- No início eu não ligava - disse o Pedro - Mas depois era inevitável, ouvir e não chorar. Ele me insultava e me chamava das piores coisas possíveis.
Ele fez uma pausa e olhou para o nada ... Deve estar pensando.
Estávamos sentados nos fundos, onde havia a piscina e o lindo jardim.
- Minha mãe nunca ligou sabe?! - pausa - Ela gostava mais do Nando, e ainda gosta, eu acho.
Assenti.
- Teve um dia, que eu cheguei da faculdade e meu irmão ainda não havia chego. Meus pais estavam na cozinha bebendo e não tinham me visto chegar. Eles conversavam sobre mim ...
Ele fez outra pausa. Pensei em dizer que se ele não quisesse falar, por mim estaria tudo bem, mas ele continuou :
- Eles disseram que sempre perceberam que eu era gay. - ele deu um sorriso triste - Obviamente eles não disseram assim ... Foram bem mais duros .
Ao ouvir aquilo, dei Graças a Deus por meus pais. Eles também sabiam da minha sexualidade antes mesmo de eu contar para eles. Foram compreensiveis e são, até hoje.
- Disseram que eu era um viadinho sujo e que iriam me expulsar de casa ... - ele respirou fundo e continuou - Minha mãe disse ... - Sua voz estava embargada - Ela disse que se soubesse que eu iria ser "assim", teria me matado. - uma lágrima saiu de seu olho esquerdo - Teria me matado dentro da barriga dela.
Então ele chorou. Não foi um choro escandaloso. Ele ficava quieto e chorava.
Eu detestava esses momentos. Principalmente porque eu não sabia o que fazer.
Peguei em suas mãos e fiquei ali. Queria mostrar que estava com ele em qualquer momento.
Pensei em nosso primeiro encontro no banheiro. Como seria se eu não perguntasse se ele estava bem, ou se não tivesse levado para a secretaria comigo.
Para casa de qual amigo ele teria ido?
Ele de repente começou a limpar as lágrimas e respirou fundo.
- Ok, chega - Falou - Vamos virar a página. - sorriu - Outro assunto, por favor.
Sorri e assenti.
- Victor? - sugeriu.
Fiz uma cara de reprovação e que não com a cabeça.
- Mateus? - tentou novamente.
Olhei curioso para ele.
- O que tem o Mateus? - sorri.
- Nada - Falou rapidamente - É que eu pensei que vocês tinham alguma coisa.
Comecei a rir. Ele me encarava não entendendo nada.
- Mateus e eu? Juntos? - ri mais um pouco - Nunca, Pedro! Never.
Ele pareceu constrangido.
- Desculpa - sorriu.
- Nos odiamos - Falei - Mentira, acho que agora nem tanto ... - Falei pensando - Mas não! Nossa - ri de novo - Nunca.
De repente olhei para ele e liguei os fatos.
- Porque?
Ele desviou o olhar.
- Por nada ... - disse.
- Ele é hetero - Falei - Pelo menos acho que é. - disse e ele me olhou - Olha, é o que ele diz. Mas nunca se sabe, não é ...
Ele sorriu e assentiu.
- Mas ele é lindo ... - Falou pensando.
- É - confirmei.
Olhei em volta. Para o jardim, onde naquela noite eu achava que estava sendo observado.
Tive a mesma sensação, novamente.
- Algum problema? - perguntou Pedro.
- Parece que tem alguém nos vigiando ... - Falei e olhei para ele - Tem essa sensação?
Ele olhou em volta e sorriu.
- Nao.
Sorri com ele.
- Sei lá ... - Falei.
Mais próximo do horário do almoço, Falei para o Pedro que nós podiamos almoçar em algum restaurante.
Ele ficou com receio de ser algum lugar "chic".
Falei com ele que podíamos almoçar no mesmo lugar onde gostava de comer com a Le.
E então fomos.
Comemos, e depois fomos andar.
Estacionei o carro em um estacionamento(??? Kkk) rotativo.
Fomos entrando em algumas lojas e compramos algumas coisas. Dei alguns presentes pra ele, que a principio recusou. Aproveitamos e compramos algumas roupas pra festa Fogo E Gelo.
Assim que saimos de uma loja, demos de cara com seu irmão.
Ele usava uma calça social e uma blusa social lilás.
Seus músculos ficavam mercado na blusa, o que me chamou a atenção.
Ele estava acompanhado de amigo, vestido socialmente também. Não tão bonito quanto, mais ainda sim, bonito.
Ele e o Pedro se abraçavam.
Percebi como eram diferentes. A altura, principalmente.
- Como você está? - perguntou o Fernando ainda o abraçando.
- Bem e voce?
- Bem - Se soltaram e ele me olhou.
Sorriu.
- Tudo bem Gabriel? - ele veio em minha direção e me abraçou.
A sensação de abraça-lo era estranha.
Eu me sentia bem e protegido, diria.
Nos soltamos.
- Estou bem e você? - perguntei olhando para ele.
- Bem - ele sorriu.
Seu sorriso ficava lindo com a barba por fazer que ele usava.
- Compras? - ele olhou para a sacola em nossas mãos.
- É ... Sim - Falei sem graça.
- Acabamos de almoçar - disse o Pedro a ele.
- Nós vamos almoçar agora - disse o Fernando olhando para a gente - Ah Gabriel, eu consegui alugar a casa - disse ele sorrindo.
- Serio?! - sorri - Que bom, mas vocês já vão?
Ele olhou para mim.
- Se não for incomodar você, o Pedro pode ficar até o fim de semana na sua casa? Até a sexta, talvez?
- Pode, claro - Falei.
Ele sorriu e assentiu.
- Temos que ir - disse olhando para o seu amigo - Foi bom te ver - abraçou o seu irmão e olhou para mim - Gabriel, eu vou conseguir um jeito de te agradecer - Falou sorrindo.
Assenti, nos abraçamos e eles saíram.
Pedro e eu entramos em algumas lojas e depois fomos embora.
A noite fomos para a faculdade.
Assiti as aulas com a Le e no intervalo nós três nos encontramos.
Senti vontade de ir no banheiro, me levantei e fui.
Usei o sanitário e quando saí, dei de cara com o Victor.
Levei um pequeno susto.
- Tem medo de mim? - perguntou sorrindo.
- Deveria? - perguntei indo lavar as mãos.
- Nao - Falou me acompanhando com os olhos - Você está lindo.
- Estava me seguindo? - perguntei olhando para ele atraves do reflexo do espelho.
- Nao - Se aproximou - Talvez, eu queria te ver.
Me virei para ele.
- Somos amigos, lembra? - Falei.
Ele assentiu, contrariado.
- Porque Gabriel? Porque você não quer um relacionamento? - ele alterou levemente a voz.
- Porque nao! - Falei alterando a voz também - Está revoltado Victor?
- Nao! - disse - Só quero saber porque ... Eu quero te fazer feliz!
- Nao é uma prioridade - Falei.
- Vai ser melhor você do meu lado - Falou se aproximando mais ainda - Eu vou cuidar de voce.
Coloquei as mãos no peito dele, impedindo a aproximação.
- Victor, chega! - Falei firme - Eu nao quero! Também não quero sua amizade - Falei - Não vai dar certo.
Ele respirou fundo e me olhou sem emoção alguma.
- Isso poderia ter sido mais fácil Gabriel Goddoi - disse.
- O que quer dizer com isso? - perguntei incrédulo.
Ele riu.
- Você escolheu que fosse assim - Falou.
- Isso é uma ameaça? - minhas mais tremiam, por isso as abaixei.
- E se for?
Ouvi a porta se abrir e Victor e o Pedro entraram.
- Algum problema? - perguntou ele.
Minha respiração estava descompensada.
Fui em direção aos meus amigos.
- Nao, nenhum - Falei - Vamos sair daqui.
Fui o primeiro a sair do banheiro.
Victor e o Pedro me seguiam sem dizer nada.
Voltamos para a mesa onde estávamos sentados.
- O que aconteceu? - perguntou a Le visivelmente preocupada.
- Obrigado - Falei olhando para o Mateus e o Pedro.
- Agradeça ao pequeno aí - disse apontando para o Pedro - Ele que pediu para eu ir com ele.
Assenti.
- Ele me ameaçou - Falei.
- Que tipo de ameaça? - perguntou a Leticia.
- Sei lá ... - Falei pensando - Ele disse que poderia ter sido mais fácil. - pausa - Ele se referia a mim, a nossa relação que não teve ...
- Eu nao acredito que ele fez isso ... - disse o Pedro.
- Você tem que denunciar ele! - disse o Mateus - Eu disse que ele era estranho.
- Denunciar ele por ameaça? Eu nao tenho provas - Falei.
Mateus assentiu.
Depois disso voltamos para a aula. Tentei não pensar muito nele, o que era quase impossivel.
Depois fomos para casa. Pedro e eu.
Ele sentiu que eu estava nervoso e não conversamos muito.
Depois jantamos e conversamos um pouco e fomos deitar.
Mas antes de ir para a cama fui para a varanda.
Percebi o quanto eu estava sendo idiota. Era impossível alguém entrar ali.
O condomínio era vigiado 24 horas por dia.
A noite estava silenciosa e escura.
O Jardim onde eu e o Pedro estávamos mais cedo, agora parecia mais pesado e nada convidativo.
Meu celular em minhas maos vibrou.
Li a mensagem e meus sentidos, todos, ficaram aguçados.
"Você deveria entrar. A noite guarda tantas coisas ... Principalmente o escuro, onde fica o bicho. E não é o bicho papão das histórias ... É um bem pior. Bem real."
OI GENTE! BOM, ESPERO QUE TENHAM GOSTADO. TEM SIDO BEM DIFICIL ESCREVER, PRINCIPALMENTE PORQUE QUE NÃO TENHO TIDO MUITO TEMPO, E ALÉM DISSO A HISTORIA TEM SE MOSTRADO MAIS DIFICIL DE ESCREVER DO DO QUE EU IMAGINAVA.
QUERIA DIZER QUE O FERNANDO E O PEDRO SÃO IRMÃOS DE VERDADE. E QUE EU JÁ TENHO UM FINAL PRÉ-ESTABELECIDO.
MAS OBVIAMENTE, VOCÊS PODEM COMENTAR O QUE ACHAM QUE DEVERIA ACONTECER. POR FAVOR, COMENTEM. BJS.