Capítulo 1.
Para ser sincero não me lembro de muita coisa de ontem à noite, apenas de uma coisa eu sei: foi mágica. Pena que passei toda essa noite de porre e não me lembro de nada. Só me vem as lembranças de horas antes de tudo começar. Pietro me levou até um parque de diversões, todavia antes ele teve a romântica ideia de parar em um bar. Na verdade foi legal. Um amigo dele estava tocando, foi sua estreia, e eu não iria tirar o momento de ver o amigo conseguindo realizar seu sonho, dele.
Quando chegamos ao parque, de longe foi a noite mais divertida da minha vida. Deve ser por isso que agora minha cabeça está doendo, e muito. E isso também deve explicar o fato de eu estar acordando duas horas da tarde de uma segunda-feira.
— Pietro — o chamo, olhando para o lado. Mas ele não se encontra mais na cama. Seu lugar está vazio, somente a marca de seu corpo me faz dar um longe sorriso.
Me arrasto até o banheiro. Minha boca está seca e a garganta doendo. Depois de escovar os dentes, entro debaixo da ducha e tomo um demorado banho. Lavo meu corpo sem querer, pois sinto o cheiro de Pietro em minha pele, ele é tão... tão...
Fico no banho pensando em uma palavra que possa definir Pietro, mas não me vem nenhuma. Termino o banho e visto uma camisa regata branca, o tecido tão leve e fino que meu corpo é praticamente visível através dela — tenho braços e pernas não muito grandes, eles são até fortes um pouco, pelo menos quero acreditar que sim — coloco um short pequeno, está fazendo muito calor. No entanto isso não me impede de passar um pouco de creme nos braços e no rosto. Sou inimigo número um do sol, o resultado disso é minha pele clarinha, quase pálida demais.
Passo um pouco de gel no cabelo e volto ao banheiro. Fico de frente para o espelho, arrumando meu cabelo castanho claro (da cor dos meus olhos), e até um pouco grande demais. O que um dia foi um topete, hoje cai sobre minhas sobrancelhas como uma franja. Mas gostei dele assim.
Estou procurando meu celular na cama, ouço alguém abrir a porta. É Pietro e ele não vem sozinho. Traz consigo uma bandeja com comida, melhor dizendo, um café da manhã. Uma rápida olhada me diz que tem torradas com geleia, algumas frutas minúsculas — mas apetitosas, café com leite, suco de morango — meu preferido, alguns pães que não sei do que são e do lado de tudo isso se encontra alguns talheres.
Olho para mim fora da cama e para o café da manhã, que geralmente é servido na cama. Dou um sorriso e me jogo debaixo do edredom. Pietro fecha a porta, sua lentidão é pior do que a de um molusco. Ele usa todo cuidado do mundo para não mover uma xícara de lugar enquanto caminha.
— Feliz aniversário, amor! — ele exclama quando finalmente chega na cama. É, hoje é meu aniversário e comemoramos ontem, porque, hoje, Anderson vai voltar de suas férias. E o clima não vai ser nada bom. — Agora você tem 18 anos e já podemos ir naquele lugar... — Pietro coloca a bandeja, que agora vejo ser de madeira, sobre meu colo e eu a seguro. Ele abre um grande sorriso brincalhão e malandro. Ele tentou me arrastar para um motel dezembro e janeiro inteiros. E agora eu não tenho minha melhor desculpa; “ainda sou de menor”
— Ah, Pi — digo pegando a torrada e mordiscando a ponta. — Estava tudo tão fofo...
Minha estratégia de fazê-lo querer continuar com o romantismo da certa. Ele se senta do meu lado e segura minha mão, a beijando logo depois.
Pietro tem quase o dobro a mais de massa muscular do que eu. E tudo isso não cresceu do nada, ele foi o capitão do time e futebol do colégio. Juntando isso mais a academia cara, que seus pais até hoje bancam, ele é quase um touro. E sempre acho injusto ele ser 10 centímetros maior em relação a mim. Sempre fico baixinho perto dele.
— Hoje você se transforma em um homem — começa ele sorrindo para mim, retribuo o sorriso, me fitando com seus olhos verdes e profundos parados em mim — E já estamos juntos a dois meses, sem contar o que vivemos na época de colégio — faço um aceno com a cabeça, concordando, enquanto como uma fruta — e depois da noite maravilhosa de ontem à noite, eu estava pensando que já estava na hora...
Pietro se cala quando pego um morango rechonchudo e levo até minha boca. Quando dou a dentada, sinto uma vibração nos dentes da frente, e o som vem logo depois. Mordi alguma coisa dura demais para ser um caroço, e morangos não tem, não é?
— ... bom, nós já não somos mais aqueles adolescentes idiotas e imprudentes...
Ouço Pietro falar, enquanto tiro o que quer que seja da minha boca. Me espanto ao ver uma aliança sobre meus dedos. Sua cor dourada reflete o sol, a deixando com impressão de estar em chamas, ou algo do tipo. Meu peito começa a bater mais rápido. Sinto o coração subir até a boca, o engulo para conseguir falar alguma coisa.
Todavia ao separar meus lábios um do outro, não sei o que dizer, as palavras parecem ser totalmente sem sentido agora. É a mesma coisa que tentar descrever Pietro em uma única palavra. Isso não dá certo. O momento é mais forte do que as palavras.
Me jogo para frente, laçando o pescoço de Pietro com minhas mãos, o segurando com força contra meu peito. Vejo seus braços se movimentarem rápidos para segurar alguma coisa debaixo de mim. Me afasto e ele coloca o café da manhã do outro lado da cama.
— Sei que já fizemos isso e tal, mas não deu em nada. E quero tentar de novo, por que te amo — diz ele sorrindo para mim. Pegando o anel das minhas mãos. — Aceita a namorar comigo, de novo?
Não tenho a menor intenção — ou controle — de chorar naquele momento. Sinto meus olhos ficarem abarrotados com as lágrimas, os fecho e passo a mão debaixo dos olhos, para limpar as lágrimas.
— Não precisa nem perguntar, não é? — falo empurrando meu dedo para a frente, o anel entra no meu dedo e fica perfeito.
Pietro me segura pela cintura, se deitando e me puxando para se deitar junto a ele. Coloco minhas mãos em seus cabelos, segurando em seu pescoço. Roço o mesmo com meus lábios, sentindo um leve salgado. As mãos de Pietro começam a percorrer meu corpo, me fazendo carinho, lentamente. Subo em cima dele, com as pernas dos dois lados do seu corpo. Dou um último beijo em seu pescoço.
— Sabe que meu pai e o Anderson vão voltar daqui há pouco, não sabe? — digo com a voz baixa e rouca. Pietro não sabe da minha relação com meu irmão. Ninguém sabe, a não ser Igor, o ex-namorado de Anderson. Porém ele sabendo ou não, quando Anderson voltar vai brigar comigo, com ele, e com quem estiver em seu caminho.
Quando ele foi viajar, e eu não fui, estávamos brigados. O que só fizemos depois de duas semanas na nova casa. Tudo era tão perfeito, mas depois... Nenhum de nós teve culpa, simplesmente acabou aquela paixão. Então ele resolveu ir para o litoral com nosso pai para ver se melhorava. Eu o amo, é verdade, o amo mais do que poderei amar Pietro, mas não é mais o tipo de amor de homem para homem, meu amor por ele se transformou em amor de irmão. Nós afastamos e não adianta fingir que está tudo do mesmo jeito.
Suas últimas palavras ainda estão em minha cabeça.
“Fernando, você não vê que é apenas uma fase? Não somos mais adolescentes, muito menos crianças, estamos crescendo e o nosso amor também, ele está diferente, mas não morto. Eu te amo, sei que não tenho mostrado isso, mas te amo”. Ele ficou me fitando por um longe tempo, depois fechou a porta e saiu. No outro dia meu pai ligou me convidando para ir viajar com eles, eu neguei.
No fundo, na minha pior parte, eu desejo que as palavras de Anderson fossem verdadeiras. E que nós ficássemos juntos para sempre, é isso que minha parte negra grita dentro de mim desde o dia que ele passou por aquela porta. Mas uma outra parte está perdidamente apaixonada por Pietro, e essa parte não quer continuar com culpa por chupar o irmão gêmeo.
— Sei sim — a voz de Pietro soa em meus ouvidos. Tão distante quanto meus pensamentos. Olho para ele, caindo em mim. Pelo visto Anderson ainda mexe comigo, e não é pouco. — E sei que ele te ama... — meu peito para de bater, olho para os lábios de Pietro, sem acreditar que ele poderia ao menos pensar no que existe entre mim e meu irmão — ... desde quando éramos crianças e ele batia em todos os meninos que iam brincar contigo. Só um cego não poderia ver o amor que Anderson sente por você.
“E eu sei que ele não ama sozinho. Vocês sempre estavam abraços, juntos. E é normal, para mim, que ele sinta ciúmes de você agora. Mas Fernando” Pietro olha no fundo dos meus olhos. “Se você me ama de verdade, eu sei que um dia o And vai entender e aceitar nosso namoro”.
— E se ele não entender? — indago me deitando sobre o peito quente de Pietro. Sua camiseta de gola V está toda amassada sobre o peso do meu corpo.
— Não sei, mas daqui há algumas horas nós pensamos nisso, o.k.? Agora vamos curtir o que sobrou do café — ele puxa a bandeja de volta.
Eu fico de um lado e Pietro de outro. A bandeja no meio de nós. Ele pega um pedaço de torrada, passa geleia e coloca na minha boca. Pego uma uva verde e a coloco no lábio de Pietro. Ficamos colocando comida um na boca do outro até tudo acabar.
Pietro pula da cama, levando o que restou do café com leite com ele.
— Pode ir, vou fazer uma coisa primeiro — digo quando Pietro fica me esperando na porta. Com um aceno alegre, ele sai e vai para a cozinha, eu acho.
Depois de ficar sozinho, vou até o armário. Abro a porta e puxo a última gaveta, dentro dela tem uma pequena caixa de sapato, pego a caixa e me sento no chão, com ela sobre meu colo. Olhando para dentro da caixinha vejo a aliança que Anderson me deu no dia que Soubi foi embora, ele tirou a dele antes de ir viajar. A minha ainda está na mão oposta à aliança de Pietro, que não pergunta muito sobre o anel. Tenho certeza que o motivo para isso é achar que a aliança é de Soubi e não de Anderson.
Olho para a aliança dentro da caixa. Meus olhos voltam a se encher de lágrimas. No dia que a ganhei Anderson estava tão feliz, e eu por outro lado... depois daquela despedida de Soubi, minha vida não se transformou exatamente em um conto de fadas.
— Não tem porquê ficar usando isso, se ele já tirou a dele — digo em voz alta para me convencer a tirar a aliança da minha mão.
Retiro o anel e fico olhando para ver se ficou alguma marca do sol, mas é como se ele não estivesse ali nos últimos 3 meses. Jogo o anel dentro da caixa. Coloco a caixa na gaveta e estou fechando a mesma quando vejo duas correntes de ouro no canto da gaveta. Limpo os olhos antes de pegar as correntes e os anéis.
Me sento na cama e começo a mexer na corrente, tentando usar minhas unhas curtas para abrir o fecho. Quase cinco minutos depois, eu consigo colocar os anéis prateados dentro das correntes. Seguro-as nas pontas dos dedos e fico olhando-as. Um dia elas puderam representar felicidade....
Para não começar a chorar de novo, devolvo os anéis, agora nas correntes, para dentro da gaveta e vou até a cozinha.
Depois de lavar a louça, não tem muito o que se fazer. A não ser ficar sentado debaixo do pé de árvore em frente à velha casa da minha avó e esperar as horas passagem. Pietro se senta primeiro, segurando um pedaço de bolo na mão, depois me sento no seu colo. Beijo-o com carinho no rosto. Seus lábios e os meus já estão roxos, mas não perdemos a vontade de ficar abraçados e se beijando. Fico sorrindo com o gosto de chocolate, que sinto cada vez que beijo Pietro.
Olho para trás, ao ouvir um som do motor de um carro.
Naquela parte da cidade só um louco andaria de carro. Seguindo a estrada, vai dar em uma pedreira abandonada, o que faz da estrada inútil depois da única casa naquela parte da cidade. O sol se pondo, já é final de tarde e eu mal percebi isso nos braços de Pietro, deixa o vidro da frente com um forte reflexo, que não consigo encarar por muito segundos. Muito menos ver quem está dentro do carro.
Sorte que não preciso ver quem está dentro do carro para saber. É o carro o meu pai, então isso significa que ele e Anderson voltaram de férias.
— Estou com medo — falo molhando os lábios com saliva. Seguro a mão de Pietro com força e me levanto da cadeira. Ele dá um salto e fica de pé do meu lado. O bolo já acabou, agora ele consegue me abraçar com as duas mãos.
Com os 10 centímetros a mais do que eu, é fácil para Pietro beijar minha testa. Seus lábios se demoram em mim até o carro parar em frente à casa. Ele olha para a estrada e para mim.
— Tudo bem — sua voz me conforta, abro um sorriso, mesmo que forçado. — Estou contigo e vai ficar tudo bem.
— Obrigado — seguro a mão de Pietro com mais força e lhe beijo no rosto.
Vejo meu pai sair do carro. Ele caminha lentamente até nós. Agora que o carro está parado vejo um vulto dentro do mesmo. A julgar que quem quer que fosse lá dentro não saiu, só poderia ser Anderson, puto comigo e com Pietro.
Sinto minha garganta ficar apertada e uma sensação nervosa no estômago. Minhas mãos começam a soar, mas Pietro não me solta.
Está na hora de encarar Anderson e decidir o que fazer daqui para a frente.
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Se alguém ainda estiver lendo esse texto, né, por favor entrar no link abaixo, porque não vou continuar a postar minhas histórias nesse site, elas tem um conteúdo diferente do proposito do site. Vai continuar a ter sexo, mas não creio que aqui seja o melhor espaço para mim.
http://www.wattpad.com/story/minhas-rela%C3%A7%C3%B5es-com-meu-g%C3%AAmeo-%2B18
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