A cidade do céu amarelo - Capitulo 1

Um conto erótico de Jader Scrind
Categoria: Homossexual
Contém 4787 palavras
Data: 23/02/2015 00:16:54
Assuntos: Gay, Homossexual

E AÍ PESSOAL. EU DE VOLTA AQUI E MAIS UM CONTO, NA VERDADE ESSA É MAIS UMA SÉRIE QUE UM CONTO, QUER DIZER, SÃO CINCO CAPÍTULOS, NÃO SEI SE CONSIDERO UMA SÉRIE CURTA OU UM CONTO LONGO, MAS ACHO QUE É A PRIMEIRA OPÇÃO. NUNCA HAVIA TENTADO ESCREVER UMA HISTÓRIA DIVIDIDA EM CAPÍTULOS ASSIM, E TALVEZ FIQUE BEM DIFERENTE DOS MEUS OUTROS TEXTOS, FICA A CRITÉRIO DE VOCES DECIDIR. SÓ ESPERO QUE GOSTEM DA HISTÓRIA QUE COMEÇA POR AQUI. BOA LEITURA A TODOS– Tem uma bicha nova na cidade – Maicon soltou a frase no ouvido de André com seu desprezo usual, um pouco antes de beber mais um gole do uísque com guaraná que tinha em mãos.

Precisavam falar alto, a música eletrônica no último volume, luzes hipnóticas, gritaria. Ao ouvir aquelas palavras, André sentiu um frio cortante lhe atravessar o corpo como se fosse a espada de um samurai. Enganchada no seu braço esquerdo, Mariana podia ter sentido o que aconteceu a ele, por isso André olhou para ela por um momento, mas a garota continuava rebolando e isso o tranqüilizou. André sabia que uma hora ou outra seus amigos descobririam que o rapaz que estava chegando era gay, mas não imaginava que isso aconteceria tão depressa. Isso lhe enraiveceu, droga, o que pensariam dele quando soubessem que esse visitante iria passar a semana seguinte justamente na sua casa? Vontade de arrebentar a cara do seu irmão, do otário do seu irmão, que era culpado por isso tudo.

– Como você sabe? – perguntou, mais para ganhar tempo, sabia muito bem o quanto Maicon, assim como todos os seus outros amigos, tinham um faro aguçado pelo ódio e conseguiam rastrear um cara gay a milhas e milhas. Às vezes, muito raramente, alguém passava despercebido pelo radar, o que não era o caso.

– Mais ou menos uma meia-noite, quando estava vindo para cá passando pela estrada principal eu vi a moto dele chegando, a moto era das boas, não era moto de viado e pensei que fosse um cara normal, mas ele parou próximo de mim quando entrou na cidade, e perguntou como chegava à rua Jack Kerouac, ele tirou o capacete, podia até disfarçar bem, mas eu consegui notar que era bicha, que adora rola.

Rua Jack Kerouac era a rua de André, Maicon felizmente não percebera isso ou se percebeu não deu muita bola para a aparente coincidência, afinal era uma cidade pequena e não eram muitas as ruas. André torcia para que continuasse sem perceber, para que dessa vez deixasse para lá, não ficasse seguindo o visitante vestido de preto e com fones empurrando fúria para dentro dos ouvidos, porque se Maicon fizesse isso logo descobriria que o visitante estava na casa de André, e podia pensar que era André que o convidara, que André estava de amizade com uma bicha, ou até algo pior que amizade. Por um instante analisou o seu amigo. Maicon, como a maioria dos moradores da cidade ao sul do país, incluindo André, tinha um cabelo loiro muito claro, beirando o branco, o que ele não gostava muito (como se até a cor do cabelo fosse sinal de viadagem) e cortava à máquina, o que lhe deixava com um semblante mais austero e intolerante mesmo ele tendo apenas 22 anos, o rosto quadrado e os olhos de um verde escuro que na escuridão da noite quase se confundia ao preto. André não gostou de ver o quanto ele estava vermelho, porque Maicon só ficava vermelho quando se inflava de muita raiva, e só ficava com tanta raiva quando uma bicha aparecia na cidade. Desvencilhou-se de Mariana, desconfortável.

André, embora também fosse alto e loiro, não parecia tanto com o amigo, aliás, no seu circulo de amizade (cinco rapazes que estavam naquele momento em algum lugar daquela balada pegando fileiras de garotas) ele era o único que destoava e de certa forma, se destacava dos demais. A pele dourada das épocas em que passava em Florianópolis a trabalho, André era surfista, e também tinha vinte e dois anos. O cabelo liso descia em várias direções do rosto, não chegava a ser grande o suficiente para que pudesse amarrar num rabo de cavalo, mas era o suficiente para que ele pudesse esconder por detrás das mechas dourado-escuras os seus olhos azuis profundos quando não estava a fim de olhar nos olhos de ninguém, exatamente como agora ele fazia para que Maicon não visse nos seus olhos que ele tinha algo a esconder.

Fingiu que o celular estava vibrando no bolso e falou para Maicon que precisava ir lá fora para atender. A idéia era que depois voltaria para dentro e diria que tinha que ir embora, mas assim que André saiu daquele lugar e o silêncio da rua transtornou por um segundo seus ouvidos, ele decidiu que já não queria voltar, a sensação fugidia de que cada vez mais tempo próximo dos seus amigos era um pouco mais de corda que dava a si mesmo para amarrar a própria forca lhe incomodava demais. Ocultou seu rosto com o capuz do casaco cinza e seguiu para longe dali, não querendo ainda voltar para casa mesmo já tendo passado das três da manhã. Quem o olhasse de frente nos momentos em que ele passava por debaixo de um poste via apenas seu queixo, pescoço e o inicio do peitoral por sobre a camisa de gola larga e o casaco de zíper fechado até a metade enquanto ele andava pelas poucas ruas da cidade, querendo andar o suficiente para cansar o corpo, para queimar esse nervosismo que fazia suas pernas tremerem um pouco.

Entrou em um beco pouco visível entre vários arbustos numa praça bem no fim da cidade, e foi seguindo com confiança pelo caminho de terra batida escuro e deserto, sem nenhum medo, conhecia muito bem aquele lugar, conhecia muito bem cada morador da sua cidade e se alguém tentasse assalta-lo reconheceria o cara e muito provavelmente acabaria com a raça dele. André era atleta, levava a sério a profissão e fazia três horas de academia todas as manhãs mesmo que nessa época do ano, inverno, não tivesse competições a participar.

Quando chegou a uma cerca de segurança posta pela prefeitura olhou ao redor antes de passar entre os fios de arame farpado, uma placa naquela cerca que ele deixou para trás dizia "não ultrapasse, lugar perigoso". Caminhou mais um pouco sentindo que já não havia um caminho de terra para frente, era só grama virgem, pouquíssima gente ousava atravessar aquela cerca e andar por ali, talvez só ele fizesse isso, e era por isso que gostava daquele lugar, seu esconderijo. Mais alguns minutos seguindo sempre em frente e chegou aonde queria, o fim do caminho, um penhasco que realmente separava até onde iam os limites da cidade, sentou-se próximo da beira e com a luz que vinha apenas das estrelas e aquela meia-lua estampada no céu viu a imensidão da floresta lá embaixo, como um oceano de árvores separando aquela pequena cidade interiorana do resto do país.

Ainda escondido por debaixo do capuz, sentado em posição de lótus, tentava pensar um pouco enquanto a fumaça do cigarro escapava dos seus lábios e se misturava ao sereno da noite. Não devia fumar, seu treinador o avisava o tempo todo, mas quando estava nervoso não tinha outra alternativa, o cigarro sempre acabava parando entre seus lábios.

Lembrava claramente do dia em que seu único irmão, Daniel, o caçula da família, voltara para casa para passar um fim de semana depois de mais uma semana estudando feito um condenado na faculdade de medicina que ele cursava na capital, e chamou a atenção de todos na hora do jantar porque queria dizer uma noticia importante, e a noticia era que ele era gay, André quase não acreditou, aquele moleque que fazia a sensação com as garotas da cidade por ser um dos mais bonitos a morar ali, mas que se fazia de difícil, não ficava com nenhuma delas, era por isso, era por isso que ele dispensava tantas meninas, o que ele queria eram homens, o que ele queria eram aqueles loiros grandões que andavam com André, e isso o enfureceu tanto que se levantou da cadeira um segundo depois e foi na direção de Daniel, e o pegou pelo pescoço e o levantou na parede tirando os pés do garoto do chão "Tu quer ser viado? Irmão meu não é viado, porra nenhuma, caralho!" e Daniel não dizia nada, vermelho, roxo, sem conseguir respirar, seus pais tentando sem sucesso separar os dois. Mas Daniel ainda não perdera o raciocínio e pegara um dos vasos que estavam dispostos ali perto daquela parede, quebrou-o contra a parede ficando com um caco na mão e usou esse caco para cortar André, o corte entre a parte de baixo da orelha e o inicio do maxilar. André o soltou jorrando palavrões de raiva, olhou para os pais esperando que algum deles fizesse alguma coisa quanto a isso, quanto a ele estar sangrando, mas nenhum dos dois fez nada e ele saiu furioso de casa e caminhou errante pela cidade, segurando o corte com os dedos até que parasse de verter sangue, por mais superficial que fosse, deixaria uma pequena cicatriz, e ele caminhou tanto para tentar enfiar goela abaixo aquela raiva toda que quando percebeu já havia encontrado esse lugar e sentou aqui pela primeira vez, isso há mais ou menos um ano e meio atrás.

Mais uma torrente de fumaça saiu de debaixo daquele capuz. Visto assim, ele era um rapaz perigosamente atraente.

Daniel passou a vir cada vez menos para cá, e quando André estava em Florianópolis os dois não se encontravam mais como costumava ser. Com apenas dezoitos anos na época, Daniel foi cada vez mais seguindo sozinho a sua vida, cortando as raízes, agora estava prestes a completar vinte anos e viera na sexta-feira para a cidade, passaria por aqui uma semana das suas férias de julho se saber que André também estava por ali naquele mesmo período, e enquanto André estava sentado no sofá ignorando-o, avisara aos pais que dali a dois dias receberia uma visita, um rapaz que estudava com ele e que só poderia vir depois de concluir uns últimos trabalhos da faculdade, e que esse rapaz e Daniel estavam meio que namorando sério e que ele era um cara bom, dedicado, trabalhador, e que se gostavam de verdade. Mesmo André sabendo que uma hora outra isso ia acontecer, que um rapaz tão bonito quanto Daniel e assumidamente gay não ficaria solteiro por muito tempo, aquilo foi motivo para mais uma sessão de descontrole dele, que saiu de casa batendo a porta. A viadagem que ele e seus amigos tanto odiavam iria acontecer embaixo do seu próprio teto, que vergonha sentia, vergonha pelo próprio irmão, um rapaz que tinha tudo para ser mais pegador do que ele era, um rapaz que poderia se tornar um médico dos mais respeitados, seguir criando uma família cheia de crianças lindas como seus pais criaram, e antes seus avós, e bisavós e por aí vai. Mas ele precisava destruir com tudo isso? precisava se tornar um desses caras que gostam de homens? Só de pensar no seu irmão dando a bunda por aí tinha vontade socar o chão na beira daquele penhasco. Se Daniel andasse pela cidade de mãos dadas com o viado do namorado os amigos de André veriam e ele estaria fodido, acabariam com ele de tanto humilha-lo. Alias, se fosse visto lado a lado com o cara, Maicon já ia entender tudo. Porra, por que Daniel fez isso com a própria família?

Agora seu celular estava vibrando de verdade, na tela o nome de Mariana, provavelmente querendo saber porque ele sumira daquele jeito. Ignorou a chamada e voltou a olhar para frente, as estrelas aos poucos desapareciam no céu que lentamente clareava, sinal de que estava quase na hora de amanhecer. Mal percebera as horas passarem.

Quando amanhecer, domingo já terá ido embora e segunda-feira vai ter começado, uma semana que prometia muita coisa estava para vir. Acabaram-se os cigarros no momento em que o sol brotou da terra no horizonte e coloriu o céu, não no azul claro que a maioria das pessoas estava acostumada, mas num tom profundamente amarelo, como era uma característica daquela cidade por uma série de razões que não vem ao caso esmiuçar. Por muito tempo, tornou-se um ponto turístico que pouca gente conhecia, a Cidade do Céu Amarelo, um tesouro de poucos, que muitos diretores de cinema inclusive usavam para seqüências espetaculares antes de surgirem as imagens modificadas em computador, a partir daí a cidade caiu um pouco mais no esquecimento, e ninguém que morava ali ligou muito para isso, não gostavam de turistas, não viviam de turismo, e aquele céu amarelo passou a ser um segredo compartilhado somente entre os moradores.

A uma hora dessas, se o namoradinho do seu irmão for desses que acordam cedo, ele já deve estar vendo o céu, já deve saber o segredo da cidade, e isso só servia para alimentar ainda mais a raiva que André sentia. Se pudesse não voltaria para casa. Aliás, provavelmente no ano seguinte ele não voltaria mesmo, sua casa em Florianópolis estava quase pronta e passaria a viver lá o ano todo, não precisaria conviver com as piadas que certamente seus amigos fariam sobre ele. Mas nesse momento precisava voltar, estava cansado, com fome, precisaria dormir bem e se alimentar direito para ter forças e ir para a academia na manhã seguinte. Levantou-se e deu meia volta pensando que se tivesse sorte ninguém estaria acordado ainda na sua casa e ele poderia comer em paz e se trancar no seu quarto, não precisaria cruzar com os dois pombinhos cor-de-rosa.

Já no portão de casa, viu por entre as pilastras de concreto que serviam como um muro (ninguém construía muros muito altos naquela cidade, uma vez que assaltos e roubos tinham uma taxa nula, os crimes que realmente aconteciam eram de um outro tipo) a moto do visitante ali no seu quintal. Se tivesse mais cigarros, os enfiaria na boca naquele exato momento, mas não tinha. Entrou sem fazer barulho, tudo silencioso, seguiu para a cozinha, abriu a geladeira e foi segurando entre os braços uma garrafa de refrigerante, uma tigela de batatas-doces cozidas, um pequeno pote de sorvete, fatias de pizza que não se daria ao trabalho de requentar. E já não tinha mãos para fechar a geladeira, empurraria a porta com o quadril se não fosse a voz macia e masculina que falou logo atrás dele:

– Precisa de ajuda aí, amigo?

Quando entrou na cozinha, foi tão focado em direção a geladeira que não notou que na pia do outro lado do recinto, um rapaz estava bebendo um copo d'água. O rapaz. O visitante.

– Não – falou, intimidador, fechando a porta da geladeira com força.

O rapaz sorriu, não pareceu assustado. Os dois se olhavam de maneiras diferentes. O rapaz, cordial. André, furioso.

Mas mesmo furioso, não conseguiu evitar a análise que seus olhos fizeram daquele rapaz. O cabelo castanho era novidade nessa região, cabelo esse aliás muito bem tratado, era volumoso e liso de um jeito que não parecia estar penteado mas também estava longe de ser do tipo desgrenhado. E o rosto que aquele cabelo emoldurava era algo também difícil de se encontrar por essas bandas, um rosto de moleque ainda. O rapaz parecia um skatista, André chegou a dizer em pensamento, não no estilo de se vestir, até porque vestia apenas uma camisa branca e uma samba-canção também branca folgada e que deixava a mostra suas pernas de poucos pelos, o peito masculino era proeminente sob a camisa. Pareia um skatista no seu jeito de ser, devia ter a mesma idade que seu irmão, dezenove para vinte, mas aqueles olhos de adolescente fã de adrenalina, de manobras altamente estéticas no ar que poderiam causar uma perna quebrada mas valiam o esforço. André era surfista, sabia o quanto valia o esforço.

– Se você quiser eu te ajudo a carregar essa comida toda – falou, sorrindo, educado.

– Não quero.

Mas mesmo dizendo essas palavras de um jeito bastante abrupto, ele lembrou-se que ainda estava de capuz e que o rapaz só conseguia ver do seu queixo dourado até o inicio do peitoral pelo zíper aberto, não podia ver os olhos, e por isso eles se desarmaram, amaciaram, e ele olhou de outro modo para aquele rapaz ali na sua frente.

– Você que é o irmão do Daniel, certo? Prazer, meu nome é Júlio.

– André – disse, simplesmente. E seguiu na direção do seu quarto.

Mas estava difícil de destrancar a porta com as mãos cheias, e deu tempo de Júlio aparecer do outro lado do corredor, entrando no quarto do irmão de André. Júlio balançou a cabeça, cumprimentando-o e quando estava para entrar deu as costas e, involuntariamente, André notou o quanto sua bunda ficava marcada naquela samba-canção mesmo sendo folgada, sinal de que era uma bunda e tanto. Afugentou esses pensamentos quando a porta do seu quarto finalmente se destrancou. Iria bater a porta, mas por alguma razão não o fez, encostou-a com cuidado. Deixou toda a comida sobre a cama e retirou o capuz. Por coincidência, seus olhos pousaram no espelho que ele tinha numa das paredes, e André notou, completamente surpreso, que estava arfando, como se conhecer Júlio, o namorado do seu irmão, tivesse lhe tirado o ar. Pela primeira vez em muito tempo, nem olhou para a pequena cicatriz ali perto do ouvido, o motivo verdadeiro para ele deixar o cabelo crescer tanto.

***

Já do outro lado do corredor, Júlio entrou no quarto de Daniel, que dormia vestindo apenas uma boxe preta, a barriga para cima, peitoral jovem e definido, pequenos mamilos de um rosa claro, alguns pelos dourado-escuros no triângulo abaixo do umbigo. Júlio deitou-se ao seu lado, aninhando-se no corpo do seu namorado.

– Acabei de conhecer seu irmão – murmurou, fechando os olhos.

– Ah é? – Daniel disse apenas, ainda embriagado de sono, sem nem parar para pensar o quanto o seu irmão podia ter sido perigoso para Júlio.

– A-hã. Cara legal ele.

Os dois com olhos fechados, mas sabiam que o outro não estava dormindo, a mão de Daniel foi passeando lentamente pelo corpo de Júlio, que abriu um discreto sorriso.

– Para... tua família pode ouvir...

– A gente faz quietinho... – abriu os olhos, a mão chegou a altura da bunda. – Eu meto devagar pra você não gritar...

– Nossa, que frase poética.

Daniel se levantou, ficou sobre o corpo de Júlio, os olhos azuis conseguiam aquela manobra de olhar para os lábios do garoto e ao mesmo tempo voltar e focar nos seus olhos castanhos. Com a ponta dos dedos, tirou as mechas castanhas que tapavam sua visão do rosto do seu namorado, uma por uma, com calma, paciência, outra vez olhou nos seus olhos.

– Te desfaço de todas as incertezas e te deixo me guiar por um caminho de poeira estelar onde teus olhos são o farol que me leva para dentro do teu corpo e me afunda no calor da tua vida... – Daniel sabia ser poético quando era desafiado dessa maneira.

Júlio olhou para baixo e sorriu ao ver a cabeça rosada do pau de Daniel para fora da cueca, duro como a perna de uma mesa de mogno. Aproximou o rosto do outro para beijá-lo e isso ativou a selvageria no corpo de Daniel, que passou a agir como agia quase sempre, não como um jovem romântico, mas como um homem dos mais experientes e safados em relação a sexo. Com urgência, tirou a camisa de Júlio, desceu o rosto para seu peito, sua barriga, ele sabia beijar a pele do seu moleque a ponto de fazer Júlio revirar os olhos, eram pequenas mordidas, pequenas sucções enquanto sua mão ágil retirava a samba-canção e acariciava o pau já duro de Júlio, descendo aos poucos na direção da sua bunda. Júlio soltou um "Ahh" quando dois dos dedos abriram suas nádegas para que o indicador entrasse e tocasse de leve a entrada do seu cu, Daniel sorriu com isso.

– Calma – beijou seu rosto, seus lábios. –, você sabe que eu não vou enfiar no seco...

Foi descendo pelo corpo do moleque, os olhos de skatista acompanhando aquele loiro de olhos azuis cortantes olhando para ele e sorrindo enquanto o queixo deslizava pela sua pele, a barba matinal lhe cutucando. Por um segundo se conteve no pau de Júlio, uma chupada profunda e cuidadosa, continuou descendo, passou pelo saco, levantou as pernas de Júlio e as pôs sobre seus ombros, olhos ainda nos olhos, e Daniel sorria com aqueles olhos enquanto sua boca beijava as nádegas, lambia, gostava do gosto das massas da bunda de Júlio, a maneira com que elas eram sempre lisas e macias, como se nunca tivesse crescido um pelo naquela região, assim como no cuzinho, que ele beijou carinhosamente, o primeiro toque dos seus lábios fez com que Júlio se arrepiasse. Fechou os olhos, se continuasse com aquele contato visual gozava.

– Olha pra mim – Daniel falou.

– Não posso. Não vou agüentar...

– Olha pra mim e goza, eu quero ver você me olhando enquanto eu te provo.

Ao obedecer e abrir os olhos, sentiu a língua de Daniel se esticar toda pra fora da boca e tentar entrar na portinha do seu cu, podia sentir a ponta conseguindo, umedecendo-o por dentro. Soltou um palavrão mais alto do que devia, agarrou Daniel pelo cabelo e puxou-o de tesão.

Aquele palavrão do seu namorado certamente foi ouvido fora do quarto, não dava para saber se no quarto dos seus pais ou no quarto do seu irmão, mas Daniel tinha certeza de que tinha sido ouvido. E só pode sorrir orgulhoso ao ver que ainda conseguia arrancar esses gritos de Júlio. Daniel tirou a própria cueca, nu ele parecia um jovem guerreiro nórdico mandado para guerra que depois da batalha mais sangrenta voltava para a trincheira e se divertia a noite toda com um outro soldado.

A língua era grande e conseguia passar pela entrada da bunda de Júlio, pelo menos a ponta dela ia para dentro de Júlio fazendo-o respirar pesado, suar, porque seu namorado sabia muito bem o que conseguia causar nos outros com aquela sua língua comprida, e se aproveitava disso para fazer o pau de Júlio babar bem acima dos seus olhos e ele estender as pernas, se contorcendo todo para não gozar.

Daniel levantou o corpo e ficou outra vez bem acima de Júlio, virou seu namorado de costas dizendo "mostra essa bunda pra mim, mostra" e viu seu moleque skatista se abrindo para ele, dobrando as pernas e se esparramando na cama para que o cuzinho aparecesse mais, úmido de saliva, brilhando.

– Quer que eu enfie? Quer que eu enfie em você, man?

– Hu-hum...

– Então pede – apertou com as duas mãos aquela bunda farta, massageou. – Quero ouvir você pedir.

– Enfia. Me come, Daniel... me come, cara.

– Mais alto – disse, querendo ver até onde ia o desejo de Júlio, mesmo sabendo que era sempre um desejo gigantesco, incontrolável, daqueles que nos fazem largar tudo, casa, mulher, emprego, e partir com um cara para um lugar distante de tudo que conhecia. Sempre foi assim, desde a primeira vez que se viram.

– ME COME! – gritou, mais alto do que Daniel imaginou, naquele momento Júlio havia se esquecido completamente de onde estavam, pensou que estivessem transando na casa de Daniel em Florianópolis onde ele morava sozinho e quando Júlio passava a noite por lá transavam por todos os cantos, gritando, se batendo, em posições das mais variadas, até que o dia raiasse e tivessem que por as roupas para ir pra faculdade. Mas aquele grito foi dado ali na casa dos pais de Daniel, e se alguém estivesse acordado naquela casa com certeza o ouviu.

No momento, além dos dois, somente André estava acordado.

E tanto ouviu aquele grito quanto ouviu o grito que veio em seguida, na hora em que seu irmão realizou o pedido que Júlio fazia tão sofregamente e enfiou o pau nele, inteiro de uma vez, entrando como um trem bala de metros de diâmetro entra num túnel feito precisamente sob medida, onde não sobrava sequer um centímetro livre.

Daniel beijava as costas do seu namorado, seu moleque, enquanto tirava o pau todo e enfiava com uma maestria que não machucava Júlio mesmo indo todo e todo e saindo todo e todo.

– Você fode tão bem – Júlio murmurou.

– Você também, seu gostoso...

E a base da cama batia contra a parede a cada estocada dele enquanto Daniel ia e voltava de corpo inteiro em cima de Júlio, fazendo um barulho seco pela casa, o quarto ao lado do deles era o dos pais, que logo despertariam com o barulho todo, então levantou-se, pegou Júlio pela mão e o levou para a parede ao lado da porta, e se sentou no chão, o pau duro cutucando a sua própria barriga, e falou sorrindo seu sorriso mais cativante "vem aqui" e Júlio foi e se sentou ali com ele, frente a frente, as pernas se abrindo e se cruzando nas costas de seu namorado, e desceu inteiro naquele pau, até que ficaram encaixados um no outro, o pau desapareceu por dentro de Júlio e Daniel o beijou e segurou sua cabeça pela parte de trás, enterrando suas mãos naquele cabelo castanho tão bem cuidado, feito o cabelo de um rock star de banda adolescente. E Júlio subia e descia sobre ele, cavalgando, sua posição favorita; enquanto que a favorita de Daniel era de quatro, ou deitado, ou de lado, ou de frango assado, ou assim como estavam fazendo agora, ou qualquer outra onde pudesse no meio da foda beijar a boca do seu moleque.

As mãos de Júlio se apoiaram na parede para ter mais equilíbrio enquanto ia e voltava, e Daniel sorria quando ele descia rebolando e depois subia devagarzinho espremendo com a bunda o seu pau, Júlio tinha um controle absurdo da própria bunda, e isso deixava Daniel louco, mais que excitado, e ele segurou seu namorado pelos quadris e controlou os movimentos, acelerando enquanto olhava nos seus olhos, e o comia, e Júlio gemia, gemia, e sentiu que estava a caminho do gozo e Daniel pegou suas bolas com carinho, força e as apertou por entre os dedos, do jeito que ele sabia fazer tão bem, facilitando o gozo de vir, e veio, farto, grosso, fazendo Júlio sentar de vez sobre ele e não subir mais, ficar assim, bem lá no fundo, preenchido, e sentindo que Daniel também estava gozando lá dentro dele, sua bunda se apertava e sentia o pau latejando e explodindo pela ponta a porra e os sons de garganta, e os beijos violentos, como se davam bem os dois, pensavam assim sempre que terminavam de transar e sentiam aquela satisfação tranqüila do pós gozo, como se davam bem na cama, no chão, nas conversas, nos carinhos, nas amizades, nas pauladas, nos beijos, na hora de gozar. Se davam bem demais, aqueles dois.

Depois, voltaram para a cama, conversaram um pouco, sussurrando, meio lânguidos, sem vontade alguma de sair daquele quarto tão cedo.

– Você disse que conheceu meu irmão?

– Sim, sim, ali na cozinha.

– E... ele te tratou bem?

Júlio, que não sabia nada sobre os amigos de André nem o que ele realmente pensava sobre gays e como odiava o irmão desde que soube que Daniel era também, estranhou aquela pergunta do seu namorado.

– Sim, quer dizer, acho que sim, ele só não tirou o capuz.

Daniel não respondeu. Gostaria de pensar que André havia reconsiderado sua opinião, que nesse tempo afastados ele perdera todo aquele ódio de antes, mas ao mesmo tempo sabia que isso não havia acontecido, vira como ele o ignorara desde que havia chegado aqui na sexta-feira. Não conseguia entender o que seu irmão estava planejando, mas não gostava nada disso. Apertou Júlio um pouco mais forte contra os seus braços.

***

Mais ou menos uma hora depois, Hugo, um dos rapazes que andavam no grupo de Maicon passava pela frente da casa de André a caminho do seu trabalho e notou algo de muito estranho. Pegou o celular do bolso, discou um número que conhecia de cor.

– Maicon, tá acordado?

– Fala, cara.

– Que cor era a moto da bicha que você viu mesmo?

– Preta, cara, preta. Por que, tá querendo pegar uma carona com ela é?

Hugo abriu um sorriso cruel.

– Não é isso. Só acabei de perceber uma coisa meio óbvia aqui. Assim que a gente se ver pessoalmente eu te explico melhor.

Desligou o celular e por mais algum tempo ficou ali, na frente da casa de André, olhando para a moto preta de Júlio por entre as pilastras. Depois, seguiu seu caminho mais feliz.

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Comentários

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Muito bom, mas esses amigos de André são mó idiotas

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Qual o problema desses otario, são tudo ums enrustidos.

Se for pro julio ficar com o André, faz com q ele termine com o dani, mas sem traição .

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