>>>>>>>> MARIA <<<<<<<<
Eu tive que me apoiar na cama pra não cair e chorar.
Tah - Eu tô com dor de cabeça. A gente pode conversar depois? - me perguntou.
Eu - Sim, claro. Eu vou estar lá fora.
Tah - tá bom.
Sai e Carla veio atrás de mim. Meus pais, irmão e meu avô estavam comigo,me olhando com expressões de interrogação. Passei direto deles e fui conversar com Carla. Estava me segurando muito pra não chorar. Antes que eu dissesse alguma coisa, Carla falou.
- Calma, que isso pode ser temporário. Se ela lembra de alguma coisa da vida dela já é um começo e tanto. Mas a sua ajuda, dos amigos e parentes será de grande importância agora.
- Ok. E o que vai se fazer a partir de agora?
- Além da fisioterapia, vamos começar a exercitar e estimular a memória dela, mas sem pressioná-la.
Conversamos mais um pouco sobre tudo que iria ser feito e depois fui falar com meus pais e ligar para os tios dela.
>>>>>>>>> TAH<<<<<<<<<<<
Acordei com uma luz forte em cima de mim e alguma coisa me sufocando. No começo fiquei um pouco em desespero mas logo uma mulher e dois homens de branco apareceram. Bom, eu estava no hospital. Fato. A pergunta era: por que eu estava lá?
Eu não estava conseguindo enxergar direito, minha vista estava embaçada demais pra saber quem estava na minha frente, e estava com uma dorzinha de cabeça chata. Tentei lembrar do que tinha acontecido mas não conseguia. Na verdade, eu não estava conseguindo lembrar de nada direito. Cadê meus tios? Que dia é hoje? Eu fecho os olhos e tento organizar minhas lembranças, mas fica difícil. Uma menina, um senhora, um cachorro, meus tios, meus amigos. Quem é essa senhora? e essa menina? Abro o olho e a moça de branco está olhando pra mim.
Médica - Oi, meu nome é Carla, sou a médica que esteve cuidando do seu caso. Vc está sentido alguma coisa?
Eu - Um tontura e não enxergo direito.
Médica - Vc sofreu um acidente de carro e fraturou a cabeça, por isso a tontura e a visão ruim.
Nessa hora vejo um movimento na entrada do quarto e uma menina aparece na porta. A médica faz um sinal pra ela esperar na porta e volta a atenção a mim.
- Vc lembra seu nome? Sua idade?...
- Sim, lembro normalmente, por que?
Ela demorou mas respondeu - Por conta da pancada que vc levou, talvez tenha afetado sua memória e visão.
Pronto, estava explicado. Agora como eu iria lembrar das coisas?
Ela voltou a falar - Eu avisei a alguns parentes que vc tinha acordado e alguns já chegaram. - Ela fez outro sinal e a menina entrou. Fiz uma forma descomunal pra enxergá-la. Ela veio se aproximando meio receosa até chegar perto da cama.
Médica - Vc lembra o que aconteceu?
Eu - Não. Vc pode diminuir essa luz, por favor? Tá me incomodando um pouco.
Ela ajeitou e voltou a falar - Do que vc se lembra?
Tentei organizar de novo minha mente mas foi em vão - Eu não sei muito bem. Eu tenho lembranças de várias coisas, com várias pessoas, mas não lembro quem são.
Nessa hora a menina do meu lado falou - Vc não lembra nem de mim?
Eu tinha um lembrança muito vaga de uma menina parecida com ela mas não dava pra ter certeza.
Eu - Não.
Acho que eu devia ser uma pessoa importante pra ela porque quando falei isso eu ouvi (porque ver tava difícil) que ela deu um suspiro forte e se apoio na cama como se fosse cair ou passar mal. Me senti mal por aquilo, mas não podia mentir. Nada naquele momento eu podia falar com certeza.
Eu me queixei de dor de cabeça, então a médica saiu com a menina. Eu fiquei lá sozinha esperando outro médico chegar. Enquanto isso, eu fiquei pensando e notei que estava sentindo falta de alguma coisa, de alguém, não sei. Estava tudo tão confuso, tão turvo. Eu sentia um vazio, uma tristeza, e não era por não lembrar das coisas, mas como se algo tivesse faltando em mim. Pensei mais um pouco e notei que eu isso surgiu depois que a tal menina saiu do quarto. O que será que ela era minha?