>>>>>>>>TAH<<<<<<<<
Finalmente eu estava em casa de novo. Não aguentava mais ficar naquela cama de hospital com um monte de gente entrando e saindo, tomando um monte de remédios e toda hora ficar falando que tô bem mesmo ninguém acreditando em mim. Eu poderia não lembrar das pessoas direito, mas lembrava muito bem do conforto do meu quarto, do meu canto. Estava meio difícil ainda organizar as lembranças, as eu estava melhorando a cada dia. Maria já tinha me contado sobre algumas coisas e que faziam sentido para mim, como a senhora e o cachorro que eu sonhava as vezes. Vim saber que era a avó dela, que tinha morrido, e a cachorra dela, a Babi. Estava lembrando de alguns amigos e de algumas atividades que eu costumava fazer, mas o que me intrigava mais era o fato de eu não lembrar de Maria direito ainda e de nossa relação. EU não conseguia entender o por que de eu não lembrar algo que me marcou tanto (afinal, iríamos casas,né?!), e lembrar de coisas mais banais. Eu queria ficar com ela, isso não era dúvida pra mim, mas eu queria lembrar de nós também.
>>>>>>>>>MARIA<<<<<<<<<
Eu estava muito feliz que a Tah tinha, finalmente, saído do hospital, mas a perda de memória dela sobre nós ainda me atormentava. Eu via que isso a incomodava também. Eu via que ela ficava mal quando alguém contava algum ocorrido sobre nos e ela não fazia ideia do que se tratava. A insegurança de perdê-la para alguém sempre estava presente, mesmo ela sempre se esforçando pra mostrar que não iria me abandonar. Teve uma vez que a Pamela, ex dela, mandou um cartão pra ela, quando ela ainda estava no hospital. No cartão dizia que ela sempre amou a Tah e contava várias mentiras sobre mim, dizendo que eu fiz várias coisas enquanto ela estava em coma. Eu não entreguei o cartão pra Tah e joguei fora, sem mostrar pra ninguém. Eu aqui achando que aquela vadia tinha já arrumando outra pra perturbar e me vem com essa. Eu já estava me preparando pra caso ela aparecesse de novo atrás da Tah. Eu nem sabia se a Tah lembrava dela, mas se lembrava, eu iria fazer esquecer.
Depois de uns dias, eu decidi que eu faria de tudo pra fazer a Tah lembrar de nós. Mesmo que ela tenha falado que ela continuaria comigo mesmo ela não lembrando de nada, eu não iria me acomodar nisso. Eu lembrei que ela gostava de escrever e por isso tinha um diário. Eu tinha que achar ele pra ver se ele me ajudaria a fazer ela lembrar das coisas. Eu não iria falar isso pra ela porque eu não sabia o que iria encontrar nele e Tah poderia não gostar, mas eu precisava tentar. Um problema, também, era eu achar o lugar onde ela guardou. Eu teria que tirar ela de casa e procurar, então decidi fazer isso enquanto ela fosse com o tio para a fisioterapia. Dei uma desculpa pra tia dela , por estar lá na casa dela sem a Tah, e fui procurar. Procurei nos lugares óbvios primeiro, e nada. Então, comecei a tentar pensar em lugares que faziam sentido ela esconder. Não estava debaixo do colchão, nem dentro de nada, até que um livro me chamou a atenção. Enquanto eu estava procurando dentro do armário dela, eu vi entre os livros dela um chamado "Diário de uma paixão", que eu tinha até lido. Mas o que me chamou a atenção foi que, na estante também tinha o mesmo livro. A Tah não iria comprar dois livros iguais, e mesmo que fosse pra presente, ela não tiraria o plástico e nem guardaria junto com os dela, e também não era pra mim porque eu já tinha um e ela sabia. Peguei os dois pra dar uma olhada e vi que um deles não era livro e sim um caderno. Ela tinha feito uma capa igual a do livro pra disfarçar o caderno. Deixei pra dar uma lida nele em casa, sozinha, pra pensar também em como eu iria usar ele.