Sete horas da manhã de domingo e eu estava na porta de Leonardo com um saco repleto com os croissant recheados favoritos dele.
Bati várias vezes e ninguém atendia.
Quando eu já havia desistido e estava virando as costas para ir embora, ouvi o som da porta sendo destravada. Voltei a tempo de ver um Leonardo descabelado com olhos inchados e nariz vermelho abrir a porta.
-Você está bem? Você estava chorando? O que aconteceu com você? - Perguntei tentando tocar em seu rosto.
Mas Leonardo esquivou sem permitir que eu o tocasse e sem responder a nenhuma das minhas perguntas.
Ele virou as costas, entrou no quarto, Deitou na cama e cobriu a cabeça com o travesseiro.
Entrei fechando a porta. Coloquei o saco na mesa, liguei a cafeteira e comecei a preparar o café.
Quando o café começou a cheirar, Leonardo descobriu a cabeça e pediu:
-Porque você não vai pra casa e me deixa dormir no meu único dia de folga?
Eu sentei na cadeira cruzei os braços e disse: -Só saio daqui quando você me disser o que está acontecendo.
Leonardo apenas ficou olhando para o teto em silêncio.
Passaram-se algun minutos. Levantei, coloquei duas canecas de café com os croissant em um prato sobre uma bandeja e o servi.
Para minha surpresa ele sentou na cama e comeu tudo.
Após terminar permaneceu calado.
Passaram se mais alguns minutos de silêncio.
Aquela situação não era viável para mim.
Se fosse outro dos meus ex ficantes, eu já tinha ido embora. Aliás nem teria vindo.
Mas abandonar Leonardo estava fora de questão.
Quando eu estava prestes a insistir novamente, Leonardo começou a falar de forma rápida e em um tom grave:
-Se você acha que eu vou servir de muleta para ser uma desculpa para você poder transar com o namorado do seu amigo por quem nem consegue disfarçar que está apaixonado, está muito é enganado.
Ficamos os dois em silêncio.
Então era exatamente como eu suspeitava. O meu silêncio não era porque ele estava certo, era por eu não saber o que dizer.
Por um lado se eu falasse que TUDO, tanto entre mim e o casal de amigos, quanto entre mim e ele, era apenas um jogo. Leonardo poderia se zangar muito mais e não querer mais transar comigo.
Bem, se eu fosse sincero, tinha que admitir que entre mim e Leonardo era bem mais que isto.
Ele me fazia querer acordar todos os dias, mesmo que fosse apenas para me encontrar com ele por poucos minutos no final do turno de trabalho.
Bastava seu sorriso para iluminar o meu dia e me fazer sentir feliz.
Claro que eu não estava apaixonado.
Eu apenas não podia abrir mão dele.
Mas se o que Leonardo queria era uma relação séria. Com um rótulo de namoro.
Bem...Eu acho então que eu teria que pela primeira vez na vida chamar alguém de namorado.
Por quê de uma coisa eu tinha certeza, eu não estava preparado para ficar sem ele.
-Olha! acho melhor você ir embora. Eu quero aproveitar minha única manhã de folga na semana para poder dormir um pouco mais. - Dizendo isso ele virou para a parede e cobriu a cabeça novamente.
Eu inspirei fundo, levantei e caminhei até onde ele estava. Sentei na Beirada da cama e fiquei aguardando.
Leonardo descobriu a cabeça e me empurrando com o joelho e pela primeira vez, desde que nos conhecemos, gritou comigo:
-Porque diabos você não vai embora?
Eu deitei sobre o corpo dele e iniciamos uma espécie de luta onde eu tentava imobilizar ele e ele tentava me empurrar para fora da cama. -Para Leo! - Gritei também.
Ficamos os dois nos olhando em silêncio.
-Você nunca me chamou de Leo antes.
Passei a mão pelo meu rosto cocei a cabeça tornando a sentar.
-Eu sei Leo! Éh...as coisas não são do jeito que você está pensando.
Aquilo, entre mim e Dani é só um jogo entre amigos. Nós fingimos estar apaixonados e Bruno finge acreditar. Isso apimenta a relação deles. Acho que é um pouco de medo da perda. Sei lá, sabe?
-Deixa eu ver se entendi. Esse sentimento estupido e odioso que eu estou sentindo era o objetivo daquilo tudo? ... Olha! Eu nunca tinha feito isso antes. Eu achava que ia ser só um pouco de sexo divertido. Esse tipo de tortura mental não é muito minha praia não.
-Eu sei. Olha vamos combinar o seguinte. Nunca mais a gente vai transar com outros. Tudo bem? Ontem pela primeira vez eu não gostei de ver meu parceiro com outro.
-Então você fez isso com seus outros namorados? - Disse ele num sussurro.
-Não - sussurrei de volta- Por que nenhum deles era meu namorado.
- E eu? O que eu sou seu então? Outro ficante?
-Antes era sim. Mas com o tempo foi mudando. E depois que você foi embora ontem, deixou dentro de mim um vazio que nem eu sabia que tava lá.
-Leonardo, eu gosto de você de um jeito que eu nunca gostei de ninguém antes.
Leonardo sentou também encostando seu ombro mo meu.
-Então agora eu acho que você esta sendo promovido a ser o meu primeiro namorado. Isso é... se você quiser também.
-Isso é um pedido de namoro? Sussurrou Leo com um sorriso torto.
-É sim. -eu sorri de volta.
- Você aceita?
-Bom... Só eu e você? Nada de outros e jogos mentais?
-Nada de outros só nós dois.
-Primeiro namorado é?
-Hã? - mordi um canto do meu lábio inferior.
Éh! ...Você é o primeiro. - Respondi e corei desde o dedão do pé até a raiz do cabelo.
-Então eu acho que vou ter que aceitar.
Sorrindo, Leonardo beijou a ponta do meu nariz, ainda vermelho e beijou meus lábios.
Nos beijamos por vários minutos, o que rendeu uma transa lenta e muito carinhosa onde eu tive o cuidado de me asegurar de que Leo, sim agora ele era o meu Leo, estivesse seguro que já não era um jogo.
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Desculpe postar tão tarde. Foi impossível fazer antes.
Espero que tenham gostado.
Agradeço aos que continuam acompanhando e principalmente aos que participam votando e comentando.
Tem sido de grande apreço.
Bjs!