advogada carioca Lia*, de 38 anos, é uma mãe dedicada, que faz a lição de casa com o filho e compra pessoalmente as roupas do marido. O detalhe é que, nas horas vagas, Lia encarna uma versão loura da "A Dama do Lotação", personagem de Nelson Rodrigues interpretada por Sônia Braga no cinema, em 1978. O fetiche de Lia é entrar em ônibus, táxis e metrôs, para seduzir motoristas e passageiros. Há dois anos, ela até vendeu seu carro para ter mais chances de realizar suas fantasias, e já não sabe dizer com quantos desconhecidos fez sexo. Seu marido não desconfia de nada.
Eu era adolescente quando vi o filme 'A Dama do Lotação', com a Sônia Braga. Na cabeça de uma garota, aquilo era pura loucura. Mas fiquei fascinada com as cenas. Acho que sempre tive a fantasia de fazer sexo com desconhecidos. Aos 18 anos, lembro de estar na fila de um banco e me pegar pensando em como seria transar com o homem que estava na minha frente. Ou então me imaginava tendo uma noite louca de amor com o caixa do supermercado onde minha mãe fazia compras. Minha imaginação fluía. E até hoje é assim. Gosto de sexo feito sem compromisso, esporadicamente, sem um saber o nome do outro, nem de onde veio ou para onde vai.
Não é à toa que conheci o Guga*, meu marido, na fila do fórum. Ele tinha ido resolver umas questões de herança e estava atrás de mim. Trocamos olhares e o clima começou ali mesmo. Quando saí do fórum, ele estava me esperando na porta. Começamos a conversar, ele me contou que era economista. De cara, achei ele interessante, além de lindo. Meu marido é moreno, tem um tipo espanhol, ou seja, é um gato. Não hesitei em ir com ele direto para o motel mais próximo. No fim, trocamos telefones e acabamos nos envolvendo de verdade. Namoramos por dois anos e nos casamos em 1998. Temos um filho de 6 anos.
Por termos nos conhecido dessa maneira, e eu ter transado com ele imediatamente, no começo do casamento Guga tinha um pouco de ciúmes. Dizia: 'Se você transou comigo de cara, porque não transaria com outro?'. Achava que eu poderia querer repetir a dose e sair com o primeiro que aparecesse pela frente. Mas, com o tempo, foi desencanando. Mal sabe ele que é exatamente isso que vem acontecendo... Não que a nossa vida sexual seja pacata, ao contrário. Eu amo o Guga, adoro transar com ele, mas preciso variar, preciso sentir o cheiro de outros homens.
Sou uma mulher atraente: tenho os cabelos longos, pintados de loiro, e um corpo malhado, do tipo 'violão'. Sei exatamente até onde vai o meu poder de sedução e como usá-lo a meu favor. Já no primeiro ano de casamento, coloquei as manguinhas de fora. Na verdade, sempre tive uma tara muito louca por motoristas de táxi e de ônibus. Eu achava os motoristas másculos, talvez por passarem o dia todo dirigindo, não sei explicar... Os motoristas de ônibus, então, com aqueles corpos suados, principalmente no calor do Rio de Janeiro, onde moro, me faziam imaginar coisas. Mas eu nunca tinha colocado a fantasia em prática.
Lembro da primeira vez como se fosse hoje. Foi no inverno de 2001. Chovia muito naquele dia, a cidade estava debaixo d'água. Peguei um táxi, à tardinha, para Laranjeiras, bairro bem longe da minha casa. Tinha marcado uma reunião no apartamento da minha sócia, na época. Fui papeando com o motorista. Ele era um mulato alto, do tipo 'fortão', muito simpático e atencioso. Parecia ter uns 35 anos. Seu belo corpo e sua voz firme de homem me impressionaram assim que trocamos as primeiras palavras. Ele, que não era bobo, percebeu logo minhas intenções. Eu estava no banco de trás. Uma hora assim, meio do nada, levantei devagarzinho a saia e, pelo retrovisor, ele viu a minha calcinha pink, lembro bem.
O homem quase bateu o táxi! Tomei até um susto. Imediatamente, ele parou o carro e pediu: 'Sente aqui na frente, só assim vou conseguir continuar guiando'. Fiz o que ele pediu. Assim que sentei, ele pôs a mão no meu pescoço e pediu que eu o acariciasse, enquanto ele dirigia. Obedeci! E adorei. Com o clima cada vez mais quente, ele parou no primeiro motel que viu no caminho e passamos uma hora de puro prazer! Claro que não sou irresponsável. Usei camisinha. Ando sempre prevenida.
Depois, ele me deixou em um prédio onde eu disse estar hospedada. Menti que era de outra cidade. Andei algumas quadras até a casa da minha sócia, que estava preocupada com minha demora. Como sou boa para arrumar desculpas, inventei que, por causa do temporal, o trânsito estava um caos. Ainda voltei de táxi para casa, mas supercomportada, até porque o taxista era um velhinho de quase 80 anos... E não tive que dar explicações ao meu marido, porque o encontrei dormindo como um anjo.
Dois meses depois dessa aventura no táxi, inventei de pegar um ônibus, no final do dia, só para me aventurar mesmo. O motorista era jovem, devia ter uns 28 anos. Só de olhar para ele, fazendo força para manobrar o ônibus, fiquei excitada. Como eu sabia que o ponto final estava próximo, disse a ele que ia à casa de uma tia, lá perto. E pedi para que me avisasse quando estivesse chegando. Como já estava anoitecendo, assim que ele parou no ponto final falei no ouvido dele: 'Só entrei nesse ônibus por sua causa'. Como seu expediente havia encerrado, ele me pegou pela mão e fomos para uma lanchonete ali perto. O lugar estava absolutamente vazio. Entramos no banheiro feminino e nos trancamos numa das portas. Minha adrenalina estava a mil, eu tremia da cabeça aos pés. Transei como uma louca com aquele homem. Foi maravilhoso.
Ele pediu o número do meu telefone. Eu nunca dou, é lógico. Falo que sou casada, que sou uma mulher 'direita' e que aquilo não passa de uma simples fantasia, um fetiche meu. Voltei para casa de táxi. Disse ao meu marido que estava numa reunião com meus funcionários. Como ele sabe que trabalho muito, não ligou para o meu sumiço repentino à noite. Ele também nunca foi de se meter muito nos meus negócios. Já tem a empresa dele para se preocupar.
Guga nunca demonstrou desconfiança. Nem mesmo quando resolvi vender meu carro, há dois anos. Inventei que estava com pânico do trânsito do Rio, que andava estressada. Ele acabou concordando. Eu nunca fui boa motorista nem gostava de dirigir. Foi a melhor coisa que fiz. A partir daí, tive liberdade para colocar em prática meus desejos mais secretos. Até porque, para manter essa fantasia, tenho que pegar diferentes táxis, assim não fico 'manjada' na praça.
á entrei em alguns ônibus lotados também, principalmente aqueles que saem do centro em direção ao subúrbio, por volta das seis da tarde. Pode parecer loucura, eu sei, mas, se me faz bem, fazer o quê? Quando é assim, até me visto estrategicamente com uma sainha mais curta, e troco de roupa antes de voltar para casa. Levo sempre na bolsa um bom perfume também, para disfarçar o odor do meu corpo depois de fazer sexo.
Às vezes me encanto com algum passageiro. Uma vez, há uns três anos, conheci no ônibus um rapaz de 18 anos, no máximo. Devia ser estudante porque levava uns cadernos. Ele ficou se encostando em mim. Em cada curva ou parada brusca que o ônibus fazia, ele aproveitava para me apertar ainda mais. Fiz de conta que não estava notando. Quando vi que ele estava para descer, desci junto e o segui. Ele parou e perguntou se a gente se conhecia de algum lugar. Eu disse que não, mas que seria um prazer conhecê-lo. O garoto abriu um sorrisão. Chamei um táxi e o levei para um motel. Nossa, aquele menino foi inesquecível. Achei que teria de ensiná-lo, mas, no fim, eu é que aprendi mil coisas com ele.
Outra vez, peguei um metrô na zona sul, sentido zona norte. Assim que entrei no vagão, vi um lourinho lindo, surfista. Percebi que ele voltava da praia, estava de bermuda e camiseta, ainda meio molhado. Não tinha mais do que 20 anos. Ele desceu na estação Tijuca, desci também. Falei claramente: 'Adoraria transar com você, se possível, agora'. Dessa vez aconteceu no banheiro masculino do metrô mesmo. Os corredores estavam movimentados, sei lá se alguém me viu entrar. O risco faz parte da brincadeira. Depois saímos, cada um para o seu lado. Nem olhei para trás.
Desde que eu comecei a colocar em prática minhas fantasias, há cinco anos, já transei com muitos desconhecidos. Até perdi as contas. Às vezes nem chego a transar. Já deixei muitos homens loucos com um simples olhar cheio de malícia ou uma cruzada de pernas. Também gosto de ficar em pé e me encostar, de leve, nos homens desacompanhados. Eu me sinto tão livre, tão desejada, nessas situações...
Faço isso por puro prazer. Nunca paguei para ter sexo. Tenho meu negócio, minha renda mensal, sou independente. Alguns taxistas nem querem receber a corrida, mas faço questão de acertar e até deixo uma gorjeta. Principalmente quando algum me leva às nuvens em segundos. Sei que eles dependem desse dinheiro para sobreviver.
Até hoje, apenas dois homens me rejeitaram. O primeiro foi um motorista de táxi evangélico. Quando comecei a me insinuar, ele pegou a Bíblia e começou a rezar. Ri muito na hora. Ele acabou parando o táxi e me pediu para descer. Falou que eu era uma tentação do 'demo'. O outro foi um motorista de ônibus bonitão, tipo 'latino'. Mas ele foi logo dizendo que era gay. Fiquei desapontada, mas não insisti.
Claro que minha vida não se resume a esse fetiche. Na maior parte do tempo, me dedico ao trabalho, sou uma mulher comum. Nos fins de semana, faço programas bem família: cinema, praia, restaurante com meu marido e meu filho. Sou mãezona. Ajudo nas lições de casa sempre que posso, gosto de conferir os cadernos. Cuido também do meu marido. Eu mesma compro suas roupas, ele é meio desligado para se vestir.
Não gosto nem de pensar no que aconteceria se um dia Guga descobrisse que levo essa vida paralela. Acho que ele ficaria muito mal, até se separaria de mim. Só uma prima minha sabe de tudo. Ela sempre foi minha melhor amiga, desde a infância. Confio nela até de baixo d'água. Ela acha que sou uma maluca, claro. Mas também morre de rir com minhas histórias.
Não me considero infiel. No começo, eu sentia uma pontinha de culpa, mas depois passou. Decidi ficar bem comigo mesma, realizada em todos os sentidos, sem trair meus pensamentos ou meus desejos. Acho que, se eu me reprimisse, aí, sim, seria infeliz e passaria essa angústia para o meu casamento. E nunca traí meu marido sentimentalmente. Essas aventuras foram carnais, nunca me envolvi com nenhum desses homens. Se me apaixonasse, talvez me sentisse infiel.
Preciso dar asas aos meus desejos. Pelo menos uma vez por mês dou uma escapulida e saio livre, leve e solta, me fazendo passar por outra mulher. Na verdade, eu permito que essa mulher saia da minha imaginação e ouse... Permito que ela ouse se divertir, gozar com quem for, ser desejada por quem bem entender. Não pretendo deixar de realizar minhas fantasias, por mais loucas que possam parecer...
Autor.: Amante Caliente.
Baiano,residente atualmente em Aracajú.
Casado. Negro. 30 anos, 1,80m, 78kg
E-mail/skype.: sensacaoblack@hotmail.com