolir tudo aquilo para não engasgar. Volto a fixar o olhar no dele, vejo seu rosto contraído num delírio de prazer.

Determinado, mas com delicadeza, ele me puxou para junto dele ao se recostar nos travesseiros, numa posição quase sentada e as pernas estendidas sobre a cama. Quando minha avó me mostrou o quarto que havia decorado especialmente para a minha chegada, eu achei a cama dupla exageradamente grande, mas agora ela se mostrava providencial para nos acomodar confortavelmente, aquele Jeff de um metro e noventa e meus cento e oitenta e cinco centímetros. Fora um dia cheio, tenso, agitado e, bem ... dolorido, por isso levei apenas alguns minutos para cair no sono, quando minha cabeça, pousada sobre o peito dele, se movia no embalo de sua respiração cadenciada, e no calor que o corpo dele irradiava. Seus braços me envolviam e ele acariciava meus cabelos com suavidade. Foi a primeira vez que dormimos juntos, e a primeira na qual eu compartilhei a cama com alguém. Quantas sensações eu desconhecia!

O dia estava cinza lá fora, o quarto mergulhado numa penumbra repousante. Algo pesado sobre a minha cintura cerceava meus movimentos, o braço do Jeff. Eu estava nu debaixo do edredom. Onde teria ido parar o robe que eu usava ao cair no sono? Os pelos do peito dele roçavam minhas costas a cada inspiração. Uma de suas pernas estava enroscada entre as minhas. Eu podia sentir a ereção dele comprimida contra as minhas nádegas. Ele também estava nu. Eu precisava me movimentar, mas não queria acordá-lo. Pouco depois, no entanto, acho que meus pensamentos se encarregaram disso, pois ele começou a se espreguiçar. Acredito que ele também acordou surpreso e confuso ao estar entrelaçado comigo, mas não perdeu a oportunidade de comprimir, com mais intensidade, seu membro enrijecido contra aquela maciez acalentadora na qual estava aninhado.

- Dormiu bem? – perguntou ao notar que eu estava acordado.

- Muito! Não sabia que você ia velar o meu sono.

- Não quis deixa-lo sozinho, você estava muito vulnerável ontem à noite. – sua voz soava menos sonolenta que a minha.

- Me sinto seguro junto de você. Quando não está zangado. – murmurei.

- Quero proteger você! – sussurrou, ao enfiar o rosto no meu pescoço. Percebi que ele estava rindo.

- Eu disse algo engraçado? – questionei

- Só fico zangado quando você não se comporta. – ele estava de excelente bom humor.

- Mas eu me comportei direitinho ontem, não foi? – disse, instigado por aquela pica se movendo nos meus glúteos.

- Ahã! Você foi um bom garoto! – sussurrou lascivo.

Ele se sentou com as pernas abertas e esticadas. Puxou meu braço e me virou em sua direção. Tive vontade de beijá-lo e me sentei em seu colo. Ele não me deixou beijá-lo, mas colocou as mãos debaixo dos meus quadris e me ergueu no ar. Tive que me apoiar em seus ombros. Seus olhos despertos brilhavam libidinosamente. Ele procurou desesperadamente seu jeans jogado ao lado da cama e tirou do bolso um pacotinho de papel laminado, rasgou-o com avidez e urgência, encapando a rola com seu conteúdo cheirando a baunilha. Meus joelhos ladeavam seus flancos, e ele começou a me puxar para baixo, me fazendo sentar sobre sua verga distendida. Deixei meu peso cair lentamente e ele entrou em mim. Soltei um gemido incontrolado.

- Isso, bom menino! É assim que eu quero você! – balbuciou, deixando o ar sair estridentemente entre os lábios.

A musculatura da minha pélvis se contraiu com força, e eu senti toda a potência daquele volume que me preenchia. Ele pegou um dos meus mamilos entre os dentes e o mordiscou, depois sem soltar, puxou-o com força. Ai, isso dói Jeff. Eu ergui meu corpo fazendo parte da pica deslizar para fora do meu cuzinho, depois tornei a sentar deixando-a me preencher. Ele chupava e sugava meu mamilo com força, enquanto eu cavalgava ritmicamente aquele mastro que ele fazia questão de empurrar cada vez mais profundamente em mim, ao levantar os quadris toda vez que eu me sentava sobre sua virilha. Gemidos roucos saiam daquela boca que eu tanto queria beijar. Suas coxas se enrijeceram e ele forçou meus quadris para baixo erguendo os dele. A jeba me estocou num ponto sensível e eu dei um gemido áspero quando ambos atingimos o clímax numa comunhão ímpar. Ele me puxou para junto dele e enfiou a língua na minha boca, a rodopiou contra a minha, e eu a chupei com desenvoltura.

- Você é muito gosto Luke! Muito gostoso. – murmurou com os lábios nos meus.

Com o passar do tempo, nosso relacionamento parecia ir ficando cada vez mais torto. O Jeff me procurava fora do período do colégio, saíamos para diversos lugares, ele me levava para o haras ou para a casa dele e me comia num frenesi desenfreado, ou aparecia em casa, quando meus avós não estavam com o mesmo intuito. Nesses momentos ele geralmente era atencioso, carinhoso, e seu humor quase sempre tornava esses momentos mágicos. Terminei o curso de direção bem antes do previsto graças ao empenho dele em me ensinar a dirigir. O pretexto de me ensinar foi o primeiro passo para ficar mais tempo ao meu lado, e ele me fazia pagar as aulas com uma foda sacana, que confesso, eu recompensava com grata satisfação. Por outro lado, no colégio eu convivia com outro Jeff. Ou melhor, quase não convivia. Nunca ficávamos juntos. Na verdade, eu ficava com um grupo de amigos e amigas, e ele com aquela turma um tanto quanto explosiva do fundão da sala. Durante as partidas de vôlei estávamos sempre em times opostos, algo que o contrariava devido ao meu desempenho e, especialmente, por que o Taylor costumava estar no meu time. Taylor encontrou na minha companhia, uma maneira de enfrentar aqueles sujeitos que, até a minha chegada, sempre foram invencíveis nas partidas. Ele não simpatizava em nada com aquele fundão, nem eles com sua maneira livre de se comportar. Aos poucos ele foi constituindo um grupo que por ínfimas coisas rivalizava com o grupo do Jeff. A confiança que a prática do taekwondo lhe dava, fazia com que ignorasse qualquer provocação daqueles brutamontes do grupo rival.

Por diversas vezes o Jeff havia me proibido de jogar no time de vôlei do Taylor, mas, o fato de eu gostar de jogar, e o treinador insistir naquela formação de sucesso, quase sempre tornavam essas proibições nulas. Durante um torneio estadual os dois times do colégio se viram na final e, ante a possibilidade de perder o jogo, como acontecera diversas vezes, desde que eu participava do time oponente, os ânimos do Jeff estavam mais explosivos do que nunca. Estávamos ganhando o jogo com relativa vantagem quando o pior aconteceu. O Taylor e o Jeff entraram num embate durante o jogo e a animosidade cultivada ao longo do tempo explodiu como uma bomba. Para não serem expulsos, o que comprometeria toda a partida, ambos ficaram trocando insultos e medindo forças como dois touros no mesmo piquete. Vencemos mais uma vez uma partida contra nossos adversários clássicos, foi o suficiente para a fúria do Jeff extravasar por todos os seus poros.

- O que foi aquela competição de testosterona com o Taylor? – perguntei, quando ele saiu cantando os pneus da picape depois da partida.

- Competição de testosterona? – ele contrai os lábios, a raiva está ali prestes a explodir.

- É. Por que será que eu fiquei com a impressão de que aquilo foi um concurso de quem mija mais longe? O macho que mija mais longe é o melhor. – eu estudava as palavras, para não deixa-lo ainda mais furioso.

- Porque foi! – rosnou, dando um soco no volante. A picape levantando as folhas multicoloridas das árvores, que mais pareciam esqueletos, que o inicio do inverno deixava espalhadas ao longo da estrada para o haras.

Ele desceu do carro e entrou no celeiro batendo os passos. Encontramos o Rodriguez nos seus afazeres. Esse homem nunca usa camisa? Os músculos dos braços e da barriga estão indecentemente expostos, e eu não consigo deixar de olhar para o movimento sensual que eles fazem enquanto ele faz o seu trabalho. O Jeff passa por ele em direção à parte superior do celeiro e não responde ao seu cumprimento. Eu o sigo logo atrás.

- Oi Rodriguez! – respondo com um sorriso quando ele me acena com a cabeça. Percebo que ficou contente.

- Não fique assim! O jogo de vocês foi ótimo, você precisa admitir. – disse conciliador, e com uma doçura proposital na voz. Ele grunhiu e fez uma careta.

- Acalme-se, e também se refaça da competição de testosterona. Tenho a certeza que vai se sentir melhor. – falei, enquanto pegava duas latinhas de Coca na geladeira camuflada.

- Eu vou te mostrar o que é uma competição de testosterona! – Seus olhos ardem sobre mim, com aquela expressão ‘eu quero você e quero agora’.

Quando lhe estendo a latinha de Coca ele me puxa pelo braço ao seu encontro. Caio desajeitadamente sobre ele, e antes de conseguir protestar, sua língua está na minha boca. Ele morde meus lábios, está particularmente bruto. A minha camiseta sobe e sai passando pela minha cabeça num movimento brusco.

- Tire as calças! – ordena.

Obedeço e faço o jeans deslizar junto com a cueca até os pés. Tiro os sapatos e dou um passo à frente, nu e envergonhado. Ele me chama com as mãos, suas pernas estão bem abertas, e o jeans parece querer explodir sobre a forte musculatura de suas coxas. Entro no alcance de suas mãos e ele aperta minhas nádegas. Ele me encara e eu sustento o olhar, dois bobos teimosos olhando um para o outro. Aquela energia vai ficando mais tangível, atraindo-nos mutuamente.

- Como sempre, Luke, você é muito desafiador. – o grunhido é rouco e ameaçador.

Tento beijá-lo para aplacar sua raiva, mas ele me impede. Ao invés de me deixar abraça-lo ele se levanta me deitando sobre o sofá, e vai até as portas fechadas da estante. Escancara as duas portas, e vem com um par de algemas, um rolo de fita adesiva prateada e uma espécie de chicote, curto e com um pedaço retangular de couro preto na ponta. Meu corpo estremece de pavor e excitação.

- Você precisa ser domado para não repetir o comportamento rebelde de hoje! – disse, o olhar fixo e impassível sobre o meu corpo.

Ele encaixou meus pulsos nas algemas e me fez debruçar sobre o braço do sofá. O couro gelado arrepiou minha barriga.

- O que você vai fazer Jeff? Por favor, não me machuque! – supliquei trêmulo. Ele colocou o indicador diante dos lábios e soltou o ar num sibilo.

Rasgou um pedaço da fita adesiva e a grudou diante da minha boca. Abriu minhas pernas e expos meu cuzinho. Ajoelhou-se atrás de mim e mordiscou minha bunda. A barba dele perfurava a pele sensível das minhas nádegas. Meu corpo fervia, e meu couro cabeludo estava todo ouriçado. Os lábios úmidos dele lambuzavam meus glúteos. Comecei a gemer baixinho, minha respiração se acelerava. Senti o toque áspero de sua língua habilidosa sobre as preguinhas, meu corpo queria entrar em convulsão. Eu me agitava fazendo o couro do sofá ranger.

- Não se mexa! Quero você bem paradinho, entendeu? – sussurrou, quando enfiou o rosto na minha nuca e me agarrou pelos cabelos puxando minha cabeça delicadamente para trás.

Ele colocou um dedo dentro de mim. Meus esfíncteres o comprimiram firmemente, enquanto ele o fazia rodopiar em círculos lá dentro deslizando sobre a mucosa morna. Saboreio aquela sensação, e gemo à medida que um frenesi percorre todo o meu corpo, atingindo e enrijecendo todos os músculos do meu baixo ventre. A respiração do Jeff fica ofegante, e ele enfia outro dedo em mim. Empurro a pélvis para cima, para junto da palma da mão dele, e ele responde, esfregando-a contra meu cuzinho. Com a outra mão ele desfere um tapa forte na minha nádega. Eu a contraio e seus dedos se tornam mais presentes no meu íntimo. Ele acaricia a nádega e desfere mais um tapa, ele ecoa com um som metálico naquele ambiente amplo, e minha pele arde como fogo. Ele repete os mesmos movimentos, caricia, tapa, carícia, tapa numa sequência lenta, mas constante. Minha bunda está doendo e eu, inquieto, tento me mexer. Ele me censura beliscando a mucosa interna do meu cu, e interpondo sua perna entre as minhas cada vez que as tento fechar. Os dedos dele saem do meu cuzinho, e ele pega aquele instrumento parecido com um chicote. Chuta meus pés para que eu os separe ainda mais. O rego se abre expondo o anelzinho rosado. A haste do chicote desce violentamente até o fundo do reguinho, e atinge meu cu num estalo seco, quando ele me golpeia. A ponta de couro arde sobre o meu cóccix. Solto um grito que só consegue estufar um pouco a fita adesiva colada aos meus lábios. O som sai como um ganido abafado. A sequência torturante só termina quando conto o sexto golpe. Durante esse período ele despe o jeans e a cueca deixando a benga experimentar uma ereção livre e prazerosa. Espasmos contraem todo o meu corpo, e o suor escorre pelas minhas têmporas. Ele joga o chicote sobre o sofá e agarra meus quadris puxando-os contra sua virilha. Guia a pica totalmente distendida e dura para dentro do meu cuzinho. Ele entra em mim me abrindo e me preenchendo, geme alto, fechando os olhos e jogando a cabeça para trás. O caralhão estoca as profundezas das minhas entranhas, e meus músculos anais se contraem involuntariamente, chupitando a fera quente que pulsa em mim. O bruto me estoca como um animal selvagem, enquanto as lágrimas brotam férteis e rolam pelo meu rosto. Subitamente percebo que é a primeira vez que ele não se preocupa em colocar uma camisinha. E mesmo naquela agonia toda, naquela dor que vai se irradiando pungente pelas minhas entranhas, eu espero ansioso pelo néctar viril dele. Ele chega com um urro que escapa entre os dentes cerrados dele, farto, em jatos pegajosos e quentes, que vão escorrendo pelo cuzinho em brasa.

- Você é meu, Luke! E eu estou protegendo o que é somente meu. – balbuciou ofegante, ao deixar seu peso cair sobre o meu corpo.

Quando ele saiu de mim e me livrou das algemas, eu mal podia me sustentar sobre as pernas trêmulas. Um filete de sangue escorria pelo lado interno de uma das minhas coxas, e eu soluçava baixinho, tímido e envergonhado. Ele se aproximou de mim e me apertou em seus braços, secou as lágrimas que desciam pelo rosto afogueado, com o polegar, e tocou suavemente seus lábios nos meus. O calor do corpo dele foi me acalmando, e eu estava outra vez seguro naquele peito forte, por onde meus dedos deslizavam sem que ele me impedisse.

- Existe algo em você que me toca em algum nível profundo que eu ainda não fui capaz de compreender. É tipo um feitiço que me impede de resistir a você, e não quero perde-lo. Seja mais paciente e compreensivo comigo, e tenha outro tanto de fé em mim. Por favor. Estou me esforçando para mudar. – suplicou desolado.

- Eu sou seu, você não vai me perder! – murmuro. Ele parece tão vulnerável. Seguro seu rosto e beijo-o levemente nos lábios, ele não se opõe.

Mal posso caminhar. Ele me ajudou a me limpar, enquanto olhava para as minhas nádegas cheias de vergões vermelhos, o cuzinho completamente inchado e sangrando, suas mãos faziam a toalha úmida acariciar aquela pele fustigada por seu destempero varonil. Diante do meu olhar atônito ele me estendeu um absorvente feminino. De onde veio aquilo e, intrigantemente, quem usava uma coisa dessas ali?

- Fixe-o na cueca. Vai impedir que você de chegar em casa todo manchado de sangue. – disse calmamente, e seguro de si.

Precisei descer a escada, amparado pelo braço dele ao redor da minha cintura. Mal pude encarar o Rodriguez com aqueles olhos inchados e denunciadores. Pensei no quanto ele já presenciara naquele reduto. Era impossível que ele não soubesse o que o patrão fazia ali em cima. Corei quando ele se despediu de mim.

- Até mais Luke! – suas palavras tinham mais a conotação de ‘boa sorte, Luke!’ do que de um até breve.

Comecei a chorar quando o Jeff me colocou na picape, e eu não consegui apoiar a bunda no banco. Só fui conseguir dormir bem tarde naquela noite, após ingerir uma batelada de analgésicos e antinflamatórios. As sequelas ficaram no meu corpo por mais de uma semana.

Estávamos em meados de abril quando recebi uma ligação de Corine, pouco depois de ter voltado do colégio. Estranhei o inusitado, especialmente porque acabara de me despedir do Jeff há pouco mais de uma hora.

- Olá, Luke! Como estão seus avós? Faz algumas semanas que você não aparece por aqui. – sua voz denotava contentamento, e isso me tranquilizou.

- Tudo em ordem. Estamos num período de provas e isso está ocupando meu tempo. – respondi, curioso e na expectativa de descobrir o motivo daquela ligação.

- No próximo sábado à tarde o time de polo do Jeff vai participar de um jogo que patrocinamos todos os anos, com fins caritativos, vai ser no clube de polo em Denver e, o Albert e eu gostaríamos que você estivesse presente. Sua amizade com o Jeff tem sido muito benéfica para ele, e estamos muito felizes e agradecidos a você por isso. – disse, com uma espontaneidade estonteante.

- Bem, ele não me disse nada. Mas eu posso ir. – fiquei me indagando porque ele não me contou nada a respeito.

- Você sabe como ele é reservado. O time dele venceu nos últimos quatro anos, e ele não gosta de fazer muitos comentários sobre suas vitórias. – falou calmamente. – Mas tenho certeza de que ele vai gostar de te ver por lá. Falando nisso, você tem como ir a Denver, ou quer que eu mande um motorista apanhá-lo em sua casa? – prontificou-se.

- Não se preocupe, tenho como ir. E, obrigado pelo convite. – agradeci

- Não por isso. Estamos todos te esperando. Dê minhas recomendações a sua avó. Espero que venha almoçar conosco em breve. – disse animada.

- Obrigado. Até sábado então. – retorqui. Será que o Jeff sabe desse convite? Por que ele não o fez pessoalmente? Será que ele me quer por lá? Essas perguntas martelaram minha cabeça até a hora do jantar.

Esperei em vão até na véspera do jogo para ver se o Jeff me contava alguma coisa a respeito. Nem diante do meu questionamento sobre seu final de semana ele tocou no assunto. Ele me fodeu em seu quarto, depois das aulas, e me deixou em casa no final da tarde, sem dizer uma palavra. Decidi não contar que Corine me convidara.

Eu nunca saíra de Boulder dirigindo meu carro, achei que precisava me sentir mais confiante antes de pegar uma estrada, embora meu avô elogiasse minha prudência e habilidade na direção. Tanto que me deixa dirigir seu Audi SUV Q7 quando sai comigo. Uma demonstração de confiança que me comove.

O sábado amanheceu nublado, mas antes do almoço um sol brilhante e fraco iluminou o céu incrivelmente azul. Fazia dezoito graus e o ar cheirava à seiva das árvores que começavam a rebrotar depois do inverno. Depois do almoço entro no closet e abro meus armários. O que vestir num evento desses? Fico devaneando, por fim, me decido pelo jeans clássico, camiseta polo branca, e jogo displicentemente um suéter creme de malha grossa sobre os ombros, acho que pode esfriar ao entardecer. O espelho que ocupa toda a parede dos fundos do closet reflete uma imagem que me deixa satisfeito. Meu cabelo está magistralmente desgrenhado, e a figura refletida no espelho, com o jeans apertado ao redor das grossas coxas musculosas parece saída de uma revista de moda. Abro um sorriso bobo para mim mesmo.

Ajustei o GPS do painel, pois havia ido poucas vezes a Denver durante esses meses, e não dominava totalmente o caminho, além do que, o clube de polo ficava ao sul e fora do limite urbano. Conectei o iPod ao sistema multimídia do carro, o qual o Jeff me deu de presente depois de eu me encantar com uma seleção de músicas que ele havia baixado, e peguei a CO-93 rumo a Denver, ao som dos acordes do concerto número três de Brandenburgo de Bach, seguido de ‘beautiful day’ do U2, bem apropriado para aquela tarde esplendorosa. Quando ‘Brave’ de Josh Groban saia dos alto-falantes eu estava tão descontraído tamborilando o volante e, pensando no quão eclético era o gosto musical do Jeff, que quase perdi o acesso a US-85. Havia pouco movimento na estrada e as montanhas ao longe no horizonte foram me acompanhando como sentinelas. Faltava pouco para o início da partida quando cheguei ao estacionamento do clube de polo, um lugar sofisticado. Os campos cobertos de grama verde e cercados por árvores frondosas que formavam uma barreira contra uma brisa fria que soprava do norte, os cavaleiros com suas vestimentas coloridas, e o desfile de cavalos de raça enchia o ar com um clima equestre e endinheirado.

Havia uma pequena multidão espalhada na beira do campo, e próxima a uma arquibancada. Depois de alguns minutos consegui distinguir a silhueta da Corine com Albert ao seu lado, ambos estavam impecavelmente vestidos em trajes esportes. Uma rodinha havia se formado ao redor deles e, após mais alguns passos, consegui identificar o físico atlético do Jeff de costas para mim. Os ombros muito largos e os quadris estreitos formavam um triangulo invertido típico de um macho portentoso. Eu adorava olhar para aquelas costas quando ele se deitava ao meu lado depois de uma foda. Achava-o muito sexy. Ele não me viu chegando, e nem a loura platinada pendurada em seu pescoço.

- Luke, querido! Que bom que você veio! – exclamou Corine, assim que percebeu minha aproximação.

- Salve, Luke! – adiantou-se Albert, para me dar um abraço efusivo que me fez corar.

Jeff se virou num sobressalto. O rosto que há pouco estava com uma expressão risonha da conversa que rolava no grupinho, tornou-se séria e perplexa. Seus olhos se estreitaram e os lábios ganharam uma linha rígida e tensa. Ele estava contrariado.

- Oi Luke! Que bom vê-lo. – balbuciou, num quase rosnar.

A loira platinada não desviava o olhar de mim e nem tirava aqueles braços do pescoço do Jeff. Ei, alguém te avisou que ele é meu. Ela devia ter uns trinta e muitos, corpo turbinado por, no mínimo, quatrocentos mililitros de silicone em cada peito, e talvez o dobro disso nas nádegas. O cabelo curto, estilo Chanel, os lábios de um vermelho berrante, preenchidos com Botox, e a maquiagem carregada para aquela hora do dia, davam-lhe um aspecto vulgar; que o vestido azul turquesa com apenas uma alça e muito justo, tornava ainda mais evidente.

- Eu não sei se você já conhecia a Anabel, a namorada do Jeff? – disse Corine, nos apresentando. – Este é Luke, o melhor amigo do Jeff. – acrescentou.

Ela continuou com o olhar fixo em mim, e colocou um sorriso largo e falso em seu rosto ao grunir um ‘oi’. Fuzilei-a com meu olhar, ao baixar os óculos de sol. O Jeff parecia ter perdido a voz. Estava rijo feito uma estátua e, assim que conseguiu se recompor, fez um movimento desvencilhando-se dos braços da loura platinada.

- O que faz aqui? – rosnou baixinho.

- Aceitei o convite que Corine me fez ao ligar lá para casa esta semana. – respondi carrancudo. – Fiz mal? – indaguei petulante.

- Não, claro que não! Fui pego de surpresa, só isso. Você podia ter me avisado que viria. – disse, as palavras pronunciadas cautelosamente para não deixar transparecer sua raiva.

- Pensei que você soubesse. Mas percebo claramente que não. – retruquei, tentando manter uma postura descontraída, voltando a fuzilar a loira com o olhar.

- Não é nada importante. Em outro lugar e, com calma, eu te explico. – disse, visivelmente perturbado.

- Não creio que isso precise de explicações! – exclamei, com um sorriso irônico.

Um garoto apareceu correndo, e foi avisando os jogadores que a partida estava para começar, e que eles deviam se dirigir aos cavalos. Senti um alívio com sua intromissão, pois vi que estávamos prestes a ter uma discussão.

- Tenho que ir agora. Você não vá a lugar algum antes que eu volte para te pegar! E isso não é um pedido, entendeu? – determinou, com a expressão séria. E, dando alguns passos, me puxou pelo braço e me afastou do grupo, acrescentando num sussurro só para os meus ouvidos. – A propósito, você está lindo. Deveria ser proibido existir alguém assim tão bonito. – Sua expressão ficou leve e ele esboçou um sorriso contido.

- Você também! – emendei, menos sisudo.

A partida terminou junto com a chegada do crepúsculo. O time dele venceu, e havia certa euforia ao redor das mesas montadas ao lado de um palanque, e destinadas a convidados VIP. O mestre de cerimônias anunciou a composição do time vencedor, e entre uma menção e outra, Corine sussurrava em meu ouvido a que família abastada pertencia o jogador. A mais ruidosa manifestação aconteceu quando anunciaram o nome do Jeff, talvez proporcional à importância de seu sobrenome. Quando Jeff voltou a se juntar a nós, Albert propôs um brinde, abrindo uma grande garrafa de champanha, que dois garçons impecáveis, trajando blazer branco e gravata borboleta preta, serviram em taças muito geladas. A loira se pendurou mais uma vez nele, e beijou-o descarada e sensualmente, como se estivessem sozinhos num quarto de motel. Ele procurou disfarçadamente tirar os braços dela de seu pescoço, constrangido com o arroubo fora de propósito. Eu me mantive ligeiramente afastado; primeiro, por que não estava disposto a assistir aquela cena deplorável, segundo, por que estava me sentindo um pouco deslocado entre aquelas pessoas que não conhecia.

- Gostou da partida? – perguntou Albert, quando ele e Corine se achegaram a mim.

- Sim. É um espetáculo muito bonito. Não entendo muito do jogo, mas deu para ver que é bem legal. – respondi

- Você deveria ir com o Jeff até o haras, temos um campo lá, onde ele costuma treinar, e ter algumas aulas com ele, aposto que você aprende rápido. – disse Corine, com um sorriso maternal.

- É, quem sabe? – disse, para não deixa-la sem resposta. – Tive que baixar o olhar, receoso de que pudessem ler o pensamento que passava na minha mente. As aulas que estou tendo lá no haras são bem diferentes. O jogo que ele joga comigo tem outras regras, nem sempre muito agradáveis, ou nem sempre isentas de dor.

Não sei o que o Jeff fez para se livrar da loira platinada com trinta e muitos. Ele se juntou a nós já anunciando que estávamos de partida. Quando Albert o questionou sobre Anabel ele desconversou, dizendo que ela já tinha outro programa. Caminhamos lado a lado, em silêncio, nossos braços se roçando de tão próximos, até o estacionamento.

- Me dê a chave! – ordena irritado, quando estamos ao lado do meu carro.

- Eu gostaria de dirigir. – digo, me arrependendo das palavras.

- Fim de papo, Luke. Não me provoque.

Faço uma cara feia para ele e entrego a chave. De repente, ele me agarra e me empurra contra a porta, a boca na minha, reivindicando-me avidamente, uma mão na minha bunda, apertando-me contra sua virilha, e a outra na nuca puxando-minha cabeça para trás. Ele roça o corpo contra o meu, aprisionando-me, a respiração ofegante. Lembro-o de que estamos em público, embora rastreando os arredores não consiga ver ninguém. Eu sinto sua ereção, ele me quer. Fico excitado ao me dar conta da necessidade que tenho dele, mesmo estando com raiva dele.

- Por que você tem que me desafiar? – balbucia ele entre seus beijos ardentes.

- Porque eu posso! – exclamo ofegante.

- Você é enlouquecedor, não consigo me saciar de você. Preciso te comer! – sussurra.

Mas quando ele coloca o carro em movimento, a expressão taciturna e zangada volta. Ah, o garotão mal-humorado voltou com tudo. Não vou deixar ele me intimidar. Quem foi pego no flagra foi ele e não eu. Se alguém deve explicações esse alguém é ele. Eu apenas aceitei um simples convite do qual não lhe dei ciência.

Anoiteceu e ele pisa no acelerador na estrada quase deserta. Não sei para onde está indo.

- Quer dizer que você tem uma namorada? – provoquei.

- Não sei se posso chama-la assim. – retruca nervoso.

- E que nome você daria àquela velha tingida, turbinada, com boca de bagre, e vulgar, pendurada no seu pescoço cheia de carinho para dar? – o tom da minha voz vai subindo enquanto falo.

- Está com ciúmes? – há um risinho irônico escondido por trás de seus lábios.

- Você faz um escândalo dizendo que o Taylor quer entrar dentro das minhas cuecas, mas agora eu sei com quem você aprendeu a usar aquele arsenal sádico que você guarda no celeiro. A sua experiência no assunto deve ter vindo de exaustivas aulas com madame ‘deixa que eu adestro mancebos’. – estou com tanta raiva que cravo os dedos nas minhas coxas.

- Ele quer foder você! E você é meu! – rosna ele

- E com ela você faz o que? Conta histórias da carochinha? – indago petulante.

- Eu sou macho. Tenho o direito de ter uma namorada. É bom para a minha imagem. – argumenta

- Ah, claro! Uma mulher, mesmo que seja uma desfrutável, é a sua garantia de ser um macho. – revido provocativo.

- Você não entende nada disso! – diz, displicentemente. – E eu sei que sou macho, com ou sem mulher. Não preciso provar isso para ninguém. – acrescenta irado.

- Não é o que está me parecendo! – digo, com sarcasmo. – Ou foi ela quem tirou a sua virgindade e te ensinou a ser homem? – insinuo

- Se você continuar a me provocar, eu paro o carro na beira da estrada, e vou aplicar seu castigo aqui mesmo. E, garanto, você não vai gostar! – ameaçou.

- Um jeito bem civilizado de ter uma discussão! – retruquei.

Ele aumenta o volume da música. A voz rouca de Paloma Faith cantando ‘Only love can hurt like this’ domina o ambiente. Um nó vai subindo pela minha garganta. Droga! Não vou chorar na frente dele. Ele está indo para o haras, começo a reconhecer o caminho. O céu está limpo e cheio de estrelas quando ele estaciona em frente a casa de madeira. Meu dou conta de que é a primeira vez que entro nela, mesmo tendo estado tantas vezes aqui. Ele dá a volta e abre a porta para eu sair do carro. Uma gentileza dedicada às mulheres, senhor Jeff. Será que faz parte dos preparativos para o castigo? Um espasmo percorre meu corpo. Está frio aqui fora.

A casa é suntuosa, decorada com bom gosto. Ele me aponta a escada, e antes que eu comece a subir, o Rodriguez aparece vindo de um corredor lateral.

- Senhor Richmond! – seu cumprimento é servil. Incrivelmente, ele está sem camisa, o cós do jeans deixa aparecer o elástico da cueca, e as duas cavidades insinuantes ao lado da barriga de músculos definidos. Deve estar fazendo uns nove graus lá fora.

- Boa noite Rodriguez! – responde, me encarando com censura.

- Luke! – Rodriguez estica os lábios no que interpreto ser um sorriso.

- Oi Rodriguez! Tudo bem? Você vai acabar se resfriando. – retribuo, num sorriso franco.

- Estou acostumado. Mas obrigado pela preocupação. – ele me devolve um sorriso insinuante.

- Ainda bem que você tem uma cobertura exuberante sobre seus pulmões! – comento, enquanto passo deliberadamente a língua sobre os lábios encarando o Jeff.

- Temos algo para comer? Pergunta Jeff, dirigindo-se ao Rodriguez com a cara amarrada.

- Não. Mas posso buscar se quiser. – prontifica-se.

- Está com fome? O que gostaria de comer? – Jeff, me encara.

- Para dizer a verdade estou. Comi pouco no almoço. O que você preferir. – respondo, os músculos do Rodriguez fazem com que algo entre as minhas coxas se contraia quase como uma cólica, mas uma cólica gostosa.

O Jeff acerta os detalhes com o Rodriguez e eu subo as escadas, mesmo não sabendo para onde ir. Pouco depois o Jeff está atrás de mim, me dá um tapa na bunda e me indica uma porta num corredor depois de uma saleta. É um quarto grande, há uma lareira, duas portas que dão para um terraço. Vejo parte do céu estrelado através das portas de vidro. Uma cama de casal espaçosa, com um rico trabalho de entalhe na cabeceira de madeira, domina o mobiliário. Tenho a certeza de que é ali que vou ser fodido.

- É aqui que vou ser castigado? – pergunto de supetão.

- Só se você fizer por merecer. – revida malicioso.

- Estou com muita raiva de você! – digo, deslizando os dedos sobre uma cômoda.

- Não está não. Está com ciúmes! – devolve convicto.

- E se estivesse? Não diminui o seu erro. – retruco

- Não cometi erro algum. Eu já disse que um macho precisa ter uma mulher ao seu lado. Está tão difícil de entender isso? – ele franze as sobrancelhas para mim.

- Você me disse que gosta de me comer, de me foder, e com ela, você faz amor? – as últimas palavras quase não conseguem passar pelo nó que está na minha garganta.

- Não. – ele revira os olhos, aborrecido.

- Não o que? – balbucio inseguro.

- Não faço amor com ela. Eu transo com ela e faço uso dos brinquedos que tanto te apavoram. Satisfeito? – sua irritação aumenta.

- Aquilo é sadismo. Não sei se sofrer dores e torturas fazendo sexo seja algo a que eu consiga me acostumar. – continuo

- É um jogo. Quem joga conhece as regras. – sua resposta é seca.

- Você deixa ela te acariciar? Por que eu não tenho esse direito? – pergunto curioso.

- Ela é mulher. Mulheres acariciam homens, não há nada de errado nisso. – retruca.

- E o que há de errado com o carinho que eu quero te dar? Ele é diferente, ou não presta? – sei que estou provocando, mas preciso de respostas.

- Eu não sei! – Ops, ponto para mim. Ele me olha incrédulo. Por uns instantes percebo que todas as suas convicções e conceitos estão em xeque.

Ele é um libertino devastadoramente sensual e com intenções libidinosas. Chego à conclusão de que sou seu brinquedinho sexual. Algo se comprime em meu peito. No andar de baixo a voz do Rodriguez chama pelo Jeff. Descemos, e na sala de jantar há uma mesa bem posta, uma senhora de meia idade termina de ajeitar as travessas e nos deixa a sós. É fast food, mas está saborosa. Ele me encara de maneira enigmática. Eu gostaria de saber o que se passa em sua mente. Às vezes tenho a impressão de que ele tem uma porção de questões não resolvidas naqueles meandros.

- Vamos terminar nosso vinho lá na sala. – sugere, e segue atrás de mim. Consigo sentir seu olhar penetrante na minha bunda. Há um sorriso depravado em sua expressão quando chegamos à sala, onde a lareira arde aconchegantemente.

- O que foi? – pergunto, antes de ele se acomodar numa poltrona junto a lareira.

- Esse jeans é novo? – pergunta, depois de sorver um gole de vinho.

- Sim. Por quê? Foi um dos que minha avó me presentou quando cheguei aqui. – respondi. Eu admirava absorto alguns objetos decorativos que estavam numas prateleiras junto à lareira.

- Você o preenche muito bem! – murmura, me secando. Enrubesço, mas me abaixo para pegar a pinça, e juntar a lenha que se espalhou dentro da lareira, empinando propositalmente a bunda. Ele arregala os olhos lascivos.

Volto-me para ele e me inclino para pegar seu querido e desejado rosto entre as mãos, beijando-o suavemente, e derramando todo o amor que sinto nesse contato carinhoso. Ele, surpreendentemente, não se esquiva como das outras vezes em que tentei fazer isso. Quero que ele sinta o quão imprescindível ele se tornou em minha vida. Jeff geme e me aperta contra seu peito, segurando-me como se eu fosse o ar que ele precisa para respirar e se manter vivo. Nossos olhares se encontram, olhos castanhos fumegantes mergulhando em olhos azuis reluzentes, e isso me traz uma certeza. Estou apaixonado.

- Ah, Luke. – sussurra, a voz docemente rouca. – Quero você!

Subo a escada na frente dele, estamos de mãos dadas. Entro no mesmo quarto em que estivemos antes do jantar. Beijo levemente a borda de sua mandíbula e deixo meus dedos afoitos entrarem pelo colarinho aberto dele. Ele coloca sua mão sobre a minha e me encara como se eu estivesse ultrapassando os limites. Faço um beicinho contrariado.

- Bem, creio que você está merecendo uma punição. Ai, ele vai me bater outra vez, meu coração dispara. – Vejamos quais foram os seus delitos. – Ele começa a contar esticando os grossos dedos da mão. – Primeiro, não me contar que foi convidado para assistir a minha partida de polo. Segundo, fazer uma cena de ciúmes infantil por conta de alguém que não tem nenhuma importância na minha vida. Terceiro, provocar ciúmes em mim, flertando com um empregado meu. Quarto, empinar essa bundona deliciosa para mim, durante a última meia hora. – Há um brilho delinquente em seu olhar.

Num instante sinto-me quente, alvoroçado e com o cuzinho túrgido. Ele consegue fazer meu tesão aflorar só com esse olhar guloso e predador. Fico maravilhado com a profundidade dos sentimentos que tenho por esse homem. Eu o amo com toda a intensidade e inocência de adolescente.

Ele desliza suavemente meu jeans, junto com a cueca, ao longo das minhas coxas e o abaixa até os meus pés, dou um passo para o lado saindo deles. Ele me faz sentir completamente exposto ao dar um beijo leve e uma mordiscada em cada nádega. Ele se debruça sobre mim, espremendo-me de encontro à beirada da cama. Eu o sinto encostado em minha bunda se esfregando, duro. Ele se move para a minha esquerda, de forma que fica em pé ao meu lado, a ereção está aos pinotes a centímetros do meu rosto. Solto um gemido e meu coração salta até a boca. Estou ofegante e uma onda de tesão corre, densa e fervilhante, por minhas veias. Ele acaricia meus cabelos com ternura e força a aproximação da minha boca na sua rola. Inalo o cheiro voluptuoso do caralhão dele. Agarro o cacete e o coloco na boca, sugando com força a glande lustrosa. Ele solta um gemido do fundo da garganta. Começo a chupar aquele tronco latejante movimentando minha cabeça para frente e para trás, em movimentos frenéticos, enquanto meus lábios apertam intensamente aquele falo grosso. Acaricio seus pelos pubianos enquanto começo a beijar e lamber suas bolas. O pré-gozo espesso pinga no meu rosto. Ele me levanta e me estende de bruços sobre a cama.

- Abra as pernas! - Ordena e, por uns segundos hesito. Ele me bate com força na nádega esquerda. Solto um gemido, e ele me bate de novo na nádega direita. Abro as pernas, ofegante.

Ele coloca o peso do seu corpo sobre o meu. Estou completamente indefeso. Permaneço deitado, ofegante, sabendo que ele vai ser bruto. Ele enfia dois dedos em mim e os mexe num movimento circular. A sensação me faz querer chorar, é deliciosa, fecho os olhos e me entrego. Ele se apoia na cama e, lentamente, entra em mim, a pica me preenche dilacerando minhas pregas. Ouço seu gemido de puro prazer quase em sintonia com o meu grito sufocado. Ele agarra meu quadril com suas mãos potentes, sai de dentro de mim e volta, desta vez entrando com mais força, fazendo-me gritar. Há uma convulsão acontecendo nas minhas entranhas. Ele sai de mim mais uma vez, e então entra com força, e repete isso de novo, e de novo, bem devagar, deliberadamente, num ritmo punitivo e brutal. Eu me entrego exausto, ganindo em desespero. Aos poucos ele começa a suavizar as estocadas, e uma plenitude se espalha por todo meu baixo ventre. Sinto-o inteiro dentro de mim, pulsando como um animal intrépido. Ele chupa meu pescoço, arfando profundamente. Envolve meu tórax em seus braços e me aperta. Um mamilo está numa de suas mãos e ele o aperta, puxa e torce com força, numa tortura sublime. Ergo minha cabeça de encontro ao ombro dele e ele me beija, penetrando a língua habilidosa na minha boca à caça da minha. Sinto que gozei ao perceber que estou com as coxas lambuzadas. O corpo dele se enrijece, levo três estocadas secas, sequenciais e profundas, sinto meu cuzinho sendo inundado pelos jatos de porra viscosos que ele deixa explodir em mim. O peso dele se derrama languidamente sobre mim, enquanto eu continuo a travar ritmicamente meus esfíncteres anais em torno de sua jeba. Não sei quanto tempo ficamos assim, imóveis, deixando que nossos corpos reassumissem seu metabolismo normal. Ele saiu de mim, sem que a pica tivesse amolecido completamente, e deslizou para o meu lado. Inclinei-me sobre ele e comecei a beijá-lo com uma liberdade que até então, ele jamais permitira. Meus beijos são suaves, lentos e percorrem a borda de sua mandíbula, o pescoço e o peito peludo onde, por fim, pouso a cabeça num aconchego seguro.

- Obrigado, Luke! – murmura ele, acariciando meus cabelos.

- Você é a única pessoa problemática, inconstante, dominadora e enigmática que eu conheço intimamente. – sussurro, num desabafo.

- Pensei que eu fosse a única pessoa que você conhecia intimamente! – Ele sorri arqueando a sobrancelha.

- É, isso também. – rebato.

Esses momentos mais ternos foram se repetindo com maior frequência. Ele já não me impedia de demonstrar meu afeto em carícias que o incendiavam. Eu os fazia tão discreta e veladamente, para que ninguém suspeitasse de qualquer coisa, que elas ganharam o status de algo instigador e libidinoso. No entanto, ele às vezes voltava a me parecer frio e distante. Trocara a loira platinada por uma garota menos chamativa e mais próxima da idade dele. Mesmo sabendo que isso me mortificou, manteve-se irredutível e incapaz de se contentar com o amor que eu lhe dedicava.

No final de maio chegaram duas correspondências para mim, das universidades para as quais havia me candidatado. Era uma quinta-feira quando minha avó me entregou os envelopes, assim que retornei do colégio. Sua expectativa transbordava no olhar angelical. Havia uma tristeza escondida no fundo da sua alma, com a possibilidade de eu deixa-los para seguir meu rumo. A ansiosidade também se apoderou de mim, junto com o receio de deixar a segurança daquela casa e me afastar do amor que eles me dedicavam. Não consegui abrir os envelopes, deixando-os sobre o aparador do hall. A perspicácia de seus anos de experiência compreendeu minhas incertezas, e nenhum dos dois tocou mais no assunto.

O semestre caminhava para o final, no colégio só se falava das provas finais e, aqueles que iam recebendo as cartas de aceitação das universidades para as quais pleitearam uma vaga, anunciavam, cheios de orgulho, o fato de terem ingressado na universidade. O Jeff me comunicou a vaga em engenharia na universidade do Colorado no campus de Boulder, portanto, sua vida continuaria por ali, e isso lhe bastou. Também ficou me perguntando se eu obtive resposta das universidades e, por algum motivo, eu menti, negando. Estava apreensivo demais para abrir aquelas correspondências e, mais ainda, para discutir com ele, caso fosse aceito, pois isso significava outra guinada na minha vida.

Três semanas depois até a ansiedade dos meus avós estava me matando. Estavam curiosos por uma resposta e, embora não o demonstrassem, sua agonia era visível. Não dava mais para protelar a abertura daqueles envelopes. Numa noite em que até o sono me fugiu por conta desse impasse, desci a escada, peguei os envelopes e os abri em plena madrugada. PREZADO SENHOR LUKE HENDERSON – É COM IMENSO PRAZER QUE COMUNICAMOS QUE O PROGRAMA DE ADMISSÃO DA UNIVERSIDADE DE CORNELL FEZ UMA RECOMENDAÇÃO E A MESMA FOI ACEITA PELA FACULDADE DE MEDICINA PARA SUA ADMISSÃO NO PRIMEIRO ANO DO PROGRAMA ACADÊMICO A SE INICIAR EM 18 DE SETEMBRO PRÓXIMO – NOSSAS CONGRATULAÇÕES. O texto emitido pela Universidade de Wisconsin continha em suas palavras o mesmo conteúdo. Um turbilhão de pensamentos avassalava minha mente e outro tanto de sentimentos produzia o mesmo efeito em meu coração, tudo a um só tempo. Ri por entre lágrimas, me alegrei no meio da dor, nada e tudo faziam o mesmo sentido. Sentia-me exausto, sentado à mesa da cozinha, segurando as duas cartas nas mãos, e olhando fixamente para elas. Minha vida estava naquelas folhas com um texto impessoal escrito por desconhecidos. Deixei-as cair sobre a mesa e fui dormir.

Minhas premonições se confirmaram. Meus avós me cumprimentaram e me abraçaram, quando desci para o café da manhã ainda de pijama. No entanto, o fato de eu ter que sair da casa deles também pesava no fundo de suas almas. A saída de um filhote do ninho para alçar voo próprio os atropelava pela segunda vez. Se foi duro ver esse sentimento comprimir seus corações, eu imaginava como seria dar essa notícia ao Jeff.

Estávamos no celeiro ao entardecer de um domingo, depois de um dia agitado em que voltamos de um acampamento no parque nacional da floresta de Arapaho, para onde havíamos ido, na sexta-feira à tarde, carregando nossas bikes na caçamba da picape. O Jeff acabava de tirar, pela segunda vez, o caralhão ainda pingando sêmen do meu cuzinho esfolado. O esforço físico do final de semana ao invés de esgotá-lo parecia ter-lhe injetado mais adrenalina e, particularmente, mais testosterona nas veias. As duas vezes em que ele entrou em mim foram delicadas e gentis como nunca antes. Ele está deitado, e segura minha cabeça em seu peito, desliza minha mão até seu membro toda vez que eu ameaço tirá-la de lá para acariciar os pelos de sua barriga. De uns tempos para cá a maciez da minha mão brincando com sua rola tornou-se sua sensação predileta.

- Recebi a resposta das universidades de Cornell e Wisconsin. – digo, massageando seus testículos com a ponta dos dedos.

- E aí? Aceitaram? – sua voz está surpresa e cautelosa.

- Sim. As duas. – balbucio inseguro. Um silêncio demorado se instala. Nas cocheiras lá em baixo começa uma sequência de relinchos, como se os cavalos estivessem dando um boa noite.

- Já se decidiu? – há angustia em sua voz.

- Sim. – de repente começo a sentir medo.

- Onde? – a palavra sai como um grunhido.

- Cornell! – aquela calma aparente dele, aquele silêncio dominando o ar. Como isso vai acabar?

- Parabéns! – ele bufa.

- Preciso de certezas. Tenho que me sentir seguro. Desde a separação dos meus pais eu vivo um pesadelo. Estou sem referência alguma, e não sei viver assim. – minha voz sai embargada, e eu seco as primeiras lágrimas.

- E eu não consegui te dar essa segurança! – exclama, é mais uma autocensura do que um comentário dirigido a mim.

- Não! – sussurro

- Pensei que você fosse mais compreensivo. – disse, sem me encarar.

- Eu sou Jeff! Eu sou tão compreensivo que aceito as migalhas de seu afeto. Aceito aquele pouco que você está disposto a oferecer para uma relação como a nossa. Que nunca vai ser plena, por que você me vê apenas como seu brinquedo sexual, não como alguém que precisa do seu amor. – uma súbita coragem se cria dentro de mim.

- Eu mudei tanto por você! – resmunga

- Eu sei. E eu te amo por isso também. Mas eu não posso amar sozinho, Jeff. Não é justo comigo mesmo. Eu também tenho direito a uma vida plena. E, é isso que estou indo procurar. – ouvir as minhas próprias palavras me dá mais convicção sobre a minha decisão.

- Não sei se consigo mais viver sem o seu amor. – seus olhos estão marejados.

- Vai conseguir. Você traduz a palavra amor como algo que te dá prazer aqui, e não aqui. – digo, primeiro apertando seu membro entre os dedos, e depois pousando minha mão sobre seu coração. – E eu torço para que um dia você compreenda o significado dela aqui. – minha mão desliza sobre seu coração que palpita acelerado.

No início de setembro daquele ano ele me leva até o aeroporto de Denver. Me despedir dos meus avós tirou meu último chão firme sob os pés. E, até para eles, foi difícil conter o sofrimento que esta ruptura produziu. Jeff dirigia o Porsche 911 em silêncio, sem pressa, pois eu estava bastante adiantado para o meu voo até Nova Iorque. Eu temia fazer qualquer comentário, receoso de que aquele nó na garganta sobrepujasse meu autocontrole. Para piorar as coisas, eu que até então não havia me concentrado na seleção musical do iPod que ele conectara ao painel, e que vinha compondo apenas um som de fundo, quase perdido; comecei a distinguir os acordes de ‘Come Undone’ do Duran Duran, a mesma música que nos acompanhou até a casa dos meus avós, após ele ter tirado a minha virgindade naquele celeiro que, de agora em diante, não seria mais que uma lembrança.

A última cena que ficou gravada em minha memória e, que ainda me dói profundamente, foi seu rosto transfigurado por um choro contido atrás dos grandes painéis de vidro que separavam o corredor de embarque do túnel de acesso à aeronave. Eu acenei para ele com o rosto coberto de lágrimas e um soluço a me sacudir o peito. Quando o avião começou a correr pela pista eu senti como se os pedaços do meu coração estivesse espalhados sobre o asfalto e que jamais eu os conseguiria juntar novamente, e um choro convulsivo e pungente eclodiu sem freios, enquanto eu me afundava na poltrona. Benvindo a idade adulta Luke!

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Comentários

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Li esse conto esperando uma reviravolta na vida do traste do Luke, mas não aconteceu.

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Já perdi a conta em todos esse anos de quantas vezes eu já li esse conto e o fechamento, amo tanto kkk

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Hey hey, então, o conto foi maravilhoso, meus parabéns, eu sei que a história é sua e você faz o que quiser com ela, mas sei lá, eu não gostei do Jeff ter uma namorada pra manter status, e o Luke ter aceitado isso numa boa foi bem estranho (ao menos pra mim) e sim, eu sou possessivo, mas cara, se você é meu, você é meu, e se não for assim a gente termina, haahhaha. Beijão 😘

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Olá Jader Scrind! Você disse tudo, como é possível uma relação sadomasoquista sem que o passivo seja total e completamente submisso? Como passivo eu posso te dizer que na vida real não existe tanta submissão assim. Somos submissos sim, mas essa submissão depende muito mais do poder persuasivo do ativo, e de seu modo de exercer sua dominação. O passivo tem uma alma mais sensível, a relação dele com o ativo passa mais pelo sentimento amoroso, ele cede com mais flexibilidade sem que isso seja um problema para ele. Particularmente não sou adepto de uma dominação sadomasoquista, mas não nego o tesão que a dominação do meu homem me causa. Ele sabe conseguir o que quer sem que tenha que apelar para a brutalidade, para o confronto, para a imposição pura e simples. Há inteligência em sua dominação. Eu muitas vezes me pego fazendo as vontades dele, sem nem perceber como ele me levou àquilo, e também gosto quando ele faz as minhas vontades cedendo às suas convicções machistas com aquela condescendência de macho alfa, emburradinho, mas feliz por me fazer feliz. Acho que esse é um dos motivos da nossa relação ser tão prazerosa e duradoura para ambos.

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Ual que conto massa! Me arrisco a dizer que é o seu melhor, e pelo visto espaço para comentários virou quase um forum sobre limites de passividade, sei la. Bom, como ativo eu tenho um pouco de dificuldade em cimpreender taaaanta submissão assim de alguns passivos, mas por outro lado, seria muito dificil fazer um conto de sadomazoquismo em que o personagem passivo nao fosse bem submisso nao concorda? E ainda que o Luke tenha sido bem passivo e no começo ate irritante, dá pra ver que aos poucos o Jeff tambem vai mudando na sua postura inflexível, talvez se a historia prosseguisse essa relação deles fosse melhor para os dois (estou digitando isso sem ler a continuação ainda, entao talvez esteja certo ou só falando bobagem) e, o mais importante, voce escreve sobre a maneira que voce ve as coisas, nao precisa ser um passivo herói tambem... É isso, cara, 10

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Nossa, adorei este conto...isto é saber se expressar em palavras Gostaria de ter este dom.

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Depois do conto e dos comentários, só resta dizer: PERFEITO!

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Eu vi "Cinquenta Tons De Cinza" no seu conto, é praticamente igual a história do livro/filme. Adorei, esperando mais contos seus *-*

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Obrigado. Abusando de tua boa vontade, vou te pedir outra coisa: a continuação do conto "Dando carona a dois policiais tesudos e safados. Por favor.

Um beijo carinhoso,

Plutão

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Obrigadão pelos elogios Plutão!! Dentro de alguns dias vou publicar a continuação deste conto e, acho que por coincidência, você vai ter seu pedido atendido. É que o 'Desfecho de uma paixão adolescente' vai na linha do que você pediu. Abração!!

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Não canso de dizer que amo os teus contos, principalmente "os contos de fada" em que o casal permanece junto.Gostaria de te pedir um favor, escreve um em que os rapazes se apaixonam na adolescência (juventude) , se separam e depois se reencontram e se entregam ao amor que os uniu no passado, no estilo de Houve uma vez um verão.Não some, pois fazes falta à CDCE, assim como G Froizz que sumiu e não dá notícias. Um beijo carinhoso e respeitoso,

Plutão

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Conto muito bem estruturado. Como alguns outros teus, o relacionamento acaba de forma abrupta (separação, morte, etc). Gosto mais do outro estilo, alquele em que o relacionamento permanece. Escreve algum assim, estilo Como conquistei meu macho dominador, por favor. Um beijo carinhoso,

Plutão

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Muito bom, só deveria aumentar a história com mais detalhes. Abraços

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UAU S.A.R!!! Isso é que é indignação! Mas você não deixa de ter certa razão, pois a gente vê muito disso por aí. É o preço que uma sociedade machista e preconceituosa cobra das pessoas. Não fosse isso, muito macho 'hétero' não se esconderia por trás de uma fachada que a sociedade espera dele.....ao invés, de tocar a vida como ele gostaria. E olha, precisa ser muuuuuito macho para encarar um relacionamento com outro homem, por isso é que eu admiro os poucos que o fazem. Sou fã incondicional do meu, que amo de paixão, respeito por seu caráter e admiro porque nunca deixou de ser macho e 100% ativo me amando sem fazer segredo disso, apenas sendo tão discreto quanto eu.

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Uma coisa que eu realmento odeio ler são casos onde um "hétero" ,"apaixonado", usa um idiota cego de amor enquanto "namora" uma vadia qualquer pra "provar" sua masculinidade. Sério, eu fico PUTO com esses muitos casos ridículos

onde um cara casado, heterossexual, enrustido, ou sei lá o que, usa um passivo idiota que no final fica na merda! Claro que não são todos os contos que possuem tal enredo, mas realmente me mata de raiva onde um personagem diz que todo "macho" precisa de uma mulher e pra piorar o mongól do passivo alega ter personalidade mas simplismente tranza com seu "dono" após descobrir que o filho de um puta tinha uma namorada! Chega a ser deprimente. Minha mente já está cansada de registrar tais situações que dão a entender que não existem esperanças num relacionamento pelo menos minamente feliz, entre dois homens. É muito chato saber que nesse site a maioria das coisas que se vai ler são repetitivas como: traição, vida dupla, seres sem personalidade, etc. Está tudo muuuuuuito clichê. Mas fazer o que né? Otimo conto mais uma vez muito bem feito. Parabéns.

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