Foi lá pelos meus ____ anos que a curiosidade despertou, num pernoite na casa de meu amiguinho Caio. Depois de uma tarde repleta de correria, brincadeiras de bola e tantas mais, a mãe dele nos fez passar pra dentro para tomarmos banho antes do jantar. Ela mandou tirarmos a roupa e entrarmos no box, que ela ia nos lavar ao mesmo tempo; algo que achei esquisito, porque na minha casa eu já me banhava sozinho, sem ajuda de mamãe.
Durante o banho, eu e Caio fizemos uma grande baderna, espirrando espuma e fazendo cócegas um no outro. A mãe dele reclamava e pedia que nos comportássemos, mas acabava rindo com a nossa animação. No meio da bagunça, eu aproveitava pra segurar o pintinho de Caio sempre que ele estava de costas viradas para ela. Eu achava que estava sendo matreiro, fazendo aquilo na sutileza, mas a verdade é que a mãe dele tinha notado e feito vista grossa das primeiras vezes. Lá pela terceira ou quarta vez, ela pegou minha mão, deu dois tapinhas no dorso e ralhou comigo: “Não faz mais isso, ai, ai, ai hein?!”
Mas ela era uma mulher que não intimidava. Até brigando ela sorria, e depois ainda passou a mão na minha cabeça. Não tinha como eu ter medo das ameaças dela. Fiquei comportado até o final do banho, mas voltei às travessuras depois, quando estava brincando com Caio em seu quarto. Nós estávamos sentados no chão, um de frente para o outro, brincando de carrinho. Ele estava com as pernas bem abertas. Sorrateiro, fui levando meu carrinho pra perto dele, e, enquanto ele estava distraído, fui enfiando minha mão pela perna do short folgado que ele vestia e peguei em seu pintinho. Ele era tão safadinho quanto eu e adorava aquilo. Ele ria enquanto eu estava com seu piruzinho na minha mão, mas depois de alguns segundos ele me afastava. Acho que ele tinha medo que sua mãe nos flagrasse.
Na hora de dormir, a mãe de Caio armou para mim um colchonete no chão perto da cama dele. Depois de ela apagar a luz, fechar a porta e se retirar, eu me despi e fui me deitar junto com Caio. Eu o convenci a tirar a roupa também, e por horas nós ficamos brincando um com o pintinho do outro. Só balançando, dando umas apertadinhas, esfregando junto... ainda não sabíamos que dava pra puxar a pelinha.
Nós tornamos aquilo um hábito. Sempre que tínhamos como dar um jeito, nós mexíamos nos pintinhos um do outro. Quando não estávamos sozinhos, nós fazíamos disfarçadamente, enfiando a mão por dentro do short. Mas quando não tinha mais ninguém em casa, a gente tirava a roupa e perdia vergonha. A gente se abraçava peladinhos e ficava encostando nossos piruzinhos, nos apalpando e rindo juntos. Era uma delícia! Rolava uma sensação de cumplicidade, a gente só se olhava nos olhos e já sabia o que queria fazer. Era só esperar o momento certo.
Outra vez estávamos lá em casa, só nós dois, assistindo TV nuzinhos. Estava passando um daqueles filmes da tarde da TV aberta, A Lagoa Azul. A gente meio prestava atenção ao filme e meio prestava atenção nos nossos pintos. Eu mexendo no dele e ele no meu. Eu nem estava concentrado na história, só mesmo naquele ator loirinho sem roupa, que me fazia um calor por dentro que eu não entendia. E foi assim até a cena do beijo, quando comecei a ficar mais atento. Nossa, quanta inveja eu senti da Emmeline sendo beijada por aquele anjinho dos cabelos dourados e encaracolados! Como eu queria estar no lugar dela naquela hora... recebendo os avanços dele, primeiro resistindo, mas depois me entregando, sentindo seu corpo sobre o meu...
Olhei bem demoradamente para meu amigo Caio. Ele não se parecia nada com o Richard, mas tinha seus encantos próprios. Pele morena, cabelos negros lisos bem escorridos, rosto de indiozinho. Eu comecei a puxar meu amiguinho pelo braço, querendo que ele viesse por cima de mim para reproduzir a cena romântica. No início ele resistiu, titubeou, fez corpo mole. Mas, por fim, acabou se rendendo. Ele deitou seu corpo sobre o meu, eu o abracei ao redor do pescoço, e ali e então trocamos nosso primeiro beijo. Meu primeiro beijo na boca! É claro que, como estávamos imitando um beijo de Hollywood, teve muita virada de cabeça, lábios se abrindo e se fechando, mas não rolou linguinha. Isso não é uma coisa que se aprende com os filmes da sessão da tarde. Mas mesmo assim foi muito gostoso.
Pelo meu relato até agora pode até parecer que eu e Caio éramos dois garotos que “só pensam naquilo”. Mas não é verdade. O fato é que, apesar de acharmos gostoso fazer aquelas sacanagens, o principal motivo que nos impelia era elas serem proibidas, coisas de adultos, que tínhamos que fazer escondidos. Era um segredo que nos unia. Apesar de tudo, nós éramos meninos normais e muito novinhos, e para a gente ainda era mais divertido passar uma tarde brincando com um autorama do que beijando na boca e mexendo no piu-piu. Mesmo assim a gente aprontou muito no curto espaço de tempo que tivemos juntos.
Infelizmente, meu parceiro de descobertas foi tirado de mim repentinamente. O pai de Caio era médico e foi transferido para uma cidadezinha no interior de outro estado, levando consigo a família, e reduzindo a zero as nossas chances de nos encontrarmos novamente. Quando ele se foi, eu chorei muito na cama. Por várias noites eu molhei meu travesseiro de lágrimas. Não sei o que se passou com Caio depois disso. Não sei nem o sobrenome dele para poder procurar nas redes sociais. Mas de vez em quando eu gosto de ficar imaginando como a vida dele se desenvolveu daí em diante. Não me surpreenderia nada (e acho até muito provável) que ele tenha crescido hétero, namorando meninas e que tenha se casado. Isso porque, quando a gente se beijava, eu sentia nele uma aura de masculinidade. E, por outro lado, ele despertava em mim um lado feminino. Por isso acho que nossas experiências serviram para reforçar ainda mais sua virilidade. Mas a mim... elas me levaram pelo caminho oposto... e foram o início de uma longa jornada de autoconhecimento.